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17 — No estudo dos terraços pleistocénicos é dado actualmente particular relevo aos instrumentos que

denunciam a actividade do Homem do Paleolítico e que se encontram incluídos nos seus depósitos.

Na região de Coimbra esses instrumentos são extre­ mamente raros e aqueles que até hoje encontrei foram colhidos em estações de superfície; por isso apresentam significado estratigráfico bastante reduzido.

As raras peças encontradas são talhadas em seixos de quartzito (terraços da Geria e de Vil de Matos) ou em sílex (Vil de Matos).

Observadas por Zbyszewski foram consideradas indús­ trias pouco típicas respectivamente do tipo Acheuleniano ou do Paleolítico superior e do tipo Mousteroide ou do Levalloisiano.

Foram também colhidos instrumentos paleolíticos na Furjaca, a sul da Pampilhosa, mas esses instrumentos não mereceram ainda qualquer estudo (39).

(1) O termo solifluxão é empregado no sentido de deslo­

cação em massa de solos e não no sentido de Anderson (desloca­ ção em massa devido à existência de um subsolo permanentemente gelado).

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— A partir dos factos apontados e das considera­ ções feitas sobre as condições mais prováveis que con­ tribuíram para a génese dos sedimentos que se podem observar na região de Coimbra, pode ser apresentado o seguinte esboço da evolução paleogeográfica da região (1):

No início da era Mesozóica a região era um deserto ou pelo menos uma região sujeita a um clima árido ou semi- -árido, sem vegetação, sujeita à acção de ventos bastante intensos e na qual desembocavam cursos de água torren­ ciais que nela acumulavam grandes cones de dejecção.

Posteriormente, na região existiu um lago. Nesta altura o clima teria sido menos rigoroso, o que permitiu, em certos locais, o desenvolvimento de uma vegetação particular.

Um regresso a condições climáticas rigorosas fez com que de novo desembocassem sobre a região cursos tor­ renciais cujos detritos constituiram espessos depósitos, enquanto um regime eólico com ventos de forte intensi­ dade influia nas condições climáticas da região.

Durante o Liássico — Hetangiano — uma transgressão marinha avançou sobre a região, permitindo a formação de uma lagoa costeira, na qual sob um clima bastante quente e seco se formaram depósitos de gesso.

Mais tarde o regime transgressivo acentuou-se e então a linha de costa devia ter estado situada mais a oriente da região, enquanto durante vários períodos (Hetangiano, Charmouthiano, Toarciano e Aaleniano) a região esteve submersa e fez parte da zona nerítica de uma bacia marinha.

(1) Sobre as condições paleogeográficas durante o Paleozoico

na região de Coimbra nada se dirá neste estudo, visto que na região não são conhecidos quaisquer vestígios de sedimentos acumulados durante aquela era.

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A falta de depósitos do Dogger e do Malm faz supor que logo após o Aaleniano a região esteve emersa.

Durante o Cretácico uma regressão permitiu o estabe­ lecimento de um regime lacustre (?) e, talvez, em parte fluvial, enquanto a transgressão cenomaniana-turoniana não submergiu de novo a região.

O regime continental imperou de novo na região durante o Cenozoico até ao Plaisanciano-Astiano durante o qual uma nova transgressão estendeu os seus depósitos sobre os que foram acumulados durante a era Mesozóica.

Durante o Villafranquiano iniciou-se novo período regressivo, que se prolongou durante o Pleistocénico, no qual se acumularam os depósitos dos terreços flu­ viais, e acções eólicas se manifestaram na região que permitiram a acumulação de areias e a eolização de seixos.

Coimbra, Outubro de 1950.

This paper refers to the geology of Low Mondego in Coimbra surroundings.

In this country there are mesozoic and cenozoic deposits belon­ ging to the following systems and stages: Upper Triassic or Rhe- tian (?); Jurassic (Hetangian, Charmouthian, Toarcian and Aalenian); Cretaceous (Belasian and Cenomanian-Turonian), Mioceno-Oligo- cene (?); Pliocene (Plaisancian-Astian and Villafranchian); Pleisto­ cene (deposits of fluvial terraces and eolian deposits), and Recent.

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