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PARTE I. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

I. Inclusão de Pessoas com Necessidades Especiais

2. Evolução das medidas da Inclusão em Portugal

Dias (2011) fala na importância das redes de suporte social para a promoção de qualidade de vida das pessoas com deficiência ou com falta de autonomia. As redes de suporte social

14 são de dois tipos de apoio: “apoio psicológico, ligado à satisfação de vida e ao bem-estar psicológico; apoio instrumental que pressupõe a ajuda física por diminuição das capacidades funcionais dos cidadãos e perda de autonomia física temporária ou permanente” (Dias, 2011, p. 39). Deve existir uma rede de apoio informal onde estão a família, os amigos e os vizinhos e uma rede de apoio formal onde estão as instituições (Dias, 2011).

Pimentel (2005) referida em (Dias, 2011) diz que estas são muito importantes no apoio a pessoas com deficiência. Os cuidados formais são solicitados quando os cuidados informais são insuficientes ou inexistentes, perante a exigência que o individuo apresenta (Dias, 2011). Nos anos 50 e 60 do século XshrauX surgiram associações que recebiam e atendiam pessoas com diferentes dificuldades e deficiências (Rodrigues & Nogueira, 2010).

Nos anos 70 e 80 foi-se desenvolvendo a política de educação integrativa e foram criadas cooperativas de ensino por pais e técnicos com o nome de Movimento Cooperativo para a Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas, (CERCI), chegando a existir 100 instituições no país.

Em 1971 o Diário da República publica a lei 6/71, de 8 de Novembro sobre as bases relativas à reabilitação e integração social de indivíduos deficientes. Na base VI, ponto dois, fala-se da criação de um “Secretariado Nacional de Reabilitação” ou um organismo equivalente e que enquanto este não existir funcionará uma Comissão Interministerial.

Em 1973 a 25 de Setembro, pelo Decreto-Lei nº474/73 foi criada a Comissão Permanente de Reabilitação (CPR), a fim de coordenar as atividades dos Ministérios e serviços com interesse na aplicação de princípios e métodos da reabilitação e dirigir o planeamento das medidas reabilitativas a nível nacional.

A revolução de 25 de abril modificou a educação em geral e nomeadamente a educação especial. A integração implementada, depois desta data, foi influenciada por documentos internacionais como “ Public Law 94-142” de 1975 no EUA e “Warnock Report” no Reino Unido de 1978. (Rodrigues & Nogueira, 2010). As leis passam a conter direitos fundamentais da educação e igualdade de oportunidades. (Rodrigues & Nogueira, 2010) Pelo Decreto-Lei nº 425/76, de 29 de Maio a Comissão Permanente de Reabilitação (CPR), foi reestruturada passando a ter uma administração autónoma com um “presidente, dois vice-

15 presidentes e vogais representantes de Ministros e Secretários de Estado, e dois vogais em representação da Associação Portuguesa de deficientes (APD) e Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA).

Devido à insuficiência de oferta educativa a alunos deficientes nas escolas regulares, foram criadas cada vez mais instituições, procurando oferecer cuidados médicos, atendimento especializado e escolarização, dando respostas pedagógicas e sociais. Também foram dadas respostas a outras faixas etárias. Estas instituições passam a oferecer formação profissional, emprego, residências, intervenção precoce e valências ocupacionais, tentando responder a deficientes intelectuais mais profundos, dando apoio às famílias, proporcionando suporte técnico e especializado a todos (Rodrigues & Nogueira, 2010).

Em 1976, a Constituição da Republica portuguesa, sétima revisão, veio dar um grande passo nos direitos dos indivíduos com deficiência, nomeadamente na Lei Constitucional nº1 de 2005, evocando o princípio da universalidade, o princípio da igualdade, como pode ser exemplificado com o artigo 71 (Cidadão Portadores de Deficiência) que refere o seguinte:

1. “Os cidadãos os portadores de deficiência física ou mental gozam plenamente dos direitos, estão sujeitos aos deveres consignados na Constituição, com ressalva do exercício ou do cumprimento daqueles para os quais se encontrem incapacitados.

2. O Estado obriga-se a realizar uma política nacional de prevenção, e de tratamento, reabilitação e integração dos cidadãos portadores de deficiência e de apoio às suas famílias, a desenvolver uma pedagogia que sensibilize a sociedade quanto aos deveres de respeito e solidariedade para com eles e a assumir o encargo da efetiva realização dos seus direitos, sem prejuízo dos direitos e deveres dos pais ou tutores.

3.O Estado apoia as organizações de cidadãos os portadores de deficiência.” (República, 12 de Agosto)

Em 1977 o Decreto-Lei nº346/77 de 20 de Agosto criou sob a dependência do Primeiro- ministro o Secretariado Nacional de Reabilitação (SNR)

16 (…) que sucedeu à Comissão Permanente de Reabilitação, com autonomia administrativa e financeira e património próprio, que possuía como órgãos o secretário nacional (coadjuvado por dois secretários-adjuntos), o Conselho Nacional de Reabilitação e o conselho administrativo. O SNR tinha por objeto ser o instrumento do Governo para a implementação de uma política nacional de habilitação, reabilitação e integração social das pessoas com deficiência, assente na planificação e coordenação das ações em ordem à concretização do artigo 71º da Constituição da República Portuguesa.” ((Ministério do trabalho Solidariedade e Segurança social, 2017, p. 1).

Em1982 pelo Decreto-Lei nº 355/82, de 6 de Setembro a orgânica do SNR foi alterada, mantendo-se a autonomia administrativa e financeira e os seus órgãos, mas o secretário nacional passa a ser coadjuvado por apenas um secretário-adjunto. (Ministério do trabalho Solidariedade e Segurança social, 2017).

Em1988 foi criado o Centro de Investigação e Formação Maria Cândida Marques de Sousa Beirão da Veiga Cunha pelo Decreto-Lei nº 176-B/88, de 18 de Maio, e “a orgânica do SNR passou a integrar o serviço “Centro Maria Cândida da Cunha”” (Ministério do trabalho Solidariedade e Segurança social, 2017).

Em1989 foram aprovadas as Bases da Prevenção e da Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência pela Lei nº9/89, de 2 de Maio revogando a Lei nº6/71, de 8 de Novembro (Ministério do trabalho Solidariedade e Segurança social, 2017).

Em 1992 o Decreto-Lei nº 184/92, de 22 de Agosto, dotou o SNR de uma nova orgânica. Este passou a ser um organismo apenas com autonomia administrativa, tendo como tutor o Ministro do Emprego e da Segurança Social, com os seguintes órgãos: “o secretário nacional (coadjuvado por dois secretários-adjuntos), o Conselho Nacional de Reabilitação, o Conselho de Investigação em Reabilitação e o conselho administrativo” (Ministério do trabalho Solidariedade e Segurança social, 2017).

Em 1996 o SNR deu lugar ao Secretariado Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência (SNRIPD) pelo Decreto-Lei nº 35/96, de 2 de Maio. O SNRIPD era

17 um organismo com autonomia administrativa e património próprio, tendo como tutela o Ministro da Solidariedade e Segurança Social, com um conselho diretivo composto por um secretário nacional e dois secretários nacionais-adjuntos. Por este mesmo Decreto-Lei foi criado o Conselho Nacional para a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência (CNRIPD), que até esta data era um órgão do SNR presidido pelo Secretário Nacional. Este passou a ser um órgão de “consulta do Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social para a definição e execução da política de reabilitação e integração das pessoas com deficiência (Ministério do trabalho Solidariedade e Segurança social, 2017).

Em 2000 na Carta dos direitos fundamentais da União Europeia no artigo 26 sobre a integração das pessoas com deficiência é reconhecido “ (…) o direito das pessoas com deficiência a beneficiarem de medidas destinadas a assegurar a sua autonomia, a sua integração social e profissional e a sua participação na vida da comunidade” (Europeia, 2000, p. 14).

Em 2014 a Lei nº 38/2004, de 18 de Agosto, definiu as bases gerais do regime jurídico da prevenção, habilitação, reabilitação e participação da pessoa com deficiência. O artigo 17º refere a necessidade de existência de uma entidade coordenadora. Esta Lei revogou a Lei nº 9/89, de 2 de Maio (Ministério do trabalho Solidariedade e Segurança social, 2017).

Em 2007 houve uma reestruturação do SNRIPD. Este deu lugar ao Instituto Nacional para a Reabilitação (INR), I.P. definido pelo Decreto-Lei nº 217/2007, de 29 de Maio sob as orientações do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE) e da orgânica do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social descritos no Decreto-Lei nº 211/2006, de 27 de Outubro. O INR, I. P. foi provido de autonomia administrativa e património próprio, sob tutela e superintendência do Ministro do Trabalho e da Solidariedade Social. Este Instituto Público deve “assegurar o planeamento, execução e coordenação das políticas nacionais destinadas a promover os direitos das pessoas com deficiência. De acordo com o Decreto-Lei nº 31/2012, de 9 de fevereiro tornou-se num instituto público, sob a direção do Ministério da Solidariedade e da Segurança Social e sob tutela do respetivo ministro (Ministério do trabalho Solidariedade e Segurança social, 2017).

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