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2.1 POLÍTICA AMBIENTAL E INOVAÇÃO

2.1.3 Estudos de caso de eco-inovação e surveys

A inclusão de estudos de casos para a revisão bibliográfica da literatura especializada contribui para dar um suporte realístico aos efeitos que a regulamentação ambiental exerce sobre o processo de eco-inovação. Parte da explanação das contribuições apresentadas aqui se

28 Como exemplo, Mazzanti e Zoboli (2006b) investigaram os fatores que influenciam a inovação ambiental em

um distrito industrial. Aproximadamente 79% das firmas relataram em seu questionário terem adotado inovação ambiental (tanto de processo quanto de produto), mas apenas 2% delas relataram patente.

baseia em revisões já realizadas por Kemp e Pontoglio (2008), Kemp (1997) e Jaffe et al, (2002).

O primeiro trabalho de destaque reconhecido pela literatura que retrata a relação entre política ambiental e inovação foi de Ashford et al. (1985). Os autores relataram a história da regulamentação ambiental nos EUA após 1970, e seus impactos sobre a inovação, baseado em dez casos que estavam sob as leis: Clean Air and Water Act, Toxic Substances Control Act (TSCA), Occupational Safety and Health Act (OSHA) e Consumer Product Safety Act (CPSA). Para cada caso foi examinado o grau de restrição e o tipo (produto, processo) e grau (difusão, incremental, radical) da inovação predominante na indústria decorrente da regulamentação.

Sob o regime de TSCA, a proibição do uso de PCBs (Polychlorinated biphenyls) resultou numa modesta inovação em processo e uma significativa inovação em produto (desenvolvimento de substitutos), conduzida pioneiramente por novas firmas, em detrimento às firmas existentes que possuíam uma tecnologia menos flexível. Um efeito similar, (desenvolvimento de um novo propileno substituto do CFC) foi observado após o veto ao CFC em aerossol em 1978. Visto que já existiam alternativas tecnológicas, essas regulamentações geraram mudanças não inovativas na indústria e resultaram na adoção/difusão de substitutos. Também teve efeito similar o veto ao uso de mercúrio em pinturas à óleo e sua limitação no uso de pinturas em casas sob o regime CPSA. Em todos esses casos, o resultado das regulamentações foi um sucesso parcial na inovação incremental de produto. O mesmo ocorreu com o Water Act, que impôs um padrão de efluentes para indústrias emissivas de mercúrio clorohidratado. Como reação, a indústria adotou uma inovação incremental no processo produtivo e no controle da poluição. No caso dos direitos de ocupação de terras (atividade sobre terra nua) sob o regime OSHA, os resultados foram diferentes. O cumprimento da regulamentação imposta foi alcançado através da difusão de tecnologias existentes para a prática do processo produtivo (ventilação e técnicas de isolamento, treinamento dos trabalhadores). No entanto, inovações radicais foram observadas no desenvolvimento de um processo produtivo completamente novo (novo processo de extração de metais). Também se observou a aceleração do desenvolvimento de um novo processo tecnológico na indústria de baterias.

Regulamentações determinando padrões de cloridrato de vinil (para VCM e PVC) aceleraram o processo de inovação incremental na polimeralização da fabricação de plástico na indústria, resultando em uma gestão de limpeza por parte das firmas, que combinava o monitoramento e controle dos resíduos. O padrão imposto pelo regime OSHA sobre os

resíduos do algodão foi responsável pela modernização em larga escala da indústria têxtil dos EUA. No entanto, esses avanços não constituíram uma quebra no padrão tecnológico vigente, mas resultaram na difusão de alternativas tecnológicas já existentes em 1960.

As análises dos casos de regulamentação sumarizadas aqui mostram como mecanismos de regulamentação encorajam uma variedade de inovações, tanto de natureza incremental quanto radical. Regulamentações com alto grau de restrição mostraram ser uma condição fundamental na indução de inovação.

Mais recentemente, Christiansen (2001) investigou os efeitos do sistema norueguês de imposto sobre emissão de carbono na indústria petrolífera. A metodologia empregada foi predominantemente qualitativa. O autor aplicou questionários entre os gerentes industriais e profissionais especializados em tecnologia do setor, além de ter revisado documentos oficiais, bem como a literatura acadêmica. O resultado do estudo é particularmente interessante, pois é um dos poucos estudos voltados aos instrumentos de política para a redução do aquecimento global, oferecendo uma análise ex-post de um imposto ambiental.

Geralmente, o nível de emissão de CO2 no setor petrolífero pode ser reduzido através da eficiência energética (diminuição da necessidade de energia no processo produtivo), implantando-se turbinas à gás mais eficientes, trocando-se o combustível fóssil por fontes de energia renovável, adotando-se tecnologias tipo carbon sequestration ou reduzindo a combustão (CHRISTIANSEN, 2001, p. 506).

Christiansen (2001) identificou as soluções tecnológicas e inovações institucionais adotadas pelas indústrias de petróleo que operam no Norwegian Continental Shelf para reduzir a emissão de carbono. O padrão de inovação observado foi a difusão de tecnologias existentes e mudanças incrementais no processo produtivo. Foram identificados apenas dois casos de inovação radical. Em ambos os casos (tecnologia do tipo carbon capture and

sequestration e um sistema gerador de eletricidade a partir de ventos costeiros), as inovações

foram resultado da busca dessas empresas por novas oportunidades, e a existência de um imposto sobre a emissão de carbono foi apenas mais um, dentre uma série de fatores responsáveis pela busca da firma por estas inovações.

Para Kemp e Pontoglio (2008), um dos melhores estudos da área foi o de Taylor et al. (2005), sobre os determinantes da inovação na tecnologia de controle de SO2. Este trabalho, extremamente rico em detalhes empíricos, usou diferentes formas de mensuração da inovação (patentes, gastos em P&D, tecnologias, curvas de experiência) para a análise dos impactos das políticas ambientais. Os autores relatam cronologicamente a legislação/regulamentação no controle de SO2 a partir de 1955 até a década de 1990 nos EUA, especificando as implicações

para o mercado de Fluegas Desulphurisation (FGD), juntamente com o relato cronológico das descobertas do P&D&D público. O objetivo do trabalho foi estabelecer a influência de 3 tipos de políticas sobre a inovação: a) regulamentação para o controle de SO2; b) apoio público à pesquisa; e c) o sistema de direitos de emissão transacionáveis, introduzido a partir do Clean

Air Act Amendments (CAA) em 1990. O efeito dessas políticas foi, por sua vez, analisado de

3 formas: a) análise econométrica utilizando informação sobre a atividade de patente e a regulamentação do governo; b) entrevistas com vendedores e especialistas em tecnologia; e c) análise do relatório anual do simpósio em SO2 onde os vendedores de FGD discutem com o governo e pesquisadores de universidades a utilidade do serviço público no controle da poluição. Os autores concluíram que atividade de patente precedeu o impacto da atual regulamentação sobre a inovação no controle em SO2 ocorrida entre 1970-1990. Uma segunda

conclusão interessante é que as regulamentações limitaram a invenção em tecnologias de pré- combustão. A patente nestas tecnologias se extinguiu após a introdução em 1979 de regulamentações de Padrões de Desempenho de Nova Fonte (New Source Performance

Standards). O sistema de direitos de emissão transacionáveis introduzido em 1990 não

restaurou o nível de patentes de tecnologias em pré-combustão. Na realidade, a implementação desse sistema mostrou baixo impacto sobre a invenção, mas afetou o ordenamento das escolhas de tecnologias disponíveis.

Os resultados do estudo de Taylor et al (2005) apareceram dois anos após a publicação dos efeitos do Clear Air Act sobre a inovação no controle do enxofre por Popp (2003). Usando dados de patentes e dados sobre filtros instalados, Popp descobriu que o sistema de direitos de emissão transacionáveis não levou a um aumento de patentes de tecnologias para o controle do enxofre, mas observou que a eficiência dos filtros instalados era muito maior que os filtros instalados antes de 1990, levando-o a concluir que o ETS levou a indústria em direção a mudança tecnológica (em direção a controles mais eficientes). Este resultado está de acordo com o pensamento de que os instrumentos econômicos oferecem um grande incentivo à inovação, especialmente inovação na maior eficiência de controle de poluição, tal como demonstra a revisão bibliográfica realizada por Jaffe et al (2003) e Vollebergh (2007).

Yarime (2003) realizou uma análise detalhada sobre a política no Japão relacionada ao controle da emissão de mercúrio pelas indústrias de Chlor-Alkal, e as tecnologias adotadas em decorrência dessas regulamentações, apontando seus impactos positivos e negativos. Após a descoberta de doenças relacionadas à emissão de mercúrio na região de Minamata (Japão), causadas pelo consumo de peixe contaminado com mercúrio, as indústrias de Chlor-Alkali tornaram-se alvo (tardio) de atenção pública. A partir de então, o governo japonês estabeleceu

um Conselho para a mensuração dos danos, que decidiu que toda indústria deveria suspender os processos produtivos que utilizassem mercúrio. Em novembro de 1973, este Conselho determinou que 1/3 das firmas com processos baseados em mercúrio deveriam ser convertidas em diaphragm process (a única alternativa tecnológica naquela época) com data limite até Março de 1978, e 2/3 das indústrias até setembro de 2005. O tempo de adesão imposto deixou a indústria sem alternativa tecnológica, pois a única opção disponível na época era intensiva em energia e produzia uma soda de baixa qualidade. Como resultado, foi relatado rápido progresso na indústria no desenvolvimento de um novo processo produtivo para soda e cloro (ion exchange membrane process), que após a flexibilização do governo na extensão da data limite para 1984 (para o primeiro terço das firmas), se tornou a tecnologia escolhida pela indústria após alguns anos. Analisando os impactos da regulação sobre as tecnologias (tecnologias limpas versus end-of-pipe) para o controle da emissão de mercúrio, Yarime (2005) conclui que a regulação inicialmente força a adoção de uma solução sub-ótima.

Sartorius e Zundel (2005) estudaram a influência da variável tempo sobre o impacto exercido pela política ambiental na dinâmica técnico-econômica para vários casos29. Como conclusão, tem-se que o tempo como variável estratégica é de suma importância para o sucesso (ou falha) de uma política ambiental orientada para a inovação.

Os trabalhos descritos acima empregaram diferentes conjuntos de ferramentas metodológicas e de fonte de dados, a saber: entrevistas com especialistas, entrevistas com empresas inovadoras (imitadoras e criadoras) e documentos oficiais. Observa-se que a relação política, meio-ambiente e inovação é bastante complexa para que se possa tirar conclusões generalizadas, que não sejam restritas a casos específicos. Ainda é necessário a coleta sistemática e em maior escala de informações, assim passamos para a análise de surveys.

A análise de surveys pode ser usada para aprender sobre a influência de políticas específicas, e os aspectos dessas políticas sobre a inovação ambiental. Os surveys também podem ser usados para estudar a influência de um conjunto de variáveis que influenciam a escolha da inovação (como as características internas da firma e do mercado como em Mazzanti e Zobolo (2006b) e em Del Rio Gonzaléz (2005)), ou podem ajudar a distinguir os determinantes de acordo com o tipo de inovação ambiental adotada (processo/produto/EOP, como em Frondel et al (2007)). Os surveys podem se referir a um nível micro de análise (um

29

Os casos examinados foram o veto às tecnologias causadores de danos à camada de ozônio, a regulamentação sobre a produção de cloro, a redução de poluição do ar por automóveis, a promoção de tecnologias fotovoltáicas, o caso do Californian Zero Emission Vehicle Mandate, o veto ao EDTA (ethylenediaminetetraacetc acid), a promoção de tecnologias ambientalmente eficientes, a segurança de implantação de uma indústria nuclear.

único setor industrial) ou podem ter um recorte nacional ou multi-nacional (como em OECD, 2007). O tamanho da análise influencia diretamente a generalização dos resultados.

Becker e Engelmann (2005) analisaram tantos os fatores que facilitaram quanto aqueles que retardaram a adoção de inovação que fossem capazes de reduzir a poluição das águas no oeste da Alemanha por parte indústrias químicas. Os autores selecionaram um conjunto dos supostos incentivos e barreiras, baseados em entrevistas com especialistas e em revisão bibliográfica. A partir de uma amostra aleatória de 80 empresas, aplicou-se um total de 31 questionários que investigava as motivações que conduziam à decisão de inovar. Dessas empresas, 12 relataram a implementação de tecnologia EOP e 16 afirmaram a adoção de tecnologia integrada à produção entre 1996 e 1998. Mudança integrada ao processo foi à resposta mais comum, e uma mudança no insumo utilizado (o abandono do uso de solventes, por exemplo) raramente ocorreu. Quanto à importância relativa dos fatores determinantes da inovação, a regulamentação ambiental provou ser o fator mais importante para as duas categorias de tecnologia ambiental (EOP e PP), seguido de ganhos de reputação e redução de custos. O cumprimento das exigências da regulamentação provou ser a barreira mais significativa para a continuação da inovação em EOP (ver quadro 1).

Razões para realizar Inovação End-of-pipe Inovação

Integrada

Resposta à regulamentação ambiental 83% 80%

Reputação vis-à-vis diferentes stakeholders 50% 47%

Redução de custos - 27%

Razões para parar a atividade inovativa

Cumprimento dos padrões de emissão 55% 46%

O processo produtivo já é eficiente em custos - 50%

Implementação de tecnologias integradas são mais caras do

que tecnologias EOP 34% -

Período de Pay-back muito longo 24% 25%

Foco no negócio 17% 18%

Quadro 1: Incentivos e barreiras à inovação Fonte: Becker e Engelmann (2005).

O trabalho de Mazzanti e Zoboli (2006b) sobre as firmas manufatureiras na região de Emilia Romagna no norte da Itália analisa tanto o resultado da eco-inovação quanto de melhoramentos de processos. Este estudo obteve informações interessantes sobre o foco da inovação ambiental (emissão, desperdício, substituição de insumo, energia), sobre a fonte de inovação e a relação entre insumos, estrutura organizacional e produto. Redução de emissão foi o desafio mais importante (para 49% das empresas eco-inovativas) seguida por energia

renovável (46%), gerenciamento de desperdício (42%) e substituição de insumo (28%). A inovação desenvolvida pelas próprias firmas são mais relacionadas a substituição de insumo (62% das firmas inovadoras) e menos com a redução da emissão (34%); a colaboração com outras firmas mostrou-se de suma importância. Este trabalho demonstrou a existências de evidências de networking para a eco-inovação e estabelecendo uma relação positiva entre a inovação organizacional e a inovação tecnológica. A principal contribuição foi a conclusão geral de que eco-inovação não se resume a controle ou redução da poluição.

Frondel et al (2007) estudaram a influência de vários instrumentos de política, na Alemanha, sobre a escolha entre solução EOP e mudanças integradas ao processo. A rigidez da política mostrou-se como o determinante mais significante da decisão de inovar. A regulamentação é importante especialmente nos casos de solução EOP mas menos importante para tecnologia limpa, cujo principal fator determinante é a redução de custos. O estudo não encontrou impacto significante para os instrumentos baseados em mercado. Esses resultados estão de acordo com as conclusões dos estudos de caso (especialmente com os resultados de Ashford et al., 1985) mas diferem das conclusões dos modelos teóricos.

A OECD (2007) investigou a política ambiental e seus efeitos sobre o gerenciamento ambiental, desempenho e inovação. Algumas análises econométricas foram consideradas, escolhidas com base na aplicação de diferentes técnicas para uma base de dados de

manufacturing facilities em sete países da OECD30. Restringimos a análise do trabalho ao que

diz respeito à inovação ambiental. Sobre este aspecto investigou-se: i) onde se investiu em um processo produtivo “limpo” em vez de uma solução EOP; e ii) P&D ambiental.

A grande maioria dos respondentes, sendo grande parte do Japão e França, relatou que as mudanças ocorridas a fim de se cumprir as regulamentações ambientais estão mais ligadas à mudanças no processo produtivo do que a soluções EOP (OECD, 2007 p. 57). A Alemanha registrou a maior proporção de solução EOP. Para tecnologias limpas, os principais fatores indutores são redução de custos, instrumentos flexíveis e localidade da instituição responsável pelas questões ambientais. Regulamentações diretas (padrões tecnológicos) aumentam a probabilidade de investimento em EOP, enquanto impostos, padrões de desempenho e veto sobre alguns insumos favorecem a introdução de mudanças no processo produtivo (OECD, 2007, p. 10).

Os investimentos em P&D ambiental são definidos de acordo com o objetivo do

30 A base de dados relaciona observações de aproximadamente 4200 facilities com mais de 50 empregados em

todo o setor manufatureiro do Japão, França, Alemanha, Noruega, Hungria, Canadá e EUA. A amostra selecionada continha mais de 17 000 manufacturing facilities em Janeiro de 2003. A taxa de respondentes foi de 24,7%, e eram geralmente chief executives officers (CEOs) e gerentes ambientais.

desempenho ambiental. Todavia, a distinção entre P&D ambiental e não-ambiental encontra uma séria de limitações e dificuldades. Como consta no relatório da OECD (2007, p.61) “the

objective of a research attempt may not be the same as the outcome and country differences may be reflected in the definition of what is environmental in nature”. Além disso, como

sugerido por Ashford (2000), a distinção entre “main business innovation” e “compliance-

driven inovation” desaparece quando a regulamentação ambiental é formulada com o objetivo

de induzir à firma à uma solução PP ou produção limpa. Os principais indutores para P&D ambiental mostraram ser políticas restritas (rígidas) e o tipo de instrumento empregado. Foram desenvolvidos diferentes modelos econométricos, alguns demonstrando evidência de uma relação positiva de instrumentos de política flexíveis, outros que política restritiva é o principal fator determinante de P&D ambiental, com os instrumentos de política tendo apenas uma influência indireta sobre o gasto ambiental. Este estudo também conclui que o tamanho da firma importa, pois as facilidades inerentes à uma grande empresa beneficiam o P&D ambiental.

A restrição da política mostrou ser a chave principal para ambos os desempenhos ambientais, produção limpa e P&D verde. A mensuração usada para a restrição da política é a “percepção de restrição ambiental” por parte dos respondentes. Essa restrição ambiental da política percebida pelos respondentes mostrou ser fracamente correlacionada com o número de inspeções, sugerindo que as inspeções (usadas por Brunnermeier e Cohen, 2003) não são uma boa forma de mensuração. Quanto a influência exercida por diversos tipos de instrumentos, o estudo conclui que a escolha do instrumento de política não afeta diretamente o desempenho ambiental, que é mais relacionado com a inovação e o P&D ambiental. Contudo, observou-se que instrumentos mais flexíveis são mais capazes de conduzir a uma solução em tecnologia limpa do que EOP.

Como se afirmou anteriormente, o conceito de inovação ambiental inclui um conjunto de possibilidades como produtos “verdes”, que são produzidos com menor quantidade de insumos ou sem substâncias tóxicas, são menos intensivos em energia e apresentam menor desperdício produtivo. A escolha por produzir produtos “verdes” foi estudado por Türpitz (2004), que desenvolveu um estudo de caso para seis empresas31, baseado em entrevistas e análises de documentos (relatórios ambientais, balanços ecológicos, etc.) que consideravam determinantes tecnológicos, políticos, mercadológicos entre outros, para a inovação ambiental.

31

Siemens Medical Solutions, Toshiba Europe GmbH, Schott Glas AG, Continental, Ergo-Fit, Ensinger Mineral- Heilquellen.

Türpitz concluiu que a regulamentação pareceu ser o principal indutor da inovação ambiental em produto: o cumprimento das exigências da regulamentação ambiental e a antecipação de regras futuras foram o principal incentivo entre as empresas que realizaram inovação em produto. As entrevistas com os gerentes responsáveis pelo desenvolvimento do produto “verde” revelaram que as informações sobre as opções de viabilidade tecnológica e organizacional podem vir tanto do início da cadeia produtiva (fornecedores) quanto do fim (usuários). Como regra para os sinais do mercado, a análise demonstrou que sua influência varia por setor e que inovadores ambientais freqüentemente enfrentam obstáculos comerciais. O desejo dos consumidores de pagar por um produto “verde” mostrou ser baixo e fortemente dependente de uma consciência ecológica.

Lustosa (2002) trabalhou com o conceito de inovação ambiental como integrante das estratégias da empresa. A autora buscou evidências empíricas a partir dos dados da Pesquisa da Atividade Econômica Paulista (PAEP), da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), sobre os processos de reestruturação e seus efeitos sobre a economia do estado de São Paulo; fez uso também da pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), sobre competitividade da indústria brasileira. Devido à carência de dados específicos, utilizou os aspectos ambientais tratados nessas pesquisas comparando-os com outras variáveis referentes às empresas e setores. Lustosa (2002) mostra que as evidências empíricas para a indústria brasileira apontam que a regulamentação ambiental como pressão legal é o principal fator indutivo de adoção de tecnologias ambientais.

Quanto ao quesito competitividade Lustosa (2002) afirma que as empresas multinacionais demonstraram possuir um maior compromisso no quesito ambiental. As grandes empresas de fato consideram o meio ambiente como integrante de suas estratégias competitivas, sendo um incentivo à inovação. Todavia, a maioria das empresas, independente do tamanho, também considera a variável ambiental em uma posição de crescente importância nas suas estratégias competitivas. Neste universo, as empresas mais inovadoras são naturalmente mais predispostas às inovações ambientais, cuja solução está intrinsecamente ligada à fonte de inovação. Por exemplo, as empresas de alto potencial poluidor sofrem maiores impactos da legislação, do mercado, e pressão social, do que as empresas menos poluentes.

Nesse contexto, devido à grande dificuldade de generalização do comportamento da