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3. PLANO DE AÇÃO EDUCACIONAL PARA A ESCOLA EM ESTUDO

3.2 Detalhamento da proposição

3.2.1 Estudo das diretrizes gerais da Educação Integral e da Pedagogia de Projetos.

Tendo como objetivo auxiliar na superação dos desafios da escola, quanto ao desenvolvimento de projetos no tempo integral, propõe-se que a primeira proposta seja de formação continuada, aliando, assim, as ações 1 e 4 do Quadro 10 dessa etapa do PAE.

Quanto à primeira ação proposta, tomamos por base a consideração, observada nas entrevistas, de que os entrevistados desconhecem a proposta pedagógica das escolas de tempo integral de 2011. Quando se referem à proposta do tempo integral no Estado, os entrevistados se remetem a informações que retomam dados da proposta anterior, a de 2008, que previa oficinas no contraturno. Além disso, outro dado de pesquisa que motivou o estabelecimento dessa ação foi a percepção de ausência de formações para servidores das escolas de educação integral. Assim, tomando por base esses elementos, considera-se fundamental a criação de um momento de formação continuada e um momento de discussão, de

forma que todos os atores envolvidos, especialmente, os professores, construam uma concepção de tempo integral condizente com as diretrizes da Educação Integral.

Com essa intenção, propomos encontros contínuos realizados na escola pesquisada durante o ano letivo, no Horário de Tempo Pedagógico Coletivo (HTPC), horário de 16:00 às 17:00. É necessário estarem presentes a equipe gestora, pedagógica, docentes e representantes do conselho escolar, para que todos os setores da escola estejam alinhados quanto às concepções da educação integral. É fundamental ponderar que essa ação só terá resultados expressivos com uma continuidade nessa formação, autonomia e corresponsabilidade dos docentes com relação à formação, posto que “capacitações” pontuais não permitem uma apropriação de uma concepção, precisando, portanto, de um tempo amplo para oportunizar espaços de aprendizagens e reflexões aos professores.

O primeiro encontro será o de apresentação, discussão e definição da proposta de estudo. Nessa apresentação, é sugerida para os próximos encontros a leitura dos seguintes textos: Caminhos para elaborar uma proposta de educação integral em jornada ampliada, Brasil (2011); Tempo de escola e qualidade na educação pública, Cavaliere (2007); Escolas de tempo integral versus alunos em tempo integral, Cavaliere (2009); e Proposta pedagógica das escolas de tempo integral do Amazonas, Amazonas (2011a). Os próximos encontros serão utilizados para estudos, em dupla, dos textos escolhidos no encontro anterior, buscando, assim, oferecer fundamentos que auxiliem a formulação de um projeto coletivo de educação integral.

Após os estudos dos textos, um segundo momento da formação seria uma roda de conversa coletiva para discussão sobre a proposta pedagógica das escolas de tempo integral do Amazonas (2011a) e da proposta pedagógica que é atualmente desenvolvida pela escola. Propõe-se, então, uma incursão nas orientações normativas da educação integral no estado para compreender, assim, como pensar e aprimorar as ações da escola.

Por fim, o terceiro momento de formação será destinado à elaboração individual de proposições de novas ações que a escola pode se apropriar, ou mesmo, a proposição de adequações nas que já são realizadas. O oitavo encontro será coletivo, escolhido um membro, que será o redator, responsável por redigir as

discussões realizadas pelo grupo, de modo a construir um documento analítico e propositivo de ações a serem realizadas pela escola.

Sobre as formações, Fullan (2009) afirma que, além das formações, é fundamental oferecer, aos professores, momentos de discussão:

Não há como evitar a primazia do contato pessoal. Os professores precisam participar de workshops de capacitação, mas também precisam de oportunidades a dois e em grupo para receber a proporcionar ajuda e, de forma mais simples, conversar sobre o significado. Nessas condições, os professores aprendem a usar uma inovação, bem como a julgar a sua desejabilidade com base em mais informações. [...] A interação propositada é essencial para a continuidade da melhora (FULLAN, 2009, p.131).

Quanto à quarta ação (Quadro 10) que integra o segundo eixo de análise, ao considerarmos a relevância de vencermos a compartimentalização dos conhecimentos na escola observada - que tem certa dificuldade em realizar atividades interdisciplinares - e de avançarmos ao ponto de assumirmos o pressuposto de que uma das formas de se desenvolver a educação integral pode ser a partir do desenvolvimento de projetos interdisciplinares e a percepção do desenvolvimento de projetos somente com duas fases – planejamento e desenvolvimento, além da concepção observada de avaliação de projetos de forma classificatória, burocrática e autoritária; propõe-se que sejam realizados estudos sobre projetos interdisciplinares contínuos durante o segundo semestre letivo.

Nesse sentido, propõe-se que seja feita a apresentação dos textos sugeridos para estudo e a definição dos textos a serem estudados, pretendendo, assim, que esse estudo seja feito de modo democrático. Os textos sugeridos para estudo serão: Horizontes metodológicos nos projetos curriculares interdisciplinares (RODRIGUEZ; GARZÓN, 2012); os projetos de trabalho e o processo de tomada de decisões- Quatro exemplos de projetos (HERNÁNDEZ; VENTURA, 1998); e Metodologia de Projetos (PRADO, 2011).

Após o estudo das concepções da pedagogia de projetos de trabalho e das etapas necessárias para que uma atividade seja considerada um projeto de aprendizagem, faz-se, também, necessária a discussão sobre a visão de pertencimento relacionada aos projetos, como algo coletivo, portanto, pertencente à escola, sob a coordenação dos docentes. Espera-se que, ao se apropriarem dessa noção, os docentes construam projetos de forma coletiva. É fundamental que essas

discussões sejam utilizadas para subsidiar a reformulação dos projetos da escola estudada, bem como para avaliá-los.

Assim, mais do que objetivar a formação dos professores, pretende-se oportunizar, aos professores bem como aos outros sujeitos envolvidos, momentos de discussão sobre a Educação Integral, proporcionando a análise da educação em tempo integral oferecida na escola e dos projetos pedagógicos desenvolvidos. Vale ressaltar que estudos e formações não devem se encerrar nas ações dispostas neste PAE, devem, também, surgir das demandas e interesse do coletivo.