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Eu me transformando em Educadora-Pedagoga

No documento Trabalho de Conclusão de Curso (páginas 68-71)

CAPÍTULO 3 – MINHAS

3.2 Eu me transformando em Educadora-Pedagoga

Refletir sobre os processos que envolvem a prática pedagógica nos traz dois principais agentes: o(a) educador(a) e o (a) educando(a). Esses sujeitos com seus conhecimentos provenientes de seus respectivos aprendizados, mediados por suas respectivas culturas, sofrem também das pressões sociais, que no caso brasileiro, se acirram a partir dos problemas sociais, políticos e econômicos.

É nesse contexto que as categorias “alfabetizar”, “aprender” e “mediar o conhecimento” claramente nos chama a reflexão para discernir sobre como essas práticas pedagógicas dos professores realizadas com e junto as crianças no Ensino Fundamental I, em um bairro da cidade de Salvador, Bahia, acontecem.

Ao discutir essas categorias e a prática docente, interessa-me diferenciar as práticas do professor que, por muitas vezes, desconsidera a individualidade, a habilidade e a potencialidade do educando; o que é um equívoco, pois, como docente, é necessário mediar o conhecimento compreendendo o educando como sujeito histórico para construir junto ao (a) educando (a) a aprendizagem necessária, que são também temporais (TARDIF, 2000), lhe permitindo múltiplas possibilidades para além de compreender códigos de linguagem e apreensão da leitura e escrita de forma plena, dialogar com as faces e interfaces mundo, que se transforma e constitui novos sujeitos históricos, construindo variáveis e conhecimentos que se auto oxigena.

Os saberes profissionais também são temporais no sentido de que os primeiros anos de prática profissional são decisivos na aquisição do sentimento de competência e no estabelecimento das rotinas de trabalho, ou seja, na estruturação da prática profissional (TARDIF, 2000, p. 14).

Partindo dessas perspectivas, busco entender a complexidade que há no processo de alfabetizar crianças para refletir como se dá leitura dos diversos e possíveis mundos e sentidos, que tem na escrita e leitura formal base, mas que se transforma com a experiência individual e coletiva constituída de antagonismo e fluidez que mesmo sendo participes, muitas vezes, não podemos parar.

Realizar a análise desses processos que envolve esse despertar ou mecanizar o mundo das letras e sentidos propiciará elemento central para contribuir sobre como o educando é interpretado por essas práticas e pelos profissionais de educação que serão parceiros nesse trabalho, influenciando como esses educandos passam a compreender os sentidos da leitura e da escrita das letras e do mundo ao seu redor. Libâneo acrescenta:

Ao referir-me à fundamentação pedagógica da Didática e das Metodologias especificas, parto de um entendimento explícito de Pedagogia. A Pedagogia, segundo Suchodolski, investiga os fatores que concorrem para a formação do homem em seu desenvolvimento histórico para, daí, formular conhecimentos acerca dos processos de formação. A teoria pedagógica é uma reflexão para a prática educativa enquanto manifestação da prática social. Isto significa conceber a educação como fenômeno integrante do desenvolvimento social, determinada pela dinâmica das relações sociais. (LIBÂNEO, 2002, p. 20).

É importante entender como a criança compreende signos e as representações, que lhe propicia realizar as repetições e construir a aprendizagem da leitura e escrita,

mediada pelo educador, a compreensão das letras e construção das palavras e a partir disso as habilidades de ler os mundos. Libâneo nos relata:

A meu ver, a Pedagogia ocupa-se, de fato, dos processos educativos, métodos, maneiras de ensinar, mas antes disso ela tem um significado bem mais amplo, bem mais globalizante. Ela é um campo de conhecimento sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa. (LIBÂNEO, 2002, p. 30).

Vale salientar que a criança, desde a primeira infância, está imersa em diversos aprendizados, que se amplia ao chegar no ensino fundamental, momento que é instruída a começar a pensar os sentidos das palavras, pois o mesmo acaba de sair da educação infantil, e enfrenta uma nova realidade com a aquisição da língua oral e escrita em uma primeira versão formal.

Destaco que, muitas crianças têm dificuldades de compreender esses símbolos, de conectá-los de maneira coerente, e daí é necessário o docente pensar sua prática de forma que o mesmo tem um papel fundamental na vida dessas crianças, podendo ajudá- las a se tornarem sujeitos autônomos capazes de pensar com um olhar crítico e também se tornarem cidadãos que sabem a importância da educação para o desenvolvimento do seu pais.

Ao longo da formação acadêmica pude, durante os estágios extracurriculares que fiz em escola da rede municipal, perceber os processos conflituosos da prática pedagógica e as questões que envolvem escola e Estado no que concerne às responsabilidades de fomentar leitura, escrita e interpretação dos mundos particulares e coletivos das crianças ali inseridas.

Nesse sentido, afirmo que cabe uma formação específica para o professor de Ensino Fundamental, com o objetivo de fundamentá-lo para uma prática pedagógica, com as condições necessárias para identificar e corrigir os estereótipos e a invisibilidade constatados nos materiais pedagógicos, especificamente nos textos e ilustrações dos livros didáticos (MUNANGA, 2005, p.22).

Pensando nessas questões almejo ser uma pedagoga que esteja envolvida nos processos de desenvolvimento cognitivo e social da criança, compreendendo a realidade socioeconômica do país e respeitando a individualidade dos sujeitos, independente do ano em que irei atuar que pode ser desde a educação infantil ao ensino fundamental 1. Continuando com Munanga (2005) ele nos adverte:

Acredito que desmontar os estereótipos possa vir a ser um dos objetivos específicos dos cursos de formação de professores, especialmente para os das séries iniciais, como uma das formas de visibilizar as diferentes práticas cotidianas, experiências e processos culturais, sem o estigma da desigualdade, colocando todos eles como parte do passado significativo, da tradição e do conhecimento universal. (MUNANGA, 2005, p. 22)

Penso aprimorar a formação docente, acredito na necessidade de desconstruir barreiras sociais, religiosas e culturais, permitindo que escola, corpo docente, educandos e comunidades construam juntas processos de empatia, compreendida em afetividades a partir de um projeto pedagógico que reconheça as diferenças, as projetem como sentido do respeito necessário para que possamos construir novos conhecimentos, e a partir desses pressupostos sedimentar caminhos sólidos para cidadania plena junto as crianças, jovens e adultos negros e negras, mestiços e demais populações em nosso imenso país.

A partir dessa construção de políticas e projetos educacionais em diferentes escalas, estaremos valorizando dentro e fora de sala de aula: o ensino-aprendizagem voltados para compreensão da necessidades das memórias dos homens e mulheres que fazem parte das famílias, das sociedades locais que habitam periferias e favelas, acionando sentidos efetivos da importância da trajetória históricas desses atores sociais, independentemente de suas agremiações religiosas, opções sexuais, escolaridade, e tantas outras que geram rupturas sociais.

No documento Trabalho de Conclusão de Curso (páginas 68-71)