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Evolução dos sistemas de informação na saúde

No documento Miguel Cabral Lourenço Castilho Dias (páginas 30-33)

CAPÍTULO 2: ESTADO DA ARTE

2.2 Evolução dos sistemas de informação na saúde

H. & Tan (2003) referem que a maioria dos hospitais desenvolveram websites

estáticos que contêm algumas informações de saúde mas não fizeram investimentos em tecnologias interativas para envolver, de forma mais activa os consumidores e os prestadores de saúde. Numa forma geral, os sistemas de informação na saúde enfrentam sérios desafios. Esta dificuldade deve-se ao facto da indústria da saúde ainda não ter antingido os níveis de maturidade que se observam noutras indústrias, em relação à informatização dos processos e da informação (Iakovidis, 2011). É referido por Khoumbati & Themistocleous (2006) que o investimento em sistemas de informação na saúde é cerca de 2% do orçamento total, em comparação com o investimento de 10% em outras indústrias. Como resultado deste pouco investimento e da falta de maturidade, há uma fraca existência de aplicações robustas e certificadas, preparadas para serem

facilmente integradas num sistema de informação de uma unidade de saúde (Iakovidis, 2011).

Um sistema de informação em unidades de saúde é, geralmente, constituído por sistemas independentes entre si (Khoumbati & Themistocleous, 2006). Sendo que uma grande parte da informação clínica é armazenada em bases de dados isoladas ou ainda em papel (Kalra, Electronic Health Records Standards, 2006). Estes tipos de armazenamento contribuem para custos desnecessários, levando a que a informação seja frequentemente perdida, difícil de encontrar, ilegível, inconsistente e incompleta. Além de que dificulta o seu acesso, sendo que não é possível diferentes prestadores de cuidados de saúde acederem em simultâneo à informação em locais diferentes (National Committee on Vital and Health Statistics, 2000).

As razões que contribuíram para a lenta adoção de sistemas de informação na área da saúde são ínumeras. Governação dos sistemas, standards e arquitecturas, semântica, autenticação e identificação, privacidade e segurança, aspectos éticos e legais, boas práticas e gestão da mudança, são alguns exemplos apresentados por Iakovidis (2011) que, segundo o autor, necessitam de clarificação, consenso e liderança. Para o National Committee on Vital and Health Statistics (2000) existem três factores importantes que contribuíram para a lenta adoção de sistemas de informação na área da saúde, os quais são descritos abaixo.

O primeiro é referente à maior complexidade da informação clínica em comparação com a complexidade da informação de outras indústrias. A informação clínica é textual e contextual e não simplesmente numérica, o que torna mais difícil os computadores processarem a informação. A ideia é reforçada por Benson (2004), que refere que os computadores carecem da característica de distinguirem semanticamente sinónimos ou homónimos de palavras. Segundo a International Health Terminology Standards Develpment Organisation existem mais de 311.000 conceitos clínicos activos com significado único e perto de 800.000 incluíndo sinónimos, sendo que novas doenças são identificadas e novos tratamentos criados continuamente.

O segundo e o terceiro factor estão relacionados entre si e referem as dificuldades da integração dos sistemas de informação na área da saúde. Tais dificuldades são causadas pela resistência à mudança e pela tendência do sector da saúde considerar os sistemas de informação como um custo adicional. O que não acontece nas outras

indústrias que, antes pelo contrário, olham para os sistemas de informação como um investimento estratégico e uma vantagem competitiva (National Committee on Vital and Health Statistics, 2000).

Nos últimos anos esta tendência modificou-se e surgiram transformações mais significativas do que em qualquer outro sector. Como é referido por Nascimento (2011), estas transformações surgiram como uma inevitabilidade. Sendo que agora o verdadeiro desafio não é a complexidade da mudança, mas são as transformações qualitativas devido à alteração dos paradigmas. Na opinião de Iakovidis (2011), a nível europeu estas transformações acontecem poque os modelos actuais das estruturas dos sistemas de saúde estão a conduzir à exaustão dos seus recursos humanos e financeiros.

Nos últimos anos, os sistemas de informação demonstraram a sua potencialidade em melhorar a qualidade da informação e, ao mesmo tempo, reduzindo custo e tempo de processamento (Ribeiro, 2010). Algumas vantagens do uso de sistemas de informação na área da saúde são apresentadas por Wood (2012):

 Aumento da qualidade da prestação de cuidados de saúde;

 Os documentos eletrónicos produzidos fornecem informações de valor aos prestadores;

 Assegura que os prestadores tenham o conhecimento mais recente;  Diminui os erros, aumentando a segurança dos utentes;

 Melhora o fluxo de trabalho clínico;

 Diminui os custos da prestação de cuidados de saúde;

 Elimina a necessidade de serem efetuados exames médicos em duplicado. Com esta revolução tecnológica na área da saúde, com a adoção de redes internas e externas interligando várias organizações de saúde, com a melhoria de equipamentos possibilitando novas oportunidades, como por exemplo a telemedicina ou os sistemas de apoio à decisão, tudo isto resultou numa crescente inovação na área das tecnologias da informação e da comunicação com foco em propósitos clínicos e melhorias na prestação de cuidados de saúde. Esta crescente inovação tecnológica levou ao desenvolvimento de muitos sistemas heterogéneos e consequentemente à incompatibilidade entre eles e à necessidade de uma normalização (Khoumbati & Themistocleous, 2006).

O Medigraf, enquanto solução inovadora na prestação de cuidados de saúde, é um sistema construído de forma independente, carecendo da característica de interoperabilidade de informação com outros sistemas. Como ferramenta de telemedicina torna-se indipensável haver uma comunicação com os restantes sistemas de uma organização de saúde, sendo que só assim, com um sistema de informação totalmente integrado, se poderá usufruir de todas as funcionalidades essenciais que um sistema de telemedicina possibilita.

No documento Miguel Cabral Lourenço Castilho Dias (páginas 30-33)

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