• Nenhum resultado encontrado

Estudos sobre o Aproveitamento de Resíduos de Madeira Tratada

A seguir, são mencionados trabalhos desenvolvidos no âmbito do aproveitamento de resíduos de madeira tratada.

Clausen, Kartal, e Muehl (2000) em seus estudos, produziram chapas aglomeradas em três configurações, nos quais foram utilizados resíduos de Pinus sp (southern pine), os mesmos resíduos tratados com preservante CCA e resíduos biorremediados tratados com CCA pelos métodos de ataque por fungos Bacillus licheniformis e extração com ácido oxálico. Os resíduos biorremediados apresentaram após tratamento redução de 70, 81 e 100% das quantidades dos componentes cobre, cromo e arsênio. As chapas foram produzidas com densidade aproximada de 0,80 g/cm³, empregando-se 10% de resina uréia-formaldeido, caracterizadas mecanicamente por meio dos ensaios de flexão estática (MOR e MOE) e tração perpendicular (TP) e fisicamente com análises de inchamento em espessura (IE) e absorção de água (AA). Os autores obtiveram resultados onde as chapas produzidas com resíduos de CCA biorremediados, apesar de valores acimas da norma ANSI A.208-1(99), apresentaram redução de 28% e 13% na adesão interna e MOR, respectivamente, porém aumento de 8% no MOE, em relação aos painéis confeccionados com resíduos virgens. Em relação ao IE e AA, as chapas com resíduos biorremediados tiveram resultados de 15% e 14% inferiores às chapas comuns. Os painéis produzidos com resíduos de CCA sem tratamento obtiveram resultados 75% maiores em relação ao MOE, semelhantes em termos do MOR e TP e muito superiores em relação ao IE e AA em comparação às chapas de resíduos virgens, podendo-se relacionar este desempenho a uma possível melhora das propriedades ocasionadas pelo tratamento preservativo com CCA na madeira, constituindo-se a reciclagem de resíduos para este fim como uma alternativa potencial.

Kamdem et al. (2004) realizaram pesquisas para análise de compósitos de HDPE (polietileno de alta densidade) reciclado pós-consumo, reforçados com partículas de

54

madeira tratadas com CCA, retiradas de postes de pinus com 21 anos de utilização. Para efeito de comparação, os autores também prepararam compósitos utilizando resíduos de painéis de partículas produzidos com adesivo uréia formaldeído (UF) e de pinus natural, além da resina de HDPE virgem. Os compósitos foram obtidos através da confecção de chapas pelo processo de prensagem, utilizando-se formulações contendo 50% do polímero e 50% de resíduos de madeira. Para análise do desempenho dos compósitos, realizaram-se ensaios mecânicos de resistência a flexão e impacto, ensaios físicos de inchamento em espessura, processo de lixiviação por água, além de ensaios de exposição fungíca e estabilidade de cor. De acordo com Kamdem et al. (2004), os melhores resultados de MOE para as placas produzidas com resina virgem, foram obtidos com as chapas produzidas com Polietileno de Alta Densidade (PEAD) virgem e madeira tratada com CCA, podendo ser atribuído a depósitos sólidos com cromo e óxidos de cobre arsênico presentes na estrutura do compósito. Já nas chapas produzidas com PEAD reciclado, as formulações onde foram utilizados resíduos tratados com CCA tiveram resultados superiores àquelas onde foram utilizados os resíduos de painéis particulados com UF. Na análise de inchamento e espessura, obteve-se melhores resultados para os painéis com resíduos de CCA e painéis com resíduos de painel colado com UF, independente do tipo de polímero utilizado, acreditando-se que a presença das substâncias presentes no resíduo contribuem para reduzir o inchamento em espessura do compósito. Através do ensaio de lixiviação por água, constatou-se que, devido às concentrações de arsênio, cobre e cromo que podem ser liberados no contato com a água, deve-se evitar a aplicação dos compósitos produzidos com resíduos de madeira tratados com CCA em produtos destinados ao uso exterior, onde terá contato direto com a água. O autor também observou através dos resultados do teste de exposição fúngica que o CCA e a uréia-formaldeído apresentam boa resistência aos agentes deterioradores.

Morales et al. (2008) analisou a viabilidade da utilização de resíduos de Pinus taeda tratado com CCA-C na fabricação de partículas empregando-se resina melamina-formaldeído, sem quantidade determinada. Foram produzidas chapas com a mesma espécie sem tratamento para efeito de comparação. Ambas as chapas classificaram-se com de alta densidade (1,0 g/cm³) e foram caracterizadas quanto suas propriedades de resistência à flexão (MOR), módulo de elasticidade (MOE) e tração perpendicular (TP). Os resultados apresentados para as chapas provenientes de resíduos tratados apresentaram-se inferiores às chapas de resíduos

55

não-tratados em todos os quesitos e ao estipulado pela norma brasileira NBR 14810-3 (2002) em relação ao MOR e MOE com valores de 9 MPa, 1796 MPa, respectivamente e 0,41MPa para TP, atendendo aos requisitos normativos neste última propriedade.

Em pesquisas abordando a produção de chapas madeira-cimento, Huang e Cooper (2000) utilizaram resíduos de madeira tratada proveniente de um poste da espécie Pinus resinosa Ait. com idade em serviço de 10 anos, onde foram retiradas partículas passantes em peneira com abertura de 12,5 mm para o miolo e passantes em aberturas de 6 mm para a superfície dos painéis, com razão largura comprimento de 1:1,5. Ambos os resíduos, tratados com CCA e não tratados passaram por um banho de 24 horas em água, para retirada dos extrativos e outras substâncias solúveis e secos até umidade de 15%. Utilizaram proporções de cimento: madeira de 1: 0,5 e formulações variando-se apenas as quantidades de água (40%, 50% e 60% em relação ao cimento). A formação dos painéis foi realizada em prensa hidráulica, com cura posterior de 28 dias. Os autores concluiram por meio do desempenho dos painéis que, a madeira tratada com CCA é mais compatível com o cimento Portland que madeira não-tratada, resultando em placas com maior resistência à flexão e rigidez, tração perpendicular (TP), Absorção de água (AA) e inchamento em espessura (IE). Além disso, a resistência das chapas foi superior em composições com maior quantidade de água e cimento. A lixiviação do cobre e arsênio diminuiram significadamente incorporados a matriz cimentícia, embora em relação ao cromo não tenha se obtido este efeito. Em ensaios de solo, os painéis compartículas sem tratamento apresentaram-se mais susceptíveis à deterioração, ao contrário das placas com madeira tratada.

Documentos relacionados