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Estude para aprender para sempre [24].

No documento Inteligência Em CONCURSOS (páginas 38-42)

Passar no concurso vai ser um subproduto do processo. Talvez o mais gratificante, mas certamente não o mais importante.

A segunda característica não é uma boa notícia, mas se não for considerada levará a um gasto infrutífero de tempo e dinheiro.

O cérebro tem mecanismos de proteção contra a insanidade. A integridade de seu “eu” depende da estabilidade das redes neurais, de que suas alterações não afetem o todo.

Poucas redes neurais podem (e devem!) ser alteradas durante o sono.

O famoso personagem Rain Man, tão brilhantemente representado por Dustin Hoffman no filme homônimo, conseguiu memorizar o texto de alguns milhares de livros ao longo de sua vida. E fazia isso com uma rapidez espantosa e inexplicável. Até um médico descobrir algo surpreendente: ele lia a página da esquerda com o olho esquerdo ao mesmo tempo que lia a da direita com o olho direito.

E era um idiota completo!

Um cérebro normal e saudável não admite isso!

Toda vez que vejo pessoas gastando tempo e dinheiro com coisas do tipo “leitura dinâmica”, “curso de memorização”, “programação neurolinguística” e outras tentativas de obter atalhos intelectuais, lembro-me do Rain Man [25]!

O caminho correto é administrar a reduzida capacidade diária que seu cérebro tem de transformar informação em conhecimento.

Já conversei com jovens que trabalharam como loucos durante dois anos e meio, fazendo horas extras (ou até trabalhando em dois empregos), economizando no lanche, na condução, guardando dinheiro.

Para que isso? Para poder pedir demissão ao cabo dessa verdadeira maratona de trabalho e poder ficar em casa seis meses estudando 14 horas por dia para passar em um concurso.

Resultado? Fracasso!

E era de se esperar. Esse jovem violentou seu cérebro. Tentou se transformar em um Rain Man!

Se, ao longo desses três anos, ele tivesse trabalhado e vivido normalmente estudando apenas umas duas horas por dia, teria se preparado muito melhor!

Veja bem, estudar 14 horas por dia equivale a estudar 2.520 horas em um semestre. Estudar o mesmo tanto ao longo de três anos é estudar 2,3 horas por dia!

Por que, então, esse infeliz fez a besteira de concentrar tudo no último semestre?

Porque nas escolas que ele frequentou ninguém explicou o que é aprender para sempre.

Alguns sistemas educacionais cometem a bobagem de estruturar o ensino médio em cinco semestres (dois anos e meio), reservando o sexto para fazer a chamada “revisão” para o vestibular.

O coitado que foi submetido a esse modelo é, provavelmente, o mesmo que fez a besteira que descrevi para passar em um concurso. Ele tentou acumular conhecimento o mais próximo possível da data da prova, na esperança de que o conteúdo do estudo estivesse mais “fresquinho”.

E ele tampouco levou em conta que seu cérebro seria capaz de armazenar esse conteúdo PARA SEMPRE.

É claro, então, que o planejamento para um concurso sempre deve prever um médio ou um longo prazo [26].

Quem pretende prestar um exame na OAB deve traçar um planejamento de cinco anos, ou seja, deve cursar os cinco anos de faculdade estudando para aprender, não para tirar nota [27].

O aluno que passa cinco anos em uma faculdade de Direito e consegue o incrível feito de ser reprovado no exame da OAB é alguém que, com certeza, estudou da forma mais imbecil possível.

Note que não se trata de um imbecil: é alguém de bom nível mental que não entendeu a enorme vantagem de estudar pouco, mas todo dia [28]. Na realidade, ele foi induzido a estudar o mais em cima da hora possível para “não dar tempo de esquecer”.

Ouço a mãe dele gritando: “Filho, desliga esse video game e vai estudar: você tem prova amanhã!”. Quando deveria ter dito: “Desliga isso aí e vá estudar: você teve aula hoje!”.

A única maneira de se ficar mais inteligente e aprender para sempre é estudar pouco e todo dia.

– Mas... agora que você me avisa? – ouço alguns exclamarem.

Bem, antes tarde do que nunca. E não adianta correr para recuperar o tempo perdido: o cérebro humano é uma “máquina de pensar” maravilhosa, mas não faz milagres.

Quando vejo pobres coitados, no final do 3º ano do ensino médio, assistirem às aulas do colégio pela manhã e frequentar um cursinho à tarde, só consigo sentir muita pena.

– Tá bom, já entendi! Mas, e agora, como faço?

Ótimo, se você se convenceu, já é meio caminho andado; portanto, vamos lá.

1. Determine, com clareza, que tipo de concurso você pretende enfrentar. Planeje com, no mínimo, um ano de antecedência (é pouco, mas, com certo esforço, pode funcionar) e lembre-se: você não está se

preparando para esse concurso em particular, está se preparando para enfrentar esse tipo de concurso. Mesmo que você não passe nesse em particular, o tempo que você gastou estudando não será perdido. Como você está estudando para aprender para sempre, boa parte do que já absorveu será aproveitada em futuras tentativas sem que haja

necessidade de estudar de novo.

2. Colete a maior quantidade possível de informações sobre os concursos escolhidos (provas anteriores, livros indicados, apostilas, exames simulados etc.).

3. Organize sua vida de maneira a garantir duas ou três horas por dia para se preparar, e oito horas para dormir.

4. Entre no MST (Movimento dos Sem Tela!), ou seja, desligue TV, video

game, celular, computador etc. Celular e internet só em caso de

necessidade extrema.

5. Torne a leitura uma de suas mais importantes formas de lazer.

6. Separe papel, lápis, canetas, cartuchos para impressora e prepare-se para escrever e imprimir muito!

7. Siga, rigorosamente, os horários que você estabeleceu. Não precisa ser a mesma rotina todos os dias, mas é importante que haja uma grade horária, no máximo, semanal. Inclua sábados e domingos no seu horário (desde que não haja impedimentos de ordem religiosa). 8. Leia, com muita atenção, o restante deste livro.

9. Não deixe de fazer “ginástica mental”.

O truque não é estudar para passar, mas estudar

No documento Inteligência Em CONCURSOS (páginas 38-42)

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