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2.3 ENFERMAGEM

2.3.2 Agentes Estressores em Enfermeiros

2.3.2.2 Estudos Internacionais

Estudo realizado com enfermeiros na Espanha identificou como principais estressores, a sobrecarga de trabalho, a falta de pessoal, o contato com o sofrimento e a morte dos pacientes, as relações com o restante do pessoal, a falta de clareza a respeito das exigências do trabalho e as demandas conflitivas dos diversos grupos da organização. Destacam-se também, a falta de reconhecimento do trabalho realizado, salário, a falta de material e instalações adequadas, a

introdução de novas tecnologias, e a ausência de um período de treinamento adequado (MÁS et al., 1999).

Alguns anos antes, um estudo com uma amostra significativa de enfermeiros espanhóis identificou como principais estressores a má organização do hospital e dos serviços, a sobrecarga de trabalho, a falta de pessoal, e o contato com o sofrimento e a morte (ESCRIBA-AGUIR, 1991).

Outro estudo de grande magnitude realizado com 43.000 enfermeiros nos EUA, Canadá, Inglaterra, Escócia e Alemanha mostrou que em todos esses países, exceto na Alemanha, a falta de oportunidades para promoções era um importante agente estressor e que para mais da metade dos enfermeiros a má organização do trabalho era o principal causador de estresse (AIKEN et al., 2001).

No Canadá foi realizada pesquisa com 107 enfermeiros, durante período de significativas mudanças organizacionais impostas pelo governo. A falta de suporte organizacional e envolvimento eram os maiores geradores de estresse segundo os enfermeiros. Foram citadas a falta de participação nas decisões, a má interpretação de suas reais necessidades por parte dos administradores, a carga de trabalho, a pressão temporal, a segurança no trabalho, os conflitos com gerentes e a falta de pessoal (TYSON, et al., 2002).

Pesquisa sobre estresse realizada com 120 enfermeiros do departamento de Emergência de um hospital-escola no Irã, identificou como principais estressores: os procedimentos com pacientes com dor e sofrimento, a presença da família no setor de emergência, as reações dos parentes, pesada carga de trabalho, pressão temporal e contato com a morte (ADEB-SAEEDI, 2002).

Outra pesquisa realizada com 171 enfermeiros da Irlanda do Norte, atuantes em hospitais e na comunidade, identificou como agentes estressores a falta de tempo, o racionamento de serviços ou recursos, os prazos impostos por outras pessoas, lidar com as opiniões que os outros têm de seu trabalho, responsabilidade administrativa, exigências emocionais dos pacientes, relacionamentos interprofissionais, e falta de autonomia. Além disso, os autores observaram que embora alguns enfermeiros sintam-se inadequadamente treinados ou equipados para o seu trabalho, sentem também que o trabalho nem sempre utiliza seu treinamento e experiência (McGrath et al., 2003).

Outro importante estudo foi publicado em 2005, composto por 206 enfermeiros da Islândia, identificando como principais estressores: excesso de trabalho, falta de comunicação e de participação em decisões, falta de reconhecimento, recursos insuficientes para o trabalho e não conseguirem desligar- se do trabalho em casa (SVEINSDÓTTIR et al., 2005).

Em 2006, foi publicado artigo sobre a atividade laboral de enfermeiros, que identificava os estressores de 512 enfermeiros da China. Dentre eles, estavam a carga de trabalho, a pressão temporal, as dificuldades com pacientes, falta de pessoal, envolvimento com situações de vida e morte (LU et al., 2006).

Os estressores identificados nesses trabalhos estão relacionados no Quadro 2, que mostra os estressores citados e os respectivos autores.

Quadro 2: Relação dos estressores e os respectivos autores que os citaram nos

artigos internacionais.

Estressores Internacionais Autores

Relacionamentos interpessoais (enfermeiros, outros profissionais, pacientes e familiares) Más et al. (1999) Tyson et al. (2002) Adeb-Saeedi (2002) McGrath et al. (2003) Sveinsdóttir, et al. (2005) Lu et al. (2006)

Sobrecarga de trabalho Más et al. (1999) Escriba Aguir (1991) Tyson et al. (2002) Adeb-Saeedi (2002) Sveinsdóttir, et al. (2005) Lu et al. (2006)

Pressão temporal Tyson et al. (2002) Adeb-Saeedi (2002) McGrath et al. (2003) Lu et al. (2006)

Falta de pessoal Más et al. (1999) Escriba Aguir (1991) Tyson et al. (2002) Lu et al. (2006) Envolvimento com situações sofrimento

e morte

Más et al. (1999) Escriba Aguir (1991) Adeb-Saeedi (2002) Lu et al. (2006) Falta de autonomia, falta de

participações nas decisões

Tyson et al., (2002) McGrath et al. (2003) Sveinsdóttir et al. (2005) Falta de treinamento e de equipamentos Más et al. (1999)

McGrath et al. (2003) Sveinsdóttir et al. (2005) Falta de reconhecimento Más et al. (1999)

Sveinsdóttir et al. (2005) Desorganização do hospital e dos

serviços

Escriba Aguir (1991) Aiken, et al. (2001) Falta de apoio e suporte social Tyson, et al. (2002) Prazos impostos por outras pessoas McGrath et al. (2003) Lidar com opiniões dos outros em

relação ao seu trabalho

McGrath et al. (2003)

Conflitos de funções (ambigüidade de papéis, acúmulo de funções)

Más et al. (1999)

Pouca utilização de seu treinamento ou experiência

McGrath et al. (2003)

Má interpretação de suas reais necessidades

Tyson et al. (2002)

Administração, gerenciamento de pessoal

McGrath et al. (2003)

Inovações tecnológicas, complexidade dos procedimentos

Incapacidade de desligarem-se do trabalho em casa

Sveinsdóttir et al. (2005)

Baixa remuneração Más et al. (1999) Falta de oportunidade de promoção Aiken, et al. (2001)

Fonte: Autora, 2007.

O quadro acima mostra que os agentes estressores mais citados nos artigos pesquisados, estão relacionados às relações interpessoais e à sobrecarga de trabalho, com seis dos oito estudos citando-os. Este dado coincide com o quadro anterior dos estudos nacionais, que também apontou esses dois fatores como os mais citados. Em seguida, destacam-se a pressão temporal, a falta de pessoal e o envolvimento com situações de sofrimento e morte, citados em quatro estudos, e a falta de autonomia e de participação nas decisões e a falta de treinamento e de equipamentos, citados em três estudos.

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

O presente capítulo almeja abordar os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa. Primeiramente define a base filosófica e as características da pesquisa (tipologia, natureza, profundidade e amplitude e método), em seguida define as técnicas utilizadas, o local e os participantes, define os atributos do estudo e as etapas da pesquisa e, por fim, faz uma breve abordagem da técnica do Discurso do Sujeito Coletivo.

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