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Capítulo III – Caracterização do Evento

3.4. Estudos sobre o Evento

Segundo Melo (2004), “A Viagem Medieval configura-se como um evento identitário de Santa Maria da Feira, uma espécie de imagem de marca conseguida através da qualidade da recriação histórica de espaços e episódios medievais, e que vem conseguindo, ao longo dos últimos anos, adquirir uma dimensão inigualável.” (…) Segundo a autora, este evento reveste-se de grande importância pelo impacto que já tem junto das populações locais e pela capacidade de transportar a cidade e o concelho para fora das muralhas, uma vez que atrai uma enorme quantidade de turistas a Santa Maria da Feira. O tecido comercial envolve-se efectivamente no espaço da realização e aumenta a sua participação e intervenção, na medida em que se verificam taxas de adesão muito fortes, contribuindo por isso para a dinamização da economia local. A Viagem Medieval tem sido também fulcral para o desenvolvimento do turismo local. Para além de atrair muitos turistas a Santa Maria da Feira, e em função disso, começar a ter força de cartaz turístico usado pela Câmara Municipal, este evento constitui-se como

imagem de marca do potencial turístico do próprio território, na medida em que se encontra representado nos principais certames do turismo nacional. Por outro lado, pelo facto de se utilizar o espaço público feirense, em especial a zona do centro histórico, fez com que se recuperassem espaços que se encontravam abandonados e degradados, revitalizando dessa forma uma área esquecida. Existe ainda um outro factor ao qual se deve atender quando se pensa nas possibilidades que um evento desta natureza e com esta dimensão tem que é o facto de conseguir agregar e conjugar um leque de parceiros num projecto comum para o concelho, o que é revelador da dimensão do próprio projecto. Para Melo (2004, p.6),

“No caso de Santa Maria da Feira torna-se importante compreender como é que dois eventos de tão forte pendor espectacular podem contribuir para a definição e projecção da sua política cultural. Os discursos relativos a estes dois eventos, especialmente por parte dos interlocutores políticos reflectem o objectivo de tornar o acesso aos bens culturais um processo cada vez mais democrático, no sentido em que a cultura deve chegar a todos. Não se pretende argumentar que as artes de rua funcionem como pilares de construção de uma política cultural, mas sim que assumem um papel fundamental na divulgação de uma ideia, de um princípio político e de um território.”

A CISION Portugal, SA, solicitada pela Câmara de SMF, realizou em 2008 um estudo sobre toda a informação veiculada entre Janeiro e Agosto de 2008, com referencia à Viagem Medieval em Terras de Santa Maria, tendo como objectivo identificar a notoriedade do evento através da sua exposição editorial nos media, assim como os seus valores e os seus eixos de negatividade e positividade.

Do resumo executivo, facultado pela entidade organizadora do evento, obtiveram-se os seguintes dados: “foram consideradas para esta análise 284 notícias, representaram um espaço editorial ocupado equivalente a 335.976€.” Relativamente à favoralidade, “a Viagem Medieval registou uma favoralidade positiva de +0,44 valores. A maioria da informação analisada revelou-se favorável para a organização.” Caracterizada por 61% das noticias positivas, 38% de noticias equilibradas e apenas 2% e noticias negativas, sendo que “ a informação equilibrada decorre de pequenas referencias em espaços de agenda. A informação negativa diz respeito a uma carta de um leitor sobre a não inclusão do Fiães Sport Club da participação na Viagem Medieval, tecendo criticas à

argumentação utilizada (…) e a um artigo de opinião sobre a exploração de mão-de- obra durante o evento.”

3.5. Conclusão

O património edificado e as tradições culturais são a evidencia das raízes histórico- culturais de Santa Maria da Feira e que devido ao seu posicionamento estratégico entre os dois pólos políticos e comerciais – Porto e Coimbra, expandiu a sua economia baseada no sector terciário.

Não obstante a modernidade e o progresso, a população sempre demonstrou interesse activo nas questões relacionadas com o espaço público e pelas actividades sociais.

As atracções turísticas, caracterizam-se pela predominância de eventos ou actividades culturais em torno dos equipamentos históricos e naturais do Concelho, sendo os seus públicos predominantemente de nacionalidade portuguesa.

O evento decorre, normalmente, na primeira quinzena de Agosto, dando a conhecer alguns factores relevantes do contexto histórico nacional e local, reavivando um passado. Sendo também recriados momentos de lazer e de festa vividas num burgo da feira e em redor do seu Castelo, monumento que foi, e ainda é, um símbolo da unidade territorial.

Progressivamente, os grandes espaços temáticos foram evoluindo no sentido de melhor se adaptarem às necessidades e interesses de um público que cada vez mais se identifica com este evento, e que aflui também cada vez mais em maior quantidade. A animação é feita por elementos das associações da região, grupos de teatro portugueses, e de outras nacionalidades, grupos formais e informais de actividades circenses, grupos de música tradicional mirandesa, celta e portuguesa.

Actualmente, a produção executiva cabe à Feira Viva – Empresa Municipal, em parceria com a Sociedade de Turismo de Santa Maria da Feira, paralelamente, tem desenvolvido iniciativas de promoção do envolvimento da população, realização de actividades e eventos ao longo do ano, por forma a colmatar os períodos de inactividade turística. Por

outro lado, atenta às preocupações sociais e no intento de oferecer garantias de segurança a todas as idades promove e implementa o projecto “Criança segura”.

Nos estudos apresentados está subjacente impactos que o evento gera na localidade. O primeiro apresenta alguns dos benefícios gerados pelos impactos socioculturais do evento. O segundo refere-se ao impacto económico do mesmo, em termos de notoriedade do evento nos meios de comunicação.

Tendo em conta a importância dos efeitos da actividade turística nas localidades, o próximo capítulo é dedicado à identificação desses impactos da Viagem Medieval face à sua sustentabilidade económica, social, cultural e ambiental de SMF.

Ao constituir uma forma singular de valorização patrimonial e histórica do concelho, a Viagem Medieval em Terra de Santa Maria tem vindo a afirmar-se como produto turístico de excepção, atraindo milhares de visitantes a Santa Maria da Feira.

Apesar da curta duração do evento, o processo de organização e produção da Viagem induz impactes a vários níveis e potências dinâmicas, parcerias e relações entre diversos grupos de interesse.

A avaliação desses impactes resultou da aplicação de dois tipos de inquéritos, um para a população em geral e outro para as entidades locais, elaborados a partir dos princípios conceptuais e linhas de orientação teórica apresentadas no ponto 1.3., com escalas de 1 a 7 para a respectiva quantificação, cujos resultados são apresentados e discutidos no próximo capitulo.

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