• Nenhum resultado encontrado

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.5. Estudos na Bacia de Drenagem do Rio Sorocaba

Smith e Petrere (2000) realizaram a caracterização limnológica da bacia do rio Sorocaba (SP, Brasil) utilizando variáveis físicas e químicas de 12 estações de amostragem distribuídas ao longo da rede de drenagem para descrever os trechos mais críticos, tanto para potabilidade quanto para a manutenção de organismos aquáticos. Dentre as 20 variáveis estudadas, diferentes teores de Fe, dureza e turbidez da água foram observadas entre as estações, possivelmente relacionados às características fisiográficas. Para as variáveis associadas às emissões de efluentes domésticos foi verificado efeito sazonal, sendo os maiores valores de cor, resíduo seco e resíduo fixo observados no período chuvoso, e de cloreto no período seco. Para as demais variáveis analisadas não foram observadas variações

sazonais significativas. Dentro dessa perspectiva, os rios Sorocaba, Tatuí e Pirajibú foram classificados como poluídos e os rios Ipanema e Sarapuí como pouco poluídos e com boa qualidade de água quando comparados aos demais. A análise de agrupamento (Cluster) das variáveis abióticas permitiu identificar locais com características limnológicas distintas ao longo da bacia do rio Sorocaba, com trechos mais preservados (naturais) e trechos mais antropizados. Em relação aos organismos aquáticos, a distribuição das abundâncias das espécies de peixes, utilizada como bioindicador, não se mostrou influenciada pelas alterações das variáveis físicas e químicas estudadas, bem como pela poluição.

Arine (2000) realizou o monitoramento da qualidade dos rios Sorocaba e Ipanema em 6 pontos da região de Iperó (SP, Brasil), com relação a metais potencialmente tóxicos presentes em amostras de águas e sedimentos de fundo, coletados mensal e semestralmente, respectivamente, no período de 1997-1998. Foi verificado que as concentrações dos principais metais presentes nas amostras de águas e sedimentos de fundo, obtidas por espectrometria de absorção atômica, mostraram-se inferiores aos níveis mínimos preconizados pela Resolução CONAMA 20 para rios Classe 2, exceto para o Al e Mn, que se mostraram superiores ao previsto na referida legislação e foram relacionados a um possível nível natural mais alto na região estudada, o que permitiu concluir que os rios Ipanema e Sorocaba não se encontravam poluídos por metais na região de Iperó. A técnica de ativação neutrônica foi utilizada para determinar as concentrações das terras raras presentes nos sedimentos de fundo, sendo considerada adequada para a análise simultânea multielementar nesse tipo de amostra.

Na bacia do Alto Rio Sorocaba (SP, Brasil) um estudo sobre o intemperismo químico foi realizado por Sardinha (2008) com o objetivo de avaliar as taxas de alteração química das rochas utilizando a concentração de U, a razão de atividade

234U/238U e os principais cátions em amostras de água, solo e rochas da bacia. Para

tanto, foi realizado o levantamento dos aspectos fisiográficos da área de estudo, a determinação da composição química e mineralógica das rochas e dos solos e a avaliação da qualidade das águas superficiais e pluviais, considerando a influência das descargas antropogênicas de elementos e/ou compostos. A análise geoquímica das rochas e solos da área estudada indicou para a composição mineralógica das rochas uma concentração média ponderada pela área de ocorrência, com valores médios (g kg-1) obtidos a partir da química dos óxidos nas rochas da bacia, a

seguinte tendência K+ (31,9), Na+ (17,3), Ca2+ (14,5) e Mg2+ (8,63). Os teores de

urânio foram determinados por espectrometria (alfa e gama) nas amostras de rocha e de solos, utilizados posteriormente na razão de atividade 234U/238U. A química das águas pluviais indicou um predomínio do somatório de cátions sobre o de ânions, sendo o Ca2+ (65% do total de cátions) e o SO42- (44% do total de ânions) os íons

mais abundantes. Entre os cátions, a maior taxa de deposição atmosférica foi observada para o Ca2+ (5,20 t km-2 a-1), associada à dissolução de CaCO3

proveniente de poeiras do solo agrícola e atividades antrópicas de mineração de calcário dolomítico e fábricas de cimento na área estudada; seguida pela de Na+ (2,14 t km-2 a-1), K+ (1,07 t km-2 a-1) e Mg2+ (0,25 t km-2 a-1). Para os ânions, a maior taxa foi observada para o SO42- (6,17 t km-2 a-1), seguida pela de HCO3-

(5,50 t km-2 a-1), NO3- (2,20 t km-2 a-1), Cl- (0,98 t km-2 a-1) e PO43- (0,24 t km-2 a-1),

relacionadas à presença de carvoarias na região, à queima de combustíveis fósseis e de biomassa, a utilização de fertilizantes fosfatados e poeiras do solo agrícola.

A análise química das águas do Alto Rio Sorocaba possibilitou classificá-las como sódico-potássicas e sulfatadas em relação aos cátions e ânions dissolvidos, respectivamente. A determinação do intemperismo químico na bacia de drenagem a partir de um modelo de abundância e proporção relativa de íons dissolvidos foi realizada utilizando a equação de balanço de massa sumarizada por White e Blum (1995). Os fluxos específicos calculados para as espécies químicas dissolvidas de interesse se mostraram influenciados por fatores antropogênicos e pelos aportes atmosféricos, com consequências no balanço geoquímico utilizado, tais como: a impossibilidade de utilização do Ca2+ como traçador natural na modelagem

empregada, uma vez que seu fluxo pluvial (5,20 t km-2 a-1) se mostrou superior aos observados para as águas fluviais (3,95 t km-2 a-1); o mesmo ocorrendo com o K+ e o Mg2+, elementos indispensáveis no ciclo da fauna e da flora e também utilizados na formação de novos minerais, e com o Na+, elemento muito móvel que é lixiviado rapidamente pelas águas superficiais, não possibilitando assegurar o grau de atuação dos processos intempéricos. Já o emprego do modelo de desequilíbrio isotópico do urânio se mostrou eficiente para calcular a taxa de intemperismo químico, pois sua utilização elimina certas correções que são necessárias em outros métodos. A taxa de intemperismo na bacia do alto Sorocaba correspondeu a aproximadamente 13,9 m Ma-1, considerando que o urânio presente no rio é

proveniente da interação com as rochas e solos e não ocorreram aportes atmosféricos desse elemento no ciclo geoquímico.

Utilizando a mesma base de dados, Sardinha et al. (2008) avaliaram o balanço de cátions e ânions na bacia do Alto Rio Sorocaba (SP, Brasil) com vistas a determinar a contribuição natural e sugerir as provenientes de influências antrópicas. Observaram que tanto os parâmetros físico-químicos quanto as concentrações médias dos íons dissolvidos apresentaram um comportamento sazonal, em maior ou menor grau. Apesar das limitações do modelo de balanço de massa utilizado, os resultados indicaram uma importante influência antrópica com reflexos diretos na qualidade da água.

2.6 Estudos sobre Escoamento Superficial Rápido, Precipitação e Efluentes