denunciam a actividade do Homem do Paleolítico e que se encontram incluídos nos seus depósitos.
Na região de Coimbra esses instrumentos são extre mamente raros e aqueles que até hoje encontrei foram colhidos em estações de superfície; por isso apresentam significado estratigráfico bastante reduzido.
As raras peças encontradas são talhadas em seixos de quartzito (terraços da Geria e de Vil de Matos) ou em sílex (Vil de Matos).
Observadas por Zbyszewski foram consideradas indús trias pouco típicas respectivamente do tipo Acheuleniano ou do Paleolítico superior e do tipo Mousteroide ou do Levalloisiano.
Foram também colhidos instrumentos paleolíticos na Furjaca, a sul da Pampilhosa, mas esses instrumentos não mereceram ainda qualquer estudo (39).
(1) O termo solifluxão é empregado no sentido de deslo
cação em massa de solos e não no sentido de Anderson (desloca ção em massa devido à existência de um subsolo permanentemente gelado).
18
— A partir dos factos apontados e das considera ções feitas sobre as condições mais prováveis que con tribuíram para a génese dos sedimentos que se podem observar na região de Coimbra, pode ser apresentado o seguinte esboço da evolução paleogeográfica da região (1):No início da era Mesozóica a região era um deserto ou pelo menos uma região sujeita a um clima árido ou semi- -árido, sem vegetação, sujeita à acção de ventos bastante intensos e na qual desembocavam cursos de água torren ciais que nela acumulavam grandes cones de dejecção.
Posteriormente, na região existiu um lago. Nesta altura o clima teria sido menos rigoroso, o que permitiu, em certos locais, o desenvolvimento de uma vegetação particular.
Um regresso a condições climáticas rigorosas fez com que de novo desembocassem sobre a região cursos tor renciais cujos detritos constituiram espessos depósitos, enquanto um regime eólico com ventos de forte intensi dade influia nas condições climáticas da região.
Durante o Liássico — Hetangiano — uma transgressão marinha avançou sobre a região, permitindo a formação de uma lagoa costeira, na qual sob um clima bastante quente e seco se formaram depósitos de gesso.
Mais tarde o regime transgressivo acentuou-se e então a linha de costa devia ter estado situada mais a oriente da região, enquanto durante vários períodos (Hetangiano, Charmouthiano, Toarciano e Aaleniano) a região esteve submersa e fez parte da zona nerítica de uma bacia marinha.
(1) Sobre as condições paleogeográficas durante o Paleozoico
na região de Coimbra nada se dirá neste estudo, visto que na região não são conhecidos quaisquer vestígios de sedimentos acumulados durante aquela era.
3
A falta de depósitos do Dogger e do Malm faz supor que logo após o Aaleniano a região esteve emersa.
Durante o Cretácico uma regressão permitiu o estabe lecimento de um regime lacustre (?) e, talvez, em parte fluvial, enquanto a transgressão cenomaniana-turoniana não submergiu de novo a região.
O regime continental imperou de novo na região durante o Cenozoico até ao Plaisanciano-Astiano durante o qual uma nova transgressão estendeu os seus depósitos sobre os que foram acumulados durante a era Mesozóica.
Durante o Villafranquiano iniciou-se novo período regressivo, que se prolongou durante o Pleistocénico, no qual se acumularam os depósitos dos terreços flu viais, e acções eólicas se manifestaram na região que permitiram a acumulação de areias e a eolização de seixos.
Coimbra, Outubro de 1950.
This paper refers to the geology of Low Mondego in Coimbra surroundings.
In this country there are mesozoic and cenozoic deposits belon ging to the following systems and stages: Upper Triassic or Rhe- tian (?); Jurassic (Hetangian, Charmouthian, Toarcian and Aalenian); Cretaceous (Belasian and Cenomanian-Turonian), Mioceno-Oligo- cene (?); Pliocene (Plaisancian-Astian and Villafranchian); Pleisto cene (deposits of fluvial terraces and eolian deposits), and Recent.
1 — Jesus (A, M.) — Minerais de Portugal Continental. «Com. Serv. Geol. Portugal», vol. xvi — Lisboa, 1930.
2 — Barata (J. A.) — Catálogo Descritivo da Secção de Minas — Lis boa, 3889.
3 — Carvalho (G. S.) — Um perfil Geológico da região de Coimbra. «Rev. Fac. Ciências Coimbra», vol. xviii —1949. Coimbra. 4 —Carvalho (G. S.) - As Formações Geológicas mats Antigas da
Orla Mesozóica Ocidental de Portugal— 1946
5 — Carvalho (G. S.) — Subsidios para o Estudo dos Depósitos da
Orla Meso-cenozóica Ocidental de Portugal Minerais de cobre dos depósitos mesozoicos dos arredores de Coimbra. «Rev. Fac.
Ciências de Coimbra, vol. xxii — 1948.
6 — Carvalho (G. S.) — Considerações sobre a Estratigrafia das
Formações mais Antigas da Orla Meso-cenozóica Ocidental de Portugal. «Rev. Fac. Ciências Univ. Coimbra, vol. xix — 1950.
7 — Choffat (P.) — Notice Stratigraphique sur les Gisements de
Végétaux Fossiles dans le Mesozotque du Portugal in Flore Fossile du Portugal par M. Sapor ta. «Section Trav. Geol. Por
tugal» — Lisboa, 1894.
8 — Teixeira (C.) - Flora Mesozóica Portuguesa. «Serv. Geol. Por tugal» Lisboa, 1948.
9 —Teixeira (C.) — Nota sobre um Blatidio Fossil do Retiano de
Cotmbra. «Bol. Soc. Geol. Portugal», vol. vi, fase, iii — Porto, 1947.
10 — Carvalho (G. S.) — Subsidios para o Estudo dos Depósitos da
Orla Meso-cenozóica Ocidental de Portugal. Valor estrati gráfico dos fósseis de vegetais da Quinta do Peneireiro (Coim bra). «Rev. Fac. Ciências Univ. Coimbra», vol. xvi — Coim
bra, 1947.
i t — Choffat (P.) — Étude stratigraphique et Paleontologique des Ter rains Jurassique du Portugal. Le Lias et le Dogger au Nord du Tage. «Section des Trav. Geol. Portugal» — Lisboa, 1880
12 — Meer (O.) — Contributions à la flore fossile du Portugal. «Sec tion Trav. Geol. Portugal» — Lisboa, 1881.
13 — Saporta (M.) — Flore Fossile du Portugal. Nouvelles Contribui-
tions à la Flore Mesozoique. «Section Trav. Geol. Portugal»
— Lisboa, 1894.
14 — Teixeira (C.) — Notas sobre a Geologia du Ttiássico Português, «Bol. Soc. Geol. Portugal, vol. I, fase, iii — Porto, 1942.
15
— Carrington (J. C.) — A Posição Estratigráfica do «Andar dosGrés de Silves». «Bol. Soc. Geol. Portugal, vol. iv, fase. I e II
— Porto, 1944.
16 — Carvalho (G. S.) — Stlex dos Depósitos da Orla Mesozoica Oci
dental. Elementos para o estudo da sua petrografía e da sua génese. «Mem. e Notícias, do Museu e Lab. Min. Geol. Uuiv.
Coimbra, n.° 18 — Coimbra, 1946.
17 — Boehm (J.) — Description de la faune des Couches de Pereiros. «Com. Serv. Geol. Portugal», vol. v — Lisboa, 1904.
18 — Choffat (P.) — U Infralias et le Sinémurien du Portugal. «Com. Serv. Geol. Portugal», vol. V — Lisboa, 1904.
19 — Gignoux (M ) — Géologie Strati graphique — Paris, 1950. 20 — Roman (F.) — Les Ammonites Jurassiques et Crétacées. Essai
de Genera — Paris, 1938.
21 — Ribeiro (O.) e Teixeira (C.) — Sur le Caractère Continental du
Trias Portugais. «Bol. Soc. Geol. Portugal», vol. I, fase, iii —
Porto, 2942.
22—Ribeiro (O.) —A Propósito do Carácter Continental do Triás
sico Português. «Bol. Soc. Geol. Portugal», vol. vi, fase, iii --
Porto, 1947.
23 — Carvalho (G. S.) — Sur la Morphoscopie de Quelques Grés des
Dépôts plus Anciens de la Bordura Méso-cénozoïque de Portugal.
«Rev. Fac. Ciências Univ. Coimbra, vol. xix, 1950. 24 — Twenhofel (W H.) — Principles of sedimentation — New
York, 1950.
25 — Choffat (P.) — Recueil de Monographies Stratigraphiques sur le
Système Crètacique du Portugal. Première Étude, Contrée de Cintra, de Bellas et de Lisbonne. «Mem. Com. Geol. Portugal» —
Lisboa, 1885.
26—Choffat (P.) —Recueil de Monographies Stratigraphiques sur le Système Crètacique du Portugal. Deuxième étude Le Créta- cique Supérieur au Nord du Tage — Lisboa, 1900.
27 — Martins (A. F.) — Le Centre Litoral et le Massif Calcaire d'Estre
madura (Livret-guid de l'excurcion B)— «Congr. Internacional
Geog. — Lisboa, 1949.
28 — Carvalho (G. S.) — Noticia sobre fósseis de Foraminiferos das
Rochas calcáreas de Portugal Continental. «Rev. Fac. Ciências
Univ. Coimbra, vol. xiii, n.° 2 — Coimbra, 3945.
29 — Carvalho (G. S.) — Notas sobre sedimentação. «Memórias e Notícias do Museu e Lab. Min. e Geol. Univ. Coimbra, n.° 17 — Coimbra, 1945.
senoniano, (s. 1.) do solo português. «Com. Direc. Serv. Geol.
Portugal», tomo iv — Lisboa, 1901.
31 — Costa (J. C.) — O Neocretácico da Beira Litoral. «Public.
Museu e Lab. Min. e Geol. Fac. Ciências do Porto», n.° 5 — Porto, 1937.
32 — Teixeira (C.)—Um novo Cinnamomum fóssil de Portugal e
algumas considerações sobre a cronologia dos «grés» do Buçaco,
«Public. Museu Min. Geol. Fac. Ciências Porto, n.° XL, 2.a série
Porto, 1944.
33 — Carvalho (G. S.) — Depósitos Detríticos Pliocénicos dos Arredo
res de Coimbra. «Rev. Fac. Ciências Univ. Coimbra, vol. xvii
Coimbra, 1948.
34— Carvalho (G. S.) — Les Dépôts des Terraces et la Paléogéogra
phie du Pliocéne dans la Bordure Meso-cenozoique Ocidental du Portugal. Rev. Fac. Ciências Univ. Coimbra, vol. XVIII — Coim bra, 1949.
35 — Choffat (P.) — Introduction Géologique. Portugal au point de
vue agricole— Lisboa, 1900.
36 — Choffat (P.) — Dépôts superficiels. Glaciaire. «Com. Serv. Geol. Portugal», vol. iii—Lisboa, 1900.
37 — Lautensach (H.) — Estudo dos Glaciares na Serra da Estrela.
«Mem. e Notícias do Museu Lab. Min. Geol. Univ. Coim bra» n.° 6 — Coimbra, 1932.
38 — Ribeiro (O.) e Patrício (R.)— Nótula sobre os Terraços do Mon
dego nos Arredores de Coimbra. «Congr. Luso-Espanhol para o
Progresso das Ciências» — Porto, 1942.
39 —Cai valho (G. S.) — Contribuição para a Interpretação da Ori
gem dos Depósitos Plio-Pleistocènicos da Orla Meso-Cenozóica Ocidental (Região entre o Vouga e o Mondego) «Mem. e Notí
cias», n.° 28, 1950.
39 — Souto (A.) — A Geologia do Quaternário e o Homem Paleolí
tico do Vale do Cèrtima. «Arq. Distrito de Aveiro, n.c 17 —