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3 O PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS COMO POLÍTICA PÚBLICA

3.5 AVALIAÇÃO DO PROGRAMA CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS

3.5.1 Estudos sobre a avaliação do Programa Ciência sem Fronteiras

Nesta seção serão apresentados trabalhos de pesquisadores individuais e também de órgãos do governo brasileiro que podem ser classificados, de acordo com Howlett et al. (2013), em avaliações administrativas (quando se tratam de avaliações por órgãos do governo), que estão ligadas à consecução de metas e objetivos esperados ou em pesquisas para avaliar os efeitos de uma política, sendo três critérios diferentes: análise dos impactos, eficácia e eficiência, de acordo com Knoepfel et al. (2007).

Além disso, soma-se à dificuldade de avaliação já comentada anteriormente, o fato de que os objetivos do programa CsF foram fluidos, no sentido de que eles se modificaram, ou seja, foram incrementados ou diminuídos ao longo da implementação do programa, conforme a necessidade. O que se pode caracterizar como o modelo incremental ou de ajustes marginais de Lindblom (1959), apresentado na seção 3.3. Como primeiro exemplo, ressalta-se que o compromisso do setor privado brasileiro com o financiamento de 26 mil bolsas não se cumpriu, segundo informações da Capes, que consta do relatório do Senado Federal sobre a avaliação do CsF (CCT, 2015), apenas pouco mais de 15 mil bolsas haviam sido financiadas pelo setor empresarial, sendo que para o atingimento da meta, esse saldo pendente, que o setor privado não cumpriu, foi assumido pelo setor público. Analisando a participação de cada Ministério na execução total do Programa, conforme ainda consta do relatório citado acima, verifica-se uma maior participação, em termos financeiros, do MEC. O total gasto com o programa desde 2012 até o valor apurado em 2015 foi de cerca de R$ 10,5 bilhões. Desse total das despesas, o Ministério da Educação contribuiu com aproximadamente 66% e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, 34%.

Assim, a princípio, o objetivo proposto pelo governo através do programa CsF parece arrojado e bem articulado com seu planejamento e estratégias, porém por ser uma política ainda recente é difícil verificar se a mesma, como um todo, atingiu seus objetivos, tendo em vista as limitações já apontadas ao longo desta seção e que podem levar anos para que pesquisas comecem a dar frutos e que seus resultados sejam divulgados. Contudo, percebem-se esforços no sentido de elaboração de trabalhos que buscam avaliar o Programa, como por exemplo, dissertações, teses, artigos científicos e relatórios do governo que abordam a avaliação do programa em pelo menos alguma dimensão.

Dos trabalhos de avaliação encontrados, existem aqueles que avaliaram o Programa através da perspectiva dos beneficiários trazendo suas percepções de impacto seja no âmbito acadêmico, profissional ou pessoal. Athayde (2017), por exemplo, revelou que a maioria, dos 20 beneficiários das bolsas estudados em seu trabalho, ficou muito satisfeita com a recepção na universidade de destino e que o subsídio financeiro foi tido como suficiente ou bastante suficiente por 100% dos beneficiários estudados. Em relação às dificuldades encontradas, a maioria indicou o fator linguístico como sendo o fator de maior dificuldade, além da adaptação ao novo método de ensino e pesquisa. Timóteo (2017) revelou que os alunos beneficiários do programa CsF da Universidade Federal de São Paulo apresentaram uma excelente expectativa em participar do programa e que para mais de 95% destes alunos estudados os resultados foram satisfatórios e concluiu-se que algumas ações deveriam ser providenciadas para o bom

desenvolvimento do processo de intercâmbio, como a redução da burocracia. Silva, Pimentel e Leite (2014) fizeram um estudo com o objetivo de identificar as dificuldades enfrentadas por alunos de graduação de uma universidade pública federal que participaram do Programa.

Ademais, os autores buscaram identificar como os sujeitos analisam os aspectos positivos e negativos do mesmo. O estudo apontou que focando-se nas experiências dos alunos que participaram do Programa pôde-se compreender os desafios da política brasileira diante da expansão da cooperação internacional brasileira. Um dos desafios mais contundentes identificados no estudo trata da deficiência com a língua estrangeira. Além disso, apontou-se a necessidade de serem realizados pesquisas sobre a execução do programa CsF e, sobretudo, para a sua avaliação, para assim, poder verificar se os seus objetivos pré-estabelecidos foram sendo atingidos, efetivamente, ao longo de sua implementação.

De acordo com Junior e Mattos (2017), em seu estudo feito com beneficiários do programa CsF na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, o intercâmbio propiciou desenvolvimento de independência, comunicação e pensamento crítico.

Além disso, os beneficiários destacaram a ampliação da experiência na graduação e a obtenção de novos conhecimentos. Os intercambistas perceberam diferenças no perfil dos pacientes e na atuação dos cirurgiões-dentistas do exterior. Concluíram que o Programa foi avaliado como positivo, porém, com deficiências na comunicação entre os bolsistas e as entidades responsáveis, exigindo melhor assistência e reconhecimento dos saberes trazidos pelos estudantes ao retornarem para o Brasil. Já outro estudo feito por Pithan, Nunes e Pires (2018), também com alunos de graduação do curso de Odontologia, porém da Universidade Federal de Santa Maria, revelou que os beneficiários perceberam mais impactos positivos na sua vida pessoal, ficando a formação profissional em segundo plano.

Ramos (2016) em sua pesquisa demonstrou que o programa CsF é importante para a formação acadêmica e profissional dos bolsistas, mas que alguns problemas, como falta de informações, acompanhamento do intercâmbio e convalidação de disciplinas cursadas foram detectados e seriam passíveis de solução para o melhor cumprimento dos seus objetivos. Do mesmo modo, Pereira (2015) apresentou que as opiniões dos ex-bolsistas do Programa, apresentadas em seu estudo, demonstram que o mesmo é extremamente importante para a formação profissional, uma vez que proporciona o contato com diferentes visões, culturas, línguas, ambientes, ensino e logística, que são capazes de oferecer experiências que não ocorreriam sem o intercâmbio internacional, mas que problemas existiram na sua implementação, porém passíveis de solução.

Já Luna e Sehnem (2018) fizeram um estudo dos egressos do programa CsF através da percepção dos seus professores, com a proposta de avaliar se as motivações que levam alunos a buscarem a mobilidade se materializam ao final desta experiência com base na pergunta de pesquisa: quais os contributos obtidos pelos egressos do CsF na percepção dos seus respectivos professores? A análise dos dados apontou que o período de mobilidade estudantil contribui para a obtenção de aportes acadêmico, sociocultural, linguístico, profissional e pessoal e que há uma relação direta entre a obtenção dos contributos e as habilidades de Competência Comunicativa Intercultural.

Westphal (2014) analisou o perfil dos egressos da primeira chamada do Programa com destino para os EUA, na modalidade graduação sanduíche. Os relatos dos ex-bolsistas não somente forneceram informações sobre os saberes da formação dos alunos egressos, como também levantaram dados sobre o desdobramento na inclusão profissional e desenvolvimento acadêmico dos ex-bolsistas. A partir do mapeamento dos estudantes egressos foi possível conhecer as perspectivas que se abriram com a experiência de estudar fora do Brasil, as dificuldades e obstáculos enfrentados, bem como as sugestões propostas, o que poderia inclusive, eventualmente, indicar mecanismos para a revisão e adequação dessa política pública.

Patuzzi et al. (2017) fizeram um trabalho de discutir aprendizagens de estudantes brasileiros de graduação, que fizeram intercâmbio pelo programa CsF, da área da saúde sobre saúde pública, baseando-se em um estudo descritivo, reflexivo apresentaram uma análise crítica sobre o fazer em saúde pública e o impacto da internacionalização para o ensino e a formação profissional. Concluíram que as aprendizagens sobre saúde pública em uma universidade canadense revelaram grande enfoque nos determinantes, permitindo a reflexão sobre os modelos de atenção à saúde brasileiros. Com esta experiência, puderam levantar discussões nos espaços de ensino, refletindo o compromisso social do Programa e sua importância para a formação profissional.

De maneira similar, Guskuma et al. (2016) relataram a experiência da mobilidade acadêmica internacional na Irlanda por meio do programa CsF durante a graduação de enfermagem, baseando-se em um estudo de relatos de experiências e de natureza descritiva, tiveram a oportunidade de conhecer e poder discutir as questões de saúde e de enfermagem na Irlanda, possibilitando a revisão de conceitos e um olhar mais reflexivo a respeito das práticas de enfermagem. Além disso, perceberam que o intercâmbio promoveu o fortalecimento pessoal em relação ao enfrentamento e solução de problemas, desenvolvimento de habilidades técnico-científicas, aperfeiçoamento das competências linguísticas e construção de personalidade,

independência e maturidade. Concluíram que, diante de uma experiência tão construtiva e enriquecedora, espera-se que o compartilhamento dessa vivência sirva de encorajamento para aqueles que buscam novos horizontes, com o objetivo de agregar conhecimentos para a vida pessoal e profissional.

Segundo Périco e Gonçalves (2018), que fizeram um trabalho com o objetivo de analisar o processo de readaptação do intercambista no retorno ao Brasil após um período de estudos em outro país através do programa CsF, identificando seus principais aspectos e impactos na vida do intercambista, percebeu-se que estes passam por uma mudança de identidade cultural, desprendendo-se de sua cultura de origem ao se adaptarem à de destino, fazendo com que o retorno ao Brasil se torne mais difícil. Tal estudo contou com uma metodologia descritiva com abordagem quantitativa a partir de uma pesquisa tipo survey, na qual foram coletados dados de 586 questionários respondidos por ex-intercambistas.

Como é possível perceber dos estudos apresentados acima, de forma geral, o impacto percebido pelos beneficiários é positivo, especialmente, a nível pessoal, mas também a nível acadêmico/profissional. De modo geral também, as sugestões de melhorias, quando presentes, passam por processo seletivo, escolhendo melhor os candidatos de acordo com a proficiência no idioma do país de destino, comunicação entre beneficiários e agências do governo (CAPES e CNPq), informações nos editais de chamada que muitas vezes eram imprecisas ou confusas, reconhecimento de disciplinas cursadas no exterior e acompanhamento do bolsista durante o intercâmbio (ATHAYDE, 2017; TIMOTEO, 2017; SILVA; PIMENTEL; LEITE, 2014;

JUNIOR; MATTOS, 2017; PITHAN; NUNES; PIRES, 2018; RAMOS, 2016; PEREIRA, 2015; LUNA; SEHNEM, 2018; WESTPHAL, 2014; PATUZZI et al. 2017; GUSKUMA et al.

2016; PÉRICO; GONÇALVES, 2018). De modo geral, a contribuição destes trabalhos foi evidenciar que, do ponto de vista dos beneficiários do programa, o benefício mais percebido pela maioria é o ganho pessoal. Ademais, os problemas apontados, concernem a fase de implementação do programa, o que já foi argumentado anteriormente e será discutido em vários outros pontos deste trabalho.

Dentre os outros trabalhos, que tratam de aspectos diversos do programa CsF, há uma dissertação que desenvolveu uma modelo de avaliação educacional, aplicado ao Programa, a partir do Paradigma Multidimensional, fazendo um diagnóstico multidimensional do mesmo.

Foram estabelecidos indicadores de eficácia, eficiência, efetividade e relevância. Ao se aplicar o modelo proposto, verificou-se que o Programa é pouco eficaz e eficiente, embora seja bastante relevante. Quanto à efetividade, o trabalho concluiu que não se pode medir devido à falta de dados (CRUZ, 2016).

Em um artigo publicado nos anais da Academia Brasileira de Ciências a Diretora de Relações Internacionais da CAPES, Concepta Mcmanus, e o ex-presidente da CAPES, Carlos Nobre, fizeram uma avaliação preliminar com o grupo da primeira leva de alunos que saíram em intercâmbio em 2012 (alunos selecionados quando os critérios eram mais rígidos). Para ilustrar este ponto, em uma reportagem da revista FAPESP, Marques (2017) traz um relato de um ex-bolsista que foi selecionado no primeiro edital em 2012 pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte:

Na primeira chamada, da qual eu participei, foram selecionados estudantes que cumpriram todos os requisitos exigidos na época, que incluíam ter feito iniciação científica, ter proficiência em uma língua estrangeira, não ter reprovação no histórico escolar e apresentar cartas de recomendação. E a meta desses bolsistas era aperfeiçoar a formação acadêmica e profissional. Mas, depois do segundo edital, a régua baixou um pouco para incluir um grupo maior de alunos e o interesse dos estudantes era ter uma vivência internacional e adquirir proficiência em um idioma - Relato de Guilherme Rosso, ex-bolsista do programa CsF (MARQUES, 2017, não paginado).

Mcmanus e Nobre (2017) defenderam que o programa CsF teve um impacto positivo na entrada em programas de pós-graduação, mostrando que dos alunos que participaram do intercâmbio através do programa do Governo Federal em 2012, mais de 20% seguiram para a pós-graduação contra menos de 5% daqueles que não participaram do intercâmbio. Os autores também defenderam que houve uma alta representatividade de famílias de baixa renda no Programa, mais de 50% dos alunos, segundo eles, eram provenientes de famílias com menos de 6 salários mínimos por mês.

Argumentaram ainda que qualquer novo programa de internacionalização deve ter planejamento anual e orçamento sustentável com negociações frequentes de taxas e mensalidades com as instituições parceiras no exterior e que deve envolver ativamente outras agências do governo e principalmente as universidades brasileiras na formulação e planejamento do programa para poder criar parcerias e redes duradouras entre as instituições brasileiras e estrangeiras. Fizeram também uma série de recomendações para um possível novo programa de internacionalização como: 1) dar mais bolsas para alunos de pós-graduação e pesquisadores em pós-doutorado, 2) mandar alunos de graduação em menor número para parceiras pré-estabelecidas de alta excelência com acordos bilaterais já firmados e com o envolvimento da universidade de origem para um melhor acompanhamento do desempenho do aluno durante o intercâmbio, 3) distribuir os alunos mais igualmente pelas universidades nos diversos países, 4) criar um fundo específico para o Programa (visto que uma das maiores críticas foi que o mesmo tirou verba do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico - FNDCT para pagar bolsa de mobilidade para alunos de graduação), 5) aumentar a atração de pesquisadores estrangeiros para o sistema acadêmico brasileiro, 6) acabar com o financiamento de curso de idioma fora do país, 7) incluir outras áreas do conhecimento não contempladas, 8) garantir o reconhecimento dos créditos realizados no exterior na volta do intercâmbio, 9) melhorar a participação do setor privado no financiamento das bolsas e 10) desenvolver mecanismos para consolidar os conhecimentos obtidos no exterior (MCMANUS;

NOBRE, 2017).

Retornando ao quarto ponto acima citado, referente às críticas ao financiamento do programa, Marques (2017) argumenta que o Programa acabou absorvendo parcela importante do orçamento federal aplicado em educação, ciência, tecnologia e inovação e traz relatos de vários especialistas envolvidos na área da ciência e tecnologia, como é o caso da Diretora de Relações internacionais da CAPES, Concepta Mcmanus, que relatou que no “momento em que havia mais bolsistas no exterior coincidiu com uma alta do dólar, que chegou a R$ 4,00. Foi preciso encontrar recursos para não deixar de pagar as despesas com os estudantes”. Então, a partir de 2013, o Programa passou a ser abastecido, além de recursos do MEC, do MCTIC, da Capes e do CNPq, com dinheiro do FNDCT. Conforme afirmação do presidente da Academia Brasileira de Ciências – ABC, Luiz Davidovich, “houve desvio de finalidade, pois o FNDCT não tem entre suas missões financiar a formação de alunos de graduação”. Além disso, acrescentou, Hernan Chaimovich, presidente do CNPq entre 2015 e 2016, “o Ciência sem Fronteiras canalizou para formação de estudantes recursos que fizeram muita falta ao sistema de ciência e tecnologia” (MARQUES, 2017, não paginado).

Manços e Coelho (2017) fizeram um estudo sobre o programa CsF com uma proposta de dar subsídios para sua avaliação. Eles argumentam que apesar de não se poder avaliar ainda em termos mais profundos e significativos os seus impactos devido ser muito recente, é possível dizer que há indícios que apontam que o mesmo foi capaz de estimular a colaboração internacional entre pesquisadores e que aumentou a visibilidade internacional da educação superior brasileira e finalizam dizendo que governo federal deveria envidar esforços para manter uma política pública de mobilidade acadêmica internacional como CsF, mesmo que em dimensões menores e de maneira reformulada, ao invés da tomada de decisão simplista de extinção e/ou congelamento parcial ou total do Programa sem o amparo (ou confronto) de evidências dos seus resultados.

Este trabalho ilustra bem a ideia defendida por Meny e Thoenig (1992), sobre o encerramento de uma política não ser um feito natural, mas sim um fenômeno político significativo. A política não termina porque o problema foi resolvido, o término é

essencialmente político; é o enfrentamento entre valores e interesses. Por isso o apelo de Manços e Coelho, quando defenderam o confronto de evidências sobre os resultados do Programa, ao invés da simples decisão de sua extinção ou congelamento.

Em uma dissertação defendida recentemente na UFPR, com o objetivo de analisar as formas de compartilhamento de conhecimento entre os pesquisadores Jovens Talentos estrangeiros, participantes do programa CsF e os pesquisadores vinculados às instituições de ensino e pesquisa localizados no Brasil, mostrou-se que o compartilhamento entre estes pesquisadores se dá principalmente por meio do diálogo em reuniões, seminários e elaboração de artigos. Em relação aos objetivos do Programa foi possível verificar que, na percepção dos respondentes, estes estão sendo considerados em seus projetos, atraindo pesquisadores da América, Europa, Ásia e Oceania (ALMEIDA, 2017).

De modo parecido, Queiroz, Silva e Almeida (2017) fizeram um estudo com o objetivo de identificar os fatores que influenciam o compartilhamento do conhecimento entre os Pesquisadores Visitantes Especiais e os pesquisadores vinculados às Instituições de Ensino e Pesquisa localizadas no país. A análise foi feita por meio da estatística descritiva e análise fatorial exploratória e confirmatória. Concluíram que cinco fatores que influenciam o compartilhamento do conhecimento: Organização Receptora, Redes e Recompensas, Características do Transmissor, Gestão e Tecnologia.

Saenger e Teixeira (2018) apresentam uma análise da modalidade de bolsa de Pesquisador Visitante Especial, que é um programa de atração de cientistas e de fomento à pós-graduação inserido dentro do programa CsF. Os dados apresentados pelos autores indicam que houve concentração de projetos na região Sudeste do Brasil e que quase metade dos projetos foram realizados por apenas dez instituições. Assim mesmo, concluem que apesar das contradições no âmbito do Programa, é importante reconhecer que a modalidade Pesquisador Visitante Especial contribuiu para a internacionalização da ciência no país.

Já a dissertação defendida por Grieco (2015) na Universidade de Toronto, analisa os potenciais benefícios desta política de bolsas de estudos do Governo Federal. Ela ressaltou o fato de o foco da política ser na graduação, diferentemente de outras iniciativas de bolsas de estudos, ressaltou igualmente o fato de o Brasil ter recebido elogios pela iniciativa, mas também críticas pela falta de planejamento, que poderia prejudicar a habilidade do programa em entregar os resultados esperados. Além disso, a autora fez uma análise qualitativa de entrevistas realizadas com bolsistas do Programa que estudavam na Universidade de Toronto na época e evidenciou que embora tenha identificado vários benefícios para os estudantes, a pesquisa também encontrou problemas estruturais que impediram que todos os participantes se

beneficiassem da mesma forma, demonstrando a importância do planejamento colaborativo e da implementação de programas de bolsas de estudos no exterior.

Granja (2018) fez um trabalho avaliativo no âmbito da UNICAMP, considerando a implementação do programa CsF na universidade e analisando quais foram os impactos para graduação, pesquisa e internacionalização a nível institucional. A autora chegou à conclusão que o referido programa apresentou fragilidade em diversas fases, e embora se verifiquem efeitos positivos para a instituição, eles foram modestos e limitados, e foram acompanhados de uma série de limitações e dificuldades administrativas.

Em um trabalho realizado na Universidade Federal Rural da Amazônia, Pontes e Sousa (2017), partindo da hipótese de que o programa CsF não atingiu a meta de produzir conhecimento inovador naquela universidade, fez-se uma análise quantitativa inicial de dados obtidos dos Currículos Lattes dos alunos que participaram do Programa na UFRA e os resultados obtidos indicaram que os ex-bolsistas apresentaram pouca produção, portanto, os autores defenderam que é um indicativo de que o mesmo não cumpriu a proposta de promover consolidação de C,T&I na modalidade graduação sanduíche.

No trabalho realizado por Thiengo e Mari (2014), os autores fizeram uma análise do discurso promovido pelo programa CsF, sob a ótica Marxista, através de um método chamado Análise de Discurso Crítica (ADC) desenvolvida por Fairclough (2003)17, que permite estabelecer conexões entre a linguagem, seu contexto e a funcionalidade do discurso no que diz

No trabalho realizado por Thiengo e Mari (2014), os autores fizeram uma análise do discurso promovido pelo programa CsF, sob a ótica Marxista, através de um método chamado Análise de Discurso Crítica (ADC) desenvolvida por Fairclough (2003)17, que permite estabelecer conexões entre a linguagem, seu contexto e a funcionalidade do discurso no que diz