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3.5 Etapas da Metodologia Utilizada

3.5.4 Etapa 4: Apresentação e tratamento de dados

Para responder às questões de pesquisa, a carga de trabalho foi a categoria escolhida para verificar a situação do indivíduo que se sobrecarrega, sofre e adoece, ao mesmo tempo em que trabalha. A fim de buscar elementos que colaborassem para investigar como se dá a lida com o imprevisível e a diversidade ou com a variabilidade de informações, procedimentos e instrumentos, elegeram-se a AET e o questionário de categorias de análise como estratégias metodológicas.

A realização da AET e a aplicação do questionário de categorias de análise serviram para mostrar quais são as estratégias operatórias adotadas pelos operadores como forma de

mediação entre o trabalho prescrito e o trabalho real e as conseqüências indesejadas da relação do ser humano (controlador) com a situação de trabalho: desgaste do operador ou danos a sua saúde, principalmente, mental. Nesse sentido, Monteiro (2004, p. 65) diz que o trabalhador:

[...] utilizará estratégias para executar o que lhe é prescrito. A AET, através da análise da atividade, busca analisar estas estratégias usadas pelo operador para administrar a distância entre o prescrito e o real, ou seja, entre o que se deve ou se quer fazer e o que realmente se faz. Neste espaço é que se dará o olhar sobre o trabalhador.

Os dados coletados durante a pesquisa de campo foram apresentados de modo descritivo, e buscou-se relacioná-los com a literatura revisada sobre o assunto. Nas transcrições de verbalizações, os controladores foram identificados por números (de 1 ao 35) e os supervisores, por letras do alfabeto, com o intuito de manter o sigilo quanto à identificação dos entrevistados. Entretanto, os operadores entrevistados que não responderam ao questionário de categorias de análises não foram codificados por números.

Utilizou-se análise estatística nas respostas dadas pelos operadores ao questionário aplicado e o Teste de Proporções Qui-quadrado, com o objetivo de verificar a existência de diferença ou não nas proporções de respostas para os itens avaliados (VIEIRA e HOFFMANN, 1988).

Ocorrem freqüentemente casos de pesquisa em que o cientista está interessado no número de indivíduos, objetos ou respostas que se enquadram em várias categorias. A prova do χ2 é a prova adequada para analisar dados em situações como essas. O número de categorias pode ser dois ou mais. A técnica usada é do tipo prova de aderência, no sentido de que pode ser empregada para comprovar se existe diferença significativa entre o número observado de indivíduos ou de respostas, em determinada categoria, e o respectivo número esperado, baseado na hipótese de nulidade (VIEIRA e HOFFMANN, 1988).

Hipóteses: H0: Não há diferença entre as proporções testadas

H1: Há diferença entre as proporções testadas

Conclusões: Se o valor-p for inferior a 0.05 (5%) rejeita-se a hipótese de que não existe diferença entre as respostas das variáveis testadas.

Para este trabalho, compararam-se as respostas, agrupando-as em: Positivo = Totalmente confortável + Confortável e em Negativo = Totalmente Desconfortável + Desconfortável.

A condução do processo de análise em ergonomia é uma construção que, partindo da demanda, elabora-se e toma forma no desenrolar da ação (FERREIRA, 2002). Segundo Guérin et al. (2001, p. 87):

[...] são inúmeras as idas e vindas entre as diferentes fases: novos elementos da demanda vão aparecer no decorrer da ação; na análise de uma dada situação de trabalho pode-se descobrir que é indispensável estudar uma outra, situada a montante ou a jusante; as observações sistemáticas levarão eventualmente a um ajuste do pré-diagnóstico e, portanto, a realizar observações de um tipo diferente.

Em todas as fases da pesquisa, foram necessárias diversas idas e vindas, pois, durante o longo período demandado no campo, grande quantidade de material foi coletada. Na busca por descrever como o controlador modifica procedimentos, elabora soluções, faz projeções, avalia alternativas, como executa seu trabalho individualmente e coletivamente, houve preocupação com apresentar os resultados de forma organizada e clara, de forma a contribuir para o processo de entendimento do objeto de estudo.

Na análise de dados, do questionário aplicado, maior ênfase foi destinada aos fatores de sobrecarga. Os fatores de subcarga serviram para confirmar o que se entendeu como subcarga e como parâmetro de comparação nas percentagens individuais com os fatores de sobrecarga. Dessa forma, as tabelas 5, 6 e 9 reproduzem os dados da Tabela 1 (resultados da subcarga) e da Tabela 2 (resultados da sobrecarga), a fim de facilitar o entendimento dos resultados percentuais e a comparação entre os dois grupos (sub e sobrecarga). A categoria de análises foi uma estratégia utilizada, que, somando-se às outras técnicas descritas, permitiu verificar como se dá a gestão da variabilidade e imprevisibilidade do controlador de tráfego aéreo.

Os fatores classificados como técnicos, após sua descrição, foram revisados por um controlador de tráfego aéreo experiente, na reserva (aposentado) há um ano, o qual se considerou expert. Essa estratégia visou a evitar informações técnicas distorcidas.

Selecionaram-se, também, no decorrer da pesquisa de campo, os sujeitos que posteriormente se tornaram informadores chave, pois prestaram ajuda no sentido de preencher lacunas na fase de descrições. Os sujeitos selecionados foram controladores, supervisores e instrutores.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na apresentação dos resultados e da discussão, adota-se a estratégia de mostrar os resultados encontrados contrapondo-os com o que foi encontrado na literatura, por autores que já trabalharam a temática abordada. São apresentados os dados de forma discursiva, que mostra todas as estratégias que caracterizam a gestão da variabilidade e imprevisibilidade dos controladores. Os primeiros resultados apresentados neste capítulo são relativos ao trabalho coletivo no controle de tráfego aéreo e sobre o planejamento para o trabalho e o conhecimento adquirido com a experiência.

A seguir apresentam-se as categorias de análise, que englobam fatores de subcarga e de sobrecarga, e maior ênfase é destinada aos fatores técnicos, organizacionais e humanos de sobrecarga.

Ao final do capítulo apresentam-se dados e discute-se o sofrimento psíquico e o desgaste do controlador de tráfego aéreo.

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