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Capítulo 1. OS PÚBLICOS NAS EXPOSIÇÕES DE MUSEUS

1.2. Estudos de público

Para este trabalho me refiro aos estudos de público – visitors studies ou audience research, no mundo anglo-saxão - como todo tipo de investigação que procura analisar, avaliar, entender, registrar, informar-se sobre as características, os comportamentos, as motivações e os ganhos cognitivos e emocionais do público que visita os espaços museais7. Este campo compreende

também aqueles estudos sobre o público potencial, os não visitantes, que se tenta atingir com a ação dos museus (Miles, 1986).

Esses estudos assumem diferentes características e são realizados com diferentes objetivos, metodologias e referenciais teóricos, e têm sido classificados de diversas formas por distintos autores. Assim, por exemplo, os pesquisadores espanhóis Asensio e Pol (1996) diferenciam os estudos de público em função do objeto de pesquisa, considerando os de utilização do espaço expositivo, os de compreensão dos critérios expositivos, os de suportes comunicativos, os que se centram nos perfis, atitudes, impactos e opinião do público, e os de conhecimentos prévios e aprendizagem formal e informal no contexto da exposição. Por sua vez, Studart et al. (2003) destacam que entre os estudos realizados até o momento encontram-se aqueles que se focalizam no perfil dos visitantes, no uso das instituições culturais, nos padrões de comportamento e nas interações sociais, gênero em museus, aprendizagem em museus – envolvendo as relações entre educação formal e não formal –, e os que se concentram na experiência museal. Estas e outras classificações dão uma idéia da diversidade dos estudos que tentam abranger as relações que se estabelecem entre as exposições e seus públicos.

Tratando-se aqui de estudos de público torna-se necessário explicitar o conceito de público que utilizarei nesta pesquisa, já que por ser uma palavra de uso quotidiano está carregada de múltiplas interpretações. O conceito de “público geral”, correntemente utilizado como alvo das exposições e outras atividades culturais, se desmancha no momento de aprofundar o olhar na

7 Os papers que refletem as pesquisas neste campo podem ser encontrados majoritariamente em publicações em

língua inglesa como Curator, International Journal of Museums, Management and Curatorship, Museum news,

Museum Journal; Museum Annual, Journal of Museum Education (JEM)7, International Laboratory for Visitor

Studies Review, Visitor Behavior, Museological Review. Em francês a revista Public et Musées reúne interessantes

artigos nesta área desde 1992. Também muitos artigos são publicados como anais de conferências especializadas como as Visitors Studies Conferences que a VSA realiza anualmente, ou se encontram espalhados em revistas de comunicação como International Journal of Science Education, Public Understanding of Sciences ou a publicação italiana Journal of Science Comunication (JCOM).

tentativa de identificá-lo. Tal como assinalam Studart et al. (2003) há uma tendência em homogeneizar a diversidade de pessoas que freqüentam um programa cultural apenas por terem escolhido essa opção. No entanto o público apenas poderia ser considerado como um grupo diante de uma determinada atividade: “assumem um mesmo tipo de comportamento, sobre ela

expressam opiniões e juízos de valor consideravelmente convergentes e dela extraem sensações e sentimentos análogos “ (Teixeira Coelho8, 1997, apud Studart et al.p.131-132).

Os estudos de público vêm se desenvolvendo há mais de um século, orientados por distintas teorias educativas e comunicacionais. Como apresento neste capítulo, nas últimas décadas estes estudos aumentaram significativamente e a bibliografia disponível, majoritariamente em língua inglesa, mostra uma liderança dos Estados Unidos e do Reino Unido nesta área que tem sido bastante explorada nos museus de ciência (McManus, 1992; Hooper- Greenhill & Moussouri, 2002). A produção de trabalhos na Austrália e no Canadá também se vê refletida na literatura, e na Europa, a França mostra também um crescente desenvolvimento desta área com estudos e publicações. Para América Latina, tal como mostro mais adiante, este também é um campo que esteve se estruturando nas últimas décadas.

Um rápido olhar sobre o desenvolvimento destas pesquisas pode dar uma idéia das tendências atuais, e para isso tomarei como base a cronologia dos estudos de público no mundo anglo-saxão que faz George Hein (2001). No seu livro Learning in the Museum –editado inicialmente em 1998-- que se constituiu numa referência na área, este pesquisador americano destaca duas fases: uma de 1900 até 1950 e outra de 1950 em diante. Para o período anterior desta cronologia proposta, Hein reconhece a existência de um único trabalho publicado, realizado por Higgins em 18849 (apud Hein, 2001), com o propósito de favorecer o valor educativo do museu. Neste trabalho se identificam os diferentes públicos que visitavam o Liverpool Museum, no Reino Unido. Paulette McManus (1996), pesquisadora inglesa de longa trajetória na área, também o destaca como trabalho pioneiro e reconhece que, provavelmente, outros trabalhos foram feitos, mas não publicados. Embora se refira aos trabalhados, para os primeiros 50 anos do século XX, Hein reconhece que há poucos estudos sistemáticos publicados, espalhados em revistas de educação e psicologia. McManus (1991) destaca o trabalho britânico de Murray, de 1932, no Liverpool Museum, que analisa a atenção dada às unidades expositivas e ao contexto

8 TEIXEIRA COELHO,J. Diccionario crítico de política cultural, SP:Iluminuras; FAPESP,1997.

9 HIGGINS,H.H. Musuems of natural hstory. Transactions of the literary and philosophical society of Liverpool,

social a partir de dados coletados desde 1924. Sua conclusão, já naquela época, foi da necessidade de fazerem-se avaliações de público em museus. Nos Estados Unidos, por exemplo, o trabalho de Benjamin Ilves Gilman10 (1916, apud Hein, 2001), do Boston Museum of Arts,

incorporou a idéia de “fadiga museal”. A importância do contexto físico, no sentido de considerar a organização da exposição, a localização dos objetos, a necessidade de conforto do visitante, aparecem aqui nesse criativo estudo de Gilman que reúne 30 fotografias nas quais se registraram os problemas físicos com que se encontravam os visitantes dos museus. É interessante destacar que os estudos desta primeira época demarcaram um território de pesquisa que ainda hoje continua sendo explorado devido à preocupação atual com as condições físicas e de infra- estrutura nos espaços museais.

Um outro estudo utilizando uma metodologia qualitativa, de recuperação de falas e desenhos, foi realizado, anos depois, por Alma Wittlin11 (1949, apud Hein, 2001) reforçando o papel educativo dos museus. Nele se descrevem as experiências de observação e entrevista de uma amostra de visitantes face a diferentes modos de exibição, um antigo e um moderno, no

Museum of Archeology and Etnhology in Cambridge do Reino Unido. Baseada também num

outro estudo semelhante com alunos de escola na exposição “How things began (early

civilizations)“, Wittlin destaca a necessidade de incorporar elementos familiares nas exposições,

de explicar os temas apresentados e de usar uma diversidade de modalidades de exposição para atingir distintos públicos.

Em uma outra aproximação teórica e metodológica, Hein reconhece a importância das pesquisas de William S. Robinson12 e de seu aluno Arthur W. Melton13 (Robinson 1928 e Melton 1936 e 1953, apud Hein 2001), psicólogos de Yale, que aplicaram seus métodos de estudo a visitantes de museus nas décadas do 1920 e 1930. De forte caráter experimental e quantitativo essas pesquisas assentaram as bases de muitas outras pesquisas comportamentais desenvolvidas posteriormente no campo dos estudos de público. Com apoio da American Association of

Museums, sustentada pela Carnegie Foundation, aqueles autores realizaram estudos com grande

10 GILMAN,B.L. Museum fatigue. The scientific monthly, 12,p.62-74. 1916.

11 WITTLIN,A S.The museum, its history and its tasks in education. London:Routledge and Keagan Paul.1949. 12 ROBINSON,E.S. The behavior of the museum visitor, Washington,DC. American Association of Museums,

New series,n.5,1928.

13 MELTON,A W. Problems of installation in museums of art. Washington,DC: American Association of

número de visitantes e definiram conceitos como poder de atração e poder de retenção14 que

ainda hoje são utilizados. O registro de percursos, a valorização das detenções e a medição do tempo frente aos objetos numa exposição foram incorporados nos estudos de comportamento dos visitantes, procurando-se medir e interpretar o impacto das exposições. O escasso tempo que os visitantes ficam frente às unidades expositivas, que normalmente pode ser medido em segundos, foi revelado nestes estudos e ainda hoje continua sendo explorado sendo um dos fatores chaves a se considerar no design de exposições. Estes pesquisadores montaram situações experimentais com visitantes em diferentes disposições museográficas e frente a diferentes quantidades de objetos, determinando que existe um número máximo de objetos com os quais se aumenta o tempo total destinado à exposição e que, além desse número, o tempo total se mantém ou até diminui. Outras situações experimentais também foram testadas por Robinson e Melton que trabalharam com o conceito de fadiga museal de Gilman, confirmado posteriormente em muitas pesquisas, evidenciando que os visitantes param cada vez menos em uma exposição à medida que transcorre o tempo de visitação.

Na mesma época, um outro pesquisador americano, Gibson15 (1925, apud Hein, 2001), realizou testes sobre as visitas de escolares ao Cleveland Museum of Art. Um outro estudo dessa primeira metade do século, não comentado por Hein, mas sim por Almeida (1995), foi realizado nos anos de 1920 em Viena por Otto Neurath, no Social and Economic Museum16. Esse sociólogo alemão preocupou-se especialmente com o design das exposições em função de seu papel comunicativo e educativo baseado na idéia da democratização do acesso à educação (Krautler, 1995).

Em suas distintas vertentes, essas pesquisas indagaram sobre a função educativa dos museus, aspecto reconhecido e motivo de confronto já desde a transformação dos museus rivados em espaços públicos (Lopes, 2003a)17, e forneceram informações úteis a um campo que

14 Poder de atração: quantidade de visitantes que se detém frente a um objeto. Poder de retenção: tempo durante o

qual os visitantes ficam frente a um objeto. Também definiram a tendência comportamental de virar à direita ao entrar numa sala que apresentasse uma disposição simétrica.

15 GIBSON, K. An experiment in measuring results of fifth grade class visits to an art museum. School and society,

XXI, p.658-62, 1925.

16 O Social and Economic Museum existiu apenas entre 1925 e 1934 quando Neurath, por razões políticas, teve que

migrar para Holanda. Neurath foi o criador do International System of Typographic Picture Education (ISOTYPE), ainda utilizado.

17 A mudança do caráter privado dos museus para público, já no século XVIII, deu início ao questionamento das

relações que se estabeleciam entre estas instituições e seus visitantes. Horários de vista, design das exposições, seleção de materiais, tipo de texto, atividades educativas, entre outras, eram questões debatidas nos museus. As discussões entre Lamarck e Thouin do Jardin des Plantes, de Paris, comentadas por Lopes (2003a) revelam alguns

apresentou flutuações no seu desenvolvimento. Nesse sentido é interessante a informação comparativa, conforme diferentes autores, fornecida por Hein sobre a quantidade de papers publicados sobre estudos de visitantes das décadas de 1920 aos anos de 1980 (apresentado na

Tabela 1.1). Conforme as diferentes revisões apresentadas por esse pesquisador americano,

pode-se observar que durante a II Guerra Mundial e no período imediato do pós-guerra o número de publicações apresentou uma grande queda. Já nos anos 60 o número de trabalhos começou a se multiplicar, e cresceu exponencialmente na década dos 80. A respeito dos estudos realizados na área, McManus (1992, p.171) afirmava que a maioria dos estudos eram originados em science

centers americanos ou ingleses. Para essa autora, não todos poderiam ser qualificados de

pesquisas que fornecessem dados generalizáveis para outros museus.

De Borhegyi* Shettel** Screven*** Hein****

< 1920 1 1 1 3 1920s 2 1 4 5 1930s 10 9 15 20 1940s 9 4 5 13 1950s 31 5 8 26 1960s 48 36 58 1970s 99 143 1980s 225 335

* De Borhegyi e Hanson (1968) citam literatura até 196518.

** Shettel (1989) cita até 1988.

***Screven & Shettel (1993) inclui outro tipo de estudos

**** (1996) se refere a papers americanos e ingleses publicados antes de 1960

Tabela 1.1- Papers publicados sobre estudos de públicos (1920-1980) - Hein (2001, p. 53)

O crescimento das pesquisas de público nos anos de 1960 é citado por Screven & Shettel (1988) também no editorial do primeiro número do ILVS Review: a Journal of visitor´s

behavior19, enraizando assim esse novo espaço editorial numa trajetória de duas décadas. Nessa

dos conflitos que colocava a abertura desses espaços ao público e o início de uma relação que continua se

transformando.

18 Textos citados por Hein na sua tabela comparativa:

* De Borhegyi & Hanson (1968). Esta referência é inexistente em Hein, (2001).

** Shettel, H.H. Evaluation in museums: a short history of a short history. In Uzell,D.L. (ed.) Heritage Interpretation, v.2.The visitor experience, London:Bellhaven Press, 129-37,1989.

***Screven,C.G. & Shettel,P. Visitor studies bibliography and abstracts, Third edition, Shorewood: Exhibits Communication Research, Inc., 1993.

****Hein, G. Classic papers in visitors studies. Não publicado, 1996.

época, afirma Almeida (1995) Cameron e Abbey realizaram, no Canadá, as primeiras enquetes sistemáticas que relacionavam composição demográfica e comportamento e, nos Estados Unidos, em 1968, se publicou o trabalho de Shettel sobre a exposição, A vision of man, que para McManus (1996) marcou o início a uma nova fase nos estudos de público. O objetivo daquele estudo era “desenhar um desenvolvimento sistemático de estratégias de pesquisa e hipóteses que

possam ser conferidas, que possam levar a uma melhor avaliação e desenho de exposições científicas e tecnológicas com o objetivo de atingir objetivos educacionais” (Shettel et al. 1968, apud McManus, 1996, p.3). Tal como o próprio Shettel (1973) assinala, aquela exposição, que

pretendia gerar uma atitude positiva frente à ciência e difundir o papel do Estado federal em ciência e tecnologia, demandou um grande investimento para a época. A tentativa era avaliar a efetividade da exposição entendida como uma mudança possível de ser medida no comportamento do visitante no sentido proposto pelos objetivos centrais da exposição.

Nos Estados Unidos, as entidades financiadoras de programas educativos começaram, nessa época, a requisitar a avaliação dos projetos que apoiavam e, assim, tal como assinalam diversos autores (Hein,1982; Hein ,2001; McManus, 1992), os museus foram colocados diante da necessidade de fazer avaliações de seu público e de suas exposições. Essas primeiras avaliações, mais preocupadas com os interesses dos designers da exposição do que com as necessidades dos visitantes (Studart et al., 2003), correspondiam a um enfoque behaviorista que analisava quantitativamente a conduta do indivíduo no ambiente do museu e media o êxito ou fracasso da exposição. Hein, que se ocupou de avaliações desde fins dos anos 80, afirmava já nessa época que esta perspectiva baseada num modelo experimental coexistia com outras provenientes da Etnografia, a Antropologia e a Sociologia, as quais se baseavam numa aproximação qualitativa. Os estudos de Wolf e Tymitz na Smithsonian Institution, assim como as pesquisas de Laetsch realizadas em Berkley e a sua própria pesquisa junto a Engel, são exemplos de estudos incipientes nesta perspectiva citados por Hein (1982). Porém, segundo a opinião de autores de diversos paises como Schmilchuck (1996) e McManus (1992), a perspectiva behaviorista ainda é a predominante nos estudos de público, em particular nos Estados Unidos.

O movimento de avaliação teve um desenvolvimento também no Reino Unido, mas de forma independente de qualquer mandato federal, onde foram pioneiros os sistemáticos estudos no Natural History Museum20 de Londres nos anos 70 (Miles, 1988; Griggs, 1990; Griggs & Alt,

1982). Foi este o primeiro museu em estabelecer um cargo fixo de avaliador dentro de seu staff21.

Esta instituição manteve uma prática de avaliação sistemática seguida, segundo McManus (1991), por muitos outros museus britânicos (mesmo que sem avaliações tão sistemáticas e nem sempre publicadas). A partir desse momento começou a se a desenvolver uma política de exibições baseada em estudos de público que inicialmente tiveram características mais locais até atingir um patamar teórico na área de comunicação em museus (McManus, 1992). Essa autora salienta a transcendência das pesquisas e avaliações no Natural History Museum conduzidas nesses anos e incorporadas como modelos por outras instituições. Já no final dos anos 80, os museus ingleses tiveram que começar a demonstrar o valor das suas ações e justificar os fundos recebidos. Assim, por exemplo, mais recentemente o Resource: The council of museums,

archives and libraries,22 em 2001, organizou um processo de avaliação para definir o impacto educativo dessas instituições no Reino Unido (Moussouri, 2002). Essa análise não está focada apenas nos museus, mas também nas bibliotecas e arquivos, entendendo-os como espaços de educação não formal e reconhecendo-se a necessidade de (re)definir seu valor educativo.

Assim, as avaliações de exposições e programas foram se consolidando e adquirindo distintas modalidades como a incorporação de um avaliador de museus como parte do staff institucional ou como consultores independentes tanto como parte de estudos avulsos ou como de programas de longo prazo. As avaliações que tiveram inicialmente uma intenção de medir o êxito da exposição em termos de objetivos pré-determinados foram mudando seu foco para tentar entender a experiência do visitante e desenhar exposições mais apropriadas a seus conhecimentos e necessidades. Esta nova perspectiva levou também a considerar a existência da diversidade dos públicos num museu já que suas expectativas, necessidades e interpretações demandam atenções diferenciadas (Studart et al., 2003).

A avaliação de exposições, entendida como o levantamento sistemático de informações úteis para tomada de decisões sobre as atividades desenvolvidas, foi se consolidando nos museus do mundo anglo-saxão. A sua utilidade no aperfeiçoamento das exposições foi fazendo dela uma ferramenta indispensável para aprofundar a compreensão dos processos e dos produtos desenvolvidos. Diversos métodos, tais como entrevistas em profundidade ou estruturadas, grupos focais, questionários, observações, etc., são utilizados conforme o tempo e os recursos disponíveis e as necessidades específicas de cada situação. Diversos autores apresentam estas

21 Mick Alt ingressou no Natural History Museum em 1975, e foi o primeiro avaliador (McManus, 1991). 22 Anteriormente denominado Museums and Galleries Commission.

metodologias, entre eles o relatório de Moussouri (2002) faz uma síntese dos métodos mais utilizados avaliando a suas vantagens e limitações. Também esse autor, em um trabalho conjunto com Hooper-Greenhill (2002), apresenta a sua aplicação em pesquisas no Reino Unido.

Como comentam as pesquisadoras brasileiras Almeida (1995), Cury (1999) e Köptcke (2003), diferentes denominações são utilizadas, dependendo dos autores, para identificar as fases e tipos de avaliação que podem ser caracterizadas por seus objetivos, métodos, abordagens, procedimentos e momentos de realização. A diversidade de perspectivas teóricas e de práticas envolvidas se reflete nas classificações propostas que podem estar centradas no tipo de paradigma de referência, no tipo de objetivos, ou aqueles com um determinado foco de interesse, como os trabalhos de Screven, pesquisador americano e psicólogo de larga trajetória no campo das avaliações e dos estudos comportamentais aplicados a museus. Screven (1990) classifica as avaliações segundo o momento em que elas são implementadas em avaliação prévia (front-end

evaluation), avaliação formativa (formative evaluation) ou avaliação somativa (summative evaluation). A avaliação prévia se desenvolve durante o planejamento da exposição e tem como

principal objetivo testar o interesse e os conhecimentos prévios no assunto proposto. A avaliação formativa é uma fase de teste dos componentes, textos, módulos, etc. em desenvolvimento, muitas vezes realizadas em base a mockups, que permite melhorar o produto final. Por sua parte, uma vez que a exposição já esta instalada, se faz a avaliação somativa na qual procura-se conhecer o alcance dos objetivos da exposição, o funcionamento dela como um todo e a experiência dos visitantes. Autores como Bitgood e Shettel (1996) e instituições como o

Australian Museum (www. amonline.au/amarc/pdf) diferenciam essa avaliação da corretiva

(remedial evaluation), pois consideram que esta última tem o objetivo concreto de corrigir erros, no entanto a somativa não necessariamente envolve um planejamento de mudanças na exposição. As classificações e nominação das fases23 estão sujeitas a diferenças entre os autores e, para

Screven (1990), por exemplo, a fase corretiva seria a última, posterior à avaliação somativa, na qual se corrigiriam problemas detectados na prática depois da abertura da exposição.

23 Também há diferentes opiniões sobre os termos adequados para essas fases. McManus (1996) coloca que na Grã-

Bretanha é utilizado o termo “preliminary assessment” para indicar a avaliação preliminar, considerando que “front–

Por sua parte também Munley24 (1987, apud Almeida, 1995) considera quatro tipos de avaliação para as exposições ou programas. Coincide, em parte, com Screven na avaliação formativa e somativa e cria outras duas categorias posteriores, a avaliação processual,que informa sobre os procedimentos de um programa, -- ou avaliação de produto, que avalia a consecução dos objetivos.

Uma perspectiva sistêmica e quantitativa é proposta pelo mexicano Jorge Padilla (1999) na tentativa de avaliar a efetividade dos centros de ciências tanto na sua organização interna quanto no seu papel e impacto social. O autor considera a eficácia (grau no qual se alcançam os

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