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EVOLUÇÃO DOS DEPÓSITOS DE PARTICULARES EM IFM’S DESDE 2007

-10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35

Dez-06 Set-07 Jun-08 Mar-09 Dez-09 Set-10 Jun-11 Mar-12

E m p e rc e n tage m

Taxa de variação homóloga Taxa de variação trimestral anualizada

80 90 100 110 120 130 140 150 160

Jan-07 Out-07 Jul-08 Abr-09 Jan-10 Out-10 Jul-11 Abr-12

Índic e ( B a s e =J a n 2007) Grécia Irlanda Itália Portugal Espanha Alemanha França

Fonte: Banco de Portugal. Fontes: BCE e cálculos do Banco de Portugal.

Notas: A taxa de variação trimestral anualizada é calculada

com base em valores ajustados de sazonalidade. Última obser-vação: agosto de 2012.

Notas: Inclui depósitos com prazo acordado, depósitos

transfe-ríveis, depósitos com pré-aviso e acordos de recompra. Última observação: agosto de 2012. BAN C O D E PO R TUGAL | BOLETIM ECONÓMICO • Outono 2012 34

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particulares residentes na robustez do sistema bancário, o que constitui um fator muito positivo no contexto do processo de ajustamento da economia portuguesa.

Finalmente, conforme referido, em contraste com os depósitos de particulares, os depósitos de empresas registaram uma redução, o que poderá em parte estar relacionado com a sua gestão de liquidez, num quadro de condições de fi nanciamento restritivas. Paralelamente, numa situação caracterizada por grande incerteza e risco de redenominação, algumas grandes empresas não residentes procederam à

diversifi cação da sua carteira de depósitos12.

Entretanto continuou a forte redução do endividamento externo dos bancos, com um elevado volume de vencimentos e de recompra de obrigações próprias, a par da contínua queda do fi nanciamento por parte de instituições de crédito não residentes. Esta evolução foi parcialmente compensada por um aumento do fi nanciamento junto do Eurosistema, à semelhança do observado em outros países da área do euro, benefi ciando de medidas não convencionais de política monetária do BCE. Este aumento do fi nanciamento junto do Eurosistema foi muito dominado pelo comportamento dos bancos estrangeiros residentes em Portugal. Do lado do ativo prosseguiu a redução do crédito sobre não residentes, mas acentuando a diminuição do crédito sobre o setor privado residente, enquanto o fi nanciamento ao setor público (líquido de depósitos) registou um aumento importante. É de salientar que, ao contrário do observado na primeira metade de 2011, a redução do stock de crédito ao setor privado refl etiu-se no fl uxo de fi nanciamento a este setor já que não benefi ciou de vendas de créditos, em resultado das tensões nos mercados fi nanceiros internacionais que difi cultaram este tipo de operação. De facto, o processo de desalavancagem dos bancos será tanto mais fácil, quanto mais cedo o mercado de vendas de crédito se desanuviar.

12 Observou-se também em termos estatísticos uma redução de depósitos de instituições fi nanceiras não monetá-rias a mais de 2 anos. Convirá, no entanto, realçar que esta evolução não confi gura uma queda efetiva de de-pósitos, dado que esta rubrica corresponde apenas à contrapartida contabilística das titularizações de créditos. Num contexto de alteração do regime dos títulos elegíveis como garantia nas operações de política monetária do Eurosistema, os bancos desfi zeram, em larga medida, as operações de titularização de créditos, o que se refl etiu numa redução da respetiva contrapartida contabilística.

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3. Política Orçamental

No âmbito da quinta avaliação do Programa de Assistência Económica e Financeira, o objetivo para o défi ce das administrações públicas em 2012 foi revisto de 4.5 para 5.0 por cento do PIB, na ótica da Contabilidade Nacional. O objetivo para o défi ce em 2013 foi também revisto em alta de 3.0 para 4.5 por cento do PIB. Para 2014, o objetivo situa-se em 2.5 por cento do PIB, abaixo do valor de referência de 3 por cento estabelecido no Pacto de Estabilidade e Crescimento (Gráfi co 3.1). De acordo com a declaração conjunta das três instituições internacionais, o ajustamento da trajetória para o défi ce em 2012 visa permitir o funcionamento parcial dos estabilizadores orçamentais automáticos, num contexto em que se espera um comportamento da despesa melhor que o orçamentado mas uma evolução da receita signifi cativamente inferior à prevista. O Relatório do Orçamento do Estado para 2013 (OE2013) assume o cumprimento deste novo objetivo para o défi ce em 2012 e prevê que o rácio da dívida ascenda a 119.1 por cento do PIB no fi nal do ano.

Em 2012, a política orçamental deverá continuar a apresentar uma orientação marcadamente restritiva, sendo esperado um ajustamento estrutural de magnitude muito signifi cativa Segundo as estimativas do Banco de Portugal, a materialização do objetivo para o défi ce em 2012 traduzir-se-á numa variação do saldo primário estrutural corrigido de fatores especiais em 3.3 p.p. do PIB (após um ajustamento de 3.5 p.p. em 2011). Assim, nos dois primeiros anos de vigência do Programa é esperado um ajustamento estrutural orçamental sem precedentes, de magnitude próxima de 6.5 p.p. do PIB (ver “Caixa 3.1 Algumas considerações sobre a avaliação da orientação da política orçamental”, deste Boletim). A estimativa do esforço de consolidação é obtida corrigindo o saldo observado dos efeitos cíclicos, particularmente negativos em 2012 (cerca de 2 p.p. do PIB). Adicionalmente, tem ainda subjacente a correção do impacto de um montante signifi cativo de medidas de caráter temporário que afetam positivamente os desenvolvimentos orçamentais de 2011 e 2012 (equivalentes a 4.0 e 1.2 por cento do PIB, respetivamente), bem como de um conjunto de fatores especiais inexistentes em 2012 mas com efeitos pontuais negativos no saldo das administrações públicas em 2011 (cuja magnitude

ascendeu a 1.2 por cento do PIB)1. Por último, a quantifi cação do esforço de consolidação exclui, por

defi nição, o impacto do aumento esperado da despesa com juros, que de acordo com o Relatório do OE2013 deverá ascender a 0.2 p.p. do PIB. A estimativa anual para o crescimento da despesa com juros em 2012 cifra-se em 2.3 por cento, tendo subjacente uma signifi ca desaceleração face ao registado no primeiro semestre do ano (13.0 por cento). Note-se que, embora se tenha verifi cado um aumento do stock da dívida pública no decorrer de 2012, o crescimento desta rubrica da despesa deverá ser mitigado pela colocação de Bilhetes do Tesouro no mercado primário a taxas mais favoráveis no período mais recente (Gráfi co 3.2) e pelo custo do fi nanciamento pelo Programa, em particular após a eliminação das margens associadas às tranches do Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (MEEF) e do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF). Com efeito, o IGCP estima que o custo dos empréstimos

recebidos até setembro de 2012 no âmbito do Programa corresponda a 3.6 por cento2, valor inferior

à taxa de juro média da dívida pública registada em 2011 (4.0 por cento)3.

1 Para mais detalhes sobre medidas temporárias e fatores especiais em 2011 e 2012, ver “Caixa 3.1 Algumas

considerações sobre a avaliação da orientação da política orçamental”, deste Boletim. 2 Ver http://www.igcp.pt/fotos/editor2/2012/Boletim_Mensal/10_BolMensal.pdf.

3 A taxa de juro média da dívida pública é calculada em termos nominais como o rácio entre as despesas em juros num determinado ano e o stock médio da dívida entre o próprio ano e o ano anterior.

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Em termos de composição, o ajustamento estrutural em 2012 resultará predominantemente da redução da despesa primária, apesar de parte deste efeito ser revertido no próximo ano A consolidação orçamental esperada para 2012 decorre sobretudo da diminuição estimada para a despesa primária e, numa menor medida, de desenvolvimentos do lado da receita estrutural. A receita estrutural deverá registar em 2012 uma variação inferior à observada em 2011. De facto, embora o Orçamento do Estado para 2012 tenha incluído um conjunto de medidas de política fi scal com um impacto esperado na receita muito signifi cativo (predominantemente em sede de IVA, mas também importante nos casos do IRC e IRS), a execução no decorrer do ano sugere que este deverá ser parcial-mente anulado por efeitos não lineares de natureza cíclica e/ou efeitos não discricionários, entre os quais se poderão incluir fenómenos de fraude e evasão fi scal. Adicionalmente, terá ocorrido alguma sobreavaliação dos impactos das medidas aquando da sua formulação, em particular no que diz respeito aos impostos indiretos. No que se refere à despesa primária estrutural, não obstante a implementação de medidas de poupança que afetam a generalidade das rubricas, a sua redução refl ete essencialmente o impacto nas despesas com pessoal e com o pagamento de prestações sociais em dinheiro da medida de suspensão dos subsídios de férias e de Natal aos trabalhadores do setor público e pensionistas. Esta

medida, cujo efeito líquido4 explica aproximadamente 1.3 p.p. do ajustamento estrutural em 2012,

deverá ser parcialmente revertida em 2013, na sequência da declaração da sua inconstitucionalidade pelo Tribunal Constitucional.

4 O efeito líquido da medida de suspensão parcial do pagamento de subsídios de férias e de Natal a funcionários do setor público e pensionistas estimado pelo Banco de Portugal diz respeito ao impacto negativo na despesa primária líquido da diminuição resultante na coleta de impostos sobre o rendimento e património das famílias e de contribuições sociais.

Gráfi co 3.1 Gráfi co 3.2

OBJECTIVOS PARA O SALDO ORÇAMENTAL |