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Capítulo 3. METODOLOGIA

3.2. Método utilizado – Estudo de caso

3.2.1. Estudo de caso Definições

Coutinho e Chaves (2002) corroboram que o estudo de caso se baseia num plano de investigação que envolve um estudo intensivo e pormenorizado de uma entidade bem definida: o ―caso‖. Para estes autores, “quase tudo pode ser um caso: um indivíduo, um

personagem, um pequeno grupo, uma organização, uma comunidade ou mesmo uma nação!” (Coutinho e Chaves, 2002, pág. 223).

Já Denzin e Lincoln (2000) mencionam que o estudo de caso se caracteriza pelo interesse por casos individuais e não pelos métodos de investigação que pode abranger, chamando a atenção para o facto de que nem tudo pode ser considerado um caso pois este é uma unidade específica, um sistema delimitado cujas partes são integradas.

Para Yin (1989), o estudo de caso é uma forma de fazer pesquisa social empírica ao investigar-se um fenómeno atual dentro do seu contexto natural, em que as fronteiras entre o fenómeno e o contexto não são claramente definidas, e na situação em que múltiplas fontes de evidência são exploradas.

Segundo Boyd, Stasch e Westfall (1985), o estudo de caso envolve a análise intensiva de um pequeno número de conjunturas podendo mesmo reduzir-se à própria Unidade, realçando a descrição pormenorizada dos factos em cada situação, não importando a sua quantificação.

Tendo em atenção algumas críticas à utilização do estudo de caso como método de pesquisa procurou-se, neste trabalho, ter alguns cuidados que se descreverão mais a frente, no sentido de não cometermos alguns dos erros apresentados na literatura.

Alguns autores (Goode e Hatt, 1969; Bonoma, 1985; Yin, 1989) são unânimes na defesa de um cuidadoso planeamento e execução do estudo de caso, tendo em conta as críticas tradicionalmente atribuídas a este método, críticas que são feitas por razões diversas, sendo a falta de rigor na pesquisa uma delas: ―Muitas vezes o investigador de

estudo de caso tem sido descuidado, e tem admitido evidências equivocadas ou enviesadas para influenciar a direção das descobertas e das conclusões‖ (Yin, 1989, pág. 21).

Quanto à possibilidade de generalizar a partir de um estudo de caso, se este representar apenas um membro de uma população, significa que esta está minoritariamente representada, o que traduz, naturalmente, uma fraca base de generalização. Já quanto à hipótese de generalizar as conclusões de um estudo de caso com uma amostra grande, em que se comparam situações e, a partir daí, se estabelece uma base para extrapolar, esta por vezes justifica a generalização de um caso para outro (Miles e Huberman, 1994).

Apesar disso, para Campomar (1991), há preconceitos infundados quanto à fraca credibilidade do estudo de caso. Por um lado, há quem o considere fácil de mais, com pouca estrutura, e, assim, pouco académico; por outro, há quem vinque que tudo tem que ser quantificável, o que não acontece neste método. Para o autor ambas as teorias estão erradas. A primeira erra porque não vê que quanto menos estruturado for o método mais difícil é a sua aplicação e, por conseguinte, mais exigência, atenção, cuidado e rigor académico impõe. Quanto à quantificação das inferências, importa salientar que os dados estatísticos nunca têm uma perfeita exatidão, na recolha ou no tratamento.

Dois handicaps deste método são a morosidade na aplicação das técnicas de recolha de dados e a leitura (interpretação) difícil destes mesmos dados, segundo Yin (1989). Contudo, o mesmo autor refere que um bom estudo de caso seria aquele em que se conseguisse definir e testar as aptidões de um investigador para realizá-lo e, assim, ultrapassar as duas dificuldades referidas, o que é possível fazer.

De seguida, descrevemos alguns aspetos – a ter em conta –, que, segundo Goode e Hatt (1969) e Yin (1989), reduzem as imperfeições deste método, bem como as formas que encontramos, enquanto investigador, para os pôr em prática:

1. Usar uma amostra apropriada permite ter uma base racional para fazer estimativa sobre o universo do qual ela é retirada (Goode e Hatt, 1969). Como tal, nesta investigação procurou-se usar uma amostra representativa de todos os grupos profissionais que trabalham no CHMA, ou que, de alguma forma, foram afetados com a implementação do PACS.

2. Fazer generalizações em relação às proposições teóricas e não para populações ou universos (Yin, 1989). Foi nossa preocupação, antes de partir para o terreno, fazer uma extensa pesquisa bibliográfica, de forma a confrontar os resultados da investigação com os dados referidos na literatura da especialidade.

3. Categorizar as respostas, dadas por colaboradores, que atuam como ―juízes‖, mesmo das classificações mais simples (Goode e Hatt, 1969). 4. Evitar explanações e relatórios longos, encorajando assim a leitura e análise

do estudo.

5. Seleção criteriosa do investigador para realização do estudo de caso (Yin, 1989).

Há autores, como Bonoma (1985), que defendem que o estudo de caso como método qualitativo é útil principalmente quando um fenómeno é amplo e complexo, em que o conhecimento existente é insuficiente e não pode ser estudado fora do seu contexto natural.

Em suma, o estudo de caso caracteriza-se por ser uma análise descritiva que se baseia no relato do caso, não deixando, no entanto, de o confrontar com outros já conhecidos ou com outras teorias, o que o torna, por isso, um gerador de conhecimento científico, contribuindo, em muito, para suscitar novas questões de investigação (Ponte, 1994). Trata-se de um estudo bastante dependente do trabalho de campo que assenta em múltiplas e variadas fontes (Yin, 1994). Apesar de estar fortemente associado à pesquisa qualitativa, o estudo de caso pode combinar métodos quantitativos e qualitativos. Uma das características que o diferencia doutras investigações é o facto de o investigador estar

agente de recolha de dados, é um ator do processo uma vez que é um dos profissionais que trabalha diretamente com o sistema PACS.