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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.3 Estudo de caso II: Edifício Infinity Tower

Projetado, em 2008, pela empresa de arquitetura americana Kohn Pedersen Fox (KPF) em colaboração com o escritório Aflalo Gasperini, o edifício comercial, localizado na Rua Leopoldo Couto Magalhães Júnior, é um ícone arquitetônico que proporciona uma identidade única ao

skyline – ou panorama urbano – da cidade de São Paulo desde sua finalização, em 2012

(Fontenelle, 2012).

Figura 28: Infinity Tower - Fachada Fonte: Método Engenharia (2012)

A empresa KPF possui projetos em cidades como Londres, Nova York e Tóquio, dentre os quais, torres comerciais, hotéis e aeroportos (KPF, 2017). O escritório Aflalo Gasperini, com sede na capital paulista desde 1962, atua em todo o território nacional, com ênfase em São Paulo e no Rio de Janeiro, tendo participado também de projetos no exterior (Aflalo Gasperini Arquitetos, 2015).

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O edifício, com lajes comerciais entre 950 e 2.000 m² (CBRE, 2014), possui 18 pavimentos e atinge o máximo de área construída permitida na capital (Fontenelle, 2012). A seguir, são apresentados os aspectos do projeto do edifício em estudo.

Figura 29: Infinity Tower – Implantação (sem escala) Fonte: Aflalo Gasperini Arquitetos (2008)

58 Figura 30: Infinity Tower – Planta Pavimento Tipo (sem escala)

Fonte: Aflalo Gasperini Arquitetos (2008)

Figura 31: Infinity Tower – Corte AA (sem escala) Fonte: Aflalo Gasperini Arquitetos (2008)

As características técnicas sustentáveis aplicadas no empreendimento garantiram a certificação LEED Gold. Na fachada, a pele de vidro foi executada com material de alta

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origem brasileira, como granito e madeira cumaru (Fontenelle, 2012). A seguir, imagem do hall de entrada da torre.

Figura 32: Infinity Tower – Hall de entrada Fonte: Fontenelle (2012)

A seguir, as características técnicas sustentáveis do Infinity Tower:

1. - Captação de águas pluviais para uso na irrigação das áreas verdes e sistemas de bacias e mictórios;

2. - Paisagismo com irrigação eficiente e plantio de espécies nativas, adaptadas ao clima local;

3. - Dispositivos economizadores de água, tais como: bacias sanitárias com caixa acoplada dual flush (3 e 6 litros), mictórios e torneiras dos lavatórios com fechamento automático - por pressão, e chuveiros com redutor de vazão;

4. - Sistema de gerenciamento inteligente de edifícios (ar condicionado, refrigeração, ventilação e iluminação), com acompanhamento por profissional qualificado;

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5. - Simulação computacional para avaliação da eficiência energética do edifício;

6. - Sistema eficiente de ar condicionado por pavimento e uso de gás refrigerante com baixo impacto à camada de ozônio e efeito estufa;

7. - Sistema integrado de automação predial para controle operacional do edifício, resultando em economia de energia;

8. - Infraestrutura preparada para submedição de cada unidade, permitindo visualizar os cenários de consumo em tempo real;

9. - Projeto luminotécnico com equipamentos automatizados e de alto desempenho energético, promovendo a redução de energia, além de lâmpadas e acessórios com o selo PROCEL e sensor de presença em espaços pequenos e fechados;

10. - Ampla fachada de vidro, permitindo a entrada de luz natural;

11. - Plano de gestão de resíduos e coleta seletiva no edifício, com o objetivo de conscientizar e orientar os locatários, incluindo: logística interna, transporte e destinação. Cada pavimento possui um espaço reservado para descarte de resíduos recicláveis e orgânicos;

12. - Área destinada para armazenamento provisório de resíduos perigosos, tais como: lâmpadas fluorescentes, pilhas e baterias;

13. - Prioridade para uso de materiais extraídos ou fabricados dentro de um raio de 800 km da localização do empreendimento, além de utilização de produtos regionais e com conteúdo reciclado;

14. - Localização em região de fácil acesso por transporte público e proximidade de serviços tais como: bancos, farmácias, academias e restaurantes;

15. - Estacionamento preferencial para veículos de baixa emissão e energeticamente eficientes;

16. - 25% da área do terreno composta por áreas verdes e espaços abertos, contribuindo para o bem-estar dos colaboradores;

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17. - Bicicletário localizado próximo à entrada do empreendimento, além de vestiários e chuveiros projetados para promover o uso da bicicleta como meio de transporte para o trabalho (CBRE, 2016).

Inspirado no padrão de desenho de volumes náuticos, as duas grandes fachadas curvas de vidro laminado proporcionam uma vista panorâmica da região. Com 112,60 m de altura, o edifício destaca-se na paisagem, ao mesmo tempo em que convida à circulação em seu pavimento térreo, onde localiza-se uma esplanada semipública que conta com espelhos d’água, áreas verdes e passeios. Tal área deve-se ao fato do empreendimento apresentar face para três ruas de acesso, tendo que oferecer espaço totalmente aberto e acessível ao trânsito de pedestres (Sayegh, 2012).

Além desta característica positiva para a circunvizinhança, o entorno imediato também foi beneficiado com a redução da impermeabilidade do solo pelas áreas verdes e captação de águas pluviais (Sayegh, 2012). Neste sentido, Domènech e Saurí (2010) afirmaram que novas regulamentações e incentivos para a adoção do uso de água da chuva estão sendo desenvolvidos ao redor do mundo. Em paralelo, Amado e Barroso (2013) ressaltaram que, devido ao fato de ser esperado que ocorra escassez hídrica em um futuro próximo, é essencial desenvolver um conjunto de medidas destinadas a aumentar a eficiência do uso deste recurso natural. Em relação ao uso racional de água no empreendimento analisado, as soluções de projeto aliadas aos dispositivos tecnológicos apresentados anteriormente, resultaram na redução de consumo de água potável de mais de 45% (Sayegh, 2012).

Sobre os resíduos da construção civil, Paschoalin Filho, Dias e Côrtes (2014) mencionaram que o setor arca com o ônus dos grandes volumes gerados em obras. Sayegh (2012) observou que no canteiro do Infinity Tower, 92% dos resíduos passaram por triagem e destinação para recicladoras.

Para a eficiência energética, Ganhão (2011) afirmou que a problemática da economia de energia, em particular para os edifícios, impõe que sejam adotadas novas e mais eficientes soluções construtivas de modo que sejam obtidos os benefícios que competem ao processo do desenvolvimento sustentável. Segundo Sayegh (2012), o edifício em estudo é 14% mais eficiente

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do que outros que são padrão de referência. Desta forma, considerando todos os aspectos abrangidos neste empreendimento, é possível afirmar que o Infinity Tower contribui para o desenvolvimento sustentável.

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