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Evolução da iluminação pública mundial

2.3 A iluminação pública a nível Mundial

2.3.1 Evolução da iluminação pública mundial

Um grupo de investigadores do instituto de tecnologia ETH Zürich da Suíça, publicou um estudo que analisa imagens arquivadas de satélite com o objectivo de tirar conclusões sobre a distribuição das luzes nocturnas a nível mundial. De acordo com esta análise o centro médio de iluminação do planeta tem vindo a deslocar-se para leste a um ritmo de 60 km por ano, como mostra a figura 2.18, tendência que é por sua vez o reflexo de uma transformação dos centros económicos.

Figura 2.18: Centro de luz da iluminação pública ao longo dos anos de estudo [20].

Os investigadores envolvidos no estudo tentaram assim determinar de que forma a distribuição da iluminação nocturna tem evoluído ao longo do tempo. Usaram para tal dados publicados pelo

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Defense Metereological Satellite Programdos EUA, que regista os níveis de iluminação nocturna dos vários pontos do mundo desde meados dos anos 60. Afirmaram que “durante os últimos 17 anos (o centro de luz) moveu-se gradualmente em direcção a leste perto de 1 000 km, a um ritmo de 60 km por ano”. Os investigadores também usaram as luzes nocturnas de modo a registar outros géneros de estudo como as alterações socioeconómicas de países em desenvolvimento como o Brasil ou a Índia, a descida dos níveis de iluminação de países em declínio demográfico e com queda da população urbana, como a Rússia e a Ucrânia, e ainda o sucesso dos programas de mitigação da poluição luminosa no Canadá e no Reino Unido.

Figura 2.19: Maiores aglomerações contínuas de luminosidade detectadas no estudo [20].

As cidades do Ocidente, na parte esquerda do gráfico da figura 2.19, apresentam uma tendência de estabilização ou pequena descida do nível de luminosidade, onde por outro lado, as cidades do Oriente apresentam um elevado crescimento do nível de iluminação nocturna.

Os padrões de iluminação nocturna permitem igualmente acompanhar o crescimento econó- mico acelerado de algumas zonas do planeta, entre as quais o delta do rio Nilo e a área à volta de Shangai. Outras zonas têm mantido um nível bastante estável, dos quais se destaca a zona metro- politana de Nova Iorque pela sua grande dimensão. A cidade de Shenzen na China e o delta do Nilo no Egipto, foram por outro lado as zonas que assistiram a um maior aumento dos níveis de iluminação a nível global, tal como mostram as figuras 2.20 e 2.21 respectivamente [20].

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Figura 2.20: Visualização do crescimento da iluminação pública no delta do Nilo entre 1992 (esquerda) e 2009 (direita) [20].

Figura 2.21: Visualização do crescimento da iluminação pública de Shangai, China, entre 1992 (esquerda) e 2009 (direita) [20].

Um dos casos mais estudados da evolução da IP a nível mundial é o da cidade de Los Ange- les nos Estados Unidos da América, sendo conhecia como uma das cidades mais iluminadas do mundo.

A figura 2.22, ilustra a quantidade de pontos luminosos e sua poluição luminosa nos anos de 1908 e 1988.

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Figura 2.22: Visualização da Iluminação publica de Los Angeles em 1908 e 1988 [21].

As próximas imagens mostram com maior detalhe a IP na mesma cidade para os anos de 2002 e 2012.

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Figura 2.24: Visualização da Iluminação publica de Los Angeles em 2012 [22].

De 1908 a 1988 houve uma grande evolução na quantidade dos pontos de luz, sempre acom- panhada por uma maior poluição luminosa. Após 14 anos, em 2002, a figura 2.23 mostra que a quantidade de pontos de luz voltou a aumentar de uma forma onde praticamente se colmataram os espaços ainda sem iluminação pública, onde por sua vez a poluição luminosa voltou a aumentar de forma dramática, tendo a cidade como pano de fundo um autêntico clarão de luz laranja.

No ano de 2009, o Mayor de Los Angeles Antonio Villaraigosa lançou um plano de Eficiência Energética com vista ao uso de LED para a IP, que consistia em substituir as 140 000 lâmpadas tradicionais por díodos emissores de luz (LED) altamente eficientes. Este plano consistiu no maior esforço a nível mundial para substituir as lâmpadas convencionais por luminárias LED, com um custo de 57 milhões de dólares com o objectivo de poupar por ano à cidade 10 milhões de dólares por ano, em redução de consumo de energia e esforços de manutenção. O impacto na população foi bastante positivo por se ter reduzido a poluição luminosa [22].

Pela análise das figuras 2.23 e 2.24, dos anos de 2002 e 2012 respectivamente, é claramente notória a diferença na qualidade da iluminação pública, visualizando-se também a grande redução na poluição luminosa, devido à nova tecnologia LED aplicada na IP ser uma fonte de luz de capa- cidade de focagem pontual e direccional, com a grande vantagem de emitir menor quantidade de luz para o céu.

O fotógrafo francês Thierry Cohen é o responsável por um projecto fotográfico chamado de "Darkened Cities", em português "Cidades escurecidas". O fotógrafo demonstra como poderiam ser várias cidades importantes sem poluição luminosa. As fotografias foram realizadas tirando uma foto do céu precisamente na mesma latitude da cidade escolhida, mas numa região menos povoada e com menor poluição luminosa, e com a câmara exactamente no mesmo ângulo. Os resultados

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são fotos que jamais se poderiam observar na vida real, mas que mesmo assim demonstram a beleza do céu nocturno, como visualizado na figura 2.25 [23].

Figura 2.25: Paisagem nocturna do Rio de Janeiro sem poluição luminosa [23].