• Nenhum resultado encontrado

1.4. Florescimento artístico da arte do vidro

1.4.2. Eventos e workshops

Em 1988 realizou-se, na Marinha Grande, e na Fundação Calouste Gulbenkian, uma exposição do artista americano Dale Chihuly, as suas famosas peças as Macchia, formas ligadas a um universo geológico, onde as cores estão relacionadas com as pedras.

“Quando objectos de vidro tomam as dimensões das Macchia de Chihuly, atingem uma nova identidade. O vidro não pode mais pretender ser modesto, fácil, frágil, mesmo continuando a jogar com o efémero”

(HOBBS in catálogo: 1988) Com forte inspiração das técnicas utilizadas pelos mestres de Veneza, este artista impulsiona a arte do vidro. Foi um dos primeiros artistas estrangeiros a trabalhar nas oficinas de Veneza, com os mestres Pino Signoretto e Lino Tagliapietra, onde suas ideias complementavam as competências técnicas (LIEFKES in CHIHULY at V&A: 2001; 60-73).

Em 1988 Chihuly passa uma temporada na Fábrica Escola Irmãos Stephens, onde realizou algumas obras com os vidreiros da fábrica (Anexo I). No Museu do Vidro da Marinha Grande encontram-se hoje três exemplares desenvolvidos durante a sua estada. Ainda que esses exemplos estejam numa linha temática e técnica diferente da utilizada habitualmente pelo artista nas suas peças habituais, como Macchia, vemos claramente as linhas e formas características da arte de Chihuly (Figura 1.49).

84

Figura 1.49 Peça realizada por Dale Chihuly na Fábrica Escola Irmãos Stephens em 1988.

O Engenheiro Victor Carvalho era na altura o director da Fábrica Escola Irmãos Stephens e foi um incentivador da realização deste evento e também de outros, nomeadamente um workshop com cerca de quarenta artistas estrangeiros que participaram na exposição “Transparences”, que veio depois para a Marinha Grande (catálogo: transparences), sendo exposta no Museu da F.E.I.S., onde hoje é actualmente o Museu do Vidro. Niza Falcão, então designer na fábrica, assistiu a este

evento de ideias e actividades68 (Anexo I)

Workshops no âmbito do studio glass movement têm vindo a realizar-se nas

instalações da VICARTE (Unidade de Investigação Vidro e Cerâmica para as artes69). O

primeiro foi realizado em Abril de 2007, pelo artista Michael Taylor, “Fundamentals of

Hot Glass Forming” procurando estabelecer um primeiro contacto com a técnica de

68 Entrevista realizada à designer, durante a qual esta revelou a grande emoção que sentiu na fábrica

nessa altura. E a revolução que foi para os vidreiros, que conceberam peças arrojadas e de cariz inovador, longe dos trabalhos rotineiros. Os artistas que participaram nesta exposição foram: Breck aliás Federic Thieck-Breck, Pierre Buraglio, Cipres Nicole, Bernard Dejonghe, Gerard Delafosse, Gerad Koch, Antoine Leperlier, Etienne Leperlier, Raymond Martinez, Isabelle Monod, Matei Negreanu, François Paire, Reidunn Rugland, Didier Tisseyre, Van Lith Jean-Paul, Michel Ventrone, Czeslaw Zuber, Yan Zoritchak.

69

Sedeada no campus da Caparica da Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências e Tecnologia. É uma parceria entre a FCT/UNL e a FBA/UL. www.vicarte.org

85

vidro soprado. Aqui participaram os alunos da cadeira de vitral da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL). Em seguida foi realizado um pequeno workshop de sandcasting, “Introdução ao sandcasting”, ministrado por Teresa Almeida e no ano seguinte, no mês de Junho, o artista Michael Taylor voltou a orientar um workshop intitulado “Optics - a Medium for expression”, novamente para os alunos da FBAUL. Em Maio de 2009 a VICARTE volta a organizar um Workshop de vidro soprado “Introduction to Glassblowing Techniques and the Science of Glass” com a colaboração de professores e alunos da Penstate University, onde participaram os alunos da cadeira de vitral da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL), alunos da cadeira de vitral da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP), da Escola Superior de Arte e Design de Matosinhos (ESAD) e do Departamento de Conservação e Restauro da Faculdade de Ciências e Tecnologia da

Universidade Nova de Lisboa.

O CRISFORM apoia a realização de workshops e acções de formação nas diversas técnicas do vidro para estudantes das Faculdades de Arte do nosso país. Em 2007 e 2008 foram realizadas acções de formação para os alunos do curso de Cerâmica e Vidro da Escola Superior de Design das Caldas da Rainha. Workshops de “Sopro”,

“Fusão”e “Casting”. Em 2009 organizou-se a primeira acção de formação,

desenvolvida também no CRISFORM, intitulada “Casting” no âmbito da cadeira de vitral da FBAUP, onde participaram alunos desta faculdade. Pretendia-se introduzir novos conhecimentos e novas técnicas de trabalhar o vidro nesta disciplina, permitindo assim aos alunos a possibilidade de renovarem os seus conhecimentos. Em 2010 são realizados mais duas acções de formação para os alunos da FBAUP,

“Iniciação à técnica do sopro sem molde” e “Iniciação às técnicas de fusão”70. O

CRISFORM disponibiliza hoje as suas instalações para estudantes e artistas que queiram desenvolver projectos.

Em 2010, os “Projectos Vivos”, da FBAUP com os professores Norberto Jorge e Rui Ferro e juntamente um grupo de alunos da FBAUP, desenham peças em vidro

70

Existe um protocolo entre o CRISFORM e a Faculdade de Belas Artes do Porto, com o qual se pretende que estas acções de formação continuem a ser desenvolvidas.

86

(desenvolvidos e produzidos nas instalações do CRISFORM71) que foram entregues

como troféus no evento “NOVO NORTE”, prémios 09/10 (Distinguir o Norte premiar a inovação).

A Associação Portuguesa do Vidro (APV) surgiu em 1995 reunindo pessoas do mundo científico, artístico e de gestão. Artistas, cientistas, empresários, conservadores e historiadores integraram esta associação, uma entidade sem fins lucrativos tendo como objectivo a promoção, desenvolvimento e execução de actividades relacionadas com a arte, ciência e tecnologia do vidro e suas aplicações. Procurou promover

workshops com o espírito da “Studio Glass” e dar a conhecer os artistas e a arte do

vidro contemporâneo Português, assim como a divulgação da ciência e tecnologia do vidro nas suas diferentes aplicações.

Entre os vários eventos que realizou ou colaborou incluem-se o Primeiro Encontro “O

Estado do Vidro em Portugal”, em 1997, na Marinha Grande. Em 1998 o Workshop e

Seminário organizado no âmbito das comemorações dos 250 Anos da Indústria do Vidro, na Marinha Grande “Vidro - Tradição, Arte e Design” e participação portuguesa na "International Expo II" na conferência da "Glass Art Society" em Tampa, Florida, EUA em 1999. Nesta exposição foram expostos trabalhos de especialistas da Marinha Grande, nomeademente Fernando Esperança, António Esteves e Júlio Liberato Santos. Organizou um encontro internacional denominado "Glass, Art and Science -

International Exhibition & Conference", em 1999, e simultaneamente várias

exposições; com o apoio do Programa Ciência Viva do Ministério da Ciência e Tecnologia realizou uma exposição itinerante com o título "Vidro: Ciência e

Tecnologia". A APV participou ainda no 4º Fórum Ciência Viva no Pavilhão do Atlântico

em 2000 e, no mesmo ano, participou também no 1º Salão Internacional do Vidro, na

Marinha Grande, com a exposição “Vidro: Ciência e Tecnologia”.

No entanto, devido a dificuldades logísticas, os seus representantes decidiram extinguir a Associação Portuguesa do Vidro em 2010, passando todo o seu espólio para a VICARTE.

71

87