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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.4. Tipo e desenho do estudo

4.4.2. Etapa 2: Diagnóstico situacional e avaliação normativa das FH

A segunda etapa (etapa 2) correspondeu a um diagnóstico situacional associado a uma avaliação normativa dos serviços farmacêuticos hospitalares mediante a utilização de indicadores de estrutura e processo padronizados.

As FH foram codificadas numericamente de acordo com a codificação do hospital onde se localizavam e caracterizadas quanto aos aspectos gerais de gerenciamento (subordinações e designações legais), estrutura, funcionamento e RH disponíveis (em termos de quantidade absoluta e carga horária).

Quanto à estrutura, as FH foram avaliadas em termos de apresentação e adequação das seguintes áreas específicas: administrativa, armazenamento, Centro de Informação sobre Medicamentos (CIM), Controle de Qualidade (CQ), dispensação ambulatorial, distribuição, expedição, de inflamáveis, de manipulação de produtos estéreis, de quarentena e recepção. Tais dados foram referidos pelo responsável pela FH conforme preconizado no questionário validado mencionado no item 4.3. (Teste-piloto e coleta de dados) e verificados in loco pelo pesquisador principal.

A avaliação normativa se deu através do modelo lógico elaborado após revisão bibliográfica e consenso de especialistas empregado no Projeto de Diagnóstico da Farmácia Hospitalar no Brasil (OSORIO-DE-CASTRO; CASTILHO, 2004). Tal modelo considerou a importância relativa de um total de 10 componentes relacionados aos serviços farmacêuticos hospitalares propondo pesos específicos para cada um deles (Anexo C).

Foram consideradas diferenças quanto à proporção da importância dos componentes do modelo lógico para o desempenho do serviço de farmácia, o que resultou no estabelecimento de pesos para cada componente de acordo com sua influência para execução dos serviços farmacêuticos hospitalares (MESSEDER, 2005; OSORIO-DE-CASTRO; CASTILHO, 2004).

Para cada componente foram identificados indicadores de estrutura e processo específicos. Os indicadores preconizados nesta pesquisa foram os referenciados por Osorio- de-Castro & Castilho (2004) no Projeto de Diagnóstico da Farmácia Hospitalar no Brasil e atualizados por Messeder (2005) com adaptações relacionadas às particularidades da SES-DF (Anexo D). Tais indicadores foram contemplados em um questionário também publicado no projeto referido consensuado por especialistas e de acordo com roteiros de inspeção baseados na legislação sanitária vigente.

O questionário serviu de base para elaboração do instrumento de pesquisa deste estudo, o qual era composto por duas partes: a primeira se referindo à caracterização geral do

hospital respondida por seu diretor ou servidor indicado por ele, e a segunda referente à FH a ser respondida pelo responsável (Anexo B).

Em relação aos componentes do modelo lógico que requeriam informações específicas sobre medicamentos traçadores (apresentados nos módulos 6 e 7 do questionário – Anexo B), foi estabelecida uma lista, a qual, por questões metodológicas com vistas à manutenção da consistência interna do estudo, referiu-se à lista utilizada no Projeto de Diagnóstico da Farmácia Hospitalar no Brasil (OSORIO-DE-CASTRO; CASTILHO, 2004). Todos os medicamentos desta listagem estavam previstos na Relação de Medicamentos (REME) do DF (SECRETARIA DE SAÚDE DO DISTRITO FEDERAL, 2017b) e o inventário desses medicamentos respeitou o estabelecido na metodologia do projeto acima referido: foram inventariados os cinco primeiros medicamentos da lista (respeitando a ordem alfabética) e, caso algum não estivesse disponível, o próximo da lista era selecionado.

Partindo do pressuposto que o questionário validado previa a seleção dos cinco primeiros medicamentos traçadores da lista para realização do inventário, a FH foi avaliada positivamente quanto a esse indicador quando apresentava todos os cinco primeiros medicamentos indicadores disponíveis em estoque.

Para atender ao exigido quanto ao indicador de gestão quantitativa do estoque no contexto dos componentes de logística, foi calculada a acurácia média geral considerando os cinco medicamentos traçadores cuja contagem foi realizada. A acurácia foi calculada a partir do valor de divergência do estoque após comparação entre contagem física e registrada conforme fórmula apresentada na Figura 2 (BERTAGLIA, 2009). Para tal, foi considerada a possibilidade de tolerância para divergências de 5%, para mais ou para menos. Portanto, as FH que apresentaram esse resultado dentro do intervalo entre 95% e 105% foram pontuadas em relação a esse indicador. A utilização desse grau de tolerância é válida considerando a dificuldade de se atingir 100% de acurácia na equivalência entre quantidade física e virtual do estoque já que as divergências podem não ser erros necessariamente de inventário e sim relacionados ao processo de contagem (BERTAGLIA, 2009; CORRÊA; CORRÊA, 2012).

Figura 2 – Fórmula para cálculo da acurácia média de estoque. Fonte: BERTAGLIA (2009).

𝐴𝐶𝑈𝑅Á𝐶𝐼𝐴𝑀É𝐷𝐼𝐴 = ∑ 𝑄𝑈𝐴𝑁𝑇𝐼𝐷𝐴𝐷𝐸𝐷𝐸𝐼𝑇𝐸𝑁𝑆𝐶𝑂𝑀𝑅𝐸𝐺𝐼𝑆𝑇𝑅𝑂𝑆𝐶𝑂𝑅𝑅𝐸𝑇𝑂𝑆

4.4.2.2. Gestão de risco

Os serviços farmacêuticos hospitalares também foram avaliados quanto a sua participação e apoio na gestão de risco no âmbito hospitalar. Dentre as atividades avaliadas, estavam às relacionadas à segurança na identificação do paciente, à gestão quanto aos Medicamentos Potencialmente Perigosos (MPP) e quanto aos medicamentos com grafias e sons semelhantes, atividades de farmacovigilância, dentre outras.

Os indicadores utilizados como base para o presente estudo estão apresentados no Anexo E e foram escolhidos de acordo com sua relação com aspectos de gestão referente à cultura de segurança do paciente que estivessem relacionados a medicamentos e/ou aos serviços farmacêuticos.

O módulo do questionário (Anexo B) que possibilitou a construção dos indicadores acima mencionados foi elaborado com base no documento Safe Práticas for Bater Health Care (do inglês, Práticas Seguras para um Melhor Cuidado de Saúde) (THE NATIONAL QUALITY FORUM, 2007) do Nacional Quality Forum dos Estados Unidos (NQF, do inglês, Fórum de Qualidade Nacional), o qual, por sua vez, baseou a elaboração de recomendações e indicadores publicados no documento Construcción y validación de indicadores de buenas prácticas sobre seguridad del paciente (MINISTÉRIO DA SAÚDE E CONSUMO DA ESPANHA, 2008).

Este módulo foi baseado ainda nos aspectos trazidos pelo Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos (ISMP) como estratégias para prevenção de erros no processo de prescrição, distribuição, dispensação e administração de medicamentos (INSTITUTO PARA PRÁTICAS SEGURAS NO USO DE MEDICAMENTOS, 2015; PERDIGÃO; OLIVEIRA; RAMOS, 2014).

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