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LISTA DE SÍMBOLOS

2.4 A E NERGIA E ÓLICA

2.4.2. Evolução da potência eólica instalada

Os actuais programas de investigação têm contribuído significativamente para uma uniformização do desenvolvimento tecnológico das turbinas eólicas. O aumento do seu tamanho é vantajoso quer do ponto de vista económico quer ambiental. Em geral, para um determinado local, quanto maior for a potência unitária mais energia é produzida, e melhor aproveitadas são as infra-estruturas eléctricas e de construção civil. Por outro lado, a redução do número de rotores em movimento diminui o impacto visual.

Devido a este constante desenvolvimento tecnológico das turbinas eólicas e do seu uso já em larga escala, estima-se (Knox 1993) que actualmente, a energia eléctrica proveniente de sistemas eólicos é a segunda energia mais barata, a seguir à hídrica. Contudo, a evolução da potência instalada não depende exclusivamente da tecnologia empregue nas turbinas mas também das políticas de cada país.

Tendo em consideração as metas do PQ – proposto em 1997 através da Conferência das Nações Unidas no Japão, na qual 160 países negociaram os limites de emissão de gases poluentes – o recurso a energias renováveis deve ser um dos métodos mais eficazes para que essas metas sejam atingidas.

Através do referido protocolo, os países signatários comprometeram-se a uma redução média de 5,2% na emissão global dos gases causadores do efeito de estufa, em relação à emissão de 1990, com prazo estipulado de 2008 a 2012.

Os Estados Unidos, apesar da recusa em assinar o PQ e, consequentemente, a não se proporem a diminuir a quantidade de emissão de gases, investem em tecnologia para a produção de energia eólica. Exemplo disso será os 80 GW de potência instalada de energia eólica que prevêem para o ano de 2020.

2.4.2.1. No mundo

Com as restrições impostas pelo PQ, relativo a restrições de emissão de CO2 para a

atmosfera, e com base nas metas definidas por cada país para aproveitamento de recursos energéticos de origem renovável, assistiu-se a um aumento significativo da utilização eólica no

mundo. Segundo a Associação Europeia de Energia Eólica (EWEA) (EWEA. 2008) tem havido nos últimos anos, como pode ser observado na Figura 2-4 um enorme aumento da capacidade instalada.

Figura 2-4 – Evolução (entre 1997 e 2007) da potência eólica instalada no mundo [MW]

A capacidade mundial para produção de energia eólica atingiu no ano de 2007 os 93849 MW, valor cerca de 13 vezes superior ao de 1997. Esta nova realidade só foi possível atingir devido à instalação de novas turbinas na Europa sendo de salientar fundamentalmente a Alemanha e Dinamarca, que se destacam mesmo entre os dez maiores produtores mundiais deste tipo de energia.

Segundo os dados divulgados pelo Conselho Global de Energia Eólica (GWEC), a Europa foi responsável por 72,4% das novas turbinas instaladas em 2004, seguida pela Ásia (15,9%) e América do Norte (6,4%).

2.4.2.2. Na Europa

O aumento explosivo da utilização do vento para produção de energia eléctrica é talvez o acontecimento mais relevante no campo da energia nas últimas duas décadas. De acordo com (Falcão 2007), esse desenvolvimento ocorreu especialmente na Europa. De facto, na Europa os ventos são abundantes e devido a isso o continente tem liderado a pesquisa e utilização de fontes eólicas de energia.

Como já foi ilustrado através da Figura 2-4, a evolução da potência instalada a nível mundial tem vindo a crescer acentuadamente de ano para ano. No caso da Europa e com base nos últimos dados apresentados pela EWEA, poderemos referir que o crescimento evoluiu fortemente desde a década de 90. Segundo esta instituição, a potência instalada na Europa em 2003, representava 2/3 da potência eólica instalada em todo o mundo e representava um aumento de 23% face ao ano anterior (2002).

O que a Tabela 3 ilustra de uma forma clara é que entre 1991 e 2002 a energia eólica desempenhou um papel importante na afirmação das fontes de energia renovável no cenário energético europeu. Em 2002 a energia eléctrica produzida em unidades eólicas era trinta e duas vezes superior ao valor registado em 1991, e em 1997 sete vezes superior ao verificado em 1991. No período entre 1997 e 2002 esse crescimento não abrandou, verificando-se que a energia produzida em 2002 era quase cinco vezes superior à produzida em 1997.

Tabela 3 - Energia Eléctrica Produzida a partir da energia eólica na UE15 (Fonte: Eurostat)

1991 (GW) 1997 (GW) 2002 (GW) UE15 1097 7340 35633 2.4.2.3. Em Portugal

Portugal não possui recursos, pelo menos conhecidos, de petróleo ou de gás natural e os recursos disponíveis de carvão estão praticamente extintos. Perante este cenário, o país viu-se confrontado com a necessidade de desenvolver formas alternativas de produção de energia, nomeadamente, promovendo e incentivando a utilização dos recursos energéticos endógenos.

Não sendo Portugal dos países mais ventosos da Europa, tem condições bem mais favoráveis ao aproveitamento da energia do vento do que, por exemplo, algumas zonas da Alemanha onde projectos se implementam a um ritmo impressionante.

A produção de energia eólica, dentro do Sistema Eléctrico Nacional (SEN), enquadra-se, como Produção em Regime Especial (PRE).

A PRE é regulada por legislação própria desde 1988, altura em que foi publicado o Estatuto do Auto-Produtor – o Decreto-Lei nº 189/88 de 27 de Maio, que regulava a produção de energia eléctrica pelos produtores independentes. Esta legislação estabeleceu que a potência instalada em cada central seria limitada a um máximo de 10 MVA, recomendando a utilização, quer das energias renováveis, quer do carvão nacional, quer ainda dos resíduos industriais, agrícolas ou urbanos.

A publicação do referido Decreto-Lei, permitiu mobilizar investimentos significativos do sector privado, nomeadamente nos domínios da produção mini-hídrica e da cogeração. Contudo, no que respeita à energia eólica, a situação foi muito diferente, tendo sido aprovados durante a vigência deste quadro legal apenas pouco mais de meia dezena de projectos, a maior parte deles nas ilhas da Madeira e Açores. Como pode ser observado através da Tabela 4, o crescimento inicial foi bastante tímido, no entanto em 2002 verifica-se que a energia produzida por unidades eólicas já era cerca de trezentas e sessenta vezes superior ao registado em 1991. A produção eólica continuou contudo a crescer a um ritmo equivalente, ultrapassando em 2007 os 4000 GWh, o que representa quase ¼ da energia eléctrica produzida por fontes renováveis.

Tabela 4 - Energia Eléctrica Produzida a partir da energia eólica em Portugal (Fonte: DGEG)

1991 (GWh) 1997 (GWh) 2002 (GWh) 2007 (GWh) UE15 1 36 362 4007

Actualmente no entanto, a situação da energia eólica em Portugal é completamente diferente, assistindo-se a uma nova abordagem do conceito e a um dinamismo inédito. Têm surgido cada vez mais projectos de energias renováveis, alguns dos quais ultrapassam a escala dos projectos nacionais. Segundo os dados da Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG) do Ministério da Economia, Portugal entre 2005 e 2007 foi o país da EU onde a potência instalada em aproveitamento de energia eólica mais cresceu (ver Figura 2-5).

Figura 2-5 – Energia eólica (Potência instalada em MW).

De acordo com (ME 2008) podem apontar-se como principais causas deste acentuado desenvolvimento:

− A reestruturação do sector eléctrico, iniciada em 1995, com o estabelecimento do Sistema Eléctrico de Abastecimento Público (SEP) e do Sistema Eléctrico Independente (SEI), e o consequente fim da situação de monopólio detido pela Energias de Portugal (EDP);

− A publicação de legislação especifica com o fim claro de promover o desenvolvimento das energias renováveis, designadamente o Decreto-Lei nº 312/2001, que altera procedimentos administrativos com o objectivo de melhorar a gestão da capacidade de recepção, e Decreto-Lei nº 339-C/2001, que actualiza o tarifário de venda de energia de origem renovável à rede pública, introduzindo uma remuneração muito atractiva, diferenciada por tecnologia e regime de exploração; − A aprovação da directiva das renováveis, a qual impõe que 39% do consumo de

energia deve ser proveniente de fontes renováveis e cuja aplicação em Portugal faz prever a instalação de cerca de 2500 a 3000 MW de conversores eólicos, no horizonte de 2010.

A situação actual é de facto de enorme dinamismo no sector, registando-se um número de pedidos de licenciamento de novas instalações que excede largamente o potencial técnico do recurso eólico. Como de pode observar através da Figura 2-6 (Simões 2004), podemos dizer

com algum grau de certeza e maior grau de satisfação que a energia eólica tem hoje e terá com toda a certeza num futuro muito próximo um papel fundamental na redução da dependência energética do nosso país.

Figura 2-6 – Potência eólica instalada em Portugal e estimativa do seu crescimento até 2010.

As estatísticas da DGEG referem que a potência eólica instalada no país até Novembro de 2007 era de 2096 MW distribuída por 151 parques eólicos com um total de 1126 turbinas eólicas. A mesma DGEG refere que até Novembro de 2007 foram licenciados 3332 MW de potência eólica e que se o ritmo de entrada em funcionamento de novos parques eólicos não decrescer, no final de 2008 deverão ser atingidos os 2800 MW de potência eólica.

Segundo a World Wind Energy Association (WWEA), Portugal era em finais de 2007 o nono maior produtor de energia eólica do mundo, com uma capacidade de produção de aproximadamente 2260 MW, ou seja, 2,3% da quota mundial, à frente de países como Canadá, Holanda e Japão.

Com base na meta imposta pela directiva das renováveis da UE, Ana Estanqueiro (Estanqueiro 2005) estabeleceu a previsão da potência instalada e previsão da distribuição por zonas dos parques eólicos no ano 2010 – ver Figura 2-7. Se de facto esta meta for atingida, a energia eólica passará a representar cerca de 44% de produção de energia obtida a partir de fontes renováveis.

Actualmente a nível da energia eólica o esforço português tem quase exclusivamente dependido de grandes grupos económicos ou através de acções do estado. No entanto, e até para tornar mais fácil a aproximação às metas estabelecidas, deverá equacionar-se uma estratégia que fomente também o aproveitamento eólico baseado na microprodução.

Figura 2-7 – Potência instalada prevista, por zonas em 2010.