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Capítulo III — Das Políticas Públicas Pós-1998: Os Objetivos do Milénio

3.6. Evolução de Cabo Verde

Desde 1977 que Cabo Verde faz parte da categoria de “Países Menos Avançados” (PMA) das Nações Unidas, uma categoria de Estados considerados estruturalmente em desvantagem nos seus esforços de desenvolvimento e que requerem um tratamento diferenciado e particularmente favorável da parte da comunidade internacional. A dinâmica de desenvolvimento de Cabo Verde vem sendo uma constante, com ganhos significativos para o país, como atestam a recente adesão à Organização Mundial do Comércio, a graduação a País de Rendimento Médio e a Parceria Especial com a União Europeia (Cabo Verde, 2012, pp. 7-8).

A graduação do país ocorre na sequência do cumprimento, dos dois primeiros critérios seguintes de análise utilizados pela ONU desde 2003 para o processo de graduação, a saber:

 um critério de nível de rendimento, baseado numa média do rendimento anual bruto por habitante num período de três anos (abaixo de 750 dólares para poder ser acrescentado à lista, acima de 900 dólares para ser chamado a sair);

86  um critério de desenvolvimento do capital humano, assente num índice de capital humano construído com base em indicadores de esperança média de vida, nutrição, saúde, escolarização e alfabetização de adultos;

 um critério de vulnerabilidade económica, assente num índice de vulnerabilidade económica.

Apesar de Cabo Verde fazer parte do grupo de países com grande vulnerabilidade económica, característica comum aos SIDS (Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento), o valor do PIB per capita em 2004, no valor de 1976 USD e o IDH de 0,722 (106ª posição), ditaram a saída de Cabo Verde do grupo dos PMA.

O processo de adesão de Cabo Verde à OMC iniciou-se em 1999, com o pedido formal. Um ano depois foi formado um Grupo de Trabalho com vista à gestão do processo de adesão, iniciado em 2003, e a 23 de Julho de 2008 passou a ser o 153º membro desta organização, sendo o primeiro país africano e o terceiro na condição de país menos avançado (PMA). Esta adesão, um marco para o país, sendo importante elemento na estratégia de globalização de Cabo Verde, é igualmente um encorajamento para a política de boa governação, bem como uma oportunidade de modernização das instituições nacionais (públicas e privadas), a melhoria na qualidade da prestação de serviços e novas oportunidades de negócios e de empregabilidade (Oliveira, 2010, p. 27).

As vantagens inerentes a essa adesão e, consequentemente, à liberalização dos mercados, são37:

 Garantia de um maior investimento externo;  Promoção de inovação do empreendedorismo;

 Redução dos custos e aumento da qualidade dos produtos;  Aumento da taxa de difusão tecnológica;

 Aumento do emprego;

 Maior redução dos preços dos produtos graças ao aumento da concorrência;

 Maior diversidade no mercado de aquisição e maiores oportunidades na escolha dos produtos.

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87 É possível ver que, com a adesão de Cabo Verde a esta organização internacional, a abertura do país ao exterior é maior, criando mais oportunidades de circulação de bens e serviços.

O Documento de Estratégia para Cabo Verde (2008-2013) apresenta o quadro estratégico para a assistência da Comissão Europeia (CE) no âmbito do décimo Fundo Europeu de Desenvolvimento (FED). A cooperação da CE em Cabo Verde concentra-se em duas áreas: a redução da pobreza, especialmente nas áreas rurais e suburbanas, onde as mulheres são chefes de família, e a boa governação38.

Conforme referido no DECRP II, a transformação de Cabo Verde num centro de serviços internacionais deve assentar nos seguintes eixos estratégicos: a) políticas e programas que promovam o aproveitamento intermodal do conjunto porto-aeroporto para prestação de serviços internacionais; b) ofertas de serviços internacionais integrados, de modo a que as vantagens competitivas de uns compensem a relativa desvantagem de outros e as sinergias entre eles resultem em ganhos globais de competitividade; e c) relativa especialização dos centros de prestação de serviços internacionais consoante as suas vantagens competitivas. A integração de Cabo Verde no bloco económico da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (desde 1977), a paridade fixa do Escudo de Cabo Verde face ao Euro a partir de 1999, a assinatura de acordos comerciais específicos, nomeadamente o African Growth and Opportunity Act (AGOA) e o acordo de Cotonou (2000), a introdução do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) em Janeiro de 2004 e o Acordo de Parceria Especial com a União Europeia têm sido fatores de suma importância no desenvolvimento económico do país.

A República de Cabo Verde é membro de várias organizações internacionais, a saber39:  BAD – Banco Africano de Desenvolvimento

 OUA – Organização de Unidade Africana  ONU – Organização das Nações Unidas  Banco Mundial:

o AID (Associação Internacional de Desenvolvimento) o BIRD (Banco Internacional para a Reconstrução e

Desenvolvimento)

o MIGA (Agencia de Garantia de Investimentos Multilaterais)

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Delegação da União Europeia em Cabo Verde.

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88  FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação

 FMI – Fundo Monetário Internacional

 FIDA – Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola  OIT – Organização Internacional do Trabalho

 OMC – Organização Mundial de Comércio  OMS – Organização Mundial de Saúde

 UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura  UNIDO – Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial

Ao nível regional integra a:

 Comunidade Económica dos Estados da Africa Ocidental (CEDEAO) e a  Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Cabo Verde, para além das inúmeras mudanças por que vem passando, quer a nível político, económico, demográfico, cultural ou social, dando origem a novos modos de vida, criando novas necessidades, alterando valores e a estrutura das relações sociais, familiares e interpessoais, confronta-se com outros problemas, de carácter estrutural e circunstancial que acabam igualmente por ser precipitantes de muitas problemáticas confluentes como sejam a pobreza, o desemprego, a migração, o êxodo rural, de entre outros, e que que constituem não só ameaças mas também obstáculos aos próprio desenvolvimento, nomeadamente nos principais centros urbanos, expostos a um ambiente de vulnerabilidade social40.

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