• Nenhum resultado encontrado

2.5 CERTIFICAÇÕES E ETIQUETAGEM

2.5.10 Etiquetas e Certificações no Brasil:

Segundo Scalco et al. (2012), a regulamentação do uso da energia é usada estrategicamente por governos para melhorar a eficiência energética. Na China, um dos 10 programas chave do 11º Plano Quinquenal governamental (2002-2006) foi o de eficiência energética em edificações (Yu, Yang, Tian, & Liao, 2009). No Brasil, algumas legislações foram criadas a respeito do uso da energia. Entre elas, Aguiar et al (2017) destacam Lei nº

50 9.427, de 1996, que instituiu a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a Lei nº 9.478, de 1997, que criou o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), a Lei n° 9.991, de 2000 que trata de “investimentos em pesquisa e desenvolvimento e em eficiência energética por parte das empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas do setor de energia elétrica” (citar livro Alexandre), porém somente após a crise de energia em 2001 foi outorgada uma lei específica sobre o uso racional de energia e outras vieram na sequência, sendo que em 2014 foi tornada obrigatória a etiquetagem nível “A” no selo PROCEL-Edifica para os edifícios públicos novos ou reformas que ultrapassem 500 m2 de área envolvida.

A Figura 7 apresenta uma relação com as principais legislações a respeito da eficiência energética relacionadas a esse estudo, a partir de 2001.

Figura 7: Principais Legislações brasileiras sobre Eficiência Energética de 2001 em diante.. Fonte: autor.

A adoção de legislação voltada a medidas de redução de consumo é um incentivo a melhoria da eficiência energética de edificações (Scalco et al., 2012). Com a adoção da

Lei ou Instrução

Normativa Conteúdo Orgão Obrigatória/Âmbito

Lei de Eficiência Energética (Lei nº 10.295, de 17 de outubro de

2001)

Dispõe sobre Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia e

estabelece limites de consumo de energia para aparelhos consumidores e prevê para o

mesmo para edificações.

Presidência da República

Sim, para aparelhos consumidores de

energia/Todos

A3P – Portaria 510/2002

Visa conscientizar os servidores públicos sobre o combate a desperdícios, otimização

de recursos e melhoria do ambiente de trabalho. Busca a inclusão de critérios ambientais e sociais, além dos econômicos,

nas compras de bens e serviços de órgãos públicos. Ministério do Meio Ambiente (MMA) Não/Federal Instrução Normativa 01/2010 – Jan2010

Dispõe sobre o uso de critérios ambientais nas compras públicas de bens e serviços

Ministério Planejamento Orçamento e Gestão (MPOG) Não /Federal Instrução Normativa 02/ 2014

Obrigatoriedade etiquetagem de etiqueta nacional de conservação de energia (ENCE)

classe “A” geral, para prédios novos (projeto e construção) e reformas

Ministério Planejamento Orçamento e Gestão (MPOG) Sim/Federal Plano de Logística Sustentável

Recomendações para melhoria da sustentabilidade no TJ-SP

TJ-SP /

51 Instrução Normativa IN 02/2014, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, foi dado impulso ao processo de etiquetagem de construções prediais públicas do Programa Brasileiro de Eficiência Energética de Edificações (PBE-Edifica).

Criada em 2007 no Brasil a certificação denominada AQUA (Alta Qualidade Ambiental) ou Processo AQUA, cuja responsabilidade é da Fundação Vanzolini, adaptada do sistema francês HQE (Haute Qualité Environnementale) para a edificação, abrangendo várias de suas características (Pugliero & Pimentel, 2010). Nesta certificação são trabalhadas catorze categorias divididas em quatro grupos: Eco-construção, Gestão, Conforto e Saúde. Neste sistema todas as categorias são verificadas nas fases de levantamento de necessidades, design e construção. Os parâmetros envolvidos possuem influência direta no desempenho do edifício, ajudando a reduzir os impactos ambientais da edificação em todas as fases de seu ciclo de vida. Destaque-se que a eficiência energética está incluída na categoria “gestão” (Grünberg, Medeiros, & Tavares, 2014)

O selo CASA AZUL, criado pela Caixa Econômica Federal e desenvolvido por uma equipe multidisciplinar da Escola Politécnica da USP, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade de Campinas (Grünberg et al., 2014), para efeito de financiamento de projetos de construções sustentáveis financiados pela Caixa Econômica Federal (CEF). O selo é de caráter voluntário e baseia-se na avaliação de quatro categorias das edificações: Projeto e Conforto, Qualidade Urbana, Eficiência Energética, Conservação de Recursos Naturais, Práticas Sociais e Gestão da Água. Essas categorias são divididas em 53 critérios a serem analisados. Essa análise é feita no período de verificação da viabilidade da concessão do empréstimo pela CEF. As classificações dos empreendimentos podem ser Bronze, Prata ou Ouro (Grünberg et al., 2014).

A certificação Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), originaria dos EUA, tem tido destaque no mercado brasileiro. Em 2016 o Brasil era o 4º país fora dos Estados Unidos em número de certificações por esse sistema (“USGBC Announces International Ranking of Top 10 Countries for LEED | U.S. Green Building Council”, 2016). Criada pelo US Green Building Council, foi trazida e adaptada para cá pelo Green Building Council Brasil (GBC Brasil). Sete temas são avaliados pelo LEED: espaço sustentável, eficiência do uso da água, energia e atmosfera, materiais e recursos, qualidade ambiental interna, inovação e processos e créditos de prioridade regional. A eficiência energética do edifício faz parte do critério Energia e Atmosfera (Komurlu, Arditi, & Gurgun, 2014). A participação do LEED no mercado brasileiro tem crescido de forma consistente, atingindo

52 1224 empreendimentos registrados e 393 certificados em 2016. A maior parte dos empreendimentos registrados é de eficícios comerciais e centros de distribuição (http://www.gbcbrasil.org.br, recuperado em 07, fevereiro, 2017).

Essas certificações estão relacionadas à sustentabilidade das edificações e já englobam, entre outros, aspectos de desempenho energético em seus requisitos. Já o selo do INMETRO/Eletrobrás PROCEL para edificações, chamado PROCEL-Edifica, se distingue por ser direcionado somente ao quesito de avaliação de eficiência energética de edificações

(Carlo & Lamberts, 2010b).

Note-se que, de acordo com a GBC Brasil, a partir de 2015 os requisitos do LEED voltados para eficiência energética podem ser comprovados por meio do atendimento aos critérios do PROCEL-Edifica para edificações públicas, comerciais e de serviços, com algumas exceções (laboratórios e data centers, por exemplo). Para ser considerado aprovado neste critério o prédio deve ser classificado com a etiqueta “A” no PROCEL-Edifica, o que equivale a receber o selo PROCEL-Edificações (“Construindo um Futuro Sustentavel | Noticia - Selos LEED e Procel anunciam novos critérios de equivalência”, 2015).