• Nenhum resultado encontrado

Nesse capítulo apresento os dados relativos às audiências dos JECrim que acompanhei. Começo mostrando como é, no geral, a passagem do “termo circunstanciado” pelo JECrim. Depois mostro meu contato com os profissionais da Secretaria Especial para a Prevenção à Dependência Química (SEPDQ) e uma crítica ao trabalho desses profissionais, feita por uma funcionária da Subsecretária de Prevenção e Repressão ao Uso Indevido de Drogas do Estado do Rio de Janeiro (SAPRID/RJ). Logo após, as minhas observações acerca de uma sessão dos Alcoólicos Anônimos (A.A.), realizada num dos JECrim. A seguir, apresento meus dados de pesquisa da audiência Preliminar e, finalmente, da audiência de Instrução e Julgamento.

A Passagem do Termo Circunstanciado pelo JECrim.

Para saber como funcionava a passagem do expediente relacionado ao crime de uso de drogas pelo JECrim, eu pedi para que uma escrivã de um dos cartórios dos JECrim, em que assisti algumas audiências, que me explicasse todos os procedimentos realizados, desde a chegada do “termo circunstanciado” até o encaminhamento para o Programa Justiça Terapêutica da VEP43.

No entanto, é preciso lembrar que cada JECrim é uma “unidade jurisdicional autônoma presidida por um juiz de direito”44. Por conta dessa autonomia de cada JECrim, foi criada uma Comissão Estadual dos Juizados Especiais (COJE) com a finalidade de uniformizar o atendimento dos JECrim.

Contudo, apesar das determinações dessa comissão, e de encontros de juízes e promotores dos JECrim, cada juizado possui idiossincrasias que faz com que o atendimento à população não seja homogêneo. Por exemplo: com relação às multas propostas nos acordos de transação penal, a mais alta que ouvi foi de R$ 300,00 e a menor de R$ 90,00.

O significado dessa variação é, já que a delegacia responsável e o juízo competente estão relacionados com o local do flagrante, que dependendo do lugar em que foi praticado o crime, o tipo de medida alternativa proposta muda. Ou seja, são aplicadas “penas” distintas ao mesmo delito.

43 Diferentemente do que ocorreu com as informações da VEP, eu não gravei essa entrevista.

44 Lei estadual 2556/96, artigo 5°: Os Juizados Cíveis e Criminais são unidades jurisdicional autônoma

presidida por um juiz de direito e servidas por cartório judiciais oficializados com servidores próprios, e terão a competência prevista no Capítulo II, seção I e capítulo III, Lei n° 9.099/95.

Além dessas idiossincrasias de cada juizado, há determinações do próprio Tribunal de Justiça que são ignoradas, por exemplo, o convênio com a Secretaria Especial de Prevenção à Dependência Química (SEPDQ) da Prefeitura do Rio de Janeiro. A atuação da SEPDQ será mais detalhada adiante, o que interessa aqui é a informação de que apenas um JECrim dos quatro que existem no Tribunal de Justiça coloca em prática o convênio.

Porém, já que a minha intenção não é examinar detalhadamente cada juizado, mas fornecer uma visão geral sobre o funcionamento do JECrim, pode-se dizer que, em linhas gerais, o fluxo comporta as seguintes etapas que passo agora a descrever:

Os procedimentos no cartório do JECrim.

No cartório, o “termo circunstanciado” é autuado. Como disse a escrivã, “isto significa simplesmente colocá-lo numa capa com uma etiqueta”.

Na etiqueta de cada capa consta o nome do “autor do fato”, a tipificação do crime, o número do JECrim, o novo número de tombamento fornecido pelo cartório e o antigo número desse expediente na delegacia de origem.

A capa divide os termos pelo tipo de ação penal: capa de cor palha para os crimes de ação pública incondicionada; capa de cor branca para as precatórias e medida cautelar e capa azul para os crimes de ação penal privada, conhecida como queixa- crime. Nos casos de crime por uso de drogas, além dessa separação pelo tipo de ação penal, é feita uma outra que não implica em novas capas, entre os indivíduos que têm o direito ao benefício da transação penal e os que não têm. Os primeiros são encaminhados para a audiência Preliminar e os segundos para a de Instrução e Julgamento.

As audiências e os encaminhamentos.

Como já foi visto, em geral, as propostas de transação penal são feitas na audiência Preliminar. Se aceita, o juiz homologa o acordo da transação e quando cumprido, é extinta a punibilidade. Mas se não for aceita a transação penal, ou se o indivíduo descumprir o acordo estabelecido, ou se faltar à audiência Preliminar, ou ainda se cometer outro delito num prazo de cinco anos (art. 76 e 89), é marcada uma audiência de Instrução e Julgamento. Nessa audiência é ainda possível que a proposta de transação penal seja reiterada, em alguns casos. Mas, de qualquer jeito, o indivíduo ainda tem o direito ao benefício da suspensão condicional do processo.

Os acordos da transação penal e da suspensão condicional do processo podem ser: multa (só para o caso de transação penal), prestação de serviço à comunidade e o Programa Justiça Terapêutica. A execução da multa é responsabilidade do próprio JECrim. O indivíduo entrega o recibo do pagamento do valor acordado, geralmente de R$ 180,00, no cartório do juizado e ponto final. A escrivã me explicou que cada JECrim tem convênio com as instituições beneficiadas, isto é, que recebem o valor das multas aplicadas. A instituição tem que procurar um JECrim e se cadastrar. Mas é o JECrim que escolhe as instituições beneficiadas.

Mas a execução da prestação de serviço à comunidade e o Programa Justiça Terapêutica são de responsabilidade da VEP. Nesses casos, o cartório do JECrim envia uma Guia de Medida Alternativa (GMA) para VEP. Porém, é o juízo de origem o responsável pelo processo judicial.

Esse ponto é importante porque a principal reclamação dos operadores do direito do JECrim com relação ao encaminhamento para a VEP, e consequentemente para o Programa Justiça Terapêutica, é a impossibilidade da fiscalização. Uma promotora e uma defensora com que conversei justificaram o amplo uso da pena de multa porque o JECrim tinha mais condições de fiscalizar essa aplicação do que a prestação de serviço à comunidade e o Programa Justiça Terapêutica.

Equipe Interdisciplinar ou de Acolhimento e o SAPRID/RJ.

No caso de uso e porte de drogas, há uma resolução (número 01/2005) da Comissão Estadual de Juizados Especiais (COJE), que assim determina:

“§ 1º - Não havendo possibilidade de acordo civil e tratando-se de infração penal de menor potencial ofensivo que envolva uso de drogas ilícitas ou abuso de drogas lícitas ou que envolva questões de gênero, será proposto aos envolvidos o atendimento por equipe interdisciplinar ou de acolhimento, na mesma data, se possível, ou em data a ser designada, para continuação da audiência preliminar, do qual sairão todos intimados.” (artigo 2 da resolução n° 01/2005).

A equipe interdisciplinar é composta por psicólogos e assistentes sociais da Secretaria Municipal de Assistência Social e da Secretaria Especial de Prevenção à Dependência Química (SEPDQ). A equipe de acolhimento é a do Escritório de Serviços Gerais dos Alcoólicos Anônimos.

No entanto, essa resolução é seguida apenas por um dos quatro JECrim do Tribunal de Justiça45. O JECrim da escrivã entrevistada segue essa resolução. Ela falou que cada “termo circunstanciado” é examinado e quando há uma informação que indique que um comprometimento mais sério com relação ao uso de drogas, geralmente quando o próprio “autor do fato” diz ter problemas com as drogas, declarando-se um viciado, o cartório expede ofício designando data para o comparecimento das partes no JECrim para o atendimento pela equipe interdisciplinar da SEPDQ. Depois do atendimento, a equipe devolve os autos no cartório que marca a audiência. Nos outros casos, os envolvidos assistem a uma palestra do A.A. antes da audiência.

A promotora desse JECrim falou sobre esse encaminhamento:

Promotora: Aqui [no JECrim da promotora] se a pessoa se diz viciado, a gente encaminha para uma reunião que tem aqui, com psicólogo e assistente social uma vez por mês. Nessa reunião, eles [os psicólogos e assistentes sociais da SEPDQ] encaminham o autor do fato para o Conselho Estadual Antidrogas [CEAD] ou algum tratamento.

Eu: Qual a diferença entre o encaminhamento para o Programa Justiça Terapêutica e para a SEPDQ?

Promotora: A Justiça Terapêutica é executada pela VEP. Essa [a SEPDQ]...tem o Conselho Estadual Antidrogas, você encaminha para lá direto. Então, a gente faz o controle por aqui, se ele está comparecendo às reuniões, a gente manda para as reuniões de Narcóticos Anônimos. Então, é uma Justiça Terapêutica funcionando dentro dos juizados porque a gente consegue ter um controle mais efetivo. E não é a culpa da VEP, porque a VEP tem muito processo. Igual o que acontece em delegacias. A gente tem que ficar fiscalizando porque na delegacia, entre um procedimento de roubo e um de ameaça, se eles tiverem que optar, eles vão optar pelo mais grave”.

45 De fato, essa própria resolução, em um de seus artigos, deixa que os próprios juizados decidam:

Art. 5º - Se não desejar a instalação de equipe interdisciplinar ou de acolhimento no Juizado de que é titular, o Juiz deverá, motivadamente, comunicar o fato por ofício à Comissão Estadual dos Juizados Especiais (número 01/2005 da COJE).

Para ter mais informações a respeito, pedi autorização para a escrivã para conversar com os psicólogos que faziam esse atendimento e assistir a uma palestra do A.A. nesse JECrim.

A equipe interdisciplinar da Secretaria Municipal de Assistência Social e da Secretaria Especial de Prevenção à Dependência Química (SEPDQ).

Na resolução (01/2005) que versa sobre o convênio entre a Prefeitura e o Tribunal de Justiça, é especificada uma escala de atendimento da equipe interdisciplinar46. No JECrim que fui, o atendimento da equipe era feito na própria sala da audiência de Instrução e Julgamento e na parte da manhã. A equipe era formada por uma psicóloga e um assistente social e cada atendimento durava em torno de 15 a 20 minutos. Conversei com eles no intervalo entre um atendimento e outro.

O assistente social e a psicóloga estavam sentados na mesa que fica no centro da sala, colada à tribuna do juiz. Não acompanhei ao atendimento, mas eles me explicaram como o faziam.

Como eles me explicaram, a finalidade daquele atendimento era sugerir uma proposta de transação penal mais adequada para cada caso. De fato, esse é o objetivo que consta na resolução em questão:

§ 4º - O atendimento pela equipe da Secretaria Municipal de Assistência Social e da Secretaria Especial de Prevenção à Dependência Química se destina a estabelecer a pena transacionada mais adequada para o autor do fato (resolução 01/2005, art. 4°).

46

Essa é a escala de atendimento:

a) I Juizado Especial Criminal: 1ª e 3ª segundas-feiras do mês; b) II Juizado Especial Criminal: 1ª e 3ª terças-feiras do mês; c) III Juizado Especial Criminal: 1ª e 3ª quartas-feiras do mês; d) IV Juizado Especial Criminal: 1ª e 3ª quintas-feiras do mês; e) V Juizado Especial Criminal: 1ª e 3ª sextas-feiras do mês; f) VII Juizado Especial Criminal: 2ª e 4ª segundas-feiras do mês; g) VIII Juizado Especial Criminal: 2ª e 4ª terças-feiras do mês; h) IX Juizado Especial Criminal: 2ª e 4ª quartas-feiras do mês; i) X Juizado Especial Criminal: 2ª e 4ª quintas-feiras do mês; j) XV Juizado Especial Criminal: 2ª e 4ª sextas-feiras do mês; k) XVI Juizado Especial Criminal: 1ª e 3ª segundas-feiras do mês; l) XVIII Juizado Especial Criminal: 2ª e 4ª terças-feiras do mês; m) XVII Juizado Especial Criminal: 1ª e 3ª quartas-feiras do mês; n) XIX Juizado Especial Criminal: 2ª e 4ª quintas-feiras do mês; e) XX Juizado Especial Criminal: 1ª e 3ª sextas-feiras do mês.”.

Depois de sugerida uma proposta, de acordo com a psicóloga, é o juiz quem decide se aceita ou não. Ela disse que o juiz daquele JECrim sempre aceitava as sugestões.

As propostas que sugeriam eram o encaminhamento para grupos de mútua ajuda, como os Alcoólicos Anônimos (A.A.) ou os Narcóticos Anônimos (N.A.), e para o Conselho Estadual Antidrogas (CEAD). O CEAD é um órgão vinculado à Secretaria de Estado de Justiça e Direitos do Cidadão, que oferece tratamento gratuito completo ao dependente. Eles costumavam fazer o encaminhamento para o CEAD com a intenção de que os usuários participassem das capacitações e dos cursos de formação de multiplicadores em dependência química que eram ali oferecidos.

Durante a nossa conversa, eles falaram que “o certo mesmo seria ter exame toxicológico, como nos EUA” e de que era preciso “chegar antes da droga”. Esses pontos do discurso desses profissionais me chamaram a atenção porque, como será mostrado, eram opostos dos profissionais da VEP, que eram contra a obrigatoriedade de exame toxicológico e se mostravam bem flexíveis com relação ao uso de drogas. Essa discussão será retomada na parte sobre a VEP.

Eles falaram que se eu quisesse ter mais informações, eles poderiam me colocar em contato com um funcionário da Prefeitura que trabalhava na SEPDQ. Disse que sim, eles ligaram para a Prefeitura e disseram para ir encontrá-lo. A seguir, mostro um trecho da entrevista que fiz com esse funcionário. Ele falou sobre a SEPDQ, a “Justiça Terapêutica brasileira” e sobre a nova lei de drogas, que ainda não tinha sido sancionada.

Funcionário: Esse trabalho executado pelos nossos profissionais, os psicólogos e assistentes sociais daqui [da SEPDQ], não se confunde com a Justiça Terapêutica. Ele é um acordo, através de uma resolução do Tribunal de Justiça, para que os profissionais possam dar uma vertente aos juízes para o que possa ser feito com aquela pessoa que está sendo atendida pela justiça. Para que não pague somente uma cesta básica, para que ele não seja encaminhado para um tratamento sem base nenhuma. Então, nós disponibilizamos esses profissionais, que fazem uma indicação após a revista para o melhor atendimento à pessoa. Então, o juiz vai definir, ou não, se aquela sugestão vai ser aplicada naquela pessoa.

Funcionário: Não. Até a Justiça Terapêutica, na realidade..., a brasileira, cada Estado aplica de uma maneira que não tem uma normatização legal de como aplicar a Justiça Terapêutica. A Justiça Terapêutica americana, da onde foi copiado, as Drug Courts, tem todo o embasamento legal que o juiz pode aplicar. A nossa é diferenciada no Estado do Rio Grande do Sul, de Pernambuco e a do Rio de Janeiro está iniciando, então, um aparato judicial denominado até então de Justiça Terapêutica. Mas faltam alguns quesitos para que possamos, então, chamá-la de Justiça Terapêutica. A americana obriga você a fazer exame, uma série de definições. A brasileira já não tem essa obrigatoriedade..., tem a questão da recaída..., então, tudo isso já está sendo revisto através de legislações... . Inclusive hoje, pela de manhã, eu estava vendo a nova legislação sobre drogas, não sei se você tem conhecimento... . Existe, no Brasil, a 6368, em vigor, de 76, a 10409 de 2001 sem a parte penal e tramitava, após o veto do presidente, na época, Fernando Henrique, da parte penal, e de imediato começou a tramitar no Congresso Nacional uma nova proposta de lei, que teve início no Senado. Então, hoje ela está com PLS 115. Ela foi aprovada no Senado, seguiu para a Câmara, aprovada na Câmara, é claro, com mudanças e tal, retornou para o Senado, aprovou no Senado e foi para o presidente. Isso foi semana passada, foi para a mão do presidente para ele sancionar. Inclusive prevê a questão do usuário, no artigo 22 do projeto de lei, a questão do usuário ser submetido, de maneira até forçosa pelo juiz, para que ele faça tratamento. Mas ainda falta a sanção do presidente, somente isso. Se o presidente sancionar amanhã, publicado no diário oficial, começa a valer.

A crítica de uma funcionária do SAPRID/RJ à atuação das secretarias municipais. Eu não tive um contato direto com alguém que trabalhasse no CEAD, mas assisti a uma palestra, durante um seminário sobre penas alternativas no auditório da EMERJ, de uma funcionária da Subsecretaria de Prevenção e Repressão ao uso Indevido de Drogas do Estado do Rio de Janeiro (SAPRID/RJ) que levantou um ponto importante acerca do encaminhamento feito pelo sistema judicial para as instituições de tratamento de usuários de drogas do Estado.

Ela se mostrou contrária aos encaminhamentos feitos através de decisão judicial. A funcionária observou uma distinção que para ela era fundamental: usuários de drogas com problemas com a lei x dependentes químicos. E explicou que o SAPRID/RJ só recebe os encaminhamentos do Programa Justiça Terapêutica que são de dependentes

químicos. O trabalho da equipe da Justiça Terapêutica é importante porque, segundo ela, os usuários de drogas que só têm problemas com a lei recebem ajuda pedagógica na própria VEP.

A reclamação dela era com relação aos encaminhamentos que eram feitos diretamente dos JECrim, via secretarias municipais (como é o caso da SEPDQ). Ela observou que nesses casos os pacientes não recebem um diagnóstico adequado e, por isso, não aderem ao tratamento. Completou: “Os encaminhamentos que não passam pela VEP, não têm sucesso. O trabalho da equipe da Justiça Terapêutica é diagnosticar, avaliar e motivar os dependentes químicos”.

Equipe de acolhimento do Escritório de Serviços Gerais dos Alcoólicos Anônimos. No dia que fui assistir a equipe de acolhimento, o atendimento estava marcado para as 14:00.47 O atendimento também era na sala da audiência de Instrução e Julgamento daquele JECrim. Todas as audiências, como mostrava a pauta de audiência do dia, estavam marcadas para as 14:00. Tinham umas nove ou dez pessoas aguardando no corredor. Todas as audiências eram de artigo 16.

Conversei com um rapaz no corredor que me mostrou um pequeno papel que recebeu do JECrim com o aviso sobre uma “palestra” naquele dia. Ele me disse que tinha sido detido depois de comprar maconha em Manguinhos.

47

A escala de atendimento da equipe de acolhimento é a seguinte

a) I Juizado Especial Criminal: 2ª segunda-feira do mês; b) II Juizado Especial Criminal: 2ª terça-feira do mês; c) III Juizado Especial Criminal: 2ª quarta-feira do mês; d) IV Juizado Especial Criminal: 2ª quinta-feira do mês; e) V Juizado Especial Criminal: 2ª sexta-feira do mês; f) VII Juizado Especial Criminal: 3ª segunda-feira do mês; g) VIII Juizado Especial Criminal: 3ª terça-feira do mês; h) IX Juizado Especial Criminal: 3ª quarta-feira do mês; i) X Juizado Especial Criminal: 3ª quinta-feira do mês; j) XV Juizado Especial Criminal: 3ª sexta-feira do mês; k) XVI Juizado Especial Criminal: 4ª segunda-feira do mês; l) XVIII Juizado Especial Criminal: 1ª terça-feira do mês; m) XVII Juizado Especial Criminal: 4ª quarta-feira do mês; n) XIX Juizado Especial Criminal: 1ª quinta-feira do mês; e) XX Juizado Especial Criminal: 4ª sexta-feira do mês.

Com um pouco de atraso, a própria escrivã foi no corredor e chamou todos que aguardavam para a sala. Algumas pessoas sentaram nas cadeiras em volta da mesa central e outras nas cadeiras que ficavam encostadas nas paredes, que nos dias de audiências são reservadas para os alunos de direito. Três pessoas, aparentando 50 ou 60 anos, já estavam na sala. Eles não estavam na tribuna, mas do lado oposto da sala, perto da cabeceira da mesa central. Dois estavam sentados e um em pé.

Logo que todos se acomodaram, o que estava em pé se apresentou, disse que era integrante do A.A. e falou que estava ali para explicar a metodologia do grupo de mútua ajuda e contar um pouco de sua experiência48.

Depois de falar por quase meia hora, o homem se sentou e um outro, mais velho, levantou-se e começou a contar sua experiência. Depois de vinte minutos, o último homem fez a mesma coisa, falou também sobre sua vida e posterior adesão ao grupo. Como é fácil de imaginar, o conteúdo das palestras dos três integrantes do A.A. tinham os mesmos argumentos: eles bebiam socialmente, depois começaram a beber sem controle, embora achassem que estavam bem e, finalmente, algum episódio dramático acontecia e eles se percebiam que não tinham mais amigos nem a família por causa do excesso de bebida. O A.A. tinha servido para ajudá-los a superar as dificuldades, a aceitarem a “doença” e hoje todos estavam bem.

Todo mundo ouviu sem interromper. Depois das palestras, os integrantes do A.A. distribuíram panfletos e foram embora. Logo depois as audiências, todas Preliminares, começaram na mesma sala. Todos saíram e os conciliadores, que não estavam presentes nas palestras, chamaram um de cada vez. Detalhe: em nenhuma das audiências seguintes os conciliadores fizeram o encaminhamento para algum tipo de tratamento, nem o A.A., N.A. ou o Programa Justiça Terapêutica. As propostas foram todas de multa.

O exemplo abaixo ilustra o que se passou nas audiências seguintes à palestra. Apesar do rapaz dizer que era dependente e que o pai era alcoólatra, a conciliadora não fez qualquer tipo de encaminhamento para tratamento.

48 § 5º - O atendimento a ser realizado pelo grupo de acolhimento dos serviços de ajuda mútua se destina

a apresentar ao autor do fato a metodologia de trabalho, estabelecer o grupo mais adequado para o perfil do autor do fato e garantir o cumprimento da transação penal, nos termos do Ato Executivo Conjunto

Documentos relacionados