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Estudos de Legislação Urbanística versus Iluminação Natural

2.10 Estado atual da arte

2.10.3 Estudos de Legislação Urbanística versus Iluminação Natural

No âmbito dos trabalhos que focaram no tema legislação urbanística, destacam-se: Leder, et al (2006), Souza, et al (2007), Laranja, et al (2009).

O estudo desenvolvido por Leder, et al (2006), analisa a legislação urbanística através de critérios de insolação e luz natural, destacando que a forma de garantia do direito à luz natural é basicamente, através da legislação de uso do solo que estabelece limites de altura, recuos e afastamento entre as edificações. O estudo objetivou analisar o impacto da aplicação dos limites máximos de ocupação do solo, permitidos pela legislação na insolação e acesso à luz natural nos espaços abertos no meio urbano. Os resultados do estudo, demonstram que o máximo aproveitamento do solo permitido pela legislação pode resultar em significativa redução da insolação e iluminação natural no meio urbano, ocasionando uma redução da possibilidade de aproveitamento desses recursos.

No trabalho desenvolvido por Souza, et al (2007), apresenta-se uma experiência desenvolvida nos municípios mineiros de Leopoldina, Paracatu, Muriaé e

Sete Lagoas, nos quais foram implementados conceitos e métodos de avaliação e planejamento ligados a aspectos do conforto ambiental, na elaboração de leis complementares (Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo, Código de Posturas e de Obras). O objetivo do trabalho, foi a elaboração de uma legislação melhor adaptada à realidade dos municípios, que contou com o trabalho de uma equipe multidisciplinar coordenada pela Escola de arquitetura da UFMG.

Laranja, et al (2009) apresenta uma discussão que considera as regulamentações urbanas e edílicas nacionais e a iluminação natural. O estudo aponta abordagens diferenciadas a respeito da iluminação natural por essas regulamentações de capitais brasileiras, analisando os avanços ou retrocessos na disponibilidade da iluminação natural no ambiente interno. Foram observadas as alturas e afastamentos das edificações, áreas de aberturas e profundidade dos ambientes. Como avanços, foram constatadas as relações entre altura e afastamento das edificações, relação entre afastamentos e orientação geográfica da edificação, possibilidade de inserção de soluções de projeto sobre as questões lumínicas e térmicas e a obrigatoriedade em relação ao uso de dispositivos de proteção solar em alguns ambientes. Como retrocessos, se observou a negligência em relação as questões como característica da abóboda celeste, orientação das fachadas das edificações e superfícies refletoras externas e internas, entre outros.

Tabela 1 – Tabela síntese da revisão bibliográfica

AUTOR / ANO METODOLOGIA PARÂMETROS AVALIADOS

1. LEAL et al (2013) Simulação FCV

2. SONZA et al (2010) Simulação Índices Urbanísticos e FVC 3. SCALCO et al (2010) Simulação Variáveis físicas derivadas

(FLDV, JCP, RP) 4. LINS et al (2009) Simulação

Aplicação do conceito de Envelope Solar.

Índices Urbanísticos

5. LARANJA, et al (2009) Revisão da legislação Índices Urbanísticos 6. PÉREZ e FÁVERO (2008) Revisão da legislação;

Simulação;

Verificação das condições de insolação em diferentes períodos com o uso do conceito de Envelope Solar.

Índices Urbanísticos e Variáveis físicas (Insolação e sombreamento)

7. LEDER e PEREIRA (2008) Simulação Variáveis físicas (Iluminância- E)

Variáveis físicas derivadas (FVC, FCP, FLD)

8. ASSIS, et al (2007) Aplicação do conceito de Envelope Solar.

Índices Urbanísticos

9. SOUZA, et al (2007) Revisão de legislações Índices Urbanísticos 10. LEDER, et al (2006) Simulação Variáveis físicas derivadas

(FCV), Variáveis físicas (Iluminância – E, Insolação) 11. NG (2005) Simulação Variáveis físicas derivadas

(FLDV)

12. CAPELUTO, et al (2005) Estudos com uso do conceito de Envelope Solar.

Variáveis físicas (Insolação e sombreamento)

13. SHAVIV, et al (2001) Aplicação do conceito de Envelope Solar.

Simulação

Índices Urbanísticos

14. PEREIRA e SILVA (1997) Aplicação do conceito de Envelope Solar.

Simulação

Ângulos limites de obstrução

Os referenciais teóricos analisados, demonstraram que a maioria dos estudos adotou como metodologia o Envelope Solar associado a simulação computacional, utilizando como parâmetros de avaliação os índices urbanísticos, buscando avaliar as condições de insolação nas áreas estudadas. Na bibliografia de referência também se encontrou a análise de outras variáveis como fator de céu visível, iluminância, radiação solar, associadas a simulação computacional.

Grande parte dos trabalhos que estudaram a legislação urbanística com enfoque na iluminação natural, fizeram uma revisão das leis urbanísticas vigentes em diversas cidades brasileiras, analisando os índices urbanísticos propostos quanto ao seu impacto na qualidade do ambiente construído.

Assim, o estado atual da arte indicou uma diretriz a ser seguida na proposição da metodologia para esse trabalho de dissertação.

3. METODOLOGIA

Este trabalho de dissertação teve como objetivo verificar como os máximos volumes edificados permitidos pelos índices urbanísticos propostos pelos sucessivos planos diretores de Pelotas-RS, comportaram-se frente a uma necessidade mínima de horas de insolação em diferentes configurações de lotes em zonas residenciais. Para tanto, empregou como método, a simulação computacional e o Envelope Solar.

Foi analisado o comportamento do máximo volume edificado permitido pelo I, II e III Planos Diretores de Pelotas, e sua relação com o envelope solar em três diferentes configurações de lotes (pequeno, grande e de esquina), definidos em função de sua orientação solar, área e dimensão de testada, localizados em três recortes urbanos de zonas residenciais que mantiveram suas características quanto ao uso e ocupação do solo ao longo dos três Planos Diretores do município (Zonas Residenciais I,II e III).

A simulação computacional utilizou programas computacionais próprios, que geraram os envelopes solares e os modelos tridimensionais dos volumes edificados decorrentes da aplicação dos máximos índices urbanísticos propostos pelos planos diretores de Pelotas.

Ao final do capítulo, será apresentada a síntese das etapas metodológicas e as pranchas resumo que demonstram o processo para a definição das áreas de estudo e ocupação máxima permitida por cada regramento urbano nos lotes de estudo.

Apresentam-se a seguir, em ordem cronológica, as diversas etapas procedimentais e metodológicas que nortearam o desenvolvimento deste trabalho.