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A Indústria da Construção (IC) vê-se regulada por um conjunto de documentos que abrangem as mais variadas especialidades, desde da segurança contra incêndios, à térmica ou acústica. No âmbito desta dissertação é pretendido focar na regulamentação associada ao plano de acessibilidades como mencionado no ponto 2.1.

Assim, no contexto da verificação automática de projetos existem três palavras-chave que se tornam inteiramente relacionadas e dependentes: a regulamentação, os modelos de informação e a plataforma de verificação automática. No decorrer do presente capítulo é pretendido focar individualmente em cada uma destas palavras-chave e demonstrar a dependência ilustrada na Fig. 3.1.

Fig. 3.1 – Palavras-chave relacionadas com a verificação automática de projetos

Numa primeira parte é pretendido demonstrar o panorama Europeu em relação à problemática das acessibilidades dos edifícios. Seguidamente será feita uma abordagem da regulamentação existente a nível internacional, bem como a regulamentação de três países selecionados para análise. Será também demonstrada a organização dos conteúdos de cada regulamentação e será demonstrada a análise da sua aplicabilidade no âmbito da verificação automática de projetos.

A regulamentação tida em conta para análise foi a ISO/FDIS-21542 - Accessibility and usability of the built environment, a Standards for Accessible Design corresponde aos Estados Unidos da América, a Building Regulations correspondente ao Reino Unido e o Decreto-Lei 163/2006 de 8 de Agosto correspondente a Portugal.

Para dar resposta á verificação automática de projetos, foi tido em conta na análise de cada uma destas regulamentações os aspetos que focassem na elaboração de um modelo BIM de um edifício e a sua zona envolvente, concretamente, as suas zonas de acesso, sendo que isto deverá ser tomado como a definição do modelo de verificação automática. Estes aspetos são geralmente os que são propostos a serem abordados pelos projetistas na fase da elaboração dos seus projetos, e que terão de estar presentes no modelo de verificação automática.

Na análise à regulamentação é pretendido aplicar os pressupostos da metodologia RASE, anteriormente descritos no ponto 2.2, de modo a extrair os aspetos da regulamentação que sejam possíveis de aplicar na verificação automática, tendo em conta as regras disponíveis do Software SMC.

Quanto à estrutura, a análise foi repartida em dois níveis. O primeiro nível pretende fazer um enquadramento a partir do número total de requisitos exigidos pela regulamentação, para analisar qual foi a percentagem de requisitos que se enquadravam ou não com a definição de modelo de verificação automática definida anteriormente.

Num segundo nível de análise é pretendido demonstrar dentro do que foi enquadrado como modelo de verificação automática, a percentagem dos requisitos que serão ou não possíveis de se verificar, bem como a percentagem de requisitos que não sejam proposições. A análise das legislações selecionadas para este estudo encontram-se disponíveis com maior detalhe do Anexo A.

Na análise da legislação referente a Portugal (em Anexo A1) foram apresentadas três observações distintas. Foram feitas observações de aspetos da regulamentação que poderiam ser reformulados de modo a ajudar a verificação automática, observações de níveis de detalhe ou características que os modelos devam conter para a verificação automática e por fim sugestões referentes ao Software SMC para melhorar a verificação automática.

Na análise é demonstrado como “NA” os aspetos da regulamentação que não se enquadram com o âmbito da anterior definição de modelo de verificação ou com o âmbito das acessibilidades, tal como os exemplos presentes no Quadro 3.1:

Quadro 3.1 – Excerto de aspetos da regulamentação considerados como não aplicáveis (DRE, 2006) Capítulo 1— Via pública:

Secção 1.1— Percurso acessível:

1.1.2. A rede de percursos pedonais acessíveis deve ser contínua e coerente, abranger toda a área urbanizada e estar articulada com as atividades e funções urbanas realizadas tanto no solo público como no solo privado.

Secção 1.6. Passagens de peões de superfície:

1.6.1. A altura do lancil em toda a largura das passagens de peões não deve ser superior a 0,02 m.

Será demonstrado com “sim” ou “não” os aspetos que são ou não são diretamente verificáveis por uma, ou por um conjunto de regras do Software SMC, tal como o exemplo presente no Quadro 3.2:

Quadro 3.2 – Excerto de aspetos da regulamentação considerados como verificáveis (DRE, 2006) Capítulo 2— Edifícios e estabelecimentos em geral:

Secção 2.4— Escadas:

Exemplo 2.4.1. "A largura dos lanços, patins e patamares das escadas não deve ser inferior a 1,2m."

Os aspetos identificados como “Ñ Prop” são aqueles a que se remetem a pontos da regulamentação onde apenas transcrevem recomendações ou demonstram indicações vagas, isto é, a pontos da regulamentação que não podem ser formulados como uma proposição, tal como os exemplos presentes no seguinte Quadro 3.3:

Quadro 3.3 – Excerto de aspetos da regulamentação considerados como não aplicáveis (DRE, 2006) Capítulo 2— Edifícios e estabelecimentos em geral:

Secção 2.4— Escadas:

2.4.10. "É recomendável que não existam degraus isolados nem escadas constituídas por menos de três degraus, contados pelo número de espelhos; quando isto não for possível, os degraus devem estar claramente assinalados com um material de revestimento de textura diferente e cor contrastante com o restante piso."

2.9.1. "Os aparelhos sanitários adequados ao uso por pessoas com mobilidade condicionada, designados de acessíveis, podem estar integrados numa instalação sanitária conjunta para pessoas com e sem limitações de mobilidade, ou constituir uma instalação sanitária específica para pessoas com mobilidade condicionada"

Numa segunda parte pretende-se demonstrar a estrutura e características necessárias que os modelos de informação devem conter para que possam ser verificáveis, abordando desde a necessidade existir dois tipos de modelo de informação (modelo de estudo prévio e modelo de execução), bem como os níveis de detalhe (LOD) correspondentes para obter um modelo de informação o mais eficiente possível para a verificação automática.

Por último pretende-se analisar as limitações do Software usado para verificação automática de projetos (SMC) e demonstrar uma metodologia para analisar os requisitos necessários que os modelos de informação deverão conter para que se possam vir a ser verificáveis por qualquer plataforma de verificação automática (checklist).

3.2.REGULAMENTAÇÃO SOBRE ACESSIBILIDADES

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