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A EUROPA NUM MUNDO EM MUDANÇA – SOCIEDADES INCLUSIVAS, INOVADORAS E PONDERADAS;

No documento 10663/12 ll/ll/jv 1 DG G III (páginas 114-121)

TÍTULO III DISPOSIÇÕES FINAIS

DESAFIOS SOCIETAIS

6. A EUROPA NUM MUNDO EM MUDANÇA – SOCIEDADES INCLUSIVAS, INOVADORAS E PONDERADAS;

6.1. Objetivo específico

O objetivo específico é promover uma maior compreensão da Europa, encontrar soluções e apoiar sociedades europeias inclusivas, inovadoras e ponderadas num contexto de

transformações sem precedentes e de interdependências globais crescentes. A Europa vê-se confrontada com importantes desafios socioeconómicos que afetam

significativamente o seu futuro comum. Estes incluem: crescentes interdependências económicas e culturais, o envelhecimento e a evolução demográfica, a exclusão social e a pobreza, a integração e a desintegração, as desigualdades, a crescente clivagem digital, promover uma cultura de inovação e criatividade na sociedade e nas empresas, um sentimento de confiança cada vez menor nas

instituições democráticas e entre cidadãos, no interior e para além das fronteiras. Estes desafios são enormes e apelam a uma abordagem comum europeia.

Persistem desigualdades significativas na União, tanto entre países como no interior de um mesmo país. Em 2011, o Índice de Desenvolvimento Humano, uma medida agregada do progresso nos domínios da saúde, educação e rendimento, classifica os Estados-Membros da União entre 0,771 e 0,910, refletindo assim diferenças consideráveis entre países. Além, disso, persistem desigualdades significativas em termos de género: por exemplo, as disparidades salariais entre homens e mulheres na União continuam a situar-se numa média de 17,8% a favor dos homens25. Atualmente, um em cada seis cidadãos da União (cerca de 80 milhões de pessoas) encontra-se em risco de pobreza. Nas duas últimas décadas, verificou-se um aumento na pobreza entre adultos jovens e famílias com crianças. A taxa de desemprego dos jovens é superior a 20%. Cento e cinquenta milhões de

europeus (cerca de 25%) nunca utilizaram a Internet e poderão nunca ter literacia digital suficiente. Verificou-se também um aumento na apatia política e na polarização nas eleições, refletindo a perda de confiança dos cidadãos nos atuais sistemas políticos. Estes números sugerem que alguns grupos sociais e comunidades são persistentemente excluídos do desenvolvimento social e económico e/ou de políticas democráticas. Estas desigualdades não bloqueiam o desenvolvimento societal mas entravam as economias na União Europeia e reduzem as capacidades de investigação e inovação no interior dos países e entre países.

Um desafio central na abordagem destas desigualdades será a promoção de contextos em que as identidades europeias, nacionais e étnicas possam coexistir e constituir um enriquecimento mútuo.

Além disso, espera-se um aumento significativo do número de europeus com mais de 65 anos, cerca de 42%, passando de 87 milhões em 2010 para 124 milhões em 2030. Tal constitui um desafio importante para a economia, a sociedade e a sustentabilidade das finanças públicas.

As taxas de produtividade e de crescimento económico da Europa têm diminuído relativamente nas últimas quatro décadas. Além disso, a sua quota na produção global de conhecimentos e a sua liderança em termos de desempenho da inovação em comparação com as principais economias emergentes, como o Brasil e a China, estão a diminuir rapidamente. Embora a Europa disponha de uma base de investigação sólida, tem de transformar essa base num trunfo poderoso que se traduza em bens e serviços inovadores. Desde a crise financeira, muitas desigualdades económicas e sociais agravaram-se ainda mais na Europa e o regresso às taxas de crescimento económico anteriores à crise afigura-se ainda longínquo para uma grande parte da União Europeia. A atual crise indica também que é difícil encontrar soluções para crises que refletem a heterogeneidade dos Estados- -Membros e dos seus interesses.

Estes desafios têm de ser abordados em conjunto e de formas inovadoras e pluridisciplinares, uma vez que interagem de formas complexas e muitas vezes inesperadas. A inovação pode conduzir a um enfraquecimento da inclusividade, como pode ser observado, por exemplo, nos fenómenos de clivagem digital ou de segmentação do mercado de trabalho. A inovação social e a confiança social são por vezes difíceis de conciliar nas políticas, por exemplo, em zonas socialmente desfavorecidas em grandes cidades na Europa. Além disso, a conjugação da inovação e das crescentes exigências dos cidadãos levam também os decisores políticos e os agentes económicos e sociais a encontrar novas respostas que ignoram fronteiras estabelecidas entre setores, atividades, produtos ou serviços. Fenómenos como o crescimento da Internet, dos sistemas financeiros, do envelhecimento da

economia e da sociedade ecológica mostram abundantemente como é necessário pensar e responder a estas questões em todas as suas dimensões de inclusividade e inovação ao mesmo tempo.

A complexidade intrínseca destes desafios e a evolução das exigências tornam, portanto, essencial desenvolver investigação inovadora e novas tecnologias, processos e métodos inteligentes,

mecanismos de inovação social, ações coordenadas e políticas suscetíveis de antecipar ou influenciar evoluções importantes para a Europa. Exige uma compreensão renovada dos fatores determinantes da inovação, das interações entre ciência e sociedade, bem como dos princípios e práticas relativos à investigação e inovação responsáveis. Além disso, exige uma compreensão das tendências e impactos subjacentes a estes desafios e uma redescoberta ou reinvenção de formas bem sucedidas de solidariedade, comportamento, coordenação e criatividade que ponham a Europa em destaque em termos de sociedades inclusivas, inovadoras e ponderadas, em comparação com outras regiões do mundo. Exige também uma abordagem mais estratégica da cooperação com países terceiros baseada numa compreensão mais profunda do passado da União e do seu atual e futuro papel como protagonista mundial.

6.2. Fundamentação e valor acrescentado da União

Estes desafios ultrapassam as fronteiras nacionais e, por conseguinte, exigem análises comparativas mais complexas da mobilidade (de pessoas, mercadorias, serviços e capitais, mas também de competências, conhecimentos e ideias) e formas de cooperação institucional, de interações

interculturais e de cooperação internacional. Se não forem melhor compreendidas e antecipadas, as forças da globalização fazem também pressão sobre os países europeus para que entrem em

concorrência entre si em vez de cooperarem, acentuando assim as diferenças na Europa, em lugar das semelhanças e de um bom equilíbrio entre a cooperação e a concorrência. Enfrentar estas questões críticas, nomeadamente os desafios socioeconómicos, a nível exclusivamente nacional comporta o perigo de uma utilização ineficiente dos recursos, da externalização de problemas para outros países europeus e não europeus e do agravamento das tensões sociais, económicas e políticas que podem afetar diretamente os objetivos do Tratado Europeu no que diz respeito aos seus valores, em particular o título I do Tratado da União Europeia.

Com vista a compreender, analisar e construir sociedades inclusivas, inovadoras e ponderadas, a Europa necessita de uma resposta que permita desenvolver o potencial de ideias partilhadas para que, de futuro, a Europa possa criar novos conhecimentos, tecnologias e capacidades. O conceito de sociedades inclusivas reconhece a diversidade das culturas, das regiões e dos contextos

socioeconómicos como uma força europeia. É necessário fazer da diversidade europeia uma fonte de inovação e desenvolvimento. Tais esforços ajudarão a Europa a enfrentar os desafios não apenas a nível interno como também na sua qualidade de protagonista global na cena internacional. Por sua vez, isso contribuirá também para que os Estados-Membros beneficiem das experiências adquiridas noutras partes do mundo e possam definir melhor as suas próprias ações específicas

correspondentes aos seus respetivos contextos.

Por conseguinte, uma missão central no âmbito deste desafio, é promover novas formas de

cooperação entre os países da União e a nível mundial, bem como em comunidades de investigação e inovação e investigação relevantes. Um objetivo sistemático será apelar à participação dos

cidadãos e da indústria, apoiar processos de inovação social e tecnológica, incentivando uma administração pública inteligente e participativa, bem como informando e promovendo políticas baseadas em dados concretos, a fim de reforçar a relevância de todas estas atividades para os decisores políticos, os agentes sociais e económicos e os cidadãos. A investigação e a inovação serão uma condição prévia para a competitividade das empresas e serviços europeus, dando especial atenção à sustentabilidade, promovendo o ensino, aumentando o emprego e reduzindo a pobreza.

O financiamento da União no âmbito deste desafio irá, por conseguinte, apoiar o desenvolvimento, a implementação e a adaptação de políticas-chave da União, nomeadamente as prioridades da Estratégia Europa 2020 de crescimento inteligente, sustentável e inclusivo. Articular-se-á, se e quando adequado, com as iniciativas de programação conjunta, incluindo "Património cultural", "Viver mais, viver melhor" e "Europa urbana" e será prosseguida a coordenação com as ações diretas do Centro Comum de Investigação.

6.3. Linhas gerais das atividades

6.3.1. Sociedades inclusivas

O objetivo é compreender, analisar e desenvolver a inclusão social, económica e política e uma dinâmica intercultural positiva na Europa e com os parceiros internacionais, através de ciência de vanguarda, da interdisciplinaridade, de progressos tecnológicos e de inovações organizacionais. Os principais desafios a enfrentar no que respeita aos modelos europeus de coesão social são a

migração, a integração, a evolução demográfica, o envelhecimento da sociedade e a deficiência, bem como a redução da pobreza, tendo em conta as diferentes características regionais e culturais.

A investigação no domínio das ciências sociais e humanas assume um papel primordial neste contexto, na medida em que estas exploram as mudanças no tempo e no espaço e permitem explorar os futuros imaginados. A Europa tem uma história comum colossal tanto no que se refere à

cooperação como ao conflito. As suas interações culturais dinâmicas são fonte de inspiração e proporcionam oportunidades. A investigação é necessária para compreender a identidade e o sentimento de pertença das comunidades, regiões e nações. A investigação apoiará os decisores políticos na conceção de políticas que promovam o emprego, combatam a pobreza e previnam o desenvolvimento de várias formas de divisões, discriminações e desigualdades nas sociedades europeias, tais como as desigualdades entre géneros e intergeracionais, a discriminação com base na deficiência ou na origem étnica, ou a clivagem digital ou em inovação, e com outras regiões do mundo. Contribuirá nomeadamente para a implementação e adaptação da Estratégia Europa 2020 e da vasta ação externa da União. Serão adotadas medidas específicas para libertar a excelência em regiões de investigação, desenvolvimento e inovação (IDI) de fraco desempenho, alargando assim a participação no Programa-Quadro Horizonte 2020.

As atividades centrar-se-ão na compreensão e na promoção ou implementação:

a) dos mecanismos destinados à promoção de um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo;

b) das organizações, das práticas, dos serviços e das políticas dignas de confiança que são necessários para construir sociedades resilientes, inclusivas, participativas, abertas e criativas na Europa, em particular tendo em conta a migração, a integração e a evolução demográfica;

c) do papel da Europa como protagonista global, nomeadamente no que respeita aos direitos humanos e à justiça mundial;

d) dos processos e práticas para eliminar a clivagem no domínio da investigação e inovação na Europa;

e) da promoção de ambientes sustentáveis e inclusivos, através do planeamento e da conceção sustentáveis e inovadores do ordenamento do território e do urbanismo.

6.3.2. Sociedades inovadoras

O objetivo é promover o desenvolvimento de sociedades e políticas inovadoras na Europa mediante a participação dos cidadãos, das empresas e dos utilizadores da investigação e inovação e a

promoção de políticas coordenadas de investigação e inovação no contexto da globalização, bem como a necessidade de promover os mais elevados padrões éticos. Será prestado especial apoio ao desenvolvimento do EEI e ao desenvolvimento das condições de enquadramento da inovação. Os conhecimentos culturais e societais constituem uma importante fonte de criatividade e inovação, incluindo a inovação empresarial, social e do setor público. Em muitos casos, as inovações sociais e as inovações conduzidas pelos utilizadores precedem também o desenvolvimento de tecnologias, serviços e processos económicos inovadores. As indústrias criativas são um recurso importante para fazer face aos desafios societais e para a competitividade. As inter-relações entre a inovação social e tecnológica são complexas e raramente lineares, sendo necessária mais investigação, incluindo investigação intersetorial e pluridisciplinar, sobre o desenvolvimento de todos os tipos de inovação e de atividades financiadas para incentivar o seu desenvolvimento efetivo no futuro. .

As atividades incidirão em:

a) Reforçar a base factual e o apoio à União da Inovação e ao EEI;

b) Explorar novas formas de inovação, dando especial atenção à inovação social e à criatividade, e compreender o modo como todas as formas de inovação se desenvolvem e são bem ou mal sucedidas;

c) Utilizar o potencial de inovação, criatividade e produtividade de todas as gerações; d) Garantir o empenhamento da sociedade na investigação e inovação;

6.3.3. Sociedades ponderadas – património cultural e identidade europeia

O objetivo é contribuir para uma compreensão da base intelectual da Europa: a sua história e as muitas influências europeias e não europeias como inspiração para as nossas vidas de hoje. A Europa caracteriza-se por uma variedade de diferentes povos (incluindo minorias e populações indígenas), tradições e identidades regionais e nacionais, bem como por diferentes níveis de desenvolvimento económico e societal. A migração e a mobilidade, os meios de comunicação social, a indústria e os transportes contribuem para a diversidade de pontos de vista e de estilos de vida. Esta diversidade e as respetivas oportunidades devem ser reconhecidas e tidas em conta.

As coleções que se encontram nas bibliotecas – incluindo nas bibliotecas digitais – nos arquivos, nos museus, nas galerias e noutras instituições públicas europeias contêm um manancial de documentação e objetos de estudo preciosos e ainda por explorar. Estes recursos de arquivo

representam – juntamente com o património intangível – a história de cada Estado-Membro a título individual, mas também o património coletivo de uma União Europeia que se afirmou ao longo do tempo. Esse material devia ser colocado à disposição dos investigadores e dos cidadãos, também através das novas tecnologias, a fim de permitir que se olhe para o futuro através dos arquivos do passado. A acessibilidade e a preservação do património cultural sob esta forma são agora

necessárias para a vitalidade dos compromissos de vida no âmbito das culturas europeias e entre elas, e contribuem para o crescimento económico sustentável.

As atividades incidirão em:

a) Estudar o património, a memória, a identidade, a integração e a interação e tradução cultural na Europa, incluindo as suas representações nas coleções culturais e científicas, nos arquivos e museus, para melhor informar e compreender o presente através de interpretações mais ricas do passado;

b) Analisar a história, a literatura, a arte, a filosofia e as religiões dos países e regiões da Europa e o modo como estas formaram a diversidade europeia contemporânea.

c) Analisar o papel da Europa no mundo, a influência mútua e os laços existentes entre as regiões do mundo, e uma visão das culturas europeias de um ponto de vista exterior.

7. SOCIEDADESSEGURAS–PROTEGERALIBERDADEEASEGURANÇADA

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