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3. QUESTÕES DE PESQUISA

4.5 Análise de Dados

4.5.3 Estudo de Caso

Para apresentação dos dados coletados, optamos pela elaboração de um estudo de caso. Isto porque, segundo Yin (2001) estudo de caso é

uma pesquisa empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos (YIN, 2001, p. 32).

Além desta definição, segundo Gil (2009), o delineamento de um estudo de caso possui algumas características essenciais, tais como:

i. é um design de pesquisa, uma forma de apresentar os dados;

ii. preserva o caráter unitário do fenômeno pesquisado, a unidade de análise é estudada como um todo, podendo ser constituída, por exemplo, de um grupo de estudantes em uma sala de aula – como aconteceu em nossa pesquisa;

iii. investiga um fenômeno contemporâneo, o objeto de estudo – em nossa pesquisa, as visões de estudantes sobre Ciências e suas relações com o Ensino Fundamentado em Modelagem em diferentes contextos;

iv. não separa o fenômeno do contexto, visto que não é necessário restringir o número de variáveis como acontece em outros tipos de delineamento, por exemplo, no experimento;

v. é um estudo em profundidade, detalhado; e, por este motivo

vi. requer a utilização de múltiplos procedimentos de coleta de dados, por exemplo, observação participante, gravação em áudio e vídeo, notas de campo, coleta de artefatos, intervenção, dentre outros. Portanto, um estudo de caso é embasado em múltiplas fontes de evidências, que deverão ser contrastadas para garantir a qualidade das informações apresentadas no mesmo.

Para elaboração de um estudo de caso com as características aqui apresentadas, Robson (2002) sugere algumas formas de organizar a escrita, sendo uma delas a estrutura cronológica. Optamos por adotar esta forma devido à mesma utilizar como princípio organizacional os dados oriundos de múltiplos procedimentos de coleta de dados de maneira a construir uma sequência lógica de eventos.

O delineamento do estudo de caso, segundo Yin (2001), serve a muitos propósitos, uma vez que o mesmo pode ser do tipo:

i. exploratório, indicado para ampliar o conhecimento do pesquisador sobre um fenômeno;

ii. descritivo, indicado para descrever características, por exemplo, de um grupo e/ou um fenômeno; e

iii. explicativo, indicado para responder questões de pesquisa do tipo “como?” e “por que?”.

O tipo de estudo de caso depende das questões de pesquisa que orientam a investigação. Acreditamos que nosso estudo de caso contempla características de todos os tipos, pois ele pode ser considerado exploratório quando caracterizamos a visão inicial de estudantes sobre Ciências em um momento inicial; descritivo quando descrevemos as características de um grupo de estudantes e eventos que envolvem este mesmo grupo em três contextos diferentes (que seriam o fenômeno); e explicativo

quando buscamos responder nossa segunda questão de pesquisa: como a participação em atividades de modelagem, nos contextos investigados, contribui para que tais estudantes manifestem uma visão mais ampla sobre Ciências?

Dentre as vantagens do estudo de caso, algumas vão ao encontro do que nos propusemos a investigar em nossa pesquisa: o fato de o mesmo enfatizar o contexto em que o fenômeno ocorre e possibilitar a compreensão do fenômeno sob a perspectiva dos integrantes do grupo (nossa unidade de análise). Portanto, o estudo de caso é um delineamento de pesquisa que se preocupa com a subjetividade dos sujeitos participantes da mesma. Além disto, algo imprescindível para nós é o fato de o estudo de caso favorecer a compreensão do processo, ou seja, a compreensão do dinamismo das ideias dos sujeitos participantes. Assim, ele se mostra adequado para a compreensão dos processos de mudança, por exemplo, a mudança das visões de estudantes sobre Ciências que buscamos compreender em nossa pesquisa.

A definição de estudo de caso, assim como as características aqui apresentadas, evidencia a natureza holística de estudos de caso, ou seja, a busca por compreender o fenômeno como um todo considerando as partes que o compõem. Isto vai ao encontro de nossa visão sobre Ciências e, consequentemente, da ferramenta analítica que propusemos para analisar nossos dados. Portanto, acreditamos que a metodologia adotada para apresentar os dados está coerente não apenas com a maneira que analisamos, mas também com toda a nossa pesquisa.

Para a elaboração do estudo de caso de G1, nos baseamos no texto da descrição de todo o processo vivenciado pelo mesmo, assim como no que foi apresentado neste subtópico. Para isso, apresentamos os objetivos de cada modelagem de acordo com seu contexto; os momentos de organização das aulas promovidos, na maioria das vezes pela professora e em alguns momentos pelas pesquisadoras; os objetivos de cada atividade; a participação dos estudantes nas atividades – que engloba o que eles expressaram e/ou vivenciaram ao longo do processo, bem como os resultados obtidos pelos mesmos, isto é, suas respostas e modelos desenhados nas atividades impressas, assim como os modelos concretos produzidos pelos mesmos. Além disso, apresentamos também as intervenções realizadas pela professora e pelas pesquisadoras, bem como as discussões realizadas pela professora durante e/ou após os momentos de socialização,

para toda a turma, dos modelos propostos pelos diferentes grupos ao longo das atividades.

Por fim, também optamos por apresentar as informações de que os estudantes se mostraram tristes devido à aproximação do término da coleta de dados e questionaram a professora sobre uma possível festa de despedida para as pesquisadoras. Apesar de tais informações não serem de fato dados e, portanto, não contribuírem para a análise de dados e, consequentemente, discussão dos resultados, acreditamos que elas são importantes, uma vez que nos propusemos a analisar o processo, e as interações entre os sujeitos participantes. Nesse sentido, acreditamos que o fato de os estudantes terem demonstrado tristeza e pensado em uma festa de despedida pode ser tomado como uma evidência do envolvimento dos mesmos no processo.

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