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Este item é referente a estudos de caso que foram analisados e estudados, visando o aprendizado e esclarecimento de projetos de uso habitacional, a fim de uma melhor compreensão de elementos norteadores do projeto e que consequentemente contribua para o aprimoramento do produto final.

O estudo destas referências pauta-se no estudo de mapas, imagens, desenhos arquitetônicos e leitura específica acerca do tema em questão. Foram escolhidas duas importantes moradias universitárias situadas no estado de São Paulo. A primeira é referente ao Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE), localizado em São José do Rio Preto, SP e a segunda é a moradia estudantil da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), situada em São Carlos, SP.

5.1 Moradia Estudantil IBILCE/UNESP

O IBILCE é uma instituição vinculada à UNESP, situada em São José do Rio Preto, São Paulo. É de suma importância para a cidade em que está situada e região. É a maior universidade pública da região e os trabalhos produzidos por esta beneficia diretamente a comunidade, através do ensino e também da extensão de serviços voltados à comunidade.

Assim como outros onze campus da UNESP, o IBILCE possui um programa de assistência social, que fornece apoio e suporte aos universitários. Este programa possui duas vertentes: para os alunos mais necessitados é oferecido uma

vaga na moradia estudantil, aos outros que não conseguiram este suporte, devido ao número insuficiente de vagas, é oferecido um auxílio moradia, com uma quantia fixa mensal, porém esta, é insuficiente para arcar com todos os gastos referentes a uma habitação.

Segundo dados cedidos pela própria universidade em questão, atualmente são oferecidas 64 vagas à moradia e oito auxílios aluguel.

De acordo com FERRO (2011), o projeto da moradia de São José do Rio Preto é de autoria do arquiteto Luiz Fernando Alcântara, do escritório APLO, de Bauru, SP. Foi inaugurada em 1992 e possui mais de 700m² de área construída.

A moradia estudantil situa-se próxima ao perímetro da universidade, a algumas quadras da entrada principal. Sua localização é vantajosa, pois tem fácil acesso a outros pontos da cidade. Tem-se ao redor quatro pontos de ônibus e proximidade à duas vias importantes, BR 153 e a avenida Nossa Senhora da Paz (Figura 17).

A moradia é constituída por dois blocos habitacionais iguais: bloco 1 e bloco 2 (Fotos 7 e 8). Cada bloco é formado por quatro residências autônomas (Figura 18). Estas são

subdivididas em quatro quartos, dois banheiros, sala, cozinha e uma área de serviço.

Figura 17: Localização da moradia IBILCE/UNESP na malha urbana de

São José do Rio Preto, SP.

Foto 7: Bloco 1 IBILCE/UNESP.

Foto 8: Bloco 2 IBILCE/UNESP.

Figura 18: Implantação e subdivisão dos blocos 1 e 2.

A figura 19 é referente à planta de uma das moradias. É possível observar a divisão dos ambientes internos. A sala, além de ser o principal ambiente coletivo, serve também como acesso aos demais ambientes. Devido a sua dimensão relativamente reduzida para oito pessoas, não é um ambiente adequado e confortável.

O que difere um bloco do outro é a diferenciação pelo gênero dos moradores. Um bloco é destinado a estudantes mulheres, enquanto o outro por homens. Desta forma, cada residência possui oito moradores, cada bloco 32, totalizando 64 moradores na moradia estudantil do IBILCE/UNESP.

Figura 19: Planta baixa da moradia estudantil do IBILCE/UNESP.

A questão dos espaços coletivos é essencial neste tipo de habitação. Neste caso, pouca atenção foi dada a estas áreas, visto que apenas a sala e a cozinha são usadas como áreas de convivência e tampouco tem a capacidade de acomodar simultaneamente todos os oito moradores. Por meio da figura 20 percebe-se a distribuição dos ambientes na habitação. É importante ressaltar que não há sala para estudos ou algum equipamento de lazer no lote em que a moradia está inserida.

Figura 20: Fluxograma da moradia estudantil do IBILCE/FCT.

É possível observar através da figura 21 outros problemas projetuais encontrados na habitação. Pouca atenção foi dada ao conforto térmico e luminoso da edificação. A pequena quantidade e o mal posicionamento das aberturas dispostas na planta ocasiona um déficit no aproveitamento da iluminação natural e ausência de ventilação cruzada nos ambientes. Esta última é de suma importância em projetos implantados em cidades com elevada temperatura quase o ano todo, como é o caso de São José do Rio Preto.

Figura 21: Croqui da distribuição interna da moradia do IBILCE/UNESP.

Uma vantagem desta moradia é a sua implantação. Nesta prevaleceu a questão da segurança, ao criar apenas um acesso a todo o lote e implantar uma guarita, suficiente para atender aos dois blocos existentes. Observa-se na figura 22 a questão do acesso e a relação da guarita com as moradias.

Um problema encontrado é a ausência de acessibilidade. Ambos os blocos não possuem capacidade para acomodar estudantes que tenham problemas de mobilidade. Outra dificuldade é o acesso do bloco 2 ao bloco

1, que é feito através de uma rampa, mas esta não encontra- se de acordo com as normas de acessibilidade (NBR 9050).

É plausível realizar uma comparação entre a moradia do IBILCE e da FCT, ambas da UNESP. Estas, possuem o mesmo projeto arquitetônico (já apresentado anteriormente) e este, independe do local de implantação, que possui características peculiares, tais como o terreno, o clima, a posição solar. Pode-se afirmar que trata de uma cópia projetual; esta ação impensável produz uma arquitetura repetitiva, em que os edifícios são usados como carimbo, o que gera uma arquitetura irrefletida e padroniza a imagem urbana. Esta ação reflete na cidade, onde tem-se muitos projetos caracterizados por uma arquitetura repetitiva.

5.2 Moradia Estudantil da UFSCar

A Universidade Federal de São Carlos/UFSCAR está localizada no centro do estado e está a 200 km da capital. Trata-se da única instituição federal de ensino superior localizada no interior de São Paulo. É constituída por três campus e seu principal e maior campus está localizado em São Carlos, com aproximadamente 8.000 alunos matriculados em cursos de graduação. Segundo UFSCar (2012) a

universidade destaca-se pelo alto nível de qualificação de seu corpo docente e pelo retorno que oferece à comunidade e região.

Figura 22:Implantação da moradia do IBILCE/UNESP.

Assim como as principais universidades do país, oferece um programa de assistência social que visa a permanência do estudante na universidade, assim como

presa a sua qualidade de vida acadêmica. A UFSCar oferece duas modalidades de bolsa “moradia estudantil”: bolsa moradia e auxílio moradia. A primeira é referente a vagas em moradias estudantis, tanto internas ao campus, quanto externas. As moradias internas estão localizadas na área sul do campus e existem seis módulos; as moradias externas são compostas por 20 imóveis alugados fora do campus e acomodam 141.

É importante ressaltar que as vagas disponíveis na moradia são insuficientes para o atendimento da demanda expressa pelos alunos, o que leva a universidade a locar unidades habitacionais na área urbana do município para acomodar todos os que se inscrevem e são aprovados para o Programa.

Os seis módulos habitacionais, pertencentes a UFSCar, possuem capacidade para abrigar 468 estudantes (da graduação ou pós graduação).

Devido a localização da universidade nas proximidades de duas rodovias, o centro encontra-se um pouco distante do campus. Isto aumenta a dependência do universitário ao transporte público (Figura 23).

O conjunto de edificações está situado na área sul do campus, um pouco distante da área central da universidade

(Figura 24). Até 2010 o programa contava com oito módulos, mas os módulos 1 e 2 foram respectivamente demolidos e desocupados, devido a execução de uma obra em suas proximidades.

Os blocos da moradia estudantil não possuem o mesmo projeto arquitetônico. O que os difere é a distribuição dos espaços internos, fachadas diferentes, gabarito e número de vagas. A única semelhança entre todos é o número de apartamentos por pavimento (Quadro 4).

Em relação à acessibilidade dos blocos, apenas o módulo oito possui, no térreo, apartamento adaptado para receber moradores com algum tipo de necessidade especial.

De modo geral, as plantas são formadas por três dormitórios, cada um com capacidade para abrigar duas pessoas, um banheiro com cabines separadas, cozinha, área de serviço e sala de estar (Figura 25).

Os módulos possuem fachada semelhante; três volumes unidos por uma área de acesso e circulação (Foto 9). O único equipamento destinado à lazer para os moradores é a área de vivência, localizada próximo ao bloco 6.

Figura 23: Localização da UFSCar na malha urbana de São Carlos.

Figura 24: Mapa da UFSCAR e inserção das moradias no campus. Quadro 4: Número de pavimentos, quartos e vagas por módulo.

Fonte: SOUZA (2010).

Figura 25: Planta baixa da moradia estudantil da UFSCAR.

O fluxograma (Figura 26) auxilia no compreensão da divisão interna dos ambientes da habitação.

Souza (2010) realizou uma avaliação pós ocupação na moradia estudantil da UFSCAR e constatou alguns problemas técnicos e de manutenção nos edifícios. Entre estes problemas, tem-se:

Foto 9: Fachada dos módulos 1 e 2.

Fonte: SOUZA (2010).

Figura 26: Fluxograma da moradia estudantil da UFSCAR.

- Problemas relacionados à segurança;

- Má conservação das áreas comuns e áreas externas aos edifícios;

- Excesso de ruídos incômodos, tanto internos quanto externos às edificações;

- Blocos, que apresentam manifestações patológicas variadas, sendo as mais presentes as infiltrações, presença de umidade nas paredes e nos forros e paredes internas com pintura danificada.

Muitos destes problemas poderiam ser evitados e solucionados com algumas medidas pontuais.

A questão da falta de segurança está relacionada com a dimensão do campus, que possui vários acessos e número de guaritas insuficiente, principalmente nas proximidades da moradia estudantil.

Uma deficiência comum nestes projetos de habitação coletiva para uso estudantil é a questão da circulação e espaço para convivência. Como pode ser observado na figura 27, o acesso aos demais cômodos da habitação se dá pela sala. Devido a dimensão irrisória desta e frequente fluxo de pessoas, torna-se um ambiente insuficiente e não adequado para seus moradores.

5.3 Síntese Comparativa

A análise das duas referências projetuais foi importante para entender os elementos norteadores dos projetos, desde o número de pessoas por dormitório até os elementos construtivos. Para uma melhor compreensão dos itens analisados, criou-se uma tabela síntese, que reúne as principais informações estudadas (Quadro 5).

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