• Nenhum resultado encontrado

3 LIVRO DIDÁTICO E USO DACALCULADORA

3.4 ESTUDOS PRÉVIOS SOBRE O USO DA CALCULADORA EM

Devido a sua importância como recurso para auxiliar na prática pedagógica do professor, o livro didático é motivo de várias pesquisas acadêmicas. Alguns estudos se debruçaram em analisar como as atividades com o uso da calculadora estão presentes nos livros didáticos dos anos finais do Ensino Fundamental. Nesta seção apresentamos às pesquisas situando a forma como os autores que analisaram tais atividades, concebem a calculadora, as categorias de análise das atividades e os principais resultados e conclusões.

Pequeno (2012) analisou uma coleção de Livro Didático de Matemática dos anos finais do Ensino Fundamental adotado no município de Mari/PB a luz das orientações dos PCN. A autora considera a calculadora como um recurso didático para a verificação de resultados e resolução de problemas matemáticos e constatou na coleção dos Livros Didáticos analisados, a presença de apenas 13 atividades com o uso de calculadoras. Segundo a autora, as atividades nos livros versavam sobre operações com números inteiros, números decimais, números racionais e potência, e destacou a ausência de atividades como números irracionais, radicação e tratamento de informação. Das atividades analisadas, um exemplo é o cálculo de Potências, que possibilitava os estudantes perceberem relações entre potências de bases negativas. Pequeno concluiu que as atividades identificadas estão de acordo com as orientações dos PCN, uma vez que trazem propostas didáticas capazes de estimular o raciocínio e o desenvolvimento de habilidades. Dada a escassez de atividades envolvendo o uso de calculadoras, a autora sugere que os professores não se detenham apenas ao Livro Didático, mas que busquem outras formas de abordar conteúdos matemáticos a fim de obter um ensino inovador e uma aprendizagem significativa. Os resultados da pesquisa de Pequeno são interessantes, porém, a autora não citou o critério de seleção da coleção de livro didático analisado nem tampouco verificou as possíveis recomendações no Manual do Professor e não categorizou as atividades encontradas.

Nascimento (2013) analisou a coleção de Livro Didático de Matemática dos anos finais do Ensino Fundamental mais adotada no município de Cabaceiras/PB. Para isso,

delineou classificar os tipos de atividades envolvendo a calculadora e avaliar se a coleção segue os critérios estabelecidos pelos PCN. A autora concebe a calculadora com uma tecnologia útil para verificar regularidades, validar resultados e no desenvolvimento do raciocínio do aluno. Constatou na coleção dos Livros Didáticos analisados que há poucas atividades envolvendo o uso de calculadoras, em especial nos livros do 8º e 9º ano, além disso, destacou que o Manual do Professor não apresenta nenhuma recomendação sobre o uso da calculadora. Nascimento verificou que a coleção trouxe atividades com exploração do teclado da calculadora, resolução de expressões numéricas, cálculo de raiz quadrada e cálculo de potências, um dos exemplos que a autora destaca é a atividade da exploração do teclado da calculadora em que segunda ela, o livro não orienta sobre a funcionalidade das teclas de memória. Nascimento concluiu que a coleção proporciona possibilidades com a calculadora, porém ressalta que os professores precisam ter conhecimento de pesquisas sobre o uso didático desse recurso a fim de utilizá-lo em sala de aula. Embora a autora tenha comentado que poucas são as atividades envolvendo a calculadora na coleção analisada, sentimos falta de um quadro com o total dessas questões e distribuição delas por livro. Outro aspecto importante apontado nos objetivos específicos, porém ausente, é a classificação das atividades envolvendo o uso da calculadora, pois a autora apenas descreveu os objetivos das atividades.

Azevedo (2016) se debruçou em analisar a coleção de Livro Didático de Matemática mais adotada na cidade de Jardim do Seridó/RN e constatou a presença de 100 atividades com o uso de calculadoras. Neste trabalho, a calculadora é concebida como uma Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) para exploração de padrões, elaboração de estratégias e métodos de resolução de problemas. Segundo o autor, a coleção de livro didático analisada apresenta uma diversidade de atividades envolvendo a calculadora, e as classificou em atividades de exploração de conceitos, verificação de resultados, correção de erros, desenvolvimento de estratégias e resoluções de problemas. Quantos aos conteúdos matemáticos, Azevedo identificou propostas de atividades com o uso da calculadora relacionada a álgebra, geometria, trigonometria e tratamento da informação. Um exemplo de atividade presente no livro didático é o da tecla quebrada da calculadora, em que se pedia para efetuar uma divisão, utilizando a operação da subtração, pois a tecla da divisão estava quebrada. O autor destaca que foi encontrada apenas uma sugestão de atividade no manual do professor e concluiu que a coleção não orienta os professores do uso didático da calculadora, o que pode contribuir para o seu desuso na

sala de aula. Os dados da pesquisa são pertinentes, porém em boa parte das discussões das atividades há apenas uma descrição delas.

Diante dos estudos aqui discutidos nesta seção, constatamos que são escassos os trabalhos que analisaram atividades envolvendo a calculadora em livros didáticos dos anos finais do Ensino Fundamental. Essa constatação coloca em evidência a pouca atenção dada ao tema pela comunidade científica. Observamos também que esses estudos não aprofundam as suas análises quanto as atividades envolvendo o uso de calculadoras. Não se tem uma categorização das atividades e sim uma descrição, como por exemplo, na análise de Azevedo (2016), o qual apresenta uma imagem de uma atividade com o uso da calculadora e descreve que a atividade aborda a multiplicação de números decimais.

Após a discussão sobre alguns estudos que tratam sobre a análise das atividades sobre o uso da calculadora, apresenta-se, a seguir, a Educação Matemática Crítica (EMC), a qual será, neste estudo, tomada como suporte teórico.

Documentos relacionados