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2. ESTADO DA ARTE

2.5. Estudos recentes

Além dos estudos atrás mencionados e uma vez que a exploração de modelos estatísticos tem sido uma constante no que respeita à hidrologia, neste ponto serão analisados alguns estudos mais recentes que englobam estes modelos.

São diversas as técnicas e métodos estatísticos utilizadas para estudar a qualidade da água. Em, Zhang, Chen, Recknagel, & Li (2014), recorreu-se a modelos de previsão para acompanhar o desenvolvimento de cianobactérias. Os métodos estatísticos utilizados, como a análise do coeficiente de correlação de Pearson, permitiram identificar correlações e desfasamentos de dados com relação linear. A metodologia Wavelets usada possibilitou não só examinar as correlações e desfasamentos entre o crescimento de cianobactérias mas também as condições de qualidade da água em diferentes escalas de tempo. Este estudo debruçou-se sobre um lago, situado na China, e foi efetuado entre 2010 e 2011. Teve como objetivo compreender melhor os desfasamentos entre as condições de qualidade da água e o crescimento de cianobactérias nesse lago. Os modelos utilizados revelaram-se bastante fiáveis.

Num outro estudo, foram adotadas cinco estratégias de modelação para analisar as sucessões cronológicas do nível de água de seis lagos com diferentes características, tais como a forma, o tamanho, a altitude e a gama de variações. Os modelos incluíram a teoria do caos, modelos ARIMA, SARIMA, redes neuronais artificiais, entre outros. Cada caso foi formulado com uma premissa diferente, ou seja, com diferentes pressupostos subjacentes. A teoria do caos foi elaborada com maior detalhe, sendo que esta é bastante usual para identificar a existência de sinais caóticos por uma série de técnicas. As previsões foram efetuadas usando uma técnica não-linear. Este estudo concluiu que as cinco estratégias de modelação para alguns casos se revelaram boas, no entanto noutros casos possuíam menor

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qualidade. Daí muitas vezes ser necessária uma reflexão crítica sobre qual o melhor método estatístico a utilizar para estudar determinadas séries de dados, (Khatibi, Ghorbani, Naghipour, Jothiprakash, Fathima, & Fazelifard, 2014).

Atualmente as técnicas de computação têm sido muito utilizadas na modelação hidrológica e também para efetuar previsões. Em Lohani & Rakesh Kumar (2012), o potencial de redes neuronais artificiais e sistemas neuro-fuzzy foram usados, juntamente com modelos auto regressivos, para estudar a periodicidade mensal do caudal que entrava num reservatório. Trabalhando as séries temporais dos dados recolhidos, foram ajustados várias redes neuronais artificiais e modelos neuro-fuzzy, com diferentes vetores de entrada. Para avaliar o desempenho destes modelos foi ainda feita uma comparação com modelos auto-regressivos. Neste estudo concluiu-se que as redes neuronais artificiais revelavam melhor precisão nas previsões, em comparação com os modelos auto regressivos.

Voltando ao contexto da modelação ARIMA, é de notar que os dados das séries temporais muitas vezes contêm padrões lineares e não lineares. Desta forma, nem os modelos ARIMA nem as redes neuronais podem ser totalmente adequados para a modelação e previsão de dados de séries temporais. O modelo ARIMA não pode lidar com relações não lineares, enquanto o modelo de rede neuronal por si só não é capaz de lidar com ambos os padrões lineares e não lineares, igualmente bem. Em Faruk (2009), utilizou-se um modelo de rede neuronal e um modelo ARIMA, efetuando a comparação entre os dois. A rede neuronal para a previsão de séries temporais foi testada usando observações de dados de qualidade da água de 108 meses, incluindo a temperatura da água, boro e oxigénio dissolvido, desde 1996 até 2004, de um rio situado na Turquia. Os resultados revelaram que as redes neuronais devido à sua capacidade em reconhecer padrões de séries temporais e características não lineares, proporcionam muito mais precisão do que o modelo ARIMA, no que toca a previsões de qualidade da água.

Em Valipour, Banihabib, & Behbahani (2012), o objetivo consistiu em prever a entrada de caudal na barragem do rio Dez, usando modelos ARMA, ARIMA e redes neuronais artificiais. A fim de aumentar a precisão da previsão, foram-se aumentando o número de parâmetros dos modelos. Posteriormente fez-se uma comparação com as redes neuronais artificiais estáticas e dinâmicas. Para este trabalho, foram utilizadas as descargas mensais entre 1960 e 2007. Os primeiros 42 anos foram usados para calibrar os modelos, enquanto os cinco últimos anos foram usados para efetuar previsões. Nos modelos ARMA e

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ARIMA, o polinómio foi derivado respetivamente com quatro e seis parâmetros para prever o caudal de entrada. Na rede neuronal artificial, recorreu-se a várias funções e diferentes neurónios nas camadas escondidas. Ao comparar os erros dos modelos, o modelo de rede neuronal artificial dinâmica foi escolhido como o melhor modelo para efetuar a previsão de caudal a entrar nesta barragem. Já entre o modelo ARMA e ARIMA, o modelo ARIMA foi o que revelou um menor erro.

Em jeito de conclusão, salienta-se mais uma vez a clara importância e utilidade dos trabalhos desenvolvidos no âmbito da modelação estatística. Os vários estudos revelam que os modelos estatísticos são bastante credíveis, no que diz respeito à realização de previsões bem como à caracterização da qualidade do meio hídrico. No entanto, tal como atrás mencionado, não deve nunca dispensar-se a possibilidade de utilizar outras técnicas, dependendo do tipo de dados que se pretende tratar.

METODOLOGIA

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