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O ano letivo de 2017 da Escola Thomé iniciou no dia 8 de março. Nesse dia a professora conversou com o Diretor da escola sobre suas intenções em desenvolver uma pesquisa com as turmas de oitavo e nono anos. Após expor suas ideias, pediu autorização para iniciar os estudos e relatou que a pesquisa fazia parte de um dos pré-requisitos para a obtenção do título de Mestre em Ensino de Matemática. O Diretor autorizou que a pesquisa fosse desenvolvida e solicitou que os pais ou responsáveis dos estudantes também fossem comunicados sobre o futuro estudo.

A professora pesquisadora, com o auxílio do seu orientador, organizou o projeto intitulado “Estufa Orgânica”, que visava à construção de uma estufa nas dependências da escola e promoveria ambientes de aprendizagens propostos pela Modelagem Matemática. Também redigiu uma carta para ser enviada aos pais ou responsáveis dos estudantes, na qual descrevia a pesquisa e solicitava a autorização dos mesmos para que seus filhos pudessem participar do estudo. No Apêndice A, apresentamos uma cópia do Termo de Consentimento que foi assinado pelos responsáveis dos estudantes participantes da pesquisa.

No dia 12 de abril de 2017, durante a aula de Matemática de dois períodos, a professora pesquisadora realizou o convite aos alunos das turmas de oitavo e nono anos da Escola Thomé. A proposta era a construção de uma estufa para a produção de alimentos orgânicos. Os alunos aceitaram o convite e se mostraram empolgados com a ideia. Alguns perguntaram se eles mesmos iriam construir e outros queriam saber como se constrói uma

estufa. O aluno A disse que seus pais produziam mudas de flores e utilizavam estufas. Disse também que sabia como construir uma estufa.

Alguns alunos começaram a conversar entre si, falando sobre o que já sabiam acerca desse assunto. Outros aparentavam estar descrentes, dizendo que não conseguiriam fazer.

O aluno B perguntou: “Sora, onde vamos construir a estufa?”

A resposta da professora foi: “Não sei! Onde vocês acham que seria o melhor lugar para construirmos?”

Novamente, a turma iniciou uma conversa desordenada e então vários lugares foram propostos: ao lado da horta já existente, que fica na frente da Escola; na parte lateral; e nos fundos do pátio da Escola, atrás da quadra de esportes.

O aluno B levantou uma preocupação em relação à posição solar. Então foi sugerido pela professora que todos fossem realizar uma caminhada pelo pátio da Escola, com o objetivo de analisarem todas as sugestões, para então escolherem o melhor local para a construção. Por unanimidade, o local foi decidido: a estufa seria construída nos fundos do pátio da Escola, atrás da quadra de esportes. Segue foto do terreno onde a estufa seria construída:

Figura 4 - Local escolhido pelos alunos para a construção da estufa.

Os alunos solicitaram que a líder da turma, a aluna C, conversasse com o Diretor da Escola, pedindo autorização para a construção da estufa e comunicando o local escolhido para a construção da mesma. O Diretor foi muito solícito e permitiu que a atividade fosse realizada. Também se prontificou em ajudar para que o projeto fosse executado com sucesso.

O aluno B se prontificou em conversar com um amigo da família, que possuía retroescavadeira, para pedir para que ele aplainasse o terreno, pois ele possuía um declive. Segue um registro fotográfico do declive do terreno:

Figura 5 – Declive do terreno para construção da estufa.

Ao término da aula os alunos escreveram um breve relato sobre o que foi realizado durante a aula. Segue um trecho do relato do aluno D:

Figura 6 - Relato do aluno D.

. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

4.1.1 Análise dos dados coletados na etapa 1

De acordo com Skovsmose (2000), ao iniciar uma atividade pedagógica é necessário que o professor realize o convite aos estudantes. Esses, por sua vez, são livres para aceitar ou não a proposta. Nessa etapa, percebemos que o convite para a elaboração do projeto de construção de uma estufa foi proposto aos alunos e os mesmos aceitaram. O relato do aluno D fornece evidência do aceite.

Barbosa (2001) considera a Modelagem Matemática como um ambiente no qual os alunos são convidados a indagar e/ou investigar situações oriundas da realidade por meio da Matemática. A construção de uma estufa está relacionada com o contexto social dos estudantes, já que alguns possuíam estufas em casa, outros trabalhavam como agregados para produtores da localidade que também possuíam estufas e os demais que não se encontravam em nenhuma dessas situações, transitavam entre essas propriedades.

Os autores concordam que uma atividade pedagógica que envolva os ambientes oferecidos pela Modelagem deve levar em consideração a vontade dos estudantes em desenvolver os estudos para que, de alguma forma, seja retratada sua realidade. Fica claro que

os estudantes foram convidados e tiveram a liberdade para aceitar ou não o convite realizado pela professora.

Após os alunos aceitarem desenvolver o projeto de construção de uma estufa, as decisões que direcionaram os trabalhos foram tomadas em conjunto. O diálogo entre todos envolvidos aconteceu de forma igualitária, as opiniões eram ouvidas e respeitadas, as escolhas eram feitas de comum acordo (entre todos).

O questionamento do aluno B sobre o local a ser construída a estufa nos permite identificar a participação dos estudantes nas escolhas que foram estabelecidas após o aceite. Professora e alunos discutiram juntos e analisaram todas as opções existentes para determinar o local. A posição solar foi um fator que determinou a escolha que aconteceu de forma coletiva e democrática. Barbosa (2001) sustenta a importância do processo de indagação e investigação que pode ou não gerar um modelo. A escolha do local da estufa gerou as primeiras indagações e investigações.

Freire (1968) e seu discurso sobre uma Educação Libertadora enfatiza que o diálogo entre professor e alunos deve acontecer de forma igualitária, como percebemos nas descrições da etapa 1. A primeira escolha realizada acerca da pesquisa foi o local onde a estufa seria construída. Coube aos alunos decidirem, sendo os mesmos responsáveis por analisar o melhor local, considerando o espaço, a posição solar e o acesso.

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