• Nenhum resultado encontrado

ESTUDO DE CASO ������������������������������������������������������������������������������

3�1 BIBLIOTECA SÃO PAULO

O estudo de caso em questão será feito de acordo com os conceitos e pontos de análise listados por Clark e Pause (1997) em seu livro “Arquitectura: temas de composición”, sendo adicionados, para melhor compreensão do projeto, os itens “Implantação / Situação”, “Ventilação” e “Inclusão e Acessibilidade”.

A Biblioteca São Paulo é um dos edifícios que dão suporte ao Parque da Juventude, antigo Complexo Presidiário do Carandiru. O Carandiru já foi o maior presídio do país, e é sempre lembrado pelo massacre que ocorreu em 1992. Essa memória permanece, porém a transformação do terreno em um parque e a implantação de uma biblioteca no local dão a esperança de um futuro melhor, contrastando com o antigo uso. Segundo os arquitetos “A antítese é forte e a metáfora se torna óbvia. Onde antes funcionava uma prisão, agora há liberdade: de conhecimento, das ideias, dos livros.” (ARCHDAILY BRASIL, 2012)

O prédio que abriga a biblioteca havia sido construído anteriormente como um pavilhão de exposições para o parque, também projetados por Aflalo/Gasperini, já com o intuito de abrigar diversas funções e ter flexibilidade suficiente para alterações futuras.

aflalo/gasperini arquitetos associados São Paulo – Brasil 2010

pb - térreo

pb - superior

cortes a e b

0 5 10 20

Figura 3 - Planta Baixa - Térreo - Biblioteca São Paulo

Figura 4 - Planta Baixa - Pavto Superior - Biblioteca São Paulo

Figura 5 - Corte AA - Biblioteca São Paulo

Figura 6 - Corte BB - Biblioteca São Paulo

B B A A LEGENDA 1. PÉRGOLA – ACESSO 2. LOBBY 3. GUARDA-VOLUMES 4. RECEPÇÃO E BALCÃO DE ATENDIMENTO 5. AUDITÓRIO 6. ÁREAS DE LEITURA DIRECIONADAS ÀS FAIXAS ETÁRIAS

7. ÁREAS DE LEITURA COM DIFERENTES MOBILIÁRIOS, ESTAÇÕES MULTIMÍDIA E ACERVO EM ESTANTES BAIXAS 8. TERRAÇO 9. DECK DO CAFÉ 10. COZINHA DO CAFÉ 11. DEPÓSITO 12. COPA 13. BANHEIRO DOS FUNCIONÁRIOS 14. BANHEIRO DO PÚBLICO 15. ELEVADOR

16. ACESSO RESTRITO PARA MAIORES DE 18 ANOS 17. ÁREAS DE LEITURA COM

DIFERENTES MOBILIÁRIOS, ESTAÇÕES MULTIMÍDIA, PERIÓDICOS, ACERVO COMUM E ACERVO EM BRAILE 18. SALA DA DIRETORIA 19. SALA DE REUNIÕES 20. SALA DOS FUNCIONÁRIOS 21. SALA DE SERVIDOR 22. SALA DE APOIO 23. SALA TÉCNICA 24. SACADA 1 2 3 4 5 6 7 6 6 6 6 8 9 10 11 12 13 14 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 24 14 14 N N

Circulação e Espaço-Uso

A biblioteca abriga, no primeiro andar, auditório para noventa pessoas, guarda-volumes, lobby e recepção próximos à entrada. Existem cabines de estrutura metálica e vedação com vidros coloridos definidas por faixa etária (zero a três, quatro a seis, sete a onze e doze a dezessete anos) inseridas em um espaço dinâmico com áreas de leitura, referência, ou multimídia em diferentes mobiliários. Mesclados nesse grande espaço da biblioteca se encontra o acervo disposto em estantes baixas, que permitem melhor acesso e visualização por parte dos usuários (especialmente crianças e cadeirantes), além de integração visual. Dessa forma, andar pela biblioteca se torna mais agradável e interessante. O espaço externo é coberto por estruturas tensionadas que lembram tendas náuticas, protegendo as mesas do café e um espaço para pequenos shows ou apresentações. O primeiro andar conta ainda com elevador, banheiros para o público e banheiros para funcionários, copa, depósito e cozinha do café.

No andar superior, o espaço principal é dinâmico como o piso inferior, misturando espaços de leitura, áreas de acervo com livros, revistas e material em braile juntamente com estações multimídia. Dois terraços cobertos com pergolado são responsáveis pela integração com a área externa. Está presente, ainda, uma seção

Implantação / Situação

A Biblioteca São Paulo está situada em uma das extremidades do Parque da Juventude, próxima a outros dois edifícios que foram mantidos do antigo Complexo do Carandiru e adaptados, abrigando serviços para a população. Há, ainda, o projeto de um teatro, complementando a função social e cultural da área e conformando a praça de acesso. Com relação à acessibilidade urbana, além da opção de acesso pelo parque em si, há o acesso pela Avenida Cruzeiro do Sul, de frente para a Estação de Metrô Carandiru.

Fica clara a valorização dos pedestres ao se perceber que os caminhos da praça foram pensados de acordo com o fluxo de pessoas que vêm da Av. Cruzeiro do Sul, especialmente da estação de metrô.

Figura 7 - Perspectiva da Implantação

EDIFÍCIOS EXISTENTES ADAPTADOS TEATRO BIBLIOTECA PRAÇA DE ACESSO

CAMINHO INCLINADO SEGUINDO O FLUXO DA ESTAÇÃO CARANDIRU

restrita para maiores de dezoito anos. Salas técnicas e salas da administração se encontram neste piso. Como no andar inferior, repetem-se os banheiros para o público e o elevador.

As circulações se dão, em geral, pelos espaços-uso, sem defi nição. Existem, no entanto, pequenos trechos de circulação horizontal que levam às áreas de menor acesso. Essa forma de circulação torna a biblioteca mais convidativa, pois facilita que os usuários se desloquem por ela e incentiva o uso alternado dos diferentes suportes de informação oferecidos.

CIRCULAÇÃO HORIZONTAL CIRCULAÇÃO VERTICAL ACESSO PÚBLICO

ACESSO PÚBLICO RESTRITO ACESSO FUNCIONÁRIOS LEGENDA Figura 9 - Circulação e Espaço Uso - Pavto Superior Figura 8 - Circulação e Espaço Uso - Térreo

Inclusão e Acessibilidade

A biblioteca é equipada com pisos táteis, sanitário acessível, corrimão com duas alturas e seção em braile, além de áreas com equipamentos de leitura para pessoas com baixa visão. O mobiliário também tem versões adaptadas: mesas na área de leitura e lugares no auditório para cadeirantes, além de uma área rebaixada no balcão de atendimento.

Figura 10 - Aparelho de leitura para pessoas com baixa visão.

Figura 11 - Área rebaixada no balcão de atendimento.

Iluminação e Ventilação Naturais:

A presença de iluminação natural é bastante importante em um projeto de biblioteca, e os elementos de iluminação zenital são muito benéficos nesse sentido, pois distribuem luz difusa de forma homogênea no ambiente. O átrio central contribui para a eficiência desse sistema, permitindo que a luz atinja também o pavimento inferior. O pavimento térreo é vedado com vidros adesivados, porém são recuados da projeção do edifício, mantendo a iluminação indireta. Para amenizar o sol, nas orientações leste e oeste foram instalados pergolados cobertos por placas de policarbonato nos terraços. Além disso, brises nas janelas do pavimento superior também evitam ofuscamento e iluminação em excesso.

Luminárias de variados tipos e distribuídas ao longo dos ambientes são responsáveis pela iluminação artificial.

Normalmente, bibliotecas utilizam condicionadores de ar na maior parte do tempo, visando controlar a temperatura e a umidade do acervo, bem como proporcionar O acervo, disposto em estantes baixas

de 1,30 m de altura, pode ser acessado com facilidade por crianças e cadeirantes. Apesar de possuir elevador, o mesmo se encontra afastado da escada principal e em um lugar pouco visível.

Estrutura

A estrutura da biblioteca é formada por vinte pilares e dez principais vigas, em concreto, que espaçadas a cada dez metros e com vãos de quinze metros, sustentam a laje alveolar. Foram feitos, ainda, reforços na estrutura que absorvessem a sobrecarga de peso que existe numa biblioteca devido ao armazenamento de livros. O edifício tem, portanto, o que se considera uma “planta- livre”, permitindo que o uso dos espaços e o posicionamento das vedações seja alterado conforme a necessidade.

Há, além disso, as estruturas metálicas que, associadas à cabos de aço, mantêm tensionada a cobertura do terraço presente no primeiro pavimento.

Figura 12 - Estrutura da Biblioteca São Paulo.

conforto para seus usuários. Ainda assim, caso seja necessário, o edifício permite que exista ventilação cruzada.

Figura 14 - Ventilação Cruzada. Massa (Volume)

O volume da Biblioteca São Paulo é bastante horizontal, estabelecendo uma relação com a linha do terreno, que não possui curvas de nível. Destacam-se os dois planos laterais, paralelos entre si. A cobertura tensionada e o volume de serviços têm menos força, mas contribuem para deixar o prédio menos rígido. A vedação em vidro no pavimento térreo é leve, acentuando os planos laterais durante o dia e ganhando detaque durante a noite, quando fica iluminada e deixa transparecer as atividades que acontecem no interior do edifício.

Planta ao Corte

A relação entre a planta e o corte ocorre como uma analogia ao se observar o predomínio da linha reta e formas simples, retangulares, em oposicão à repetição de formas orgânicas (no caso da planta, com a projeção da cobertura do terraço) e triangulares (no caso do corte, com a forma da cobertura que propicia iluminação zenital).

Figura 15 - Volume em corte.

Figura 16 - Volume em planta.

Unidade e Conjunto

Percebe-se que o edifício é composto por três principais volumes, que por agregação compõem o conjunto.

Repetitivo e Singular

Os pilares de concreto, partes da estrutura principal, são elementos que se repetem e proporcionam ritmo para o espaço. O átrio e a escadaria pricipal são os elementos que se destacam por sua singularidade.

Simetria e Equilíbrio

O volume principal e a torre de serviços possuem eixos de simetria.

Geometria

As partes retangulares, em planta, se adequam à seção áurea (retângulo 1.4).

Adição e Subtração

Ao encaixar a planta baixa do volume principal em um retângulo, têm-se os espaços subtraídos. À ele são adicionados os elementos alongados (brises), bem como os volumes da torre de serviços e da cobertura tensionada.

Figura 18 - Unidade e Conjunto

Figura 19 - Repetitivo e Singular

Figura 20 - Simetria e Equilíbrio

Hierarquia

Do ponto de vista hierárquico, a edificação não comunica qual o acesso principal, pois não há demarcação clara de entrada. Apesar disso, em uma visão mais ampla percebe-se a dermarcação do piso da praça, além de um pergolado praticamente alinhado com a entrada principal, tornando o conjunto mais legível. Ao entrar no edífício dois elementos se destacam: o balcão de atendimento, à esquerda, centralizado e bastante visível, bem como o átrio, que disposto de acordo com a iluminação zenital dá ênfase para a escadaria que leva ao segundo andar.

Partido

Pode-se perceber duas principais ideias geradoras do partido: iluminação zenital alinhada com o átrio, distribuindo a iluminação entre os dois andares, bem como o deslocamento das placas laterais na mesma direção, porém em sentidos opostos.

Figura 22 - Adição e Subtração

Figura 23 - Balcão de Atendimento.

Figura 24 - Pergolado.

Conclusão

O edifício da Biblioteca São Paulo possui vários pontos positivos que devem ser levados em consideração no presente trabalho. Entre eles:

• A valorização do pedestre e a proximidade com uma estação de transporte coletivo;

• a disposição do acervo em prateleiras baixas, de forma similar à uma livraria; • a presença de diferentes mobiliários, incluindo elementos lúdicos;

• os elementos de iluminação zenital, permitindo a entrada de luz difusa e adequada no ambiente;

• o átrio, que além de permitir a distribuição de luz colabora com a integração entre os dois pisos;

• a utilização de pergolados e “brise-soleil” para controle de insolação;

• a disponibilização de diferentes suportes de informação: além dos livros e periódicos, a biblioteca possui estações multimídia que permitem o acesso à internet, cds e dvds, jogos e músicas;

• a presença de um café e área de shows, aumentando os motivos para permanecer na biblioteca e

• a inclusão e acessibilidade perceptíveis no mobiliário e no acervo.

No entanto, um ponto que deve ser observado é que o elevador não é visível e não está próximo da escada principal.

Em suma, a Biblioteca São Paulo é exemplar: serve-se de diferentes recursos que visam tornar o ambiente agradável para todos os públicos, mas tem como objetivo principal atrair o público não leitor, especialmente os mais jovens.