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2 O RADIOJORNALISMO LOCAL NA ATUALIDADE

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 Etapas da pesquisa

Iniciamos o estudo a partir de uma pesquisa exploratória, concomitante à pesquisa bibliográfica e cumprimento dos créditos exigidos pelo Programa de Pós Graduação em Jornalismo. Nesta etapa, no final do ano de 2012 até os primeiros meses do ano de 2013, realizamos o contato inicial com as emissoras. Esta primeira fase do trabalho serviu à definição do corpus, a um melhor aprofundamento na revisão bibliográfica sobre a temática, bem como à reestruturação do projeto. Nos primeiros seis meses de 2013, foram visitadas as duas rádios em questão - Luz e Alegria AM e Seberi AM –, observando a rotina produtiva e realizando entrevistas com a direção e coordenação de jornalismo das emissoras para podermos partir em definitivo à pesquisa de campo.

A segunda etapa correspondeu à pesquisa etnográfica, de observação de campo. Nesta fase, efetuamos as entrevistas e a observação não-participante. Elas ocorreram em duas semanas de meses diferentes (Luz e Alegria, 25 a 29 de novembro de 2013; Seberi, 06 a 10 de janeiro de 2014), sendo uma semana para cada emissora. Concomitante a isto, capturamos os áudios da programação, com o propósito de averiguar a utilização da internet como fonte de notícia, identificar qual o espaço que a transmissão de conteúdo em rede tem na programação destas emissoras e apurar o tempo disponível na grade para as notícias locais.

Além disso, a revisão de literatura também fez parte dessa segunda etapa. Todos esses procedimentos completaram-se entre o segundo semestre de 2013 e primeiro de 2014. Ainda nesta parte do trabalho foram realizadas as entrevistas com a equipe de jornalismo e a direção das duas emissoras.

Na última fase da pesquisa houve o cruzamento dos dados recolhidos através da observação de campo e da captação dos áudios das emissoras, além da finalização do material teórico. Para a análise da produção e programação radiojornalística local, elencamos duas principais categorias: o radiojornalismo local e o global na esfera local. Na primeira categoria partimos da conceitualização de Zuculoto (2012, p. 162) a respeito de rádio local: “aquele que foca quase toda sua programação em informações da sua cidade e localidades próximas ou de seu estado e região, é o que ouvimos principalmente nas pequenas e médias emissoras que não integram redes ou que participam no máximo de redes regionais”.Com base nesta definição, buscamos verificar se as

rádios Luz e Alegria AM e Seberi AM produzem jornalismo local e se isso reflete na programação das emissoras.

Elencamos também como categorias de análise neste trabalho o global na esfera local. Procuramos observar se a produção e programação jornalísticas locais sofrem interferências em decorrência da inserção das redes radiofônicas e da internet como plataforma de captação e difusão de informações. Para isso, partimos do que destaca Cebrián Herreros (2007 p. 65): “o rádio local explora os territórios locais e rompe as fronteiras para situar-se em âmbitos mundiais. Junto à localização emerge a globalização. Com os satélites e a internet, o rádio segue a tendência geral da globalidade”.

Para melhor compreender estas categorias observamos algumas variáveis, a primeira delas é a rotina produtiva, que segundo Traquina (1993) são as rotinas que transformam os acontecimentos em notícia, facilitando as decisões dos jornalistas. Dentro dela selecionamos algumas divisões:

a) Instrumentos de coleta: procuramos identificar quais os instrumentos utilizados para coleta de informações, por exemplo, telefone, e-mail, entrevista pessoal, participação direta no fato etc.

b) As fontes de informação: buscamos identificar quais fontes de informação são utilizadas na produção radiojornalística das emissoras a partir do atual cenário comunicacional, em que as tecnologias digitais estão tão presentes e, ainda, o reflexo que essas causam na programação local. Para isso, nos baseamos no que Lopez (2009, p. 104) destaca:

O jornalista, com a inserção cada vez mais constante das tecnologias da informação e da comunicação nas redações, tem ao seu dispor um número crescente de fontes, de formas de acesso à informação e também lida com a ampliação de seu campo de ação. Uma das estratégias adotadas pelos comunicadores para a coleta rápida de informações que tratem de ambientes geograficamente distantes são a internet e o telefone.

A outra variáveldefinida é a programação jornalística. De acordo com a definição de Faus Belau (1981, p. 209), “programação informativa [...] que segue o ritmo dos acontecimentos com a máxima flexibilidade e rapidez, tem seu sentido ligado à prestação de serviço, à audiência ao longo dos anos [...]”. Dentro dela, investigamos três subvariações, de acordo com o que acreditamos serem premissas básicas de uma emissora local.

a) Prestação de serviços: buscamos identificar se as emissoras estudadas atendem às necessidades locais e regionais, principalmente no que tange à informação. Para tanto, definem Babeiro e Lima (2003, p. 20): “o „serviço‟, que ocupa parte importante da programação, abrange informações de trânsito, estradas, aeroportos, rodoviárias, pagamento de impostos, previdência social, mercado financeiro, licenciamento de veículo, oferta de empregos, previsão do tempo, agenda cultural etc.”

b) Informação local: para análise desta subvariável parte-se do que afirma Martínez-Costa (2009, p. 329), “a informação local não é uma informação de caráter menor. O cidadão sente grande interesse pelo que ocorre ao seu redor”. Pretendemos verificar se as emissoras dão preferência às temáticas locais na sua programação, se privilegiam os assuntos produzidos pela cabeça de rede ou os conteúdos disponibilizados na internet.

Outra variável observada são os profissionais, ou seja, o

gatekeeper, que segundo Traquina (2005) refere-se à pessoa que toma

uma decisão numa sequência de decisões. Neste caso, trabalhamos com os jornalistas, produtores e repórteres, responsáveis diretos pela construção da notícia.

Também destacamos como uma de nossas variáveis analisadas o Departamento de Jornalismo, pois é nele que as notícias ganham forma.