4. AMBIENTE DIDÁTICO (LABORATÓRIO)
4.3 EVAPORADOR
A evaporação é um processo que consiste em concentrar uma solução pela ebulição do solvente (FOUST et al., 1982). Trata-se de uma operação unitária com um intenso gasto de energia (BHARGAVA et al., 2008). Por este motivo a associação de evaporadores se faz necessária para obter um processo com maior eficiência (KAYA; SARAC, 2004). Em qualquer operação evaporativa, o custo principal do processo é o do vapor da água consumido, tornando os métodos de redução de consumo de vapor muito interessantes. Com a associação de evaporadores (evaporação múltiplo estágios), o vapor gerado de um evaporador é utilizado como fluido de aquecimento de um segundo evaporador gerando uma economia de energia (ANDERSON; BERNDTHSSON, 1999).
De acordo com Philipp e D’Almeida (1988), a alimentação em uma planta de evaporação múltiplo efeitos, ou seja, diversos estágios, pode ser realizada de três formas principais, tais como:
Alimentação direta: quando a alimentação é feita no estágio (mais quente) e percorre os estágios no mesmo sentido do fluxo de vapor. É utilizada quando a temperatura de alimentação é alta.
Alimentação inversa: quando a alimentação é feita no último estágio (mais frio) e percorre os estágios no sentido inverso ao fluxo de vapor. É utilizada quando a temperatura de alimentação é baixa.
Alimentação mista: quando a alimentação é feita em um estágio intermediário, que possui uma temperatura próxima à temperatura da alimentação. É comum o uso de pré-aquecedores entre os estágios.
Na Figura 24 tem-se o exemplo de um processo de evaporação de dois estágios do tipo alimentação direta. Foi utilizado um estágio de evaporação intermediário para aumentar a produtividade do processo. Esse evaporador é do tipo
Figura 24 - Sistema de evaporação com 2 estágios Fonte: Autoria própria
Neste processo, com a entrada de uma alimentação, busca-se produzir uma solução mais concentrada. A alimentação aqui, trata-se de uma solução ( licor negro e água) com concentração x0 de 20%, temperatura T0 de 90ºC e vazão f0, cujo valor inicial é de 0,11m³/s, que alimenta o evaporador 1.
A evaporação é realizada dentro do evaporador 1, que funciona como um trocador de calor, aquecendo a solução até a ebulição, passando em seguida para um segundo evaporador que repete o mesmo processo.
O evaporador 1 possui tempertura T1, pressão p1, fluxo de energia (q1), volume V1 de aproximadamente 5m³, com área de transferência de calor de 2900m² e coeficiente de transferência de calor de 4kW/m² ºC. É aquecido com vapor através da válvula (fs), a uma temperatura saturada do vapor (Ts) de 90ºC. A saída de vapor do evaporador 1 é responsável pelo aquecimento do evaporador 2 através de ws. Dentro desse primeiro evaporador, a solução passa a ter concentação x1, e é liberada para o evaporador 2 através da válvula de saída (f1).
O evaporador 2 recebe aquecimento do evaporador 1 (ws), possui temperatura T2, pressão p2, fluxo de energia (q2), volume V2 aproximado de 5m³, com área de transferência de 3000m² e coeficiente de calor de 4kW/m² ºC. Dentro do segundo evaporador, com valor inicial de vazão da válvulva de saída (f2) de 0,057 m³/s, a concentração passa a ser x2.
Após aquecimento dos dois evaporadores, o vapor de saída do evaporador 2 (w1) é transferido para um Condensador que possui temperatura Tc, fluxo de energia (qc), área de transferência de calor igual a 3000m² e coeficiente de transferência de calor igual a 5 kW/m² ºC. A temperatura de água fria (Th2o) na entrada do condensador é de aproximadamente 20ºC. A entrada dessa água é controlada pela válvula de entrada do Condensador (fc).
Este processo possui quatro perturbações: x0, T0, Ts e Th2o. Para simulação destas variáveis foram utilizadas as leituras dos sinais de saída dos transmissores inteligentes SMAR. A concentração da alimentação de entrada x0 e temperatura da alimentação de entrada T0 são simuladas pelos sinais de saída dos transmissores TT302 e LD302 do kit 1 com transmissores conectados à bridge da ABB. A temperatura de vapor Ts e temperatura da água fria Th2o são simuladas pelos sinais de saída dos transmissores TT302 e LD302 do kit 2 com transmissores conectados à bridge da SMAR. Os transmissores TT302 estão conectados a
potenciômetros, o usuário do sistema pode alterar o valor de resistência do potenciômetro, a medição desta resistência é enviada ao transmissor que a converterá em sinal de porcentagem (x0) e graus Celsius (Ts). O mesmo ocorre com os transmissores de pressão LD302, porém neste caso, os transmissores estão conectados a peras (Fotografia 3) utilizadas em aparelho medidor de pressão esfigmomanômetrico, o usuário do sistema pode alterar o valor de medida pressionando a bomba (pera), essa medição é enviada para o transmissor de pressão que a converterá em graus Celsius (To e Th20).
As equações (1) a (14) representam o modelo matemático do processo industrial descrito acima. O modelo foi baseado no trabalho de GRÄNFORS e NILSSON (1999). Com a utilização do software MATLAB, o modelo deste sistema será simulado no Laboratório LACOS. A implementação deste modelo está disponível no Apêndice A.
Equação (1): Volume total
= − − (1)
Equação (2): Volume do solvente (água)
= , − , −
(2)
Equação (3): Volume de licor negro
= , − ,
(3)
Equação (4): Entalpia
Equação (5): Equivalente à equação (2)
= + (5)
Equação (6): Implementação das equações (1) e (2) na equação (5)
= 1 , − , − 1 − ,
(6)
Equação (7): Equivalente à equação (3)
= +
Equação (8): Implementação das equações (1) e (3) na equação (7)
(7)
=
, − ,
Equação (9): Equivalente à equação (4)
(8)
= + (9)
Equação (10): Implementação das equações (1) e (4) na equação (9)
Equações (11) a (14): Fluxo de energia
= !" # . − # . (15)
Além das equações de (1) a (14), algumas rotinas, localizadas no APÊNDICE A, também foram consideradas, para simulação do processo:
dnslblq (T,X): Densidade como uma função de temperatura e concentração do licor negro;
entlblq (T,X): Entalpia como uma função de temperatura e concentração do licor negro;
tlblq (X,H): Temperatura como uma função de concentração e entalpia do licor negro;
eqpblq (T,X): Equilíbrio da pressão como uma função de temperatura e concentração do licor negro;
eqth2o (P): Equilíbrio de temperatura como uma função de pressão; eqph2o (T): Equilíbrio da pressão como uma função de temperatura; epvh2o (P,T): Entalpia do vapor puro como uma função de pressão e
temperatura;
eplh2o (P,T): Entalpia do líquido puro como uma função de pressão e temperatura.
Onde:
ρ: densidade (kg/m³);
V: volume (m³);
F: vazão volumétrica (m³/s);
W: massa de vazão da saída do evaporador 2 (kg/s) X: concentração (kgH2O/kg);
= %& #'()− # (*+ (11)
= ∆ )-./ (12)
H: entalpia (kJ/kg);
Q:fluxo de energia (kJ/s);
A área de transferência de calor (m2);
k: coeficiente de transferência de calor (kJ/m2°C); T: temperatura (°C); c: condensador; ∆: diferença; Cp: é Calor específico (kJ/kg°C); e: erro de controle; Kc: ganho do controlador;
m: massa de vazão da água fria (kg/s); P: pressão (kPa);
u: é o sinal de controle (m³/s);
LN: média logarítmica da temperatura; L: liquido denominado licor negro; V: vapor; IN dentro; OUT fora; w água; s licor hot quente cold frio
Com a utilização deste modelo matemático, no próximo capítulo serão apresentadas as simulações realizadas para testes do ambiente didático LACOS.