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O EVANGELHO POSTO À PROVA

No documento Tradução: Carlos Torres Pastorino INDICE (páginas 62-71)

Observamos no capítulo precedente como desenvolve-se o fenômeno da descida do evolvido no terreno do involuído, e como o choque entre as duas leis opostas, resulta na crucificação, que representa uma terceira lei, a do sacrifício, exigência suprema da evolução. Observamos, depois, como amadurece um destino para poder cumprir uma missão e a técnica de seu desenvolvimento. Colhemos, assim, poder-se-ia mesmo dizer — surpreendemos — a manifestação das forças espirituais que dirigem essa missão, no momento crítico em que elas, sempre encerradas no mistério, eram obrigadas a aparecer em nosso mundo para nele agir, e, desse modo, pudemos vê-las funcionar, finalmente, a descoberto. Ocupamo-nos, por fim, dos instrumentos menores, dos seus métodos, e sua liquidação final.

Retornamos agora, a história do nosso protagonista que, para tratarmos destes outros aspectos do problema, havíamos momentaneamente deixado de lado. A questão, no seu conjunto, é ampla e complexa e, para compreendê-la em profundeza, deve ser examinada detalhadamente em todas as suas perspectivas. É por isto que vamos continuamente mudando o ponto de vista. Não se trata de contar aqui a história particular de um homem, mas de explicar a sua significação, significação biológica de conflito entre as leis de planos de vida diversos, em que essa história representa o eco da luta cósmica do Sistema contra o Anti-Sistema para a redenção do Universo. Encontramo-nos em face do amadurecimento de um destino cujo desenvolvimento havemos de compreender, e do cumprimento de uma missão, fenômeno do qual estudamos a técnica. Havemos de analisar os métodos usados pelas forças espirituais para descer e manifestarem-se na terra, e, enfim todas as repercussões secundárias ambientais etc. ...

Voltemos, agora, ao centro da batalha onde esta situado o protagonista, para estudar o centro da estratégia da mesma, porque é exatamente naquele ponto vital que se desferram os maiores ataques e mais ferve a luta. Trata-se aqui do ponto mais vital da missão e não de elementos acessórios que, repre- sentando funções secundarias, podem, sem prejuízo ser facilmente substituídos ou liquidados. O que constitui o verdadeiro fulcro da missão, da batalha e da sua estratégia, é um centro espiritual que esta além do instrumento terreno, mero executor material. Este centro é o Evangelho, e atrás do Evangelho esta Cristo que, nos momentos decisivos, intervém e resolve, oferecendo-nos aquele maravilhoso

fenômeno que vamos estudando, da descida à terra das forças do Alto.

De tudo isto decorre um fato relevante, isto é, que o cumprimento da missão, tem uma significação sobretudo cristã, evangélica. Trata-se de um experimento vivido, levado a efeito para observar a tão discutida aplicabilidade real do Evangelho na pratica de nossa vida. Experimentação vital para o nosso protagonista, que, porém, tem importância amplíssima, por ter uma significação de interesse geral. Enfrentaremos agora, por isso, o problema da Grande Batalha que estamos estudando, debaixo deste seu outro aspecto da experimentação evangélica, isto é, de missão cumprida, também para demonstrar que, contra todas as aparências, o Evangelho é aplicável completamente em nosso terreno humano e, ainda que isto pareça absurdo, com muita vantagem. Assim é que esta experiência pode ser utilizada como exemplo para a demonstração de uma verdade pouco aceita e que, entretanto, é utilíssimo conhecer. E por isto que relatamos aqui esta experimentação evangélica conduzida seriamente com as regras da observação positiva no laboratório da vida. Veremos, assim, os fatos conduzir-nos à conclusão de que o Evangelho é verdadeiro e que sua palavra, de fato, se realiza.

Procuraremos, desse modo, dar ao involuído aquele poder que torna mais forte o evolvido, evangelicamente desarmado. Para utilidade dos mais atrasados neste caminho, procuraremos estudar e explicar os segredos desta nova estranha estratégia que o mundo tão pouco conhece. Ir adiante pelo ca- minho retilíneo da sinceridade, significa chegar muito antes do que tomando a estrada da mentira e do engano. Muitos preferem esta última por parecer um atalho, mas é um atalho em que se escorrega a cada passo e que, por isto, exige mais tempo paro ser percorrido que a via mais comprida da honestidade onde não se escorrega, porque se coloca o pé não na lama, mas sobre a pedra firme. Trabalhar a luz da inteligência de onde nasce o conhecimento, exclui a incerteza da tentativa e do erro, fornece a calma, a tempestividade e a segurança da ação, o que conduz ao bom fim. Contrariamente, quem trabalha com as forças do mal, trabalha nas trevas da ignorância, que não lhe fornecendo o conhecimento, deixa-no em poder da tentativa e do erro, o conduzem a uma pressa repleta de orgasmo, à intempestividade e incerteza na ação, o que arrasta para a falência.

Não basta a afirmação teórica que o bem e o mais forte e triunfa. É preciso explicar como se desenvolveu a experimentação que prova ser isto verdadeiro; é necessário penetrar sua técnica, o método de desenvolvimento, observar a oposição entre as psicologias e estratégias do evolvido e do involuído, observar por quais defeitos este é levado a perder, e por quais qualidades o outro é levado a vencer.

O esquema da narrativa é simples. Trata-se do caso de um homem decidido a viver o Evangelho até o fim. Através dessa narrativa cada qual que se encontre nas mesmas condições pode enxergar a sI mesmo. Explicamos no começo do volume, onde a narrativa iniciou-se e vem, depois, a ser desenvolvida em outra direção, as razões de seu comportamento tão estranho, que denominamos a doença do Evangelho. Questão de tipo de personalidade, fruto de quem sabe qual seu passado, por isso questão de destino, com o resultado de lhe não ser possível aceitar a vida senão como uma missão. Esta é a experi- mentação evangélica de que estamos tratando experimentação árdua, mas decisiva. Se esta não tivesse êxito, aquele homem teria tido o direito de dizer a Cristo que ele teria naufragado por haver tomado a sério Suas palavras. Lógica de honestidade e fidelidade, levada até suas últimas conseqüências. De resto, dado o biótipo, não restava outra escolha No meio da invencível repugnância pela estupidez de tantas coisas humanas onde encontrar algo verdadeiramente digno, com que preencher a vida? Cada qual, na própria atividade, quer realizar a si mesmo, de acordo com o que é, e não pode renunciar a esta realização da própria personalidade

De outro lado seria forçoso ser cego para não ver o contraste existente na terra entre a teoria, representada por um Evangelho proclamado e pregado, e uma pratica feita com a sua negação continua. Qual dos dois teria razão? Cristo ou o mundo? Por que não tentar esta suprema experimentação? Ver, pois, nos fatos se o Evangelho é verdadeiro, aplicável na realidade de nossa vida humana, e os motivos e resultados. Caminho de pesquisa que, se conduzido com critérios racionais e objetivos, deveria conduzir à descoberta do mecanismo íntimo e vital do Evangelho, explicando a sua posição lógica no funcionamento

das leis da vida e da evolução, revelando enfim o segredo da sua estranha técnica para vencer na vida sem armas. Fascinante tornava-se estudar seriamente uma tão difundida loucura e verificar por que, não obstante tão pregada, é tão pouco aplicada. Tornava-se preciso controlar diretamente, com a experiência pessoal, quem teria razão entre os dois opositores: Cristo, com suas afirmações enunciadas em nome ao Pai e confirmadas com o martírio, ou o mundo que acha sábio fazer pouco caso, rindo-se de Cristo e acreditando de fato no contrario.

A experimentação era muito mais interessante que outras com que é costume preencher a vida: riqueza, poder, sensualidade, orgulho etc.. Como acreditar ainda nestas coisas, cair dentro delas somente para perceber depois que tudo é vaidade e ilusão? Oceano de enganos em que gostam de navegar os primitivos inexperientes para colher desilusão. Quanto, em vez disso, valeria, também para os outros, como exemplo, mas acima de tudo para si, possuir uma prova experimental própria acerca de argumento tão escaldante que abarca toda a conduta humana!

Desde jovem o nosso protagonista havia compreendido, por instinto, o truque das coisas humanas. Então, sem esperar o fim da vida para compreendê-lo e para chorar sobre a vaidade das coisas, instintivamente rebelde contra a aceitação da vida como a fazem os demais, certo dia ele tomou na mão o Evangelho e disse: quero pô-lo à prova, experimentando-o sobre minha própria vida. Se é verdadeiro, Cristo ajudar-me-á. Se não o for, então tudo há de cair comigo. Uma das duas: ou o, Evangelho tem razão, e, assim, este não me matará, mas, em vez, salvar-me-á. Não sei como isto possa dar-se, mas, por certo, este será um prodígio como o seria o do cordeiro vencer os lobos indo desarmado a abraça-los. Ou, contrariamente, o Evangelho não tem razão, tendo-a o mundo e matar-me-á. Mas nesse caso, não terei morrido pelas estúpidas e comuns malvadezas humanas, mas por algo digno, por haver querido seguir a Cristo. Terei, nesse caso, a grande vantagem de não ter morrido pela minha imbecilidade ou malvadez, mas inocentemente, por haver crido em Cristo e Sua será a responsabilidade. Solução, também esta, de elevado interesse. Como comportar-se-ia o Alto, seja no deixar realizar-se um caso semelhante, seja, depois, no julga-lo, permitindo as respectivas conseqüências?

Tudo isto representava uma espécie de desafio ao Alto, a fim de que se manifestasse direta- mente uma exigência de provas evidentes, aptas a fornecer um testemunho experimental irrepreensível da verdade do Evangelho. Estas provas depois! poderiam sobrepujar o caso particular, próprio do ex- perimentador, para elevar-se como exemplo coletivo de significação universal, para todos. E, quem sabe, essa experimentação inusitada viesse a fazer parte integrante daquela missão que estamos expondo, uma prova positiva demonstrativa e confirmativa da sua verdade!

Certo é que o mundo de hoje não pode mais satisfazer-se com uma fé cega e tem necessidade de provas convincentes. Para os homens positivos, práticos, que com a ação dirigem o mundo, e que são a maioria, é preciso abrir uma janela para outros mundos superiores que para eles parecem utopia. Se não fizermos entrar esses novos elementos no mundo para a sua salvação, não restara hoje senão o desespero, ou a destruição recíproca. No estado de inércia mental dos séculos anteriores estes problemas não surgiam e era possível adormecer em paz, encobrindo-os com a tradicional mentira. Mas, hoje, o acicate da dor bate nos ombros do homem moderno, e a este tudo é permitido, fora adormecer. A dor impõe novas perguntas e respostas e obriga a inteligência a desvenda-las. Chegou a hora dura do destino do mundo para impor a todos, bons ou maus, viver seriamente, enfrentando e resolvendo os problemas, num sentido ou noutro, mas sempre à luz da razão, dando-se conta e assumindo a responsabilidade do que se fizer. A bela comédia dos séculos transcorridos, com que tranqüilamente o mundo havia se acostumado a zombar de Deus e da Sua Lei, esta tornando-se hoje, uma tragédia, uma nova experiência dura em que entra em jogo a própria vida.

Também por estas razões o nosso homem entregou-se à experimentação. Ressentia-se ele mes- mo deste estado d'alma geral, de uma necessidade absoluta de clareza e sinceridade em qualquer caminho, ainda que fosse aquele que os antepassados denominaram do mal: viver de olhos abertos, sabendo as razões e as conseqüências da própria conduta; compreender e saber as razões do bem como as do mal, e,

escolhendo-se as sendas deste último, nunca fazê-lo cegamente, por instinto como os primitivos, mas vendo bem claramente, por haver feito o cálculo exato das vantagens da própria escolha. Se o bem então é verdadeiramente bem, este deve revelar-se à razão como o caminho mais conveniente por ser o que conduz à nossa maior utilidade. Se nos for vedado enfrentar os problemas morais e religiosos com esta franqueza honesta, quer dizer que a solução oferecida hoje ao mundo é um artifício que esconde algo que não se quer descobrir. Numa hora de geral revisão de todos os valores humanos, a experimentação que o nosso protagonista impunha a si mesmo correspondia, não só as suas condições particulares, mas, outrossim, a exigências de ordem geral. Evidentemente a dor, chave da evolução, esta despertando a inteligência do mundo para encaminhá-lo a um novo amadurecimento.

* * *

Assim, ele decidiu a grande experimentação. Qualquer que viesse a ser o resultado dela, ele teria procurado utilizar a vida para finalidades mais elevadas que não as baixamente estúpidas de tantos outros. Pô-la a serviço de instintos animais, guiando-se por estes e não pela inteligência, era método impróprio ao seu biótipo. Sua natureza era diversa e o levava a uma espécie de inconciliabilidade com os métodos dominantes. Procurava adaptar-se com um sentido de respeito aos sistemas do próximo, mas deste seu respeito o próximo se aproveitava para impor-se a ele. Enquanto ele procurava colaborar, os outros avizinhavam-se para dominar. Sacrificara-se para coadjuvar e encontrava quem só queria explora- lo. O que, afinal, queriam dele? Era possível que, para viver naquele plano, fosse necessária a revolta e que fosse esta a resposta exigida por ser a única que os outros podiam compreender?

Assim foi que aquele homem estranho começou a viver o Evangelho. A experimentação, pelos perigos implícitos e por suas conseqüências, assim como pelas conclusões a que conduzia, devia ser efe- tuada com seriedade e precisão, como uma pesquisa de laboratório, observando exatamente todas as condições e reações. Como se desenvolveria uma vida guiada por tão estranhas diretrizes? Era necessário conduzir a experimentação com inteligência para não errar nas conclusões. Assim foi que se desenvolveu a grande aventura. A prova realizou-se observando todas as regras da arte, foi controlada racionalmente, estudada positivamente para dela tirar conclusões certas.

Desenvolveu-se desse modo a vida do nosso0 protagonista. O caminho foi longo e duro. Por um grande período o Evangelho foi vivido na sua parte negativa: renúncia, aceitação, dor. Assim a ele tinha sido devido adaptar-se a sofrer em solidão e silêncio. Vida triste, redobrada toda para o interior, para onde aquela alma era rechaçada pelo contínuo desferrar dos golpes de todos quantos, como lobos cheiran- do a cordeiro, encetavam os primeiros passos para o banquete. Mas enquanto para estes se tratava apenas da banal manifestação de instintos, nele a inteligência afinava-se na amargura e a introspecção aprofundava-se cada vez mais. Era duro e difícil, mas havia nisto um grato sabor de poder naquele Evangelho que lhe exigia saber viver como cordeiro entre os lobos, largando todas as armas, tendo pre- sente a alegria dos lobos antegozando o banquete daquele que, havendo-se feito cordeiro, podia ser devo- rado impunemente. Que convite agradável para eles Para ele, apenas, o martírio da maceração e do amadurecimento. A forma de evolução com que se realizava a redenção Evangélica teria, então, que se realizar por via da crucificação? É esta, então, a primeira fase da técnica da ascensão para o involuído, isto é a destruição da animalidade?

Assim perdurou por diversos anos. A opinião pública, considerando-o um vencido, estava con- tra ele e o definia: o imbecil. E ele começava a resignar-se a morrer, aceitando a segunda das duas soluções, isto é, a de que o Evangelho, ainda que teoricamente justo, não era, na pratica, aplicável na terra. Qualquer outro, em seu lugar, chegando a este ponto, teria abandonado a experimentação, seguindo o caminho mais seguro, o do mundo, em que os efeitos são imediatos. Mas o nosso era um homem estranho que não aceitava aquele caminho e aquele tipo de vida. Não lhe restava outra escolha senão a de ir até o fim, tanto mais que uma experimentação conduzida até a metade não o autorizava a tirar qualquer conclusão. De outro modo sua seria a culpa se a prova não tivesse êxito e, a sua morte, ele não teria

nenhum direito de afirmar ter sido destruído por ter crido no Evangelho, que o teria induzido a engano. Decidiu, pois, continuar até o fim e deixar-se matar, mas somente por Cristo e unicamente por haver que- rido sempre seguir o Evangelho.

Entretanto ele havia compreendido uma coisa. Se o mundo afirma que o Evangelho não é praticável na terra, isto podia ter sua razão exatamente neste cansaço prematuro,da parada no meio do de- senvolvimento do fenômeno, cujo decurso havia de ser bem mais longo. É preciso ir cautelosamente no julgar e não ter tanta pressa em liquidar assim leviana e superficialmente um fenômeno de tal monta como o evangélico, em torno do qual gira a humanidade. Uma das razões que induziram o nosso experi- mentador a continuar em suas indagações a todo custo, foi precisamente a de que devia haver alguma outra causa pela qual o Evangelho continuava a apresentar-se nesta sua forma invertida que induz a maioria a abandona-lo. Devia haver uma espécie de barreira do som a ser ultrapassada para que tudo, depois, mudasse radicalmente. O problema estava em possuir a resistência necessária a superar aquele limite.

A maioria para as primeiras tentativas, que, naturalmente dão resultado negativo, e com isto ti- ra conclusões. Feita uma primeira experimentação e pelo fato de não terem obtido um sucesso decisivo e imediato, sentem-se autorizados a sustentar que o Evangelho não é aplicável. Dizem: "Experimentem. Sistema impossível. Se não tivesse reagido, defendendo-me por mim mesmo, ter-me-ia perdido". Coloca- se, por isto, o Evangelho de lado, entre as muitas mentiras convencionais de que é repleta a nossa socie- dade uma vez que se julga ter o direito de concluir, com a prova na mão, que o Evangelho não pode ser vivido.

Tudo isto é explicável. Ultrapassar a barreira do som, neste caso, significa chegar a pôr em funcionamento no plano do involuído as leis próprias do evolvido. Do mesmo modo como, superado um dado limite de velocidade, modificam-se as leis do movimento que então deve ser conduzido com princí- pios diversos, assim, passando do plano de vida do involuído ao do evolvido mudam-se as leis de vida e os métodos para defendê-la. Viver, então, de acordo com a estratégia evangélica da não resistência, sig- nifica transferir em própria defesa as formas de movimento que se adotam nas velocidades ultra-sônicas para o terreno humano onde se anda a pé, ou pouco mais. Eis porque aqueles sistemas, na terra, para o viandante inexperto, não funcionam e, por isto, este os acha inaplicáveis ou, melhor, perigosos. Mas isto não quer dizer que para o viandante esperto que saiba utiliza-los, que conheça a técnica deles, aqueles sistemas de movimento em velocidade ultra-sônica, não possam representar uma indiscutível supe- rioridade sobre quem sabe apenas andar a pé ou pouco mais. Esta é a posição do homem evangélico consciente das mais elevadas e poderosas leis do seu plano em face do homem comum que as desconhece e permanece em poder das leis de próprio nível, menos poderosas, por serem menos evoluídas. Poder-se- ia objetar: mas, porque, então, se o mundo é feito, a este respeito, de analfabetos, exigir atitudes de graduado em nível universitário? Mas isto não tolhe que todos procurem superar os cursos inferiores para chegar a universidade, por saberem das vantagens que disto decorrem.

Desenvolver, vivendo-o, o tema evangélico é trabalho ainda demasiado difícil para muitos alunos terrestres. Para esses acontece o que se daria com um selvagem a quem se entregasse um aparelho radiofônico; depois de observa-lo por todos os lados, julgando-o com o seu cérebro, o desprezaria por imprestável. Usar o Evangelho significa pôr em movimento leis complexas e forças profundas, de grande potência, de efeitos a longo prazo, e não fenômenos de superfície, de resultados diminutos e que, por ime- diatos, são os que o homem comum melhor percebe e mais aprecia. Assim é que, enquanto os outros efei- tos escapam-lhe, ele só aceita estes.

Assim é que, enquanto a maioria para na metade, chegando a conclusões erradas, o nosso pro- tagonista quis continuar a experimentar o Evangelho, como deve fazer quem quer estudar um fenômeno seriamente. Tratando-se de leis complexas e forças profundas, era lógico que este estudo reclamasse tempo e perseverança, e com isto muita fé, de que sempre deve estar munido o cientista que quer es-

No documento Tradução: Carlos Torres Pastorino INDICE (páginas 62-71)