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1. INTRODUÇÃO

2.9 ESTUDO DA LEGISLAÇÃO

Pode-se destacar que no país, “a promoção da inovação, definida a partir da existên- cia de recursos humanos suficientes e qualificados, e a propriedade intelectual são considera- dos quesitos fracos que necessitam ser mais bem trabalhados” (DUDZIAK, 2007, p. 19). Ain- da de acordo com a autora, é possível reverter esse quadro com o aprofundamento do conhe- cimento de aspectos fundamentais, como a forma que ocorre a construção do conhecimento e as leis acerca disso. De acordo com o Manual de Oslo (2005):

A maior conscientização da importância da inovação fez que ela fosse incluída na agenda política da maioria dos países desenvolvidos. As políticas de inovação decor- rem primordialmente das políticas de ciência e tecnologia, mas absorveram também aspectos significativos das políticas industriais. À medida que melhorava o entendi- mento da inovação, houve mudanças substanciais no desenvolvimento de políticas ligadas à inovação.

A proposta do país passou a ser o fomento à interação entre o setor produtivo e os pesquisadores das universidades, já que na prática o que ocorre é a grande produção de conhe- cimento e pesquisa nas universidades sem a prática pelo setor produtivo. Pode-se citar como exemplo o PADCT (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que é coordenado pelo Mistério da Ciência e Tecnologia e “tem como principal objetivo o aumento quantitativo de apoio financeiro à pesquisa, com a introdução de novos critérios, mecanismos e procedimentos indutivos, entre eles a definição de áreas prioritárias de atuação (PORTO, 2006, p. 50).

Sob essa ótica, a criação de leis específicas para o fomento à inovação para empresas e universidades se torna indispensável. As primeiras leis criadas no âmbito nacional foram a Lei Nacional de Inovação e a Lei do Bem, apresentadas a seguir.

2.9.1 Lei Nacional de Inovação

De acordo com Vieira (2008), a Lei 10.973 de 02 de dezembro de 2004, que é a Lei Nacional de Inovação ou Lei de Inovação Tecnológica (LIT), foi criada a partir de debates da Academia Brasileira de Ciências e do Livro Verde, que aborda assuntos relacionados à “am- pliação do acesso, meios de conectividade, formação de recursos humanos, incentivos à pes- quisa e desenvolvimento, comércio eletrônico, desenvolvimento de novas aplicações” (2000).

A Lei de Inovação Tecnológica objetiva o “aumento da eficiência da estrutura produ- tiva, capacidade de inovação das empresas brasileiras e expansão das importações” (VIEIRA, 2008, p. 71). Em linhas gerais, procura incentivar a inovação, a pesquisa científica e tecnoló- gica e o desenvolvimento do país, além dos princípios mostrados no Quadro 10:

Princípios da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004.

I Promoção das atividades científicas e tecnológicas como estratégicas para o desenvolvimento eco- nômico e social.

II Promoção e continuidade dos processos de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação, assegurados os recursos humanos, econômicos e financeiros para tal finalidade.

III Redução das desigualdades regionais.

IV Descentralização das atividades de ciência, tecnologia e inovação em cada esfera de governo, com desconcentração em cada ente federado.

V Promoção da cooperação e interação entre os entes públicos, entre os setores público e privado e entre empresas.

VI Estímulo à atividade de inovação nas Instituições Científica, Tecnológica e de Inovação (ICTs) e nas empresas, inclusive para a atração, a constituição e a instalação de centros de pesquisa, desen- volvimento e inovação e de parques e polos tecnológicos no País.

VII Promoção da competitividade empresarial nos mercados nacional e internacional.

VIII Incentivo à constituição de ambientes favoráveis à inovação e às atividades de transferência de tecnologia.

IX Promoção e continuidade dos processos de formação e capacitação científica e tecnológica. X Fortalecimento das capacidades operacional, científica, tecnológica e administrativa das ICTs. XI Atratividade dos instrumentos de fomento e de crédito, bem como sua permanente atualização e

aperfeiçoamento.

XII Simplificação de procedimentos para gestão de projetos de ciência, tecnologia e inovação e adoção de controle por resultados em sua avaliação.

XIII Utilização do poder de compra do Estado para fomento à inovação.

XIV Apoio, incentivo e integração dos inventores independentes às atividades das ICTs e ao sistema produtivo.

Quadro 10 - Princípios da Lei Nacional de Inovação. Fonte: Brasil (2004).

2.9.2 Lei do Bem

A Lei nº 11.196, de 21 de novembro de 2005, foi apelidada de “Lei do Bem” pelas inúmeras vantagens previstas para as empresas, por meio de incentivos fiscais e incentivo à aproximação entre universidades, institutos de pesquisa e o setor privado. Furno (2002) cita alguns benefícios da Lei do Bem, sendo:

a) o Regime Especial de Tributação para a Plataforma de Exportação de Serviços de Tecnologia da Informação (REPES); b) o Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras – (RECAP); c) o Programa de Inclusão Social; d) os incentivos fiscais para a inovação tecnológica; e) o Regime especial de tributa- ção do patrimônio de afetação para o Mercado Imobiliário; f) a isenção do Imposto de Renda na troca de imóveis residenciais; g) a redução do Imposto de Rende sobre a alienação dos imóveis residenciais; h) o tratamento tributário dos fundos imobiliá- rio; i) o tratamento tributário do faturamento das companhias securitizadoras do agronegócio; j) a adequação da tributação do PIS/COFINS, CSLL e IR incidente so- bre os instrumentos derivados. (FURNO, 2002, p. 130)

A Lei do Bem também prevê:

a) Redução das despesas operacionais realizadas com P&D;

b) Redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) em 50% sobre equipamentos destinados com P&D;

c) Depreciação acelerada de máquinas e equipamentos utilizados em P&D, para efeito de apuração do IRPJ;

d) Amortização acelerada de despesas com bens intangíveis, vinculados com P&D;

e) Redução da alíquota do IR a zero, nas remessas destinadas ao registro de marcas e paten- tes;

De acordo com os dados levantados por Calzolaio (2011), é possível visualizar que a Lei do Bem auxiliou no crescente número de atividades de inovação em empresas seleciona- das, assim como o aumento dos gastos com P&D após 2005. A pesquisa realizada pelo autor abrange dois períodos, sendo o período I entre 1998 e 2005 e o período II entre 2006 e 2006, antes e depois da LB, e é apresentada no Quadro 11.

Atividades de inovação Incentivadas pela LB Resultados da LB

Período I (1998 a 2005) Período II (2006 a 2008) Intensificaram antes a LB Intensificaram depois da LB

Despesas operacionais com P&D X

Cooperação com universidades, institutos de pes- quisas, centros tecnológicos, Instituição Científi- ca e Tecnológica

X

Aquisição de bens de capital – máquinas e equi- pamentos que resultam e inovação

X

Patentes, marcas e cultivares X

Contratação de pesquisadores X

Quadro 11 - Período de maior intensificação das atividades de inovação incentivadas pela Lei do Bem. Fonte:

Calzolaio (2011, p. 126).

De acordo com ANPEI (2016), no ano de 2012 as empresas aplicaram R$ 5,34 bi- lhões em atividades de P&D, onde a renúncia fiscal do governo foi de 1,04 bilhão. Em 2013, o número chegou em R$ 2 bilhões. Porém, a agência afirma que no dia 30 de setembro de 2015, uma MP foi divulgada para suspender alguns benefícios da Lei do Bem. A ANPEI apresenta dados da Lei, retratados na Figura 6:

Figura 6 - Lei do Bem. Fonte: ANPEI (2016).

A ANPEI (2016) aponta que as consequências da suspensão dos artigos 19, 19-A e 26 da Lei nº 11.196, afetam projetos de pesquisa em longo prazo, reduzem o quadro de pes- quisadores nas empresas e passam uma imagem de insegurança e instabilidade do país. Sem contar, é claro, nas instituições que podem reduzir ou acabar com seus investimentos em P&D. Apesar disso, é importante ressaltar que a Lei do Bem não se resume meramente na “redução no pagamento de tributos pelas empresas, o que representaria apenas a transferência de recursos da União para a iniciativa privada. O Objetivo da Lei do Bem é a utilização dos valores da renúncia tributária em processos de inovação” (FURNO, 2015, p. 151).

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