• Nenhum resultado encontrado

3 A IMPLANTAÇÃO DE PROJETOS DE MECANISMO DE

3.2 A metodologia da produção mais limpa – P+L

3.2.3 Etapa 3: Avaliação

Nesta etapa é elaborado o balanço material e são estabelecidos indicadores, são identificadas as causas da geração de resíduos e é feita a identificação das opções de produção mais limpa.

d) Passo 8: Originar um balanço material (analise quantitativa de entradas e saídas e estabelecimento de indicadores)

Considerar o uso de matérias-primas, insumos, água e energia que entram no processo e que são liberados pelo mesmo. Um balanço material permite a identificação e a quantificação das perdas ou emissões anteriormente desconhecidas. O fluxograma de processo forma a base para o cálculo do balanço de material. O balanço de material traz a compreensão sobre a fonte e a causa de resíduos e emissões, a qual é necessária para a geração das oportunidades de P+L.

O balanço de material não é apenas usado para identificar as entradas e saídas, mas também os custos associados com essas entradas e saídas. A percepção desses custos pode convencer a gerência a concordar com a rápida implementação de oportunidades de produção mais limpa (SENAI–RS (1), 2003).

e) Passo 9: Conduzir uma avaliação das causas

Este passo serve para realçar as fontes e as causas dos resíduos e emissões e as perdas de energia e água. O balanço de material deve propiciar a compreensão de onde, por que e quantos resíduos e emissões são gerados e quanto de energia e água é perdido. Esta compreensão serve como foco para a identificação das oportunidades de P+L. Algumas causas podem estar relacionadas com alguns fatores, como pode ser observado na figura 11 abaixo.

Figura 11 - Cinco características de um processo Fonte: SENAI–RS (1) (2003)

• Causas relacionadas à matéria-prima: uso de matérias-primas de menos custo, abaixo do padrão de qualidade; falta de especificação de qualidade; deficiências no suprimento, armazenagem inadequada e sistema inadequado de gerencia de compras.

• Causas relacionadas à tecnologia:

- Operacional e manutenção: consumo de água e de ar não conferido; acionamento desnecessário do equipamento; carregamento inadequado; falta de manutenção preventiva; manutenção não muito favorável das condições do processo; vazamento em torneiras/válvulas/roscas; derramamentos na transferência de correias e canos; transbordamento de tanques.

- Processo/Design do equipamento: capacidade do equipamento mal dimensionada; seleção de material não muito favorável; design propenso à manutenção; adoção de passos evitáveis no processo; falta de informações/ capacidade de design.

- Layout: expansão não planejada /não arranjada; plano precário de utilização do espaço; plano ruim de movimentação do material. - Tecnologia: continuação da mesma tecnologia apesar da mudança

do produto/matéria-prima; alto custo de melhor tecnologia; pequeno tamanho da planta; falta de informações.

• Causas relacionadas a práticas operacionais:

- Pessoal: falta de disponibilidade de recursos humanos qualificados; operação ritualística; falta de um sistema de treinamento formalizado; falta de instalações para treinamento; insegurança no trabalho; medo de perder segredos comerciais; número de pessoas inferior ao necessário e, por esta razão, trabalho sob pressão; dependência crescente de trabalho casual/por contrato.

- Desmotivação dos empregados: falta de reconhecimento; ausência de um sistema de recompensa/punição; ênfase somente na produção, não nas pessoas; falta de comprometimento e atenção da alta direção.

• Causas relacionadas aos produtos: proporção ineficiente entre produtos e subprodutos; especificações de qualidade excessivamente altas; design do produto impraticável; embalagem; produto composto de materiais perigosos.

• Causas relacionadas aos resíduos: não há separação de resíduos; desconsideração pelo potencial de reuso de determinados resíduos; não há recuperação de energia nos produtos e nos resíduos e emissões; manuseio inadequado.

f) Passo 10: Gerar oportunidades de P+L

Gerar um conjunto abrangente de oportunidades de produção mais limpa. Uma vez conhecidas as fontes e as causas dos resíduos e emissões, a P+L entra na fase criativa. Com base no fluxograma do processo e o balanço de material, será escolhida a unidade de operação, material, resíduos e emissões a ser submetida mais urgentemente a mudanças de P+L.

Para a geração de oportunidades de produção mais limpa, muitas vezes é útil dividir o processo em suas principais características, como mostra a Figura 12, abaixo.

Figura 12 - Elementos do processo para oportunidades de produção mais limpa Fonte: SENAI–RS (1) (2003).

Neste momento, as oportunidades podem ser direcionadas para:

• Mudança em matérias-primas: as mudanças em matérias-primas realizam produção mais limpa pela redução ou eliminação dos materiais perigosos que entram no processo de produção. Também podem ser feitas mudanças nos materiais de entrada para evitar a geração de resíduos perigosos no processo de produção. As mudanças do material de entrada incluem: purificação do material, substituição do material e outros.

• Mudança tecnológica: modificações do processo e/ou do equipamento, podendo variar desde mudanças menores até substituição de processos que envolvem grandes custos. Estas podem incluir: mudanças no processo de produção, modificação do equipamento, layout ou tubulação, uso de automação, alteração nas condições do processo, tais como taxas de fluxo, temperaturas, pressões, etc.

• Boas práticas operacionais (housekeeping ou soluções caseiras): implicam em medidas de procedimentos, administrativos ou operacionais, que reduzem resíduos e emissões, normalmente implementadas a um pequeno custo e que não exigem mudanças tecnológicas significativas. Estas podem incluir práticas de gerenciamento e de pessoal, melhoria no manuseio de material, treinamento de empregados, prevenção de perdas, separação de resíduos, práticas de contabilização de custos, programação da produção, mudança na dosagem e na concentração de produtos, maximização da utilização da capacidade do processo produtivo, etc.

• Mudanças no produto: as mudanças no produto são realizadas pelo fabricante de um produto com a intenção de reduzir os resíduos e emissões decorrentes do uso do mesmo. É uma abordagem complexa, geralmente de difícil implementação, pois envolve a aceitação pelos consumidores de um produto novo ou renovado. Geralmente é adotada após terem sido esgotadas as opções mais simples. Podem incluir mudanças nos padrões de qualidade, na composição do produto, na durabilidade e até mesmo substituição de um produto. As mudanças no produto podem levar a mudanças no design ou na composição. O novo produto pode, assim ser construído para ser menos prejudicial ao meio ambiente durante todo o seu ciclo de vida: desde a extração da matéria- prima até a disposição final.

• Reuso e reciclagem: envolvem o retorno de um material residual ou para o processo que o originou, como um substituto para um material de entrada, ou como material de entrada para outro processo.

g) Passo 11: Selecionar oportunidades

Após ter sido gerado um número de oportunidades, elas devem ser selecionadas e priorizadas de acordo com um senso comum, analisando-se as questões econômicas, técnicas e ambientais, a fim de serem submetidas ao estudo de viabilidade. Esta priorização deve ter como foco a disponibilidade, a praticabilidade, o efeito ambiental gerado e a viabilidade econômica das oportunidades.