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Seções geofísicas de eletrorresistividade foram realizadas com o intuito de se obter informações nos locais com ausência de poços tubulares e de dados geológicos em superfície, de modo a fornecer informações necessárias para a melhor delimitação do Aquífero Batalha, como: a presença / ausência do aquífero, sua espessura e valores de resistividades de referência, que permitam orientar futuras perfurações.

As seções de eletrorresistividade foram realizadas através da técnica de caminhamento elétrico, o que possibilita o mapeamento lateral das variações de resistividade elétrica (Telford et

dipolo. O arranjo montado nesse trabalho apresenta 360 metros de extensão, com eletrodos metálicos espaçados de 10 em 10 metros, o que permitiu a investigação em profundidades de até 70 metros. A aquisição dos dados ocorreu com a utilização do Eletrorresistivímetro SYSCAL Pro 72 (fabricado pela Iris Instruments), o qual se encontrava interligado aos cabos multieletrodos, onde a corrente é injetada ao solo (Figura 3.12). Os valores de resistividade obtidos refletem as variações do subsolo em resposta a passagem de correntes elétricas, onde cada material (classes de solo, tipos de rochas, etc.) apresentam intervalos distintos, devido a composição mineralógica e quantidade de fluidos presentes nos poros.

Figura 3.12. Equipamento Eletrorresistivímetro SYSCAL Pro 72 e eletrodo montado pronto para iniciar o levantamento.

Nesse contexto, foram realizados 15 perfis de eletrorresistividade, espaçados ao longo da área de estudo, dos quais o perfil PGN-65 foi executado ao lado de um poço tubular com perfil litológico e construtivo conhecidos, de modo a se obter valores realistas das respostas de resistividade dos diferentes materiais, incluindo solo, saprolito e rocha (quartzitos e filitos). A localização dos 15 perfis de eletrorresistividade é representada na Figura 3.13.

Figura 3.13. Localização dos perfis de eletrorresistividades realizados na região de estudo, com a finalidade de obtenção de informações geológicas em subsuperfície e que auxiliaram na delimitação do aquífero.

A partir da seção obtida no ponto PGN-65 foi proposto um modelo de camadas baseado na resposta da eletrorresistividade (Lima 2010). As camadas observadas no perfil litológico elaborado durante a perfuração do poço com seus intervalos de profundidade e valores de resistividade se encontram na Tabela 3.4. A Figura 3.14 apresenta os valores de resistividade obtidos ao longo desse perfil, bem como ilustra as camadas interpretadas, conforme o perfil litológico de poço tubular interceptado pela seção geofísica.

Tabela 3.4. Características das camadas obtidas durante o acompanhamento da perfuração do poço (perfil litológico) e seus respectivos intervalos de profundidade e resistividade.

Descrição do Perfil Litológico Profundidade

(m)

Resistividade (ohm.m) Latossolo Vermelho Amarelo

argiloso 0 - 15 500 - 1.200

Laterita Concrecionária 15 - 18 1.201 - 1.350

Saprolito arenoso 18 - 37 1.351 - 4.500

Rocha (Quartzito) > 37 > 4500 até da ordem

de 16.000

A primeira camada do perfil litológico do poço é composta por Latossolo Vermelho Amarelo de textura argilosa, o qual possui 15 metros de espessura no local e valores de resistividade elétrica variando entre 500 e 1200 Ohm.m.

A camada sotoposta é caracterizada por concreções de plintita (laterita) formando uma camada de cerca de três metros de espessura, entre as profundidades de 15 e 18 metros e valores de resistividade elétrica entre 1201 e 1350 Ohm.m.

A camada imediatamente abaixo é composta por areia de coloração clara e granulometria variando entre fina a média correspondente ao soprolito dos quartzitos da Formação Serra da Batalha, que no local apresenta 19 m de espessura se iniciando a 18 m de profundidade e com valores de resistividade entre 1301 a 4500 Ohm.m.

Por fim, caracterizando o substrato do aquífero se encontra a rocha sã formando uma barreira hidráulica e caracterizada por quartzito da Formação Serra da Batalha, a qual se encontra no local com profundidades maiores que 37 m e valores de resistividade elevados, superiores a 4500 Ohm.m. Esse substrato rochoso é pouco permeável e responsável pelo direcionamento do fluxo da água no aquífero, estando neste caso com o fluxo na direção oeste, mesmo sentido de mergulho das camadas de quartzito.

Os resultados das demais seções geofísicas são apresentados nas Figuras 3.15 e 3.16 seguidos da interpretação das variações laterais de resistividade.

Conforme observado na Figura 3.15 valores de resistividade inferidos conforme Tabela 3.4 pode-se afirmar que o Aquífero Batalha ocorre com espessuras médias próximas a 40 metros e características similares ao observados no perfil PGN-65. Esta observação é corroborada na análise das seções geofísicas: PGN-64, PGN-66, PGN-71, PGN-72, PGN-74, PGN-76, PGN-77, PGN-80 e PGN-81.

As seções com valores de resistividade muito baixos indicam um material mais silto-argiloso ao longo do perfil, possivelmente correspondente aos filitos do topo da Formação Serra da Batalha, ou outra unidade metapelítica do Grupo Canastra. Nesse contexto, pode-se afirmar que o Aquífero Batalha não ocorre ao longo das seções geofísicas PGN-70, PGN-73, PGN-75 e PGN-79.

A seção geofísica PGN-69 apresenta um caso distinto em que muito provavelmente o latossolo e o respectivo saprolito recobrem diretamente filitos do Grupo Canastra, uma vez eu os valores de resistividades são muito baixos, e neste caso também o aquífero Batalha está ausente.

Figura 3.15. Compilado das seções de eletrorresistividade obtidas em que o Aquífero Batalha ocorre. Seções PGN-64, PGN-66, PGN-69, PGN-70, PGN-71, PGN-72, PGN-74, PGN-76, PGN-77, PGN-80 e PGN-81.

Figura 3.16. Compilado das seções de eletrorresistividade obtidas em que o Aquífero Batalha não ocorre. Seções PGN-69, PGN-70, PGN-73, PGN-75 e PGN-79.