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Estudo da peça Bateau

No documento Desenvolvimento de novos produtos em estanho (páginas 126-128)

A peça em questão projectada pelo designer Hélder Faria corresponde à ilustração 104 e já foi produzida pela Freitas & Dores Lda., contudo surgiu um problema, ou melhor um desafio, que foi a pintura da face interior desta peça.

Ilustração 104 - Peça Bateau desenhada por Hélder Faria [40]

A empresa não tem meios suficientes a nível material e humano para proceder à pintura das peças nas diversas cores disponíveis no mercado, facto pelo qual tem que subcontratar outra empresa para que o faça, levando assim a um aumento no custo de produção das peças e consequente aumento no preço do produto final a pagar pelo consumidor. Como o objectivo é que as peças sejam vendidas a um bom preço, este estudo recai assim por tentar simplificar ao máximo o processo de pintura de modo a que possa ser implementado na empresa sem grandes custos.

Através de informações e contactos com alguém bastante experiente em pintura, chegou-se à conclusão que antes de mais, o estanho não precisa de nenhum procedimento em especial para ser pintado. Pode ser pintado como qualquer outra peça em metal ou outro material, necessitando somente de uma pequena lixagem na face a pintar com uma lixa de granulometria média, por exemplo 400, seguida de uma lixagem com uma lixa de água de granulometria muito fina, para deixar a superfície sem riscos. É também necessário aplicar um primário sobre a peça que não é mais que uma tinta acrílica de cor branca que vai servir para omitir ou atenuar imperfeições da superfície da peça. Este primário deve ser dado o número de vezes suficiente de modo a diminuir o contraste que a tinta irá provocar sobre eventuais defeitos existentes na superfície do objecto. A tinta demora cerca de 30 a 45 minutos a secar contudo numa estufa estes tempos ficam reduzidos. Nas peças estudadas, umas simples chapas de estanho, o processo foi executado tal como descrito anteriormente. Uma primeira lixagem inicial com uma lixa de granulometria 400, depois uma lixagem com a lixa de água para remover os riscos, seguida de 2 aplicações de primário e duas aplicações de cor.

109 Ilustração 105 - Peças de estanho depois de pintadas

As cores experimentadas foram o azul, o verde e o vermelho tal como se observa na ilustração 105. O acabamento com que fica a peça a nível de brilho da tinta é suficiente, não sendo necessário aplicar qualquer verniz, contudo durante a pintura chegou-se a uma conclusão bastante importante, que é o facto de que é necessária bastante experiência para se obter uma peça bem pintada, que fique com um bom acabamento de pintura e sem marcas na superfície. Notou-se essa carência de experiência quando se comparou as peças verde e azul, pintadas por mim, e a peça vermelha pintada por uma pessoa bastante experiente na arte. As peças podem contudo ser finalizadas com uma ou duas camadas de verniz.

As tintas utilizadas foram em spray, da marca Pluricolor, demonstrando assim desde já que esta tarefa consegue ser executada sem nenhum tipo de aparelhagem especial. Na utilização do spray, a lata deve ser bem agitada durante cerca de 30 a 60 segundos para que a tinta fique bem misturada e uniforme, o mesmo se aplica ao primário. A aplicação deve ser feita com a lata levemente inclinada, a cerca de 20 a 30cm da superfície a pintar e em movimentos longitudinais á peça, da esquerda para a direita e vice-versa até a peça estar completamente coberta de tinta. Depois de cerca de 30 a 45 minutos a secar à temperatura ambiente, ou menos caso as peças se encontrem numa estufa de pintura, aplica-se a segunda de mão e a peça está finalmente pronta. Apesar das latas de tinta serem relativamente baratas, cerca de 2,50€ (preços relativos a Dezembro de 2008) por lata de 250ml, estas acabam por se tornar caras caso seja para uma produção em grande série. Se assim for e se verificar uma produção em grandes séries, compensa o investimento num sistema de pintura, aproveitando a rede de ar comprimido da empresa. Assim o material necessário fica reduzido a um filtro à saída do tubo de ar comprimido a utilizar, para que a humidade não passe para a tinta e a estrague, é necessária uma pistola ou aerógrafo com bico de 0,5 ou 1mm, que quando ligado ao ar comprimido vai produzir uma espécie de spray, e um reservatório pequeno para ligar à pistola e onde se coloca a tinta.

110

Na ilustração 106 estão representados os dois equipamentos fundamentais caso já exista uma rede de ar comprimido na empresa. O investimento total nestes dois objectos anda aproximadamente entre os 150 e 250€ (preços de Dezembro de 2008) dependendo da marca que se compre. Depois é só comprar as tintas, podem ser por exemplo tintas sintéticas que depois serão dissolvidas com um pouco de diluente. A partir de algumas peças fabricadas já se começa a ter retorno do investimento efectuado, isto porque com relativamente pouca tinta se conseguem produzir imensas peças e a cadência de produção é elevada, não só pelo método em si, mas depende um pouco de quem está a executar a pintura. Um aspecto importante reside no facto da tinta não precisar de nenhum acabamento posterior. A Rolacor é uma empresa que vende a tinta em pequenas quantidades (maior parte das empresas existentes utiliza como mínimo um litro), como por exemplo 250 ml ou menos, para que o cliente não tenha que comprar tinta sem ter necessidade. Assim se este processo fosse implementado poder-se-ia comprar primeiro uma quantidade pequena de tinta e fazer um estudo para ver quantas peças se conseguiriam pintar. Basta comprar as 3 cores primárias e a partir daí realizar todas as cores possíveis.

Concluindo sobre a peça em questão, o desafio não foi tão grande como o LoveStory, contudo é na mesma uma questão importante, pois caso a empresa consiga implementar a pintura nas suas instalações consegue poupar sempre em relação a mandar pintar a outra empresa. Poupando um pouco de cada vez vai-se ganhando capital para investir por exemplo no design de novas peças ou até mais importante, tentar reduzir um pouco o preço final das peças, tornando-o mais atraente e apelativo para o cliente.

No documento Desenvolvimento de novos produtos em estanho (páginas 126-128)