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Evolução dos empréstimos concedidos a sociedades não financeiras por instituições de crédito residentes: margem extensiva versus margem intensiva

Aumento do financiamento das empresas com dívida titulada

Caixa 4 Evolução dos empréstimos concedidos a sociedades não financeiras por instituições de crédito residentes: margem extensiva versus margem intensiva

Desde o final de 2010, o stock de empréstimos concedido por instituições de crédito residentes a sociedades não financeiras tem apresentado uma evolução negativa. Num determinado período, os empréstimos totais podem variar em resultado de alterações no montante de empréstimos das empresas que no período anterior já tinham relações de crédito com alguma instituição financeira (margem intensiva), ou por via da criação e destruição de relações (margem extensiva). Assim, importa compreender em que medida a contração dos empréstimos concedidos a empresas nos últimos anos se deve a cada uma destas duas margens, dadas as implicações diferenciadas em termos de acesso a financiamento e de ajustamento do grau de endividamento das empresas portuguesas. Nesta análise considera-se a informação disponível na Central de Responsabilidades de Crédito do banco de Portugal (CRC)13 entre 2006 e 2016. Analisam-se os saldos dos empréstimos das sociedades não financeiras privadas com crédito em situação regular, crédito vencido ou crédito renegociado. A saída de uma empresa do mercado de crédito no ano t é definida pela sua ausência na CRC desse ano14. A entrada de uma empresa é identificada pelo primeiro ano de reporte à CRC ou pelo ano em que reaparece após ter saído.

O Gráfico C.4.1 apresenta a variação dos empréstimos totais concedidos por instituições de cré-dito residentes a sociedades não financeiras e os contributos da margem intensiva e da margem extensiva para essa variação. A margem extensiva é calculada como a diferença entre os saldos de empréstimos das empresas que entram e os saldos daquelas que saem do mercado de crédito. Ao longo do período em análise a taxa de variação homóloga dos empréstimos totais é sobretudo determinada pela evolução da margem intensiva. Por sua vez, a margem extensiva, embora com

Gráfico C.4.1 • Empréstimos concedidos por instituições de crédito residentes

a sociedades não financeiras | Taxa de variação homóloga e contributos da margem intensiva e margem extensiva, em percentagem e em pontos percentuais

-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Margem intensiva Margem extensiva Empréstimos totais (taxa de variação homóloga)

Fonte: Banco de Portugal.

A economia portuguesa na primeira metade de 2017

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um peso diminuto, apresentou em 2015 e 2016 contribuições positivas, invertendo a tendência dos anos de 2011 a 2014.

O Gráfico C.4.2 apresenta separadamente os contributos das entradas e das saídas das empresas para a variação dos empréstimos. Adicionalmente, no caso das empresas que permaneceram, estão separados os contributos das empresas que se encontravam em incumprimento e das que não tinham incumprimento no período anterior. A contribuição das empresas que saíram é rela-tivamente constante ao longo do período em análise. Por seu turno, a contribuição das empresas que entraram, empresas essas tipicamente mais jovens, diminuiu consideravelmente entre 2010 e 2014, apresentando sinais de recuperação nos anos de 2015 e 2016. Relativamente às empresas que permaneceram, a contribuição das empresas sem incumprimento é negativa apenas a partir de 2012 e, com a exceção desse mesmo ano, numa magnitude menor do que as empresas em incumprimento.

A evolução dos empréstimos concedidos às empresas tem-se caracterizado por alguma hete-rogeneidade de acordo com o setor de atividade e a classe de dimensão das empresas. Para avaliar em que medida esta caracterização se estende às duas margens analisadas, os Gráficos C.4.3 e C.4.4 apresentam respetivamente os contributos da margem intensiva e da margem extensiva para o crescimento dos empréstimos desagregados por setor de atividade e dimensão das empresas. Desde 2010 que os setores da construção e atividades imobiliárias se destacam pelo seu maior contributo para a redução dos empréstimos das empresas que permaneceram no mercado de crédito (Gráfico C.4.3). Por dimensão da empresa, a redução dos empréstimos decorrente da evo-lução na margem intensiva está concentrada nas empresas de menor dimensão. Em termos cumu-lativos, entre 2009 e 2016, as microempresas contribuíram para cerca de 44% desta diminuição, seguidas pelas pequenas empresas com um contributo de 31%.

Gráfico C.4.2 • Empréstimos concedidos por instituições de crédito residentes

a sociedades não financeiras por dinâmica da presença no mercado de empréstimos | Taxa de variação homóloga e contributos, em percentagem e em pontos percentuais

-10 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 14 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Permaneceram (sem incumprimento em t-1) Permaneceram (em incumprimento em t-1) Entradas (ausentes em t-1 e presentes em t) Saídas em t (ausentes em t)

Empréstimos totais (taxa de variação homóloga)

Fonte: Banco de Portugal.

O Gráfico C.4.4 apresenta os contributos da margem extensiva por setor de atividade e dimensão das empresas e permite, em certa medida, avaliar a reafectação dos empréstimos concedidos às sociedades não financeiras por instituições de crédito residentes. Entre 2011 e 2014, o contributo da margem extensiva apresentou valores negativos, recuperando em 2015 e 2016 para valores positivos. A decomposição por setor de atividade permite destacar o contributo negativo da cons-trução e atividades imobiliárias desde 2010, bem como a recuperação das empresas no setor de alojamento e outros serviços nos dois últimos anos em análise. Por dimensão, as microempresas foram aquelas que apresentaram uma maior queda em 2013 e 2014. Contudo, juntamente com as pequenas empresas, foram as que mais contribuíram para a recuperação de 2015 e 2016. Em suma, a redução registada desde 2010 pelo total de empréstimos concedidos pelas instituições financeiras residentes às empresas decorreu essencialmente do comportamento dos empréstimos

Gráfico C.4.3 • Empréstimos concedidos por instituições de crédito residentes

a sociedades não financeiras na margem intensiva | Contributos para a taxa de variação homóloga das empresas, em pontos percentuais

Por setor de atividade

-9 -6 -3 0 3 6 9 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Indústria transformadora e extrativa e agricultura Contrução e atividades imobiliárias

Retalho e transportes Alojamento e outros serviços

Utilities Por dimensão -9 -6 -3 0 3 6 9 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Grandes Médias Pequenas Micro

Fonte: Banco de Portugal.

A economia portuguesa na primeira metade de 2017

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concedidos a empresas que permaneceram no mercado, sendo de destacar o contributo negativo dos empréstimos a empresas com situações de incumprimento. Paralelamente, em 2015 e 2016 o contributo para o aumento dos empréstimos por parte das empresas que começaram novas relações de crédito com instituições financeiras residentes aumentou significativamente, sendo maior do que o contributo negativo (em valor absoluto) por parte das empresas que saíram deste mercado. Esta evolução sugere assim que o processo de desalavancagem das empresas estará a contribuir para a redução continuada dos saldos de empréstimos junto das instituições residentes e que estará a ocorrer uma renovação maior do que nos anos da crise económica e financeira do conjunto de empresas com empréstimos junto do setor financeiro residente.

Gráfico C.4.4 • Empréstimos concedidos por instituições de crédito residentes

a sociedades não financeiras na margem extensiva | Contributos para a taxa de variação homóloga das empresas, em pontos percentuais

Por setor de atividade

-2 -1 1 2 3 4 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Indústria transformadora e extrativa e agricultura Contrução e atividades imobiliárias

Retalho e transportes Alojamento e outros serviços

Utilities Por dimensão -2 -1 1 2 3 4 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Grandes Médias Pequenas Micro

Fonte: Banco de Portugal.

4. Política e situação orçamental

O procedimento por défice

excessivo foi encerrado