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Estudo da Sala de Exposição do Castelo de

4.2. Caso de estudo

4.2.3. Caracterização dos agentes atmosféricos

4.2.3.2. Caracterização termohigrométrica

4.2.3.2.2. Estudo da Sala de Exposição do Castelo de

Com vista à explicação dos ciclos de cristalização-dissolução dos sais na superfície pétrea em estudo e consequente avanço do estado de degradação apresentado, foi efectuada, por vários períodos de tempo, uma caracterização termohigrométrica da sala de exposição (sala K), através do termohigrómetro digital disponível (Apêndice 3).

As medições da temperatura e humidade relativa do ar foram registadas em diversos períodos contínuos.

Assim torna-se possível conhecer a evolução do comportamento da Sala K, nos períodos medidos.

Na Tabela 12 apresentam-se os períodos de medição dos parâmetros termohigrométricos na Sala K.

Tabela 12 – Períodos de medição dos parâmetros termohigrométricos no espaço expositivo - Sala K.

Localização Períodos de medição

12-01-2006 a 16-01-2006 03-04-2006 a 10-04-2006 18-04-2006 a 26-04-2006 15-05-2006 a 23-06-2006 07-06-2006 a 20-06-2006 21-06-2006 a 04-07-2006 05-07-2006 a 11-07-2006 12-07-2006 a 25-07-2006 26-07-2006 a 08-08-2006 09-08-2006 a 22-08-2006 23-08-2006 a 01-09-2006 02-09-2006 a 15-09-2006 Sala K 16-09-2006 a 25-09-2006

A partir dos dados recolhidos procedeu-se à representação gráfica da temperatura e da humidade relativa do ar para os diferentes períodos de medição do termohigrógrafo (Apêndice 3), bem como aos cálculos dos parâmetros estatísticos (Tabelas a13 e 14). Nas Tabelas 13 e 14 estão representados os parâmetros estatísticos da temperatura e humidade relativa do ar no espaço expositivo (Sala K) dos Paços Novos – Castelo de Leiria.

Tabelas 13 e 14 - Parâmetros estatísticos da temperatura e humidade relativa do ar no espaço expositivo (Sala K) dos Paços Novos – Castelo de Leiria.

Da análise das Tabelas 13 e 14 verifica-se que na Sala K:

• Ao longo do período de registo é possível ocorreu pequenas variações de humidade relativa do ar, sendo as mais acentuadas no período compreendido entre 12 a 16 Janeiro de 2006 e, seguidamente, no período entre 3 a 10 Abril de 2006.

• A sala K apresentou ao longo das medições efectuadas, temperaturas de ar com valores extremos máximo 25,81ºC e mínimo 15,50ºC.

• No decorrer do ano de 2006, a humidade relativa média do ar foi superior a 55,50% e a temperatura média do ar superior a 15,00ºC.

• A temperatura do ar mantém-se aproximadamente constante (entre os 20,00ºC e os 25,00ºC) ao longo de cada período de medição, excepto nos meses de Janeiro, Abril e Maio, sendo a amplitude média diária inferior a 1,00ºC.

• Os períodos mais quentes e secos registaram-se em Julho, Agosto e Setembro de 2006 e as temperaturas mínimas verificaram-se nos meses de Janeiro, Abril e Maio de 2006.

• Na Sala K os valores médios de temperatura não são significativamente diferentes entre:

26 Julho a 8 de Agosto de 2006 e 12 a 16 Janeiro de 2006; 18 a 26 Abril de 2006 e 3 a 10 Abril de 2006;

3 a 10 Abril de 2006 e18 a 26 Abril de 2006; 7 a 20 Junho de 2006 e 5 a 11 Julho de 2006; 5 a 11 Julho de 2006 e 21 Junho a 4 Julho de 2006;

26 Julho a 8 de Agosto de 2006 e 23 Agosto a 1 Setembro de 2006; 2 a 15 Setembro de 2006 e 23 Agosto a 1 Setembro de 2006.

• Na Sala K os valores médios da humidade relativa do ar não são significativamente diferentes entre: 18 a 26 Abril de 2006 e 3 a 10 Abril de 2006; 7 a 20 Junho de 2006 e 3 a 10 Abril de 2006; 3 a 10 Abril de 2006 e 15 a 23 Maio de 2006; 15 a 25 Setembro de 2006 e 15 a 23 Maio de 2006; 18 a 26 Abril de 2006 e 15 a 23 Maio de 2006; 7 a 20 Junho de 2006 e 15 a 23 Maio de 2006; 7 a 20 Junho de 2006 e 5 a 11 Julho de 2006; 5 a 11 Julho de 2006 e 21 Junho a 4 Julho de 2006; 18 a 26 Abril de 2006 e 7 a 20 Junho de 2006;

9 a 22 Agosto de 2006 e 23 Agosto a 1 Setembro de 2006; 2 a 15 Setembro e 15 a 25 Setembro de 2006.

Estes dados obtidos de forma descontínua indiciam que, a Sala K não é estanque a nível da temperatura e humidade relativa do ar.

Face ao mineral maioritário detectado nos produtos de alteração mineroquímica – halite, procurou-se saber se, para os períodos temporais em análise e face aos valores de temperatura, existiriam ou não na Sala K condições para cristalização/deliquescência deste sal. Considerou-se para esta análise e, face aos valores médios de temperatura registados 15ºC, 20ºC e 25ºC, na Sala K, como valores de equilíbrio da humidade relativa, respectivamente, 75,6%, 75,5% e 75,3%.

Tabela 15 - Valores de equilíbrio da humidade relativa da halite em função da temperatura (Aires- Barros 2001).

Sais Fórmula 15ºC 20ºC 25ºC

Para este espaço foram elaborados gráficos, com base nas medições diárias da temperatura e de humidade relativa do ar, e nos valores de equilíbrio de humidade relativa do ar da halite (Apêndice 3).

Na tabela 16 apresentam-se as percentagens de tempo relativas aos valores registados de temperatura de 15ºC, 20ºC e 25ºC e humidade relativa necessária para a cristalização da halite detectada no bloco pétreo.

Tabela 16 – Percentagem de tempo referente aos registos para a cristalização da halite diagnosticada no bloco pétreo. Halite Períodos de tempo 15ºC 20ºC 25ºC 12 a 16 Jan. 2006 68 - - 3 a 10 Abr. 2006 - 0 - 18 a 26 Abr. 2006 - 0 - 15 a 23 Mai. 2006 - 98 - 7 a 20 Mai. 2006 - 0 - 21 Jun. a 4 Jul. 2006 - 0 - 5 a 11 Jul. 2006 - 0 - 12 a 25 Jul. 2006 - 0 - 26 Jul. a 8 Agos. 2006 - - 0 9 a 22 Agos. 2006 - - 0 23 Ago. a 1 Set. 2006 - - 0 2 a 15 Set. 2006 - - 0 16 a 25 Set. 2006 - - 0

Na tabela verifica-se que, na sala K, ocorreram pequenas mudanças cíclicas de estado (dissolução-cristalização) da halite.

Nos períodos de Janeiro (12 a 16 Jan. 2006) e de Maio (15 a 23 Maio de 2006), a halite apresentou uma pequena variabilidade de condições para a cristalização quando a humidade relativa do ar atingiu valores inferiores a 75,6 %. Nos restantes períodos, quando a humidade relativa do ar alcançou valores superiores a 75,3 %, a halite apresentou-se deliquescente. Estas alterações cíclicas podem contribuir para a degradação do material pétreo devido, principalmente, às pressões criadas pela cristalização sobre a rocha (Dionísio, 2005).

No decorrer dos registos, de modo genérico, os sais diagnosticados ou se encontraram continuamente cristalizados ou continuamente delisquescentes, mantendo-se estáveis. Contudo, nos períodos de tempo 12 a 16 Janeiro de 2006, 3 a 10 Abril de 2006 e 15 a 23 Maio de 2206 tal não se verificou.

As condições microclimáticas, analisadas para a Sala K, não foram muito agressivas. Deste modo, parece que o bloco pétreo não esteve sujeito a graves alterações levadas a cabo pelos fenómenos de cristalização-dissolução.

4.2.3.2.3. Discussão dos resultados

A Gruta da Pedra ilustra um caso no qual um ambiente natural, com determinadas condições microclimáticas, pode ser um sítio de “preservação” para o bloco pétreo, apesar de se localizar num ambiente nocivo (próximo das águas do mar com uma composição, em geral, cloretada, sódica e com alguns conteúdos em sulfato, cálcio e magnésio) (Martins, 1990; Medeiros, 2005-2006). Esta gruta apresenta um microclima relativamente estável para a preservação do bloco, uma vez que está protegida dos agentes atmosféricos (instabilidade da intensidade dos ventos, acção directa das chuvas, e das variações acentuadas de temperatura, insolação, entre outros), evitando assim as relevantes transformações fisíco-químicas que poderiam ter levado à ruptura ou mesmo ao colapso desta rocha.

Genericamente, na Sala K as medições termohigrométricas da temperatura e humidade relativa apresentaram oscilações distintas, principalmente nos meses de Janeiro e de Abril de 2006. As consequências, provocadas pelas oscilações indicadas, manifestaram-se visivelmente na superficie do bloco pétreo, sendo perceptível a evolução da sua alteração através da presença de concreções, bem como de eflorescências.

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