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APRESENTAÇÃO AO LEITOR

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.2. Estudo de Caso

Este trabalho configura-se como um estudo de caso, de natureza qualitativa, que tem por intuito investigar um fenômeno contemporâneo em profundidade no seu contexto de vida real (YIN, 2009).

O estudo de caso é um tipo de estudo exaustivo e profundo que permite o conhecimento amplo e detalhado de um objeto (GIL, 2009). É compreendido como uma investigação empírica, um método que abrange planejamento e técnicas de coleta e análise de dados, tendo como objetivo o entendimento dos processos do fenômeno no contexto e a construção de novos conhecimentos através da formulação de hipóteses sobre fenômenos específicos isolados. Ao buscar muitas informações sobre seu objeto, procura compreender um conjunto de fenômenos que o caracterizam (YIN, 2009).

Este tipo de investigação é indicado para estudos cuja pergunta de pesquisa refere-se a como ou por que do acontecimento de determinado evento. O pesquisador apresenta pouco controle sobre este tipo de estudo (YIN, 2009).

Neste estudo, entenderemos como objeto a Regulação em Saúde, como fenômeno ou caso a Regulação no município de Florianópolis – SC, como fenômenos específicos as características particulares na Regulação no município de Florianópolis – SC, e como contexto, este município.

Por meio deste tipo de estudo é possível descrever determinado aspecto específico, bem como identificar novos aspectos específicos em meio aos vários processos que interagem no contexto estudado, aspectos estes que não tenham sido pensados previamente, revelando fenômenos específicos que co-atuam com aqueles já conhecidos ao início do estudo, e que influenciam no desenvolvimento destes (YIN, 2009).

Essa abordagem metodológica emprega a investigação qualitativa mapeando, descrevendo e analisando o contexto, as relações e as percepções a respeito do fenômeno em questão, gerando conhecimento sobre características significativas dos eventos vivenciados. (MINAYO, 2008).

Assim, sua aplicação se dá com ênfase em métodos qualitativos, principalmente através de entrevista, observação e análise documental, e o leva à impossibilidade de generalizações, como é característico de métodos qualitativos (YIN, 2009; MINAYO, 2008).

A investigação ocorre concomitante à ocorrência do caso, em uma pesquisa de campo. Assim, o investigador detalha as características do contexto e as relações entre as particularidades do fenômeno, buscando desenvolver teorias a partir das revelações do cotidiano do contexto, possibilitando a compreensão do processo (YIN, 2009).

4.2.1. Grupo Focal

O Grupo Focal é uma técnica de pesquisa qualitativa baseada em entrevistas grupais, aplicada em grupos pequenos e homogêneos, que coleta informações por meio da comunicação e das interações entre os integrantes (MORGAN, 1997; MINAYO, 2008).

A partir de um grupo de participantes selecionados pelo pesquisador, a técnica tem o propósito de obter informações de natureza qualitativa em profundidade, detalhadas, sobre um tópico específico, que possam proporcionar compreensão de percepções, crenças, atitudes sobre um tema, produtos ou serviços. É caracterizado pela discussão informal e visa obter informações gerando consensos ou divergências (POPE, MAYS, 2009; MINAYO, 2008).

Por meio de um debate aberto e acessível em torno do tema de estudo, de interesse comum a todos os participantes, é imprescindível estabelecer um clima confortável para compartilhar experiências e impressões, de modo que as discussões não assumam um caráter pessoal e agressivo, ou gerem uma recusa em emitir opiniões (MORGAN, 1998).

O ambiente é um fator favorecedor para que os participantes encontrem liberdade para se expressarem (MORGAN, 1998). Os participantes devem ser dispostos em círculo, de modo a facilitar a comunicação, colocando todos em posição de igual evidência. O espaço apropriado deve ser neutro e de fácil acesso, protegido de interrupções e

influências externas, acomodando confortavelmente todos os participantes (TRAD, 2009). O número de participantes pode variar de seis a 15, mas o número ideal deve ser aquele que permita a participação efetiva de todos os sujeitos, levando a uma discussão que favoreça a abordagem do tema (TRAD, 2009).

O moderador é o responsável por introduzir e encorajar a discussão acerca do tema proposto, orientando quando as discussões tomarem rumos além dos propostos pela pesquisa, exercendo um papel menos diretivo e mais direcionado para a discussão. Deve estabelecer algumas regras iniciais com o grupo, tais como: manifestar uma fala por vez; evitar discussões paralelas; dizer livremente o que pensa; evitar que um dos participantes monopolize a discussão; manter a discussão do grupo sobre o tema em estudo (TRAD, 2009; MINAYO, 2008).

Uma das vantagens da realização do Grupo Focal, quando em comparação com entrevistas individuais, é que estas podem levar o participante a fornecer respostas prontas, próximas do que o informante considera correto responder, e aquele leva a uma maior problematização dos temas abordados. Fornece sobre as pessoas e instituições interessadas uma importante quantidade de informações qualitativas sobre o desempenho das atividades desenvolvidas (MORGAN, 1998).

O Grupo Focal é uma técnica que pode ser utilizada como estratégia principal de coleta de dados ou, de forma complementar, associado a entrevistas ou observação, possibilitando o acesso a mais informações sobre a realidade (MORGAN, 1997; MINAYO, 2008). A técnica foi realizada com os profissionais do setor de Regulação em Saúde do município estudado, com um total de 08 participantes. Foi utilizado um roteiro semiestruturado, com o intuito de nortear as discussões do grupo (0).

4.2.2. Análise Documental

A Análise Documental é uma técnica de pesquisas que utiliza documentos como fonte de coleta de dados, organizando, analisando e interpretando-os (GIL, 2009). Por documento entende-se diversas fontes de pesquisas, que podem ser escritas/impressas ou não, incluindo vídeos, fotografias ou material textual. São fontes de informações que venham a esclarecer indagações elaboradas pelo pesquisador (SÁ-SILVA, ALMEIDA, GUINDANI, 2009). Os documentos podem ser classificados como fontes primárias, que tratam de documentos

autênticos tais como textos brutos, documentos públicos, textos de periódicos, relatos, diários e correspondências, ou fontes secundárias, como relatórios, estudos anteriores e todo tipo de fonte primária já trabalhada previamente (GIL, 2009).

A riqueza de informações que pode ser extraída de documentos justifica a ampliação de sua utilização em investigações científicas. É um método que deve ser mais valorizado devido ao entendimento que proporciona sobre os processos temporais, ou seja, possibilita ao autor compreender o desenvolvimento/maturação/evolução dos indivíduos envolvidos (SÁ-SILVA, ALMEIDA, GUINDANI, 2009).

Para desenvolvimento da Análise Documental, os pesquisadores devem definir previamente quais documentos serão aprofundados (MINAYO, 2008). Neste trabalho foram estudados o Plano Municipal de Saúde 2011/2014; Instrução Normativa Municipal 003/2013 que regulamenta o processo de agendamento de consultas e exames especializados através do Sistema Nacional de Regulação (SISREG); manual municipal de Boas Práticas em Saúde; e Proposta de Implementação do Complexo Regulador da Grande Florianópolis. Estas fontes foram escolhidas por tratarem da Regulação em Saúde na instituição, desde sua implementação e sua evolução até os dias atuais.