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Para determinar a bioequivalência tópica de corticosteróides, o FDA e outros órgãos reguladores de vários países (Canadá, Austrália, Japão, África do Sul, China, Nova Zelândia, União Européia e OMS), têm adotado o ensaio de branqueamento da pele (Human Skin Blanching Assay – HSBA), também conhecido como ensaio de vasoconstrição. Este ensaio foi introduzido por McKenzie e Stoughton (McKenzie, 1962) e é baseado na capacidade destes produtos em induzir uma resposta de branqueamento da pele, resposta associada com a indução da vasoconstrição da microvasculatura da pele, pelo fármaco. O ensaio envolve a aplicação do produto na pele de voluntários sadios e a avaliação do grau de branqueamento da pele após um determinado período de tempo, o que pode ser feito visualmente ou instrumentalmente utilizando-se um colorímetro. Uma vez que o branqueamento está relacionado com a quantidade de corticosteróide que penetra na pele, uma comparação do grau de branqueamento, provocado por diferentes formulações, pode ser utilizado para definir se duas formulações possuem o mesmo potencial farmacêutico (PERSHING, 1992).

O colorímetro tem sido adotado pelas agências reguladoras como o padrão de medida da resposta de branqueamento. O colorímetro quantifica a refletância do pulso de luz de uma lâmpada de xenônio em três medidas: uma escala L (light-dark), uma escala a (vermelho-verde) e uma escala b (amarelo- azul). Estes três valores podem ser utilizados para definir um ponto em um espaço tridimensional que caracteriza uma cor em termos absolutos. O guia do FDA sugere o uso apenas da escala a na quantificação do grau de branqueamento da pele.

O ensaio de branquemento é obviamente aplicável apenas àqueles corticosteróides tópicos que provocam um branqueamento da pele após sua aplicação (AU, 2010). Uma resposta típica de branqueamento provocada por corticosteróides é apresentada na figura 8.

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Figura 8: Resposta típica de branqueamento provocado por corticosteroides (AU,2008)

A metodologia envolve um estudo piloto para determinar o tempo de exposição apropriado do produto na pele, uma vez que o tempo para se obter uma resposta após a aplicação pode variar conforme o fármaco e as condições do estudo, seguido pelo estudo de bioequivalência replicado comparando os produtos teste e referência (FDA, 1995).

Diversos estudos comparativos envolvendo ensaio de branqueamento indicam que os medicamentos genéricos não apresentam a mesma eficácia que os medicamentos inovadores (STOUGHTON, 1987; JACKSON, 1989; OLSEN, 1991; SEQUIRA, 1990; PUAVILAI, 2002; CARON, 1990; TSAI, 2004).

Um estudo comparando medicamentos genéricos contendo triancinolona acetonida, fluocinolona acetonida e valerato de betametasona, foi conduzido com trinta voluntários sadios utilizando o ensaio de vasoconstrição (STOUGHTON 1987). As formulações foram mantidas nos antebraços dos voluntários por 16 horas, seguindo de lavagem e leitura após duas horas, quantificando a vasoconstrição como 0, quando não foi observada vasoconstrição; 1, quando foi observada uma vasoconstrição leve; 2, quando a vasoconstrição foi moderada; 3 nos casos de intensa vasoconstrição (STOUGHTON, 1987). O medicamento referência Kenalog® (E.R. Squibb & Sons, Princeton, NJ) utilizado para as formulações de triancinolona acetonida creme 0,1%, demonstrou uma potência significativamente maior que todos os 5 medicamentos genéricos testados. O mesmo foi observado para a formulação da triancinolona em pomada, onde o medicamento referência Aristocort A® (Ledele Laboratories, Pearl River, NY) demonstrou maior potência que as duas formulações genéricas testadas. Para as formulações de betametasona foi

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observado que a formulação em creme 0,1% do medicamento referência, Valisone® creme (Schering Corp, Kenilworth, NJ), foi mais potente que todos os cinco cremes genéricos testados, porém para a formulação em pomada 0,1%, não foi observada diferença entre o medicamento referência Valisone® pomada e os dois medicamentos genéricos testados. Com relação à fluocinolona 0,025% creme, foi observado que o medicamento referência Synalar® (Syntex Laboratories, Palo Alto, Calif) foi mais potente que um dos medicamentos genéricos, porém equivalente aos outros três medicamentos genéricos testados (STOUGHTON, 1987). Este estudo demonstrou que os medicamentos genéricos de formulações tópicas contendo glicocorticóides, variam entre si com relação à atividade e são diferentes com relação ao medicamento referência, mesmo que contendo o mesmo fármaco no mesmo tipo de formulação, seja creme ou pomada (STOUGHTON, 1987).

Outros dois estudos com formulações de triancinolona acetonida 0,1% creme, valerato de betametasona 0,1% creme e fluocinolona acetonida 0,01% e 0,025% creme, confirmaram os achados anteriormente descritos, questionando a intercambialidade entre medicamentos que contém concentrações idênticas de um fármaco, mas que não necessariamente apresentam a mesma potência (JACKSON, 1989).

Quatro formulações (Diprolene® - medicamento referência produzido pela Schering Corp e Topilene® - medicamento genérico produzido pela Technilab, em creme e pomada) contendo dipropionato de betametasona 0,05%, foram avaliadas com relação a sua intercambialidade. Testes físico- químicos demonstraram não haver diferenças entre as duas formulações em pomada, porém uma grande variação na composição dos dois cremes foi observada. O conteúdo de água no creme genérico variou entre 69% - 71%, comparado com 28% no creme referência. O conteúdo de propilenoglicol foi 10 vezes maior no Diprolene® do que no Topilene®. Além disso, o Topilene® apresenta clorocresol e outros excipientes que não estão presentes no Diprolene®. O teste de vasoconstrição, realizado com 24 voluntários sadios, demonstrou semelhança entre as pomadas, mas não entre os cremes. O Diprolene creme se mostrou mais eficaz, o que está relacionado ao seu processo de produção que difere do Topilene®, por conter menos excipientes. O fármaco no medicamento referência encontra-se dissolvido, diferentemente

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do que ocorre no medicamento genérico, o que resulta em uma menor atividade vasoconstrictora do medicamento genérico e ausência de intercambialidade entre as formulações em creme (SEQUIRA, 1990).

Para comparar formulações pertencentes a outras classes farmacêuticas, diferentes de corticosteróides que causam a resposta de branqueamento da pele, a maioria dos órgãos reguladores (FDA, EMA, OMS, Canada, Japão, Austrália, África do Sul) exigem atualmente a apresentação de estudos clínicos comparativos. Por causa dos problemas já relatado com relação a esses estudos, vem-se buscando metodologias que possam substituir os estudos clínicos (BHASKAR, 2004).

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