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A área de interesse desse estudo, Baía de Santos e Praia Grande, está inserida na Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS) que possui uma área aproximada de 2.422,776 km² (Figura 4.1). Essa região metropolitana é a terceira maior do estado de São Paulo em termos demográficos, com uma população de cerca de 1,6 milhão de moradores fixos (IBGE, 2010). Nos períodos de férias, acolhe igual número de pessoas, que se instalam na quase totalidade em seus municípios (CARMO; SILVA, 2009).

Figura 4.1 – Região Metropolitana da Baixada Santista com o municípios que a compõe.

Em relação a questões econômicas, a região caracteriza-se pela grande diversidade de funções presentes nos municípios que a compõem. Além de contar com o parque industrial de Cubatão e o Complexo Portuário de Santos, ela desempenha outras funções em nível estadual, como as atividades industriais e de turismo, e outras de

abrangência regional, como as relativas aos comércios atacadista e varejista, ao atendimento à saúde, educação, transporte e sistema financeiro. Têm presença marcante ainda na região as atividades de suporte ao comércio de exportação, originadas pela proximidade do complexo portuário.

A Região Metropolitana da Baixada Santista, de acordo com o Relatório de Gestão Empresarial da SABESP (junho/2006) apresenta índices de atendimento dos domicílios urbanos com coleta de esgotos de 55% e índice de tratamento de esgotos coletados de 99%. Para o tratamento desses esgotos a região possui nove estação de tratamento de esgotos, além de quatros emissários submarinos, responsáveis por dispor no mar esgotos provenientes de tratamento preliminar.

A seguir são descritos os aspectos mais relevantes, relacionados com a pesquisa, da Baía de Santos e da região de Praia Grande.

4.1 – Baía de Santos

A região da Baía de Santos está limitada, na parte continental, a NE pelo Canal de Santos e a SW pelo Canal do Mar Pequeno – latitudes de 23°58’ e 24°04’ e longitudes de 46°20’ e 46°40’. As áreas municipais de Santos São Vicente não se restringem apenas à porção insular, compreendendo também a extensa faixa continental relativamente larga da planície costeira em relação a outros trechos do litoral paulista. Na parte oceânica a região possui largura central de 7 km, sendo que na sua entrada este valor é aumentado para 11 km. O limite oeste é a ponta de Itaipu, enquanto que na porção leste seu limite é a Ponta da Macumba

A presença da Serra do Mar, que cerca a região estuarina na sua porção continental, aliada à alta pluviosidade da região, favorece a erosão das encostas e o transporte de material sedimentar para área costeira, além de funcionar como barreira natural em relação à circulação atmosférica e à ocupação antropogência. O clima da região é tropical úmido, sem estação seca, com níveis de chuva entre 2000 e 4500 mm por ano.

A circulação atmosférica na superfície da Baixada Santista depende do Centro Subtropical de Alta Pressão do Atlântico Sul e da sua interação com o Centro de Baixa pressão Sub Polar (MOSCATI et al. 2000). Considerando condições típicas, os ventos do quadrante leste são predominantes, com valor médio de 1,49 ± 3,77 m.s-1 e pressão média ao nível do mar de 1015 ± 4,33 hPa (HARARI et al., 2008). Porêm, quando há chegada de frentes frias, que geram forte nebulosidade e chuvas torrenciais, a circulação prevalecente é substituída pelos ventos predominantes do sul que acompanham essas frentes (FUKUMOTO, 2003).

O canal de Santos e o de São Vicente fazem a ligação da baía com os estuários de Santos e São Vicente. Estes canais transportam o material sedimentar e organismos do estuário para baía e vice-versa. Moser et al. (2004) estimaram para o canal de Santos correntes com vazões oscilando entre 225 e 3800 m3/s. Segundo o mesmo autor, a soma das vazões observada para os dois canais foi de 405 a 5450 m3/s.

De acordo com Harari et al. (1998), as principais forçantes que influenciam a circulação na Baía de Santos são os gradientes baroclínicos de pressão causados pelas descargas fluviais dos dois principais canais existentes, as marés e os ventos sinóticos. Ainda segundo estes autores, a geomorfologia de fundo apresenta, também, papel fundamental na circulação dessa baía.

A onda de maré apresenta co-oscilação com período semi-diurno com desigualdades diárias. A maré em Santos tem amplitudes de 0,60 m e 0,14 m para maré de sizígia e de quadratura respectivamente (HARARI et al. 2008). Em situação de baixamar, há evidências de ocorrência de movimentos anti-horários no interior da baía, decorrentes principalmente da geomorfologia de fundo e do efeito dinâmico do fluxo do canal do Porto de Santos (Fúlvaro;Poçano, 1976 apud Marques 2006).

Com o aumento da população e problemas de balneabilidade das praias de Santos e São Vicente, foi inaugurado em 1978 o emissário submarino, localizado na praia José Menino. Atualmente, o sistema de tratamento de esgoto por emissário é capaz de atender a uma população de 1,2 milhões de habitantes e possui uma vazão média de aproximadamente 3,0 m3/s de esgoto (SABESP, 2006).

A baía de Santos não é só influenciada pelo lançamento de efluentes domésticos provenientes do emissário submarino e canais estuarinos, mas também por efluentes industriais, que chegam ao oceano via canais estuarinos e tributários na região do largo do Canéu. Ainda nessa região, existe a influência de resíduos provenientes da atividade portuária no canal de Santos, onde se localiza o Porto de Santos, um dos maiores portos da América Latina (BRAGA et al., 2000; MOSER et

al., 2004).

4.2 – Praia Grande

A região denominada por Praia Grande compreende os municípios de Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe e faz parte de uma planície costeira que apresenta praias retilíneas e extensas. Praia Grande, um dos municípios que pertencem à Baixada Santista, assim como Santos apresenta um grande afluxo de turistas chegando a quadruplicar a população em épocas de férias e carnaval.

A proximidade de um porto de grande porte (Porto de Santos), indústrias e comércio, fazem da região de estudo um núcleo de crescimento urbano. As praias da região são intensamente procuradas por turistas, o que faz com que sejam municípios essencialmente turísticos e de veraneio.

Dados do relatório de Gestão Empresarial da SABESP (julho/1999) mostraram que o índice de atendimento por coleta e tratamento de esgoto atingiu 46% do município. O sistema de esgotos sanitários é atualmente constituído por dois subsistemas independentes, desembocando em dois emissários submarinos (SÃO PAULO/ SABESP/ HIDROCONSULT, 1993). O emissário submarino escolhido para o estudo é o que pertence ao subsistema 2, sendo também constituído por uma rede coletora, estações elevatórias e interceptor.

Com relação aos dados de correntometria obtidos pelo levantamento da Fundespa, a tendência notada para o fluxo resultante foi o deslocamento para a direção leste-sudeste na primeira campanha e de leste-nordeste para a segunda. O transporte resultante (com maiores intensidades) foi aproximadamente paralelo à costa, no sentido Praia Grande - Santos.

A análise harmônica do comportamento das correntes de maré, estudada por Valente (1999) em frente à Praia Grande e próximo à costa, mostrou também a direção preferencial para NE, sendo que as componentes das correntes transversais à costa apresentaram, em sua maioria, amplitude duas a três vezes superiores às componentes longitudinais à costa. Somando-se as amplitudes de corrente para o ponto do emissário do subsistema I de Praia Grande, o autor encontrou velocidade residual de 5 cm/s na direção longitudinal à costa e 4 cm/s na direção transversal. Comparando esses resultados com os de Picarelli (2001), que modelou a circulação de maré na região costeira de Praia Grande, os valores foram muito próximos (5,23 cm/s e 4,86 cm/s, respectivamente).

Já para o ponto do emissário do subsistema II de Praia Grande os valores somaram 7 cm/s na direção longitudinal à costa e 2 cm/s na direção transversal (Valente, 1999) e Picarelli (2001) obteve 4,5 cm/s e 8,6 cm/s, respectivamente. Este último autor concluiu que, em geral, as ondas de maré se propagam de SW para NE e se amplificam tanto do mar aberto para a costa, como também de NE para SW, ao longo da linha da costa.

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