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Evolução dos Fragmentos da Bacia do Ribeirão das Anhumas

CAPÍTULO 2: OS FRAGMENTOS DA BACIA DO RIBEIRÃO DAS ANHUMAS

2.2 Metodologia

2.2.1 Evolução dos Fragmentos da Bacia do Ribeirão das Anhumas

Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG s) são conjuntos de ferramentas utilizadas em estudos ambientais que, segundo Câmara (1995), possibilitam a coleta, armazenamento, verificação, integração, manipulação, análise, modelagem e visualização de dados referenciados. A utilização de aerofotos e SIG para medir magnitude, ritmo e padrão das alterações no uso e cobertura da superfície terrestre, tem se tornado recurso cada vez mais frequente e dotado de possibilidades antes inexistentes em estudos ambientais. Entretanto, embora esta ferramenta apresente-se adequada para a obtenção de dados quantitativos com precisão, no caso dos fragmentos da bacia do ribeirão das Anhumas, é restrita no que concerne à análise qualitativa dos mesmos, como por exemplo sua estrutura e composição. Por isso, para atingir os objetivos dessa dissertação e melhor compreender os aspectos sociais que interferem no processo de fragmentação, fez-se necessária, inicialmente, a integração dos dados advindos de SIG com o mapeamento já existente da vegetação remanescente, realizado por Santin (1999), e posteriormente o resultado desta combinação foi conferido e atualizado através de saídas a campo.

Os mosaicos utilizados nesta dissertação, bem como a leitura de usos e ocupações das terras são parte dos resultados oriundos do Projeto Anhumas e foram produzidos no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Solos e Recursos Ambientais do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) (Adami et al. 2006). Aos dados obtidos a partir da fotointerpretação foram integrados os resultados de Santin (1999), que realizou o mapeamento da vegetação de Campinas, levantamento florístico arbóreo expedito, caracterização fisionômica das formações e a diagnose dos fragmentos, com estimativa dos estados de conservação. Todavia, mesmo realizando a integração de ambas as fontes também se fizeram necessárias idas a campo para a conferência e atualização das informações.

Fotointerpretação

Os mosaicos de 1962, 1972 e 2002 foram produzidos pela equipe de cartografia, sensoriamento remoto e sistemas de informações geográficas do Projeto Anhumas, no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Solos e Recursos Ambientais do IAC (Adami et al. 2006).

A base cartográfica de 2002 foi cedida pelo Instituto Geológico e Cartográfico (Secretaria de Estado de Economia e Planejamento), órgão responsável pelo mapeamento sistemático do estado de São Paulo. Os dados digitais, com a escala 1:10.000 cujo datum horizontal é SAD-69 e o sistema de projeção UTM provém das folhas listadas na Tabela 1.

Esta base cartográfica foi introduzida no sistema de informação geográfica onde foi realizado o georeferenciamento, para transferência de coordenadas, além da geocodificação (Jensen 1996), que é a reamostragem da imagem e da montagem dos mosaicos para que esta fique orientada em direção ao norte. Durante a geocodificação das aerofotos foi também corrigida a distorção do relevo, tornando-as ortofotos com as mesmas propriedades de um mapa. Todos estes procedimentos foram desenvolvidos no SIG Ilwis (ITC 1997).

Após os procedimentos de georeferenciamento e geocodificação, procedeu-se à seleção das grandes áreas úteis das aerofotos para geração dos mosaicos da bacia do ribeirão

Nome da Folha Sistema Cartográfico Nacional

Vila Lutécia SF-23-Y-A-V-4-NE-A

Bairro Bananal SF-23-Y-A-V-4-NE-B

Barão Geraldo SF-23-Y-A-V-4-NE-C

Parque Xangri-lá SF-23-Y-A-V-4-NE-A

Campinas I SF-23-Y-A-V-4-NE-E

Campinas II SF-23-Y-A-V-4-NE-F

Souzas I SF-23-Y-A-V-4-NO-E

Campinas III SF-23-Y-A-V-4-SE-A

Campinas IV SF-23-Y-A-V-4-SE-B

Souzas II SF-23-Y-A-V-4-SO-A

Campinas VI SF-23-Y-A-V-4-SE-C

Campinas VII SF-23-Y-A-V-4-SE-D

Tabela 1 - Folhas topográficas cedidas pelo Instituto Geológico e Cartográfico (IGC) que originaram a base cartográfica de 2002 utilizada no Projeto Anhumas

das Anhumas, com resolução espacial de 0,8m para o mosaico de 2002 e de 1,5m para os mosaicos de 1962 e 1972.

Também foi utilizada a leitura de usos e ocupações das terras da bacia hidrográfica do ribeirão das Anhumas realizada por Adami et al. (2006), sendo que as classes de uso das terras identificam os tipos de atividades antrópicas, enquanto aquelas das ocupações estão relacionadas ao modo e ao material com que determinada atividade recobre a superfície do terreno (Anderson et al. 1976). Assim, além de cursos e reservatórios d água, foram identificadas três classes de uso das terras:

Urbano: Áreas residenciais, comerciais, industriais, sistemas de transporte, estruturas de comunicação e energia elétrica, áreas em urbanização, instituições de educação e pesquisa, cemitérios, áreas de lazer e praças; isto é, as áreas do território que são utilizadas diretamente pela urbanidade ou que servem como corredores entre núcleos urbanos, estas são englobadas pela classe de uso urbano.

Rural: cultura arbórea, cultura herbácea, pasto, pasto sujo, solo exposto, horticultura, misto, agroindústria, áreas de reflorestamento e silvicultura.

Vegetação(IBGE 1991): sistemas primários - fragmentos florestais ou fragmentos de cerrado- ou sistemas secundários capoeirinha, capoeira ou áreas reflorestadas.

Fragmentos Remanescentes de Campinas

Dos 197 fragmentos remanescentes do município de Campinas identificados por Santin (1999) (ver item 1.2.1), 38 foram listados como ocorrendo na bacia do ribeirão das Anhumas. Em conjunto, os fragmentos de vegetação nativa ocupam uma área muito reduzida, apenas 2,82% do território da bacia do ribeirão das Anhumas. Essa porcentagem é próxima à que encontramos para o município como um todo, onde a vegetação nativa cobre uma área de apenas 2,55%, segundo os dados de Santin (1999). Ainda segundo Santin (1999), apenas 7,04% da extensão de rios, córregos e ribeirões da Campinas estão cobertos com vegetação ciliar, sendo que o ribeirão das Anhumas possui irrisórios 1,12% de proteção em suas margens.

Através de saídas de campo essas informações foram atualizadas, mantendo-se apenas como foco deste estudo os fragmentos de vegetação nativa. O maior montante de informações

a respeito dos fragmentos foi coletado a partir de visitas realizadas durante junho/2005 e agosto/2006.

As visitas aos fragmentos tinham o intuito de conhecer cada uma das realidades dificuldades enfrentadas, pressões, relação com a comunidade do entorno, proteção, investimento no manejo, entre outras - explorá-las e, de certa forma, padronizar as informações obtidas oriundas das entrevistas. Isso porque se somente as informações brutas fornecidas pelos administradores e proprietários fossem ser consideradas, não seria possível analisar as realidades sob uma só perpectiva integradora e robusta, pois esta análise seria refém de múltiplas percepções e diferentes critérios dos entrevistados. Dessa forma, fez-se imprescindível a visita aos fragmentos e as impressões tomadas, acrescidas das informações fornecidas pelos entrevistados: assim, ao invés de refém das múltiplas percepções e diferentes critérios, esta análise foi enriquecida por eles.

Em alguns casos, a visitação dos fragmentos com acompanhamento de proprietário ou responsável por cada uma das áreas fez-se impossível, dada a dificuldade de interlocução com os mesmos. Alguns se negaram a manter um canal de comunicação, enquanto outros, apesar de inicialmente aceitarem o contato, depois não fizeram dele algo efetivo. Muitos dos responsáveis pelas áreas particulares reagem desconfiadamente e não são amigáveis quando abordados a respeito dos fragmentos e de suas condições de preservação, por temerem se comprometer com algum tipo de fiscalização, sendo comum perguntarem a respeito da possível associação das visitas e das perguntas com órgãos da Prefeitura, o DEPRN, ou mesmo o IBAMA.

Utilizando o SIG ARCGIS 3.2 e com base na leitura do mapa de usos e ocupações das terras da bacia hidrográfica do ribeirão das Anhumas (Adami et al. 2006), foram produzidos mapas para 1962, 1972 e 2002 que ilustram a evolução dos fragmentos e o padrão de crescimento urbano da cidade de Campinas. Foram ainda calculadas, para cada fragmento, as alterações do entorno num raio de 300m entre as classes urbano e não urbano, para cada uma das datas (1962, 1972, 2002).

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