• Nenhum resultado encontrado

Evidência clínica da eficácia dos fármacos canabinóides no tratamento da dor

Para esta revisão foram considerados apenas ensaios clínicos aleatorizados que comparassem o efeito de canabinóides versus placebo ou tratamento padrão. Foram incluídos apenas ensaios com a duração de pelo menos 2 semanas após início do tratamento (Tabela 1).

As principais medidas de avaliação da intensidade da dor nos ensaios foram uma escala denominada em inglês “Numeric Rating Scale” (NRS) que consiste numa avaliação que os pacientes fazem sobre a intensidade da sua dor numa escala de 0 a 10, em que o 0 representa “nenhuma dor” e o 10 representa “a pior dor imaginável”, e uma escala denominada em inglês “Visual Analogue Scale” (VAS) que consiste numa linha de 10 centímetros em que numa extremidade tem a indicação de “nenhuma dor” e na outra extremidade tem a indicação de “a pior dor imaginável” e a magnitude da intensidade da dor é indicada marcando a linha e posteriormente quantificando a marcação numa escala de 0 a 100 milímetros.

A grande maioria dos ensaios clínicos que avaliaram os efeitos dos canabinóides (naturais e sintéticos) na dor neuropática apenas surgiram nas últimas 2 décadas, sendo uma área de estudos em claro crescimento (Blanton et al., 2019).

Refira-se a título de exemplo, que 7 ensaios clínicos foram realizados com o Sativex®, um medicamento que está autorizado em Portugal para o tratamento da rigidez muscular associada à esclerose múltipla e que se encontra em solução para pulverização bucal. É constituído por 27 mg/ml de THC e 25 mg/ml de CBD (Infarmed.int, 2018). Três ensaios clínicos encontraram no Sativex® eficácia na redução da dor neuropática, associada à esclerose múltipla (Rog et al., 2005) e de origem periférica (Berman et al., 2004; Nurmikko et al., 2007). Por outro lado, outros 3 ensaios que avaliaram o Sativex®, não observaram uma redução significativa da dor neuropática induzida por quimioterapia (Lynch, et al., 2014) e associada à esclerose múltipla (Langford et al., 2012; Wade et al., 2004). Foi ainda realizado em 2014 um ensaio clínico que avaliou a eficácia do Sativex® na dor neuropática de origem periférica. Observaram-se resultados significativos na melhoria de pelo menos 30% da dor (indicador de eficácia clínica), mas não obteve

ensaios que falharam, comparativamente aos outros ensaios, sendo necessário perceber melhor qual o papel do Sativex® na dor neuropática.

Em relação à nabilona, um canabinóide sintético (agonista parcial do recetor CB1 e CB2),

foram realizados 3 ensaios clínicos. Um dos ensaios, que comparou a nabilona com a diidrocodeína no tratamento da dor neuropática de origem mista, concluiu que a diidrocodeína era superior à nabilona e apresentava menos efeitos adversos (Frank et al., 2008). Um outro ensaio, que avaliou a eficácia da nabilona como coadjuvante da gabapentina no tratamento da dor neuropática associada à esclerose múltipla, observou uma redução estatisticamente significativa da dor neuropática no grupo da nabilona e gabapentina face ao grupo da gabapentina e placebo (Turcotte et al., 2014). Por fim, um ensaio que avaliou a eficácia da nabilona na dor neuropática periférica diabética, encontrou diferenças significativas na redução da dor neuropática face ao placebo no final do ensaio (Toth et al., 2012).

Quanto ao ∆9-THC (também referido como dronabinol) foram realizados 3 ensaios clínicos. Dois ensaios avaliaram a eficácia do ∆9-THC em pacientes com dor neuropática associada à esclerose múltipla e ambos observaram uma redução estatisticamente significa da dor neuropática no grupo de intervenção face ao grupo placebo (Svendsen et al., 2004; van Amerongen et al., 2018). Contudo, houve um ensaio que avaliou o ∆9- THC também na dor neuropática associada à esclerose múltipla, que não obteve resultados positivos. Os autores observaram que embora tenha sido clinicamente relevante a diminuição da dor, não houve diferenças estatisticamente significativas entre os grupos de intervenção e placebo no que diz respeito à redução da dor neuropática (Schimrigk et al., 2017). É importante referir que o número de participantes avaliados no ensaio que não obteve sucesso foi bastante superior ao número de participantes dos ensaios que obtiveram resultados positivos.

Nesta revisão que incluiu 13 ensaios clínicos, 7 demonstraram um efeito positivo na redução da dor neuropática com recurso a diferentes canabinóides naturais e sintéticos, contudo, parece que os canabinóides apenas podem reduzir a intensidade da dor neuropática num grau modesto. Houve também melhorias em outras variáveis, como por exemplo o sono, contudo não é o objetivo desta revisão avaliá-las.

Os resultados contraditórios nos ensaios podem dever-se a diversos fatores, tal como o facto da maioria dos ensaios ter poucos participantes, heterogeneidade entre os participantes e os tipos de dor neuropática, duração reduzida dos ensaios, pelo que é de grande importância o rigor na metodologia dos próximos ensaios clínicos a ser efetuados neste âmbito. É necessário realizar mais ensaios de maior escala e duração para aferir a segurança (incluindo o potencial de abuso) e a eficácia dos canabinóides no tratamento da dor neuropática a longo prazo e num número maior de pacientes.

No geral não houve efeitos adversos graves e estes foram bem tolerados e descritos como transitórios. Os efeitos adversos mais comuns foram a sonolência, tonturas, boca seca, náusea e fadiga.

Os ensaios clínicos, ainda que com resultados irregulares, demonstram potencial para continuar o estudo da modulação farmacológica do sistema endocanabinóide para o tratamento da dor neuropática.

Conclusão

Com base na literatura atualmente disponível, pode-se constatar que têm sido reconhecidos potenciais terapêuticos da Cannabis desde há vários séculos nas mais diversas patologias. Também o aumento exponencial das publicações sobre este tema revela o crescente interesse nesta nova abordagem de tratamento, contudo, com alguns entraves como por exemplo o preconceito no estudo devido à dificuldade de diferenciação por vezes do uso recreativo versus o uso terapêutico.

O isolamento dos constituintes ativos da planta, como o THC e o CBD, impulsionou o estudo de como estas substâncias poderiam atuar na fisiologia e fisiopatologia humana, o que levou a anos mais tarde se identificar os recetores endógenos para os canabinóides (CB1 e CB2) e os seus ligandos endógenos, denominados então de endocanabinóides. Foi

também possível identificar outros novos recetores para os canabinóides como o GPR55, GPR18, TRPV1, TRPV4, PPAR, GRP3, GPR6 e GPR12, o que demonstra que há ainda

variadíssimos alvos para estudar. A localização e expressão fisiológica e em situações patológicas dos recetores têm vindo a ser uma área importante de estudo. Tem sido também estudado, cada vez com mais detalhe, o metabolismo destes endocanabinóides, ou seja, as suas vias enzimáticas de síntese, inativação e transporte, e as suas vias de sinalização, principalmente a via de sinalização retrógrada que permitiu o melhor entendimento deste sistema.

Os ensaios pré-clínicos demonstram amplamente o potencial interesse do sistema endocanabinóide no tratamento da dor neuropática, realçando que os recetores como o CB1, CB2, e as enzimas FAAH e MAGL, entre outros, têm sido identificados como

possíveis novos alvos para desenvolver fármacos mais seletivos desprovidos dos efeitos adversos clássicos.

Em relação aos ensaios clínicos, embora nem sempre demonstrem eficácia, demonstram que é possível que os fármacos que atuem no sistema endocanabinóide tenham um efeito no controlo da dor neuropática, contudo a evidência atual não é suficiente para a introdução dos mesmos na prática clínica, o que revela a necessidade de efetuar mais ensaios clínicos de melhor qualidade para eventualmente se poderem introduzir estes fármacos na terapêutica com segurança e eficácia. É de salientar que os fármacos

exemplo, inibidores da FAAH devem ser estudados uma vez que apresentaram resultados promissores nos ensaios pré-clínicos.

No futuro, espera-se que este sistema continue a ser estudado para uma melhor compreensão das suas vias de sinalização e metabolismo, e também que se realizem mais ensaios pré-clínicos e clínicos de qualidade para compreender até que ponto esta abordagem poderá ser benéfica ou não no tratamento da dor neuropática.

Bibliografia

Adams, R., Pease, D. and Clark, J. (1940). Isolation of Cannabinol, Cannabidiol and Quebrachitol from Red Oil of Minnesota Wild Hemp. Journal of the American Chemical Society, 62(8), pp.2194-2196.

Agarwal, N., et al. (2007). Cannabinoids mediate analgesia largely via peripheral type 1 cannabinoid receptors in nociceptors. Nature Neuroscience, 10(7), pp.870-879. Araque, A., et al. (2017). Synaptic functions of endocannabinoid signaling in health and

disease. Neuropharmacology, 124, pp.13-24.

Atakan, Z. (2012). Cannabis, a complex plant: different compounds and different effects on individuals. Therapeutic Advances in Psychopharmacology, 2(6), pp.241-254. Attal, N. and Bouhassira, D. (2019). Translational neuropathic pain research. PAIN, 160,

pp.S23-S28.

Baker, D., et al. (2006). In silico patent searching reveals a new cannabinoid receptor. Trends in Pharmacological Sciences, 27(1), pp.1-4.

Basavarajappa, B., et al. (2017). Endocannabinoid system in neurodegenerative disorders. Journal of Neurochemistry, 142(5), pp.624-648.

Berman, J., Symonds, C. and Birch, R. (2004). Efficacy of two cannabis based medicinal extracts for relief of central neuropathic pain from brachial plexus avulsion: results of a randomised controlled trial. Pain, 112(3), pp.299-306.

Bisogno, T., et al. (2000). N-acyl-dopamines: novel synthetic CB1 cannabinoid-receptor ligands and inhibitors of anandamide inactivation with cannabimimetic activity in vitro and in vivo. Biochemical Journal, 351(3), pp.817-824.

Blanton, H., et al. (2019). Cannabinoids: Current and Future Options to Treat Chronic and Chemotherapy-Induced Neuropathic Pain. Drugs, 79(9), pp.969-995.

Bushlin, I., et al. (2012). Dimerization with Cannabinoid Receptors Allosterically Modulates Delta Opioid Receptor Activity during Neuropathic Pain. PLoS ONE, 7(12), p.e49789.

Castañé, A., et al. (2006). Development and expression of neuropathic pain in CB1 knockout mice. Neuropharmacology, 50(1), pp.111-122.

Castillo, P., et al. (2012). Endocannabinoid Signaling and Synaptic Function. Neuron, 76(1), pp.70-81.

Christensen, R., et al. (2007). Efficacy and safety of the weight-loss drug rimonabant: a meta-analysis of randomised trials. The Lancet, 370(9600), pp.1706-1713. Dach, J., Moore, E. and Kander, J. (2015). Cannabis extracts in medicine. Jefferson,

McFarland & Company, Inc., Publishers.

Dainese, E., Oddi, S. and Maccarrone, M. (2010). Interaction of Endocannabinoid Receptors with Biological Membranes. Current Medicinal Chemistry, 17(14), pp.1487-1499.

Devane, W., et al. (1988). Determination and characterization of a cannabinoid receptor in rat brain. Molecular Pharmacology, 34(5), pp. 605-613.

Devane, W., et al. (1992). Isolation and structure of a brain constituent that binds to the cannabinoid receptor. Science, 258(5090), pp.1946-1949.

Di Marzo, V. (2008). Targeting the endocannabinoid system: to enhance or reduce?. Nature Reviews Drug Discovery, 7(5), pp.438-455.

Di Marzo, V. (2009). The endocannabinoid system: Its general strategy of action, tools for its pharmacological manipulation and potential therapeutic exploitation. Pharmacological Research, 60(2), pp.77-84.

Di Marzo, V. (2011). Endocannabinoid signaling in the brain: biosynthetic mechanisms in the limelight. Nature Neuroscience, 14(1), pp.9-15.

Di Marzo, V. (2018). New approaches and challenges to targeting the endocannabinoid system. Nature Reviews Drug Discovery, 17(9), pp.623-639.

Di Marzo, V., Bifulco, M. and Petrocellis, L. (2004). The endocannabinoid system and its therapeutic exploitation. Nature Reviews Drug Discovery, 3(9), pp.771-784. Di Marzo, V. and De Petrocellis, L. (2012). Why do cannabinoid receptors have more

than one endogenous ligand?. Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences, 367(1607), pp.3216-3228.

Di Marzo, V. and Fontana, A. (1995). Anandamide, an endogenous cannabinomimetic eicosanoid: ‘Killing two birds with one stone’. Prostaglandins, Leukotrienes and Essential Fatty Acids, 53(1), pp.1-11.

Donvito, G., et al. (2017). The Endogenous Cannabinoid System: A Budding Source of Targets for Treating Inflammatory and Neuropathic Pain. Neuropsychopharmacology, 43(1), pp.52-79.

Emcdda.europa.eu. (2018). Drug use in Portugal 2018. [Em linha] Disponível em <http://www.emcdda.europa.eu/countries/drug-reports/2018/portugal/drug- use_en>. [Consultado em 10/11/2018].

Finnerup, N., Attal, N. and Haroutounian, S. (2015). Pharmacotherapy for Neuropathic Pain in Adults: A Systematic Review and Meta-Analysis. Journal of Vascular Surgery, 62(4), p.1091.

Fonseca, B. M., et al. (2013). The Endocannabinoid system - a therapeutic perspective. Acta Farmacêutica Portuguesa, 2(2), pp. 97-104.

Frank, B., et al. (2008). Comparison of analgesic effects and patient tolerability of nabilone and dihydrocodeine for chronic neuropathic pain: randomised, crossover, double blind study. BMJ, 336(7637), pp.199-201.

Guerrero-Alba, R., et al. (2019). Some Prospective Alternatives for Treating Pain: The Endocannabinoid System and Its Putative Receptors GPR18 and GPR55. Frontiers in Pharmacology, 9(1496).

Guindon, J. and Hohmann, A. (2009). The Endocannabinoid System and Pain. CNS & Neurological Disorders - Drug Targets, 8(6), pp.403-421.

Hall, W. and Degenhardt, L. (2007). Prevalence and correlates of cannabis use in developed and developing countries. Current Opinion in Psychiatry, 20(4), pp.393-397.

Hanus, L., et al. (2001). 2-Arachidonyl glyceryl ether, an endogenous agonist of the cannabinoid CB1 receptor. Proceedings of the National Academy of Sciences, 98(7), pp.3662-3665.

Hillard, C. (2000). Biochemistry and pharmacology of the endocannabinoids arachidonylethanolamide and 2-arachidonylglycerol. Prostaglandins & Other Lipid Mediators, 61(1-2), pp.3-18.

Howlett, A. and Abood, M. (2017). CB1 and CB2 Receptor Pharmacology. Cannabinoid Pharmacology, 80, pp.169-206.

Huang, S., et al. (2002). An endogenous capsaicin-like substance with high potency at recombinant and native vanilloid VR1 receptors. Proceedings of the National Academy of Sciences, 99(12), pp.8400-8405.

Iannotti, F., Di Marzo, V. and Petrosino, S. (2016). Endocannabinoids and endocannabinoid-related mediators: Targets, metabolism and role in neurological

Ibrahim, M., et al. (2005). CB2 cannabinoid receptor activation produces antinociception by stimulating peripheral release of endogenous opioids. Proceedings of the National Academy of Sciences, 102(8), pp.3093-3098. Ignatowska-Jankowska, B., et al. (2014). In vivo characterization of the highly

selective monoacylglycerol lipase inhibitor KML29: antinociceptive activity without cannabimimetic side effects. British Journal of Pharmacology, 171(6), pp.1392-1407.

Infarmed [Em linha]. Disponível em <

http://app7.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=55492&tipo_d oc=rcm/>. [Consultado em 13/06/2019].

Jensen, T. and Finnerup, N. (2014). Allodynia and hyperalgesia in neuropathic pain: clinical manifestations and mechanisms. The Lancet Neurology, 13(9), pp.924- 935.

Katia, B. (2015). Interactions of the opioid and cannabinoid systems in reward: Insights from knockout studies. Frontiers in Pharmacology, 6(6).

Kendall, D. and Yudowski, G. (2017). Cannabinoid Receptors in the Central Nervous System: Their Signaling and Roles in Disease. Frontiers in Cellular Neuroscience, 10(294).

Kohno, M., et al. (2006). Identification of N-arachidonylglycine as the endogenous ligand for orphan G-protein-coupled receptor GPR18. Biochemical and Biophysical Research Communications, 347(3), pp.827-832.

Laedermann, C., et al. (2013). Dysregulation of voltage-gated sodium channels by ubiquitin ligase NEDD4-2 in neuropathic pain. Journal of Clinical Investigation,

Langford, R., et al. (2012). A double-blind, randomized, placebo-controlled, parallel- group study of THC/CBD oromucosal spray in combination with the existing treatment regimen, in the relief of central neuropathic pain in patients with multiple sclerosis. Journal of Neurology, 260(4), pp.984-997.

Langley, P., et al. (2013). The burden associated with neuropathic pain in Western Europe. Journal of Medical Economics, 16(1), pp.85-95.

Laun, A., et al. (2018). GPR3, GPR6, and GPR12 as novel molecular targets: their biological functions and interaction with cannabidiol. Acta Pharmacologica Sinica, 40(3), pp.300-308.

Le Boisselier, R., et al. (2016). Focus on cannabinoids and synthetic cannabinoids. Clinical Pharmacology & Therapeutics, 101(2), pp.220-229. Li, H. (1974). An Archaeological and Historical Account of Cannabis in China.

Economic Botany, 28(4), pp.437-448.

Lu, Y. and Anderson, H. (2017). Cannabinoid signaling in health and disease. Canadian Journal of Physiology and Pharmacology, 95(4), pp.311-327.

Lynch, M., Cesar-Rittenberg, P. and Hohmann, A. (2014). A Double-Blind, Placebo- Controlled, Crossover Pilot Trial With Extension Using an Oral Mucosal Cannabinoid Extract for Treatment of Chemotherapy-Induced Neuropathic Pain. Journal of Pain and Symptom Management, 47(1), pp.166-173.

Maldonado, R., Baños, J. and Cabañero, D. (2016). The endocannabinoid system and neuropathic pain. PAIN, 157, pp.S23-S32.

Matsuda, L., et al. (1990). Structure of a cannabinoid receptor and functional expression of the cloned cDNA. Nature, 346(6284), pp.561-564.

Mechoulam, R., et al. (1995). Identification of an endogenous 2-monoglyceride, present in canine gut, that binds to cannabinoid receptors. Biochemical Pharmacology, 50(1), pp.83-90.

Munro, S., Thomas, K. and Abu-Shaar, M. (1993). Molecular characterization of a peripheral receptor for cannabinoids. Nature, 365(6441), pp.61-65.

Murataeva, N., Straiker, A. and Mackie, K. (2014). Parsing the players: 2- arachidonoylglycerol synthesis and degradation in the CNS. British Journal of Pharmacology, 171(6), pp.1379-1391.

Nadal, X., et al. (2013). Involvement of the opioid and cannabinoid systems in pain control: New insights from knockout studies. European Journal of Pharmacology, 716(1-3), pp.142-157.

Nurmikko, T., et al. (2007). Sativex successfully treats neuropathic pain characterised by allodynia: A randomised, double-blind, placebo-controlled clinical trial. Pain, 133(1), pp.210-220.

Oddi, S., et al. (2008). Evidence for the intracellular accumulation of anandamide in adiposomes. Cellular and Molecular Life Sciences, 65(5), pp.840-850.

Pertwee, R. (1997). Pharmacology of cannabinoid CB1 and CB2 receptors. Pharmacology & Therapeutics, 74(2), pp.129-180.

Porter, A., et al. (2002). Characterization of a Novel Endocannabinoid, Virodhamine, with Antagonist Activity at the CB1 Receptor. Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics, 301(3), pp.1020-1024.

Racz, I., et al. (2008). Crucial Role of CB2 Cannabinoid Receptor in the Regulation of Central Immune Responses during Neuropathic Pain. Journal of Neuroscience, 28(46), pp.12125-12135.

Rog, D., et al. (2005). Randomized, controlled trial of cannabis-based medicine in central pain in multiple sclerosis. Neurology, 65(6), pp.812-819.

Ross, R. (2003). Anandamide and vanilloid TRPV1 receptors. British Journal of Pharmacology, 140(5), pp.790-801.

Schimrigk, S., et al. (2017). Dronabinol Is a Safe Long-Term Treatment Option for Neuropathic Pain Patients. European Neurology, 78(5-6), pp.320-329.

Schlosburg, J., et al. (2010). Chronic monoacylglycerol lipase blockade causes functional antagonism of the endocannabinoid system. Nature Neuroscience, 13(9), pp.1113-1119.

Scholz, J., et al. (2019). The IASP classification of chronic pain for ICD-11. PAIN, 160(1), pp.53-59.

Serpell, M., et al. (2014). A double-blind, randomized, placebo-controlled, parallel group study of THC/CBD spray in peripheral neuropathic pain treatment. European Journal of Pain, 18(7), pp.999-1012.

Steeds, C. (2016). The anatomy and physiology of pain. Surgery (Oxford), 34(2), pp.55- 59

Svendsen, K., Jensen, T. and Bach, F. (2004). Does the cannabinoid dronabinol reduce central pain in multiple sclerosis? Randomised double blind placebo controlled crossover trial. BMJ, 329(7460), p.253.

Toth, C., et al. (2012). An enriched-enrolment, randomized withdrawal, flexible-dose, double-blind, placebo-controlled, parallel assignment efficacy study of nabilone as adjuvant in the treatment of diabetic peripheral neuropathic pain. Pain, 153(10), pp.2073-2082.

Tsantoulas, et al. (2012). Sensory Neuron Downregulation of the Kv9.1 Potassium Channel Subunit Mediates Neuropathic Pain following Nerve Injury. Journal of Neuroscience, 32(48), pp.17502-17513.

Turcotte, D., et al. (2015). Nabilone as an Adjunctive to Gabapentin for Multiple Sclerosis-Induced Neuropathic Pain: A Randomized Controlled Trial. Pain Medicine, 16(1), pp.149-159.

van Amerongen, G., et al. (2018). Effects on Spasticity and Neuropathic Pain of an Oral Formulation of Δ9-tetrahydrocannabinol in Patients With Progressive Multiple Sclerosis. Clinical Therapeutics, 40(9), pp.1467-1482.

Wade, D., et al. (2004). Do cannabis-based medicinal extracts have general or specific effects on symptoms in multiple sclerosis? A double-blind, randomized,

placebo-controlled study on 160 patients. Multiple Sclerosis Journal, 10(4), pp.434-441.

Watanabe, H., et al. (2003). Anandamide and arachidonic acid use epoxyeicosatrienoic acids to activate TRPV4 channels. Nature, 424(6947), pp.434-438.

WHO (2018). Cannabis. [Em linha] Disponível em

<http://www.who.int/substance_abuse/facts/cannabis/en/>. [Consultado em 10/11/2018]

Wollner, H., et al. (1942). Isolation of a Physiologically Active Tetrahydrocannabinol from Cannabis Sativa Resin. Journal of the American Chemical Society, 64(1), pp.26-29.

Wood, T., Spivey, W. and Easterfield, T. (1899). III.—Cannabinol. Part I. J. Chem. Soc., Trans., 75(0), pp.20-36.

Zou, S. and Kumar, U. (2018). Cannabinoid Receptors and the Endocannabinoid System: Signaling and Function in the Central Nervous System. International Journal of Molecular Sciences, 19(3), p.833.

Zygmunt, P., et al. (1999). Vanilloid receptors on sensory nerves mediate the vasodilator action of anandamide. Nature, 400(6743), pp.452-457.

Documentos relacionados