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CAPITULO 3 – ESTUDO DE CASO NO MUSEU HISTÓRICO DO RIO DE

condições ideais para conservação, como temperatura, humidade, controle de oscilações bruscas, espessura das paredes, acesso das obras do acervo, entre outros fatores. Todo o processo desde do projeto foi acompanhado por equipe técnica capacitada, o equipamento para armazenagem do acervo também foi escolhido mediante estudo criterioso buscando a conservação do acervo e acondicionamento de acordo com a composição da coleção. (LIMA, 2011: 263)

Em 1985 ocorre um processo de revitalização no MHN onde foi ampliada a RT que passou de 488 metros quadrados para 864,68 metros quadrados. E entre 2000 e 2001 foi adquirido um mezanino de 30 metros quadrados implantado dentro da reserva técnica. (LIMA, 2011: 264)

Entre 2002 e 2006 foram realizadas diversas obras para reformulação estrutural do edifício, o que inclui a RT, tendo como principal objetivo a abertura da parte central dos arcos das paredes externa que são voltadas para o pátio, que foram substituídas por vidro temperados de 10 milímetros de espessura e revestidos com película especial que reduz a entrada de raios UV. Também são protegidas por telas solares na cor prata que garantem a redução de 90% de UV, e externamente com toldos de policarbonato na cor bronze. (LIMA, 2011: 264)

3.2 – Reserva visitavel, visivel ou tradicional?

A visita técnica para estudo de caso foi realizada na RT do MHN nos dias 9 e 10 de maio de 2016, acompanhada pelo museólogo Juarez Fonseca Menezes Guerra, que trabalha a cerca de 35 anos. Não foi possível visitar a RT2, que abriga o mobiliário, pois está em processo de reorganização com o objetivo de otimização do espaço. (Figura 16)

Baseado na revisão bibliográfica relacionada ao MHN, Fonseca esclareceu alguns pontos básicos para compreender qual a tipologia atual da RT.

A cerca de vinte anos o espaço está aberto para o atendimento ao público, tal compreensão é validada pelo entendimento da equipe técnica que vem atuando no espaço, que acredita que a reserva deve ser considerada como um espaço de acesso a informação, devendo funcionar como um arquivo e biblioteca, ressalvadas as suas peculiaridades.16

16 Informação coletada durante o estudo de caso realizado dia 9 e 10 de maio em visita técnica com acompanhamento do museólogo Juarez Fonseca.

Considerando que a reserva foi a primeira totalmente planejada no Brasil, e o entendimento por parte dos técnicos atuantes nela da importância do atendimento ao público, sempre existiu a vontade de torná-la visitável. Porém ainda não foi possível.

Até meadas de 2006 existia no ambiente da reserva um terminal de consulta informatizado, que permitia aos visitantes encontrarem rapidamente informações relacionadas aos objetos visualizados, porém com a reforma os terminais de consulta foram transferidos para o terceiro andar.17

Entretanto foi proposto pela direção do museu que a reserva seria visitável, e para tornar tal proposta viável, retiraram o terminal de consulta do ambiente da reserva, que passou a funcionar no terceiro andar do edifício em uma sala de pesquisa.18 Além dessa mudança, foi realizada a reforma já citada, onde retiraram as paredes de alvenaria ao redor dos arcos, possibilitando assim a visualização da reserva internamente. (Figura 17) Outra alteração foi a retirada das laterais dos armários (Figura 18 e 19) e a substituição por vidros com o objetivo de torna-la visitável. 19

A retirada da parede de alvenaria e sua substituição por vidro não foi apoiada pelo corpo técnico atuante na reserva, mas foi uma decisão da diretoria da época.20

Gomes e Vieira afirmam (2013: 133) que é comum ocorrer um erro ao se traduzir o termo visitável e visível, pois a reserva visível caracteriza locais que permitem a visualização do espaço da reserva total ou parcial, sem o acesso direto ao recinto ou aos objetos. Foi esse fato que aconteceu na instituição, realizaram mudanças para tornar a reserva visitável aplicando conceitos de uma reserva visível.

Após a reforma ocorreram drásticas mudanças nas condições ambientais, aumentou a incidência solar elevando a temperatura que é prejudicial para o acervo. Foi necessário aumentar o acompanhamento dos indicadores de temperatura e umidade além da instalação de persiana ao longo dos vidros.21

17 Informação coletada durante o estudo de caso realizado dia 9 e 10 de maio em visita técnica com acompanhamento do museólogo Juarez Fonseca.

18 Idem.

19 Idem.

20 Idem.

21 Idem.

Gomes e Vieira (2013: 66) afirmam que para ser visível tem que exibir um conjunto de exemplos que representam a coleção, utilizando equipamentos museográficos que permitam a visualização, mesmo com a existência da barreira física do vidro. Acredito que por um espaço de tempo a reserva foi visível, até a instalação de persianas.

Atualmente a reserva não é visível durante o dia, pois é sempre mantida com a utilização das persianas, sendo visível somente no período da noite, quando ocorrem eventos fechados no museu, e abrem as persianas como forma de divulgação do acervo.22

A mudança do terminal de consulta informatizado a base de dados tornou a consulta mais complicada, pois é necessário ir em outro andar do edifício para obter informações referentes a coleção.23

A RT do MHN pode ser considerada tradicional e um local visitável, tendo como maior parte da frequência público pesquisador (GOMES E VIEIRA, 2013:

144). Apesar dos projetos que buscaram torna-la visível, ainda é preciso superar algumas dificuldades técnicas com o objetivo de manter os padrões de conservação, sem prejudicar o acesso do público pesquisador.

Figura 16: RT 1 do lado direito e RT 2 do lado esquerdo.

Autoria: Zenildo Sousa. 2016.

22 Informação coletada durante o estudo de caso realizado dia 9 e 10 de maio em visita técnica com acompanhamento do museólogo Juarez Fonseca.

23 Idem.

Figura 17: Visualização do acervo a partir do exterior, com o levantamento momentâneo das persianas.

Autoria: Zenildo Sousa. 2016.

Figura 18: Fotografia próxima ao vidro, mostrando o ambiente interno, e os armários adaptados com vidro na lateral.

Autoria: Zenildo Sousa. 2016.

Figura 19

Autoria: Zenildo Sousa. 2016.

3.3 - Tipologia da coleção

A coleção possui cerca de vinte mil objetos, tendo origem entre o século XVI e XXI, dispõe de objetos em madeira, marfim, metal, vidro, couro, porcelana e gesso, óleos sobre tela e/ou madeira, joalheria, cestaria, esculturas, brinquedos, armaria e têxteis. Lima (2011: 262) afirma que um volume considerável do acervo possui peças de valor cultural e artístico inestimável.

A politica de aquisição atual e através de doações. Nas reservas I e II não entra acervo em suporte de papel, sendo destinado para o arquivo.

O acervo é totalmente documentando e disponibilizado para o público através do sistema informatizado. A documentação é destacada como um ponto fundamental para a localização da peça no acervo, atualizada regularmente.24

3.4 - Armazenamento das obras

O projeto original da RT foi concebido nos moldes tradicionais, acarretando na construção de um espaço sem a preocupação inicial dos conceitos de visibilidade e visitação. Logo o armazenamento é baseado nos conceitos técnicos

24 Informação coletada durante o estudo de caso realizado dia 9 e 10 de maio em visita técnica com acompanhamento do museólogo Juarez Fonseca.

que visam a otimização do espaço e adequação do mobiliário aos conceitos básicos de conservação e preservação do acervo.25

A guarda é realizado em traineis móveis suspensos, com distância mínima do solo de 28 centímetros, utilizado para armazenar pinturas. (Figura 20) Além de diversos traineis fixos nas paredes para acondicionar placas, espelhos e telas.

Mapotecas, rolos para condicionar materiais têxteis (Figura 21), diversas prateleiras, porta armas, e 140 armários. (LIMA, 2011: 265)

Todas as prateleiras e mapotecas (Figura 22) são em aço com pintura eletrostática. E todo armazenamento é realizado nessa tipologia de armários, traineis, suportes, rolos e mapotecas.26

Figura 20: Trainel suspenso.

Autoria: Zenildo Sousa. 2016.

25 Informação coletada durante o estudo de caso realizado dia 9 e 10 de maio em visita técnica com acompanhamento do museólogo Juarez Fonseca.

26 Idem.

Figura 21: Rolos para armazenar têxteis de grande dimensão.

Autoria: Zenildo Sousa. 2016.

Figura 22: Prateleiras e mapotecas.

Autoria: Zenildo Sousa. 2016.

3.5 - Organização espacial e expografia

A RT é dividida em RT1 possuindo 800 m², e RT2, com 500m². A RT1 compreende o mezanino central, área para armaria, com um pequeno mezanino, e outra isolada da Pinacoteca, e uma sala de apoio. Já a RT2 abriga todo o mobiliário.

A disposição espacial na RT1 busca uma separação do acervo por tipologia de material. A distribuição ocorre em três recintos principais e dois mezaninos. A primeira parte a direita da entrada da reserva, abriga toda a armaria, nesse ambiente um pequeno mezanino é utilizado para guarda de armaria e guardados modelos navais que estão aguardando restauração. (Figura 23)

A sala de apoio fica localizada de frente a porta de acesso a reserva. A sala é destinada a higienização do acervo antes de entrar na reserva, já que o museu não possui sala de quarentena. 27

A esquerda da entrada principal fica localizada a maior parte do acervo, as primeiras prateleiras possuem uma utilização diferente da organização por tipologia de material, ela é destinada ao armazenamento de peças de porcelana e madeira, com proporções maiores, pois não cabem nos armários. (Figura 24). A partir desse ponto estão os armários divididos por tipologia de materiais.

No corredor oposto ao lado dos grandes arcos com vidros, ficam disponibilizados traineis fixos na parede, e alguns armários. Nessa parte do acervo possui obras diversas incluindo brinquedos. (Figura 25)

O acervo de leques é armazenado nas mapotecas, assim como os pequenos têxteis. Têxteis, bandeiras e tapetes de maiores dimensões são guardados em grandes rolos. No mezanino estão as indumentárias.28

O último espaço, destinado a guarda na RT1, é a pinacoteca, que possui um trainel para pinturas. As obras da pinacoteca além de documentas e identificadas, possuem um mapeamento topográfico, com fotografias em escala, facilitando o resgate imediato da localização das obras. Os bustos que ficam armazenados na parte superior dos arcos, também possuem mapeamento topográfico.29

A organização da reserva e baseada em um sistema de localização alfanumérico, cada armário possui uma numeração e cada prateleira uma letra de identificação. O sistema de localização fica disponibilizado no terminal digital, localizado na sala de pesquisa, no terceiro andar do edifício.30

27 Informação coletada durante o estudo de caso realizado dia 9 e 10 de maio em visita técnica com acompanhamento do museólogo Juarez Fonseca.

28 Idem.

29 Idem.

30 Idem.

Todos os objetos existentes na reserva possuem número de registro. Essa metodologia permite localização do objeto com maior facilidade. As prateleiras, mapoteca, traineis tem numeração alfa numérica.31

Dentro de cada armário é disponibilizada uma tabela com a identificação dos objetos armazenados. Esse sistema já era utilizado antes da informatização dos dados. Ainda é mantido principalmente pelo fato de facilitar a consulta por parte da equipe.

O sistema de armazenamento de indumentárias é feito em armários no mezanino principal. Cada indumentária possui uma capa protetora, com fotografia da peça, facilitando a consulta e evitando o manuseio das indumentárias. Na porta de cada armário tem uma tabela com a indicação do acervo armazenado.

(Figura 26)

As técnicas e procedimentos da expografia utilizados foram aplicadas para tornar a RT em visitável, quando algumas prateleiras tiveram a lateral retirada para substituição do aço, por vidro, objetivando proporcional visibilidade para a coleção.32

A parte interna dos arcos foi planejada para exposição do acervo, apesar de estar fechada durante o dia, quando elas estão abertas é possível visualizar a reserva.33

Parte da coleção visualizada através dos vidros faz parte da coleção arte sacra de marfim, que é considerada mais atraente para o público, pela sua beleza estética. Também se encontra próximo aos vidros vitrines com objetos, funcionando como armazenamento e aplicando conceitos expográficos. (Figura 27)34

31 Informação coletada durante o estudo de caso realizado dia 9 e 10 de maio em visita técnica com acompanhamento do museólogo Juarez Fonseca.

32 Idem.

33 Idem.

34 Idem.

Figura 23: Sala de armarias.

Autoria: Zenildo Sousa. 2016.

Figura 24: Objetos com grandes dimensões.

Autoria: Zenildo Sousa. 2016.

Figura 25: Traineis fixos e armários.

Autoria: Zenildo Sousa. 2016.

Figura 26: Indumentárias identificadas com fotografias na capa protetora.

Autoria: Zenildo Sousa. 2016.

Figura 27: Vitrines para armazenamento e exposição.

Autoria: Zenildo Sousa. 2016.

3.6 - Conservação preventiva

A conservação preventiva é realizada pela equipe técnica. Anualmente o acervo deve passar pela conservação preventiva, ocorrendo em fases, seguindo a sequência da disposição espacial do acervo, que é realizada por tipologia do

material de origem. Sendo que todo o acervo passa pela conservação preventiva anualmente.35

O controle climático das RT é realizado através de ventiladores de teto, ligados diariamente, e desumidificadores, são acionados automaticamente quando os termo-higrógrafos registram umidade e temperatura do ar acima dos níveis aconselhados. Optou-se por essa tipologia já que a instalação de controle climático utilizando o ar condicionado representava grande gasto econômico.

(LIMA, 2011: 265)

A media anual da umidade ao longo do ano é mantida entre 55 a 60%, ocorrendo a monitoria diária. Apesar do alto índice de umidade, causada pela localização da reserva que possui uma parte do pavimento semi enterrado, ela não chega a atingi as coleções.

A preocupação com a umidade se justifica, pois diante de testes já realizados foi verificado que próximo ao chão a umidade pode causar danos a coleção, caso esteja em contato direto com a superfície.36

A verificação dos índices é um fator fundamental na reserva, pois no dia da visita técnica o termo hidrógrafo estava marcando 74% de humidade e os desumidificadores não foram acionados automaticamente.

Em praticamente todos os armários é realizado o controle individual com termômetro e um termo hidrógrafo. O monitoramento busca a avaliação da existência de micro climas dentro do ambiente. (Figura 28)

A higienização das peças antes da entrada na reserva técnica é realizada na sala de apoio, já que nenhuma peça pode entrar diretamente para reserva sem passar por uma inspeção. Caso exista uma contaminação grave ou uma situação que impeça a entrada direta na reserva, ela é encaminhada para o Laboratório de Conservação, para análise mais aprofundada.

35 Informação coletada durante o estudo de caso realizado dia 9 e 10 de maio em visita técnica com acompanhamento do museólogo Juarez Fonseca.

36 Informação coletada durante o estudo de caso realizado dia 9 e 10 de maio em visita técnica com acompanhamento do museólogo Juarez Fonseca.

Figura 28: Vista interna da prateleira, com termômetro e higrômetro.

Autoria: Zenildo Sousa. 2016.

3.7 - Condições de acesso

O agendamento é realizado por telefone ou e-mail institucional, facultando a apresentação de carta de apresentação ou documento oficial. A recepção do MHN autoriza a entrada nas área da reserva, através da confirmação com o técnico responsável do setor, é feita a emissão de um documento de controle da entrada e saída que deve ser assinado ao final da visita.

A reserva mantém controle de visitação com o livro de registros. A entrada da RT é realizada mediante a inserção de um senha, buscando restringir a entrada somente para funcionários.37

A RT do MHN recebe o público desde sua concepção, o atendimento não se limita aos pesquisadores, mas também ao público escolar, nível médio e universitários. Raramente a reserva recebe requisição de visita por parte do público que não é pesquisador ou de estudantes.38

O corpo técnico demonstra a disponibilidade e prioridade em atender os pesquisadores, com um servidor para acompanhar e monitorar todo processo da

37 Informação coletada durante o estudo de caso realizado dia 9 e 10 de maio em visita técnica com acompanhamento do museólogo Juarez Fonseca.

38 Idem.

visita. Fonseca afirma que a maior parte do tempo das atividades dos técnicos é destinada ao atendimento do público.39

O grupo pesquisador predominante é constituído do público atuante nos meios de comunicação, que buscam realizar fotografias, filmagens do acervo.

O nível de acesso é definido no momento do agendamento da visita, a equipe técnica avalia a possibilidade de atender a solicitação, bem como preparar a peça para disponibilização, caso o acesso necessite manipulação do acervo.40

O nível primário de acesso ocorre mediante justificativa e monitoramento durante todo o período da pesquisa, pois a manipulação é realizada somente pelo corpo técnico da reserva.41

3.8 - Desafios

A reforma realizada na RT1 e RT2 em 2006 com o objetivo de torná-la visitável, trouxe diversos problemas para os técnicos da reserva e para o acervo, pois a incidência solar é bastante prejudicial. Assim como a elevação da temperatura, que criou uma mudança significativa no espaço

Após um curto espaço de tempo depois da reforma foi necessário implantar persianas e protetores ultravioleta para proteger a coleção, o que levou a decisão de manter sempre fechada com persiana durante o dia, pois a sua abertura pode causar diversos problemas para o acervo.42

A elevação da temperatura ainda é um desafio que tem sido enfrentado a cada dia no ambiente. Uma alternativa poderia ter sido manter a cobertura no pátio, o que causaria uma diminuição significativa da incidência solar, até mesmo a sua eliminação, o que poderia mantê-la como visível.

Fonseca considera que atualmente um dos maiores desafios também se inclui a segurança do acervo, já que devido a pequena equipe de funcionários, ficam impossibilitados de receber mais visitantes na reserva. Sendo que é preciso ocorrer a monitoria da visita durante toda permanência na reserva.

39 Informação coletada durante o estudo de caso realizado dia 9 e 10 de maio em visita técnica com acompanhamento do museólogo Juarez Fonseca.

40 Idem.

41 Idem.

42 Idem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decurso desse trabalho foram analisados os conceitos de RT visitáveis e visíveis, e a proposta da garantia do acesso do público pesquisador a despeito da manutenção dos padrões básicos de conservação.

No MHN foi possível visualizar o conceito da reserva visível e sua tentativa mal sucedida ao desconsiderar a participação do corpo técnico atuante na reserva e a precipitação em aplicar conceitos da RT visível, buscando na verdade implantar uma RT visitável. Em parte da reserva é possível perceber que o espaço é uma reserva visível segundo o conceito de Gomes e Vieira (2013), pois o espaço é destinado a guarda e acondicionamento do acervo, mas mesmo assim permite aos visitantes a visualização interna da reserva.

Porém a problemática no local foi a implantação dos vidros na fachada sem um planejamento prévio que previsse o aumento da temperatura, bem como a incidência solar prejudicial ao acervo. Foi pensando na garantia da visualização dos visitantes, mas não consideraram os princípios de conservação.

Mas, considerando uma situação em que não fosse necessária a utilização das persianas durante todo o dia, podemos considerar que a RT possui uma parte visível. O ambiente pode ser visualizado, alguns armários que utilizam vidros nos armários, bem como bases a disposição do acervo nas vitrine, e a fácil visualização dos números de registros do acervo, possibilitando a consulta nos terminais informatizados.

O público predominante nas duas instituições é de pesquisadores, e estudantes, como constado por Ana Romão (2012) no Laboratório Chimico (MCUL), por Fernández, Jiménez e García (2012) no Veterinary Museum, Complutense University de Madrid, por Gomes e Vieira (2013) no Musée des Arts et Métiers em Paris e nas reservas visíveis do Schaulager, em Basileia, e como no caso da primeira reserva visitável apresentado por Ames (1977), no Museu de Antropologia da Universidade Britânica Columbia.

No Museu Dom João VI a predominância do público pesquisador se justifica pela tipologia do museu em uma universidade, mas inferir que essa é a uma conclusão valida é inadequado, já que o público predominante da reserva do

MHN também é composto por pesquisador e ele não se enquadra no modelo de um museu universitário.

A segurança no acervo é apontada pelas duas instituições como um desafio, devido principalmente pela equipe técnica reduzida. No caso do Museu Dom João VI, apesar das câmeras instaladas, o acesso ainda precisa ser controlado por uma campainha. Mesmo com o discurso do museu ser aberto para visitação, a falta de pessoal para atuar na recepção é o principal motivo dessa alternativa para instituição.

Thistle (1990: 211) relata que além da dificuldade com a segurança, com os visitantes na reserva, a iluminação é outra problemática a ser superada. No Museu Dom João VI, o problema foi facilmente resolvido com o acendimento da luz apenas na presença dos visitantes. No MHN a iluminação natural causou problema que foi solucionado com a implantação de persianas, mas impossibilitou a visibilidade por parte do público. Dentro da pinacoteca do MHN ela permanece constantemente com a luz apagada, sendo acessa somente durante o acesso ao recinto.

A reserva visitável segundo Thistle (1990: 210) é um local com maior potencial para danos aos objetos, mas no caso do Museu Dom João VI a instituição tem mantido o local visitável sem prejudicar o acervo. Já no MHN não foi possível manter a visibilidade devido a incidência solar excessiva.

No Museu Dom João VI foi relatado que ocorreu um estranhamento dos visitantes ao entrar no museu por dois motivos, o primeiro pela quantidade de obras expostas uma ao lado da outra, fator apontado por Thistle (1990: 209), e a falta de legenda, que ao se explicar aos visitantes que o museu é uma RT e mostra os manuais com as informações relacionadas ao acervo pode amenizar esse estranhamento inicial.

A critica que a RT visitável inibiria pesquisas não procede no caso do Museu Dom João VI nem no MHN, pois são realizadas pesquisas diversas sobre o acervo. A possibilidade dos pesquisadores acessarem todo o acervo melhora as condições de investigação como aponta Ames (1977).

Foi possível visualizar a aplicação dos conceitos da expografia em ambas reservas, que protegem os objetos mais sensíveis, valiosos em vitrines e armários protegidos e de fácil monitoramento, como apontado por Amaral (2011) Além da decisão de manter em armários fechados peças em estado frágeis do ponto de

vista da conservação como ocorreu no Veterinary Museum, da Universidade Complutense de Madri. (FERNÁNDEZ, JIMÉNEZ, GARCÍA, 2012)

No Museu Dom João VI a aplicação da expografia foi pensada desde o projeto de concepção da reserva, onde foi considerada que além de uma reserva e também uma exposição, como afirma Thistle (1990: 207).

O percurso da visita ocorre pela sequencia na visitação baseada na tipologia da coleção. No caso do MHN as vitrines foram utilizadas para demonstrar parte do acervo considerada mais atrativa para o público.

A tentativa do MHN foi revelar ao público a RT, mas devido um planejamento que não levou em consideração a conservação e segurança do acervo a forma de demostrar o acervo foi falida, atualmente sendo possível abrir as persianas somente no período da noite, quando não está presente o público predominante do museu. A reserva visível buscou permitir a visualização máxima do acervo dentro da reserva.

Por fim foi possível averiguar a possibilidade de dar acesso ao público pesquisa a reserva através dos modelos de visitável e visível, mantendo os conceitos de conservação e com a utilização de algumas alternativas para possibilitar o acesso sem prejudicar o acervo. Apesar do caso do MHN onde o modelo da reserva visível foi mal sucedido veio de encontro a nossa hipótese no trabalho, em que ressaltamos a importância dos cuidados com a conservação das coleções, que devem ser respeitadas para proteger o acervo dos danos.

A aplicação dos conceito expográficos também estão presentes nas duas instituições estudadas, logo acreditamos que este trabalho pode contribuir para a área museologia e mostrar a possibilidade da aplicação dos modelos que abrem o espaço da RT até então fechado na maioria das instituições, para acesso dos público pesquisador, e quem sabe possamos vislumbrar a abertura para toda tipologia de público como no Museu Dom João VI.

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