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CAPÍTULO 2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.4 Gestão ambiental

2.4.1 Evolução do sistema de gestão ambiental

A evolução da gestão ambiental ao longo dos anos ocorreu em paralelo com a evolução do conceito de desenvolvimento sustentável, conforme abordado no item 2.2.1 (página 34). Antes de haver qualquer menção ao termo desenvolvimento sustentável (1980), a preocupação com os desastres ambientais, a partir da década de 60, é que desencadeou uma

Melhoria contínua do sistema de gestão da qualidade Clientes Requisitos Gestão de recursos Realização do produto Responsabilidade da direção Medição, análise e melhoria Produto Saída Clientes Satisfação Entrada

Legenda: Atividades que agregam valor Fluxo de informação

série de ações e uma abordagem mundial sobre os efeitos da degradação do meio ambiente e seus impactos sobre a qualidade de vida das pessoas.

A partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, ocorrida em Estocolmo em 1972, os países mais industrializados passaram a adotar padrões de qualidade para o ar, águas, emissões atmosféricas e efluentes industriais, além de licenciamento para atividades potencialmente poluidoras, com apoio de relatórios de avaliação de impacto ambiental. Como as empresas eram obrigadas a atender à nova Le gislação ambiental, não havia outra alternativa a não ser adotar o controle no final do processo produtivo e comparar os resultados com o padrão legal. A adequação aos padrões, em muitos casos, dependia da instalação de caros e sofisticados filtros em suas chaminés e volumosas estações de tratamento de resíduos líquidos. Esses procedimentos resultavam em altos investimentos e consequentemente aumentavam o custo dos produtos. Assim, a atitude empresarial era predominantemente reativa com relação à preservação ambiental. A competitividade da empresa e o meio ambiente eram, dessa forma, completamente antagônicos e as relações entre as indústrias, os governos e as organizações ambientalistas era de constante confrontação (LEMOS 2002).

Até recentemente, conforme registra Valle (1995), as questões ligadas ao meio ambiente eram atendidas no campo da regulamentação técnica, através da definição de padrões e limites de emissões que deviam ser seguidos pelos geradores de impactos ambientais. Os esforços dos países e das empresas se restringiam a avaliar o atendimento a esses limites previamente estabelecidos. Somente a partir do final da década de 70 é que começaram a haver rotulações de produtos (chamados selos verdes), os quais eram considerados ambientalmente corretos e assim merecedores de credibilidade e preferência por parte dos consumidores. O selo verde representava, já naquela época, um forte aliado da empresa em sua estratégia comercial. O primeiro selo verde a surgir foi o “Anjo Azul”, introduzido na Alemanha em 1978, e servia para identificar aqueles produtos que, segundo seus outorgantes, não causavam danos ao meio ambiente.

Um importante passo para a abordagem sistêmica das atividades relacionadas ao meio ambiente foi dado em 1992, quando a British Standards Institution (BSI), homologou a norma BS 7750. Essa norma estabelece procedimentos para a implementação de sistema de gestão ambiental nas empresas.

Com a experiência acumulada na elaboração de normas da série ISO 9000 e motivada pelas ações já tomadas por diversos países quanto a elaboração de suas próprias normas de Gestão e Certificação Ambiental, conforme descreve Valle (1995), a ISO decidiu criar, em 1993, um novo comitê técnico, conhecido como TC 207, com a tarefa de elaborar normas internacionais que assegurassem uma abordagem sistêmica à gestão ambiental e possibilitassem a certificação das empresas conforme seus requisitos. Essa nova série de normas foi batizada de ISO 14000 e da mesma forma que a ISO 9000, é aplicável em qualquer ramo de atividade comercial.

Block e Marash (2002, p. 2) em artigo que analisa a ISO 14000, entendem que essa norma não se refere a desempenho ambiental pois não contém descrições detalhadas de metas específicas de desempenho. Ela aborda gestão ambiental, pois está vo ltada para a criação de ferramentas e sistemas que melhorarão o desempenho ambiental corporativo, salvaguardando as empresas contra impactos negativos no mercado. De acordo com a análise dos autores:

Os benefícios da implementação da ISO 14000 são tão variados quanto as organizações que optaram pela conformidade com a norma. A natureza das operações da empresa, os regulamentos com os quais ela deve estar em conformidade, sua abordagem tradicional para lidar com as mudanças nas demandas dos clientes, tecnologias emergentes e investimentos de capital influenciarão as áreas nas quais ocorrerão os maiores benefícios.

De acordo com a abordagem de Block e Marash (2002), os benefícios mais significativos são:

garantia da implementação da política: a ISO 14000 força a organização a ligar a política ambiental da empresa (requisito da norma) a objetivos e metas. Com isso, a política se torna significativa para a empresa e, sendo necessário desenvolver objetivos e metas, impede que a empresa elabore promessas vazias;

análise crítica pela administração: sendo também um requisito da norma, a análise crítica realizada a intervalos definidos, ajuda a empresa a avaliar os resultados alcançados, reestruturar tanto a política quanto os objetivos e metas, visando a sua contínua adequação às mudanças conjunturais da empresa; e

satisfação do cliente: principalmente os fabricantes de máquinas e equipamentos estarão influenciados, num prazo mais curto, pelos segmentos industriais onde são fornecedores, a implantar a norma e em contrapartida receber preferência no fornecimento. Dessa forma, o valor estaria sendo agregado em toda a cadeia

produtiva, desde a produção de peças básicas até o produto final que seria adquirido, com diferenciação e preferência pelo consumidor final.

Outros benefícios são a redução dos custos através da redução do consumo de matérias e primas e descarte de resíduos e a melhoria da imagem pública da empresa.

A conclusão que Block e Marash (2002) chegam é que a implantação de sistema de gestão ambiental conforme a ISO 14000 provavelmente será, no século XXI, uma condição para a realização de negócios em muitas partes do mundo.

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