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2. Apresentação da Arquitectura Metodológica

2.1. O Problema da Investigação e Objectivos

2.1.2.2. Estudos de Caso

Também a metodologia de estudos de caso fez parte integrante deste trabalho, pois considerando que “Cada investigação é um caso único que o investigador só pode resolver

recorrendo à sua própria reflexão e ao seu bom senso” Quivy e Campenhoudt34.

O estudo em presença insere-se numa abordagem descritiva, com uma análise intensiva e holística de estabelecimentos do ensino secundário onde se pretende efectuar uma pesquisa aprofundada e reflexiva, incidindo em questões específicas, n u m determinado período de tempo.

Sobre estes estudos Lüdke e André35 consideram que “A natureza dos problemas é

que determina o método, isto é, a escolha do método faz-se em função do tipo do problema estudado.” Tendo como objectivo a descoberta, o estudo de caso permite uma forma de

conhecimento em permanente construção. O quadro teórico inicial é a estrutura básica a partir da qual poderão surgir novos aspectos à medida das contingências que vão surgindo no decurso do estudo. Aqueles autores lembram ainda que o estudo de caso deve estar intimamente relacionado à interpretação do contexto e à situação específica em que decorre, devendo ser relatada de forma exaustiva. O estudo de casos pode utilizar diferentes fontes de informação, cruzá- las, no sentido de confirmar e/ou rejeitar questões.

Foram levados a efeito onze estudos de caso.

34QUIVY R. e CAMPENHOUDT L., (2003), Manual de Investigação em Ciências Sociais, Trajectos,

Gradiva, p. 159.

35

MENGA, Lüdke e ANDRÉ MArli E. D. A., (1986), Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas, Temas Básicos de Educação e Ensino, EPU, São Paulo, p.15)

Considerando a diversidade de fontes de dados, o fenómeno e o contexto optou-se pela perspectiva descritiva. A este propósito CARMO, citando Yin (1988) “põe em

evidência que o estudo de caso constitui a estratégia preferida quando se quer responder a questões de como ou porquê; o investigador não pode exercer controlo sobre os acontecimentos e o estudo focaliza-se na investigação de um fenómeno actual no seu próprio contexto. Além destes estudos de caso cujo objectivo é a explicação de fenómenos o mesmo autor refere ainda a existência de estudos de caso exploratórios e descritivos. Em estudo de caso pode ainda estudar-se um caso único ou casos múltiplos e os dados recolhidos podem ser de natureza qualitativa, quantitativa ou ambas.”36

Tendo presentes as preocupações supra referidas optou-se por uma abordagem individualizada de cada escola, que por sua vez se encontra subdividida em três vertentes: a primeira, onde se procede à entrevista ao presidente do Conselho Executivo; a segunda, onde são recolhidos os documentos mais relevantes que complementam a entrevista; a terceira, o preenchimento de um pequeno inquérito por questionário respeitante a dados mais objectivos.

2.1.3. Técnicas de Recolha de Dados

2.1.3.1. Entrevista

A forma mais expedita para poder comparar dados que não são quantificáveis, com o objectivo de colher sensibilidades junto de quem está no terreno, é o da entrevista que como refere Menga e Marli37 é uma das principais técnicas de trabalho em quase todos os tipos de pesquisa utilizados nas Ciências Sociais.

Sem dúvida que a entrevista parece a forma mais privilegiada de criar uma relação de empatia entre quem necessita dos dados e de quem é detentor da informação, desde que, naturalmente, haja respeito, transparência e responsabilização relativamente ao indivíduo e/ou instituição de onde vai ser recolhida a informação.

36

CARMO, Hermano, FERREIRA, M. Malheiro, (1998), Metodologia da Investigação, Universidade aberta, Lisboa, (p. 216).

37

MENGA, Lüdke E MARLI, E. D. A. André, (1986), Pesquisa em Educação: Abordagens Qualitativas,

Quivy e Campenhoud38 “As entrevistas exploratórias não têm como função verificar hipóteses nem recolher ou analisar dados específicos, mas sim abrir pistas de reflexão, alargar e precisar horizontes de leitura, tomar consciência das dimensões e dos aspectos de um dado problema (...)”.

Optou-se por uma abordagem individualizada de cada escola em três vertentes: a entrevista, a recolha documental e o inquérito. A entrevista foi semiestruturada, aberta e directa, cujo guião constitui o anexo I, que foi elaborado, definitivamente, após a feitura do pré-teste. Sendo a entrevista semiestruturada o entrevistador conhece todos os temas sobre os quais tem de obter reacções por parte do entrevistado e a ordem e a forma como os irá introduzir serão deixadas ao seu critério, sendo apenas fixada uma orientação para o início da entrevista. O guião quando é estruturado tem subjacente, um conjunto de objectivos gerais e específicos que possibilitam uma maleabilidade na condução da entrevista.

Tendo em atenção as orientações sugeridas por Hermano Carmo e Manuela Malheiro Ferreira em “Metodologia da Investigação”39 para as entrevistas, depois de definidos os objectivos e construído o guião dirigido ao Presidente do Conselho Executivo (PCE), por se considerar o interlocutor privilegiado dentro da instituição escola e tendo, naturalmente, em mente os objectivos definidos aprioristicamente, foi agendado um calendário para visitar cada um dos estabelecimentos de ensino. As entrevistas decorreram nas escolas no gabinete do órgão de gestão.

38

QUIVY R. e CAMPENHOUDT L., (2003), Manual de Investigação em Ciências Sociais, Trajectos, Gradiva (pág. 79)

39 CARMO, Hermano, FERREIRA, M: Malheiro, (1998), Metodologia da Investigação, Universidade aberta,

CALENDÁRIO DAS ENTREVISTAS

CÓDIGO ATRIBUÍDO

ESCOLA

DATA

S1 EB2,3/S Octávio Duarte Ferreira 14.01.2005

S2 ES/3 Marquês de Pombal 15.01.2005

S3 ES/3 D. João II 17.01.2005

S4 ES/3 Poeta Joaquim Serra 19.01.2005

S5 ES Infante D. Pedro 21.01.2005

S6 ES/3 Lima de Freitas 16.02.2005

S7 ES/3 da Moita 18.02.2005

S8 ES/3 Aquilino Ribeiro 21.02.2005

S9 ES Frei Gonçalo de Azevedo 24.02.2005

S10 ES/3 Josefa de Óbidos 01.03.2005

S11 ES/3 Jorge Peixinho 03.03.2005

Tabela 1

Se tivermos em atenção a perspectiva de Quivy e Campenhoudt40 é indispensável a gravação da entrevista, porque segundo aqueles autores “Tomar notas sistematicamente

durante a entrevista, parece-nos ser de evitar tanto quanto possível. Distraem não só o entrevistador como o entrevistado (…). Pelo contrário, é muito útil e não apresenta inconvenientes anotar (...)”. Apesar da consciência de que seria indispensável este

procedimento considerou-se a situação institucional em que as entrevistas estavam a ser efectuadas ( a mestranda encontra-se a desempenhar funções na Direcção Regional de Educação de Lisboa). Para todos os efeitos os presidentes dos órgãos de gestão sentir-se- iam muito constrangidos e poderiam responder de forma condicionada atendendo a que institucionalmente devem obediência hierárquica à Direcção Regional de Educação de Lisboa.

40 QUIVY R. e CAMPENHOUDT L., (2003), Manual de Investigação em Ciências Sociais, Trajectos,

Também Robert Bogdan e Sari Biklen atentam no facto de haver grandes vantagens na gravação das entrevistas especialmente quando são muito extensas.

2.1.3.2. Recolha Documental

Atendendo à dimensão da informação em causa foi considerado pertinente sugerir ao PCE, antecipadamente, o fornecimento de documentos que a escola dispunha e que agilizaria a entrevista, na medida em que a informação desses documentos poderia ser trabalhada em gabinete, posteriormente.

a) Boas Práticas

Experiências pedagógicas consideradas boas práticas para implementar o sucesso educativo dos jovens do respectivo estabelecimento de ensino. I mportou aferir a capacidade evidenciada pelas escolas no sentido de uma rigorosa avaliação interna da sua qualidade de ensino.

b) Plano Anual de Actividades, Regulamento Interno, Pautas e similares

Foi dado um enfoque muito particular aos processos desenvolvidos pelas escolas no âmbito da avaliação interna (Plano de Actividades) bem como os resultados obtidos quanto à avaliação externa – Pautas que deram origem à lista de ordenação (ranking) das escolas a nível nacional.

c) Projecto Educativo de Escola

Considerou-se a singularidade de cada PEE, tendo presente que elaborar um projecto implica fundamentalmente planear para a mudança.

2.1.3.3. Inquérito por questionário

A recolha de dados, que seria morosa se fosse levada a efeito na entrevista ao PCE, foi facilitada pelo lançamento de um pequeno questionário que faz parte integrante do anexo VI, com o objectivo de obter dados estatísticos para um melhor conhecimento da escola em estudo. O presidente do órgão de gestão delegou nos seus serviços administrativos o preenchimento dos questionários, uma vez que se tratava de dados que teriam que ser recolhidos necessariamente naqueles serviços e que, sendo, meramente, valores numéricos os funcionários estavam aptos a facultar os dados solicitados no questionário.

O inquérito por questionário foi administrado, identificando as variáveis relevantes para o estudo e foi levado a efeito em todas as escolas que participaram no presente trabalho. As questões são completamente objectivas, fechadas e perfeitamente quantificáveis. Também o inquérito teve como principal finalidade a sistematização e complementaridade dos dados necessários à análise que se pretende levar a cabo.

O inquérito foi sujeito a análise estatística. Os dados obtidos foram utilizados para complementar as informações recolhidas nas entrevistas e da análise documental.

2.1.3.4. Observação dos Espaços Físicos

Achou-se ainda pertinente a observação dos espaços físicos, sendo subjacente percepcionar até que ponto aqueles podem interferir no desempenho dos alunos e consequentemente na avaliação da escola.

As observações efectuadas foram integradas na análise dos dados referentes às entrevistas e boas práticas das escolas, complementando a informação, com o intuito de um maior enriquecimento do estudo.

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